Digimon Beta - E o Domador Inicial escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 13
Reconciliação




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Taomon e Antylamon avançam para ajudar Jewelbeemon. Qilinmon pousa próximo de Albert e Levi, deixando Kau e Júnior, e voa de encontro à batalha.

— Droga! – Exclama o garoto.

— O que foi, Albert? – Pergunta Levi.

— Lúcia mandou avisar que Calamon e Alex estão impedindo-os de vir.

Dukemon desfere um soco no Jewelbeemon que se esbarra contra o chão. As mãos de Antylamon se transformam em machados de dois gumes e a digimon começa a girar com os braços esticados, criando um enorme tornado com o seu rápido movimento, e se lança na direção do cavaleiro medieval, que toma uma altura maior, desviando do ataque. A digimon coelho retorna ao chão.

— Ataque de Espinhos.

Jewelbeemon dispara da ponta do seu bastão vários projéteis em forma de espinhos.

— Espada do Furacão.

— O chifre de Qilinmon brilha e o digimon, após inclinar a cabeça, lança uma lâmina de energia.

— Escrita do Destino.

Da manga da blusa de Taomon surge um enorme pincel, o qual ela utiliza para desenhar um ideograma em pleno ar e o lança na direção do oponente.

Dukemon se posiciona em defesa com o seu escudo e consegue se livrar de todos os ataques. Antylamon aproveita seu descuido e o ataca pelas costas com seus machados. O digimon Extremo urra de dor e, ao tentar atacar a digimon coelho é atingido por Taomon que dispara uma chuva de cartas explosivas da manga da sua blusa. Antylamon, Qilinmon e Jewelbeemon avançam até seus domadores.

— Vamos fugir! – Diz Qilinmon parando ao lado de Júnior.

O digimon besouro de couraça verde e enorme bastão pega seu domador nos braços assim como Antylamon. Levi é envolto por uma bolha que passa a levitar. Dukemon estava com seu escudo posicionado quando, ao olhar para baixo, percebe a movimentação dos domadores.

— Vocês não irão a lugar nenhum! Elísio Final.

Do centro do seu escudo sai um poderoso raio de cor vermelha que praticamente engloba Taomon, não lhe dando chance de defesa. A esfera de energia que envolvia o domador negro se desfaz no exato momento em que começava a desenvolver grande velocidade. O garoto é lançado contra uma árvore por força da inércia enquanto Renamon cai inconsciente, com grande estrondo, a alguns metros dele.

— Júnior, Albert, eu vou ajuda-lo. Fujam! – Avisa Kau.

Instantaneamente Dukemon surge no chão, na frente do garoto, e aplica um soco no estômago do Jewelbeemon, que fica sem fôlego e acaba soltando o garoto de cabelo verde no chão, desmaiando. O enorme guerreiro inseto volta a ser Wormmon.

— Desgraçado eu te odeio!

Kau lançava várias pedras que estavam próximas de si no digimon de Blaze, que nem ao menos se protegia. O garoto chegava, em altura, na cintura do cavaleiro medieval. O digimon simplesmente caminha até o domador, para desespero de Júnior e Albert, e o atinge com o dorso da sua mão, fazendo-o cair desacordado.

Antylamon e Qilinmon deixam seus domadores e avançam contra o inimigo, preparando suas melhores técnicas.

— Idiotas! - Dukemon materializa seu sabre e aguarda a aproximação dos digimons.

Em questão de segundo Lopmon e Kudamon estavam desacordados e próximos de Renamon, após a forte e precisa investida do digimon Extremo.

Levi observava tudo com dificuldade do local onde estava caído. Tentava se colocar de pé para ajudar seus amigos, mas não conseguia. Sentia fortes dores nas costas. Não havia como pedir ajuda. Os digimons estavam desacordados. Dukemon faz o mesmo que fez com Kau, com Júnior e Albert. O domador negro e magro vê o exato momento em que Dukemon caminha até o garoto de cabelo verde e braço inteiramente tatuado e o pega pelo tronco, como se houvesse pego um boneco jogado no chão. Sem que o digimon percebessem, a Carta das Chamas cai do bolso de Kau. O digimon Extremo, então, caminha até a pequena lagarta verde, pegando-a também. Logo em seguida Dukemon salta e voa como um torpedo, desaparecendo em seguida.

Levi tenta rastejar até Júnior. Esforçava-se, mas não havia muito que ser feito. Dukemon já havia levado Kau consigo. Aos poucos o garoto de pele negra não resiste e desmaia.

 

— Acorda!

Murilo o fitava muito próximo. Seus olhos, assim como os olhos de Patamon sobre seu ombro, estavam saltados. O garoto sacudia seu amigo.

— Levi, você está bem?

Aos poucos o domador de Renamon recupera a consciência.

— Só minhas costas que doem. Fora isso, acho que estou bem.

Murilo segura Levi pelo braço direito e o ajuda a se sentar encostado a árvore em que havia se esbarrado. Nesse meio tempo, Lúcia e Etemon corriam até Renamon, Lopmon e Kudamon. Verônica estava agachada ao lado de Albert e Flávia tentava acordar Júnior.