Digimon Beta - E o Domador Inicial escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 14
Batalhas, Mistérios e Mechanorimons




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João e Verônica estavam deitados. Ele olhava para o teto e apoiava a cabeça sobre ambas às mãos. Ela repousava em seu peito e acariciava sua barriga. Um lençol azul cobria seus corpos nus de maneira estratégica.

— Não acredito que fiz isso! – Afirma João com a voz prazerosa.

— Por quê?

— Não depois do que eu presenciei.

Verônica se levanta.

— Olha, João...

— Esquece, Verônica – Interrompe-a. – Você e Murilo não me devem explicações.

— Mas eu preciso falar! O que aconteceu foi por causa da nossa fragilidade. Carlos tinha acabado de morrer. Eu estava desnorteada, paranoica – Verônica para por alguns instantes e se levanta da cama. - Tenho medo do que pode acontecer conosco a partir de agora.

— Esse medo não é somente seu, pode ter certeza, minha pequena. Mesmo assim sua traição não tem o que ser questionada!

Verônica se levanta da cama revoltada. Seu humor mudara radicalmente.

— Na boa, pensei, sinceramente, que você tivesse mudado depois da conversa que tivemos mais cedo. To vendo que tudo o que disse não passou de balela...

— Eu quero mudar...

— Cala a boca, eu não terminei! Se eu me afastei de você, se discutimos e se beijei Murilo, a culpa é toda sua. Ninguém nasceu pra ser saco de pancada e aturar seu mal humor. Pelo menos EU não nasci pra isso.

— Calma, desculpa – João se apressa até Verônica e a abraça.

— Você consegue irritar qualquer um!

— Sabia que você fica linda enraivecida. Principalmente se estiver completamente nua.

— Seu cachorro! – Verônica estapeia o braço de João. – Eu aqui, capaz de te esganar de ódio e você rindo de mim!

— Eu quero passar uma borracha nesse tempo que ficamos separados. Aceito seus argumentos sem questionar, com tanto que não me chame de corno!

Verônica o fita com cara de poucos amigos.

— Brincadeira... – João sorri.

— Demente!

 

Agumon se lança sobre Victor e o desvia do raio vermelho disparado pelo digimon máquina. Uma árvore é destruída e pedaços de madeira são arremessados em todas as direções.

— Victor, você ta legal?

— Estou sim, Agumon – Victor rapidamente se levanta e ergue o digivice na direção do seu digimon - Hora de evoluir!

O aparelho passa a brilhar e, logo em seguida, o pequeno dinossauro amarelo é envolto por um casulo de brilho ofuscante. O casulo segue ganhando altura e largura, até ficar com mais de dois metros e se dissolver, revelando a nova forma do digimon. Greymon tem pele laranja, calda alongada e uma poderosa carapaça marrom sobre a cabeça onde possui três chifres, sendo um deles na extremidade do focinho.

O digimon máquina torna a disparar sua técnica, agora contra o enorme tiranossauro que rapidamente faz um giro de corpo e desvia o raio inimigo com a sua calda.

— Bola de Fogo.

O tiranossauro cria uma bola de fogo na boca e a lança no Mechanorimon, que se movimenta e desvia. A enorme bola de fogo desaparece no céu. O digimon robô mergulha na direção de Greymon que se vê obrigado a segurá-lo com as mãos. Mechanorimon o pressionava com seu corpo, continuava com os propulsores ligados, queria atingir o peito do rival.

— Destruir domador – Fala Mechanorimon.

— Greymon, aguente firme!

Greymon consegue pressionar o digimon máquina e o desvia de sua rota, fazendo com que atingisse o chão de ponta-cabeça. O tiranossauro aproveita o momento e aplica um chute no Mechanorimon, que cai diretamente nas águas do rio.

— Será que conseguimos? – Indaga o garoto loiro.

— Infelizmente não. Mechanorimons conseguem ficar submersos.

Victor, movido pela curiosidade, se aproxima da margem do rio e observa o exato local onde o digimon quadrado, que mais parecia uma velha máquina de lavar roupas, havia afundado. Greymon continuava atento. Aos poucos, bolhas de ar começam a estourar na superfície do rio. O domador rapidamente sede seu lugar para Greymon, que já estava com a boca repleta de chamas. Mechanorimon ascende em direção ao céu antes que fosse atingido. Seus propulsores continuavam trabalhando perfeitamente e o impulsionavam cada vez mais alto.

Victor seguia observando atentamente.

— O que ele pretende?

Mechanorimon praticamente sumira das vistas de Victor e Greymon quando outro portal se abre, libertando mais Mechanorimons. Todos os digimons máquinas seguiam na mesma direção que o primeiro. Ascendiam sem ao menos se importar com a presença do domador.

— Então era isso que o digivice quis dizer sobre numerosos grupos? – Victor estava perplexo com a quantidade de digimons máquinas que saiam um após o outro, pelo portal.

— Victor mantenha uma distância segura. Esse parece ser um enorme rebanho. Juntos, são perigosos.

O garoto estava estático. Tentava seguir a ordem do seu digimon, mas não conseguia. Nunca presenciara tantos digimons da mesma espécie juntos. Nem mesmo em sua longa estadia no Mundo Digital havia se deparado com um grupo tão numeroso. Finalmente o portal se fecha. O barulho gerado pela turbina dos digimons ia desaparecendo aos poucos, assim como suas imagens, que a essa distância eram apenas pontos luminosos.

— São trinta digimons ao todo! – Grita Victor com o digivice em punho. – Vamos para a Perfeição Greymon!

O digivice do garoto não emite nenhuma reação.

— O que aconteceu, Greymon? Precisamos de um nível mais poderoso – Victor a todo o momento olhava para o alto. Sabia que a qualquer instante uma enxurrada de digimons robôs poderiam te atacar.

— Victor, eu não estou conseguindo evoluir para Metalgreymon!

 

Lúcia estava debruçada sobre a janela do apartamento em que morava com sua mãe. Não era de frente para o mar, mas estava localizado em uma das principais ruas de Ipanema. A garota residia no primeiro andar de um pequeno edifício de cinco andares.

A cidade seguia seu curso normal, enquanto a garota pensava. O tempo que passara longe e a quantidade de fatos acumulados a deixaram extasiada. Tentava digerir aos poucos a nova realidade em que estava inserida. Enquanto olhava vagamente o movimento de carros, percebe que em uma esquina próxima do seu prédio um homem a observava. Usava uma longa capa de tonalidade escura com grandes botões prata. Sobre a cabeça carregava uma cartola e fazia o uso de uma bengala.

Lúcia passa a olhar o homem e logo se recorda de tê-lo visto na noite passada, enquanto seguia para a casa noturna com seus amigos. Aquele olhar novamente se fixara na garota. Um arrepio lhe corre pela espinha, da mesma maneira que ocorreu na noite anterior e Lúcia sente seu corpo gelar. “Quem é essa pessoa? Já e a segunda vez que o vejo me observar.” O apartamento estava completamente escuro. Lúcia estava na janela desde que chegara da casa de João, quando ainda era dia. Estava sozinha e com medo. O celular da garota toca e atrai sua atenção. O aparelho estava ao lado do seu digivice de cor vinho sobre o sofá. Lúcia torna a olhar pela janela e percebe que o homem havia desaparecido. Uma simples distração era suficiente para o repentino desaparecimento daquele homem.

Ela corre até o celular e bruscamente o atende:

— Alô! – Estava assustada e com a voz trêmula. Segundos depois seu semblante muda e, ela, desmorona sobre o sofá – Oi Marcelo. Como é bom ouvir sua voz!

 

Um digivice reage sonora e visualmente, brilhando em meio ao quarto escuro. Já era tarde da noite e Murilo dormia quando aos poucos, vai tateando o chão ao lado da sua cama e consegue achar o aparelho. Em sua tela havia aparecido uma seta vermelha, que girava sem direção certa até se fixar em um único sentido. Patamon, que dormia em um cesto, também ao lado da cama, se aproxima.

— O que aconteceu, Murilo?

— Acho que apareceu um digimon aqui em Itabuna – Murilo rapidamente pega seu celular e confere as horas: Era pouco mais de três da manhã. – Vamos Patamon.

Murilo segue correndo por uma das principais avenidas da cidade, que dormia em plena noite quente do rigoroso verão baiano. Dois carros passam pelo domador às pressas. A seta no digivice indicava a direção contrária, apontava o local de onde os motoristas vinham.

Um terceiro motorista, ao ver o garoto magro, reduz a velocidade.

— Cara é melhor você voltar pra casa. Tem duas onças de fogo lá na Praça Olinto Leone! Muito sinistro o que acabei de ver.

— Praça Olinto Leone?

— É. Acho melhor você e o seu bichinho de pelúcia voltarem para casa – O jovem motorista sorria por conta do que ele julgava ser um bichinho de pelúcia sobre a cabeça do garoto.

— Olha, Patamon. Outro que te confunde com um bichinho de pelúcia – Murilo sorri.

— Posso evoluir?

O motorista se assusta ao ver o “bichinho de pelúcia” alçar voo da cabeça do jovem e planar a sua frente.

— Por favor!

Murilo ergue o digivice na direção de Patamon, que em questão de segundos se transforma em um grande anjo com enormes asas, capacete e um bastão laranja. O motorista arranca com o carro a toda velocidade, assustado com a transformação surreal que acabara de presenciar.

— Angemon, vamos atrás do digimon que invadiu o Mundo Real.

O enorme anjo voa e Murilo segura em sua perna direita. Automaticamente, uma larga fita azul que estava enrolada na perna do digimon afrouxa e se enrosca no braço do domador, prendendo-lhe. Angemon alcança grande altura e velocidade e em poucos segundos, Murilo avista a Praça Olinto Leone, com suas enormes árvores. À medida que se aproximavam, domador e digimon percebem que uma batalha havia se iniciado.

Togemon, a digimon de Davi, é uma digimon Adulto em forma de cactos que utiliza luvas de boxe. Kyubimon, a digimon de Levi na fase Adulta, é uma raposa quadrúpede de pelagem amarela e que possui nove caldas.  Ambas digimons batalhavam contra dois linces de fogo.

O digimon anjo ao se aproximar do chão, atrai a atenção de Davi e Levi com a massa de ar deslocada e o ruído característico do seu bater de asas. Murilo se livra da fita que o prendia na perna do seu digimon e corre até os amigos, que batalhavam no exato momento. Angemon pousa mais atrás.

— E ai rapaziada!

— Fala Murilo beleza? – Diz Davi cumprimentando-o.

— Também acordou por causa do Digivice? – Pergunta Levi com a voz embolada por causa do sono.

— Foi! E essa dupla, é complicada?

— São Híbridos! – Davi estava com ar de riso. – Togemon finaliza rapidinho.

Murilo rastreia as informações dos digimons.

 

Lynxmon, um digimon no nível híbrido. Esse felino, com exceção da cara, possui o corpo todo coberto em chamas e poderosas garras nas patas. Sua principal técnica é a “Arremetida Selvagem”.

 

— Togemon, você não é sensível ao fogo?

— Em tese sim, Murilo! Mas nós treinamos muito. Togemon sabe o que faz.

Lynxmon avança na digimon cacto, que se desvia com extrema habilidade. O simples contato direto com o fogo poderia lhe causar sérios danos. Kyubimon atacara seu inimigo com a técnica conhecida como “Dragão de Gelo”, onde após um giro de corpo, ela cria uma serpente de gelo que ataca o inimigo.

— Arremetida Selvagem.

Lynxmon corre contra o ataque da Kyubimon se transformando em um torpedo de fogo. A colisão das técnicas gera explosão e vapor d’água.

— Rajada de Espinhos.

O digimon cactos gira de braços abertos e lança uma enxurrada de espinhos na direção de Lynxmon que inflama seu corpo, queimando os espinhos antes que lhe atingisse a pele – Minha técnica não funciona, Davi. Preciso evoluir para Lilymon.

— Evolua, Togemon! – Grita o garoto ruivo erguendo o novo digivice verde.

O digivice não exprime nenhum tipo de reação. Era como se Davi não tivesse ordenado a evolução. Togemon havia dado as costas para o inimigo quando é surpreendida pela técnica de fogo do seu oponente. A digimon cactos é lançada de encontro à agência bancária que existe em frente à praça. A parede do edifício é destruída e alguns destroços estavam sobre Palmon desacordada. O alarme de segurança dispara.

— PALMON! – Davi corre até sua digimon e não percebe que o digimon de fogo que a atacou se preparava para atacá-lo. O digimon corria de encontro ao domador com o corpo em chamas.

— Kyubimon, ajude Davi!

A digimon raposa rapidamente evolui para Perfeição. Taomon cria uma parede invisível à frente do Lynxmon, fazendo o digimon se esbarrar e impedindo-o de atacar Davi, que corria cegamente na direção de Palmon. O Lynxmon que batalhava com Kyubimon se preparava para atacar Taomon com a sua “Arremetida Selvagem”. Angemon lança o seu bastão, que segue girando e o atinge nas pernas, derrubando-o. O bastão retorna para o arcanjo e Taomon cria esferas de energia em torno dos inimigos e vai comprimindo-os, reduzindo seu espaço e deletando os digimons aos poucos, até que desaparecessem por completo.

O alarme do banco continuava soando. Taomon regride para Kyubimon. Levi monta em sua digimon e vai até o garoto ruivo, que já estava com a pequena digimon que possui uma flor sobre a cabeça nos braços quando também monta na digimon, que foge do local. Angemon faz o mesmo acompanhado do seu domador. Logo em seguida, várias viaturas da polícia surgem no lugar para verificar o que havia acontecido.

 

O mesmo espaço de tempo que corria no Mundo Real, corria no Mundo Digital. A sincronia de ambos os mundos havia voltado após a destruição do Hexágono e de seus ditadores. Etemon havia retornado ao Mundo Digital com a ajuda de Flávia, que após dar ordens expressas para Betamon e Plotmon permanecerem no terraço, abriu um portal diretamente para Etemonlândia.

O digimon macaco observava do alto de uma grande montanha coberta apenas por grama, sentado em um tronco caído, a grande cratera de destruição que havia se instalado no meio da cidade Iluminata após o embate entre Ophanimon e Calamon. Seus esforços de uma vida inteira para proteger a cidade haviam sido em vão. “Não tenho mais o que fazer nesta cidade” Pensa Etemon. “Quero mais do que nunca ajudar os humanos na batalha contra Calamon. Ele tem que ser destruído.”

— Espero não tomar muito teu tempo!

Etemon se assusta ao ouvir a frase e rapidamente se vira à procura de quem a disse.

Alex o observava com seus olhos apertados ao lado de Blaze. Guilmon e Leomon os acompanhavam.

— Serei curto e grosso: Você vem com a gente! – Diz o garoto sorrindo, enquanto Blaze empunhava seu digivice.

 

Continua...


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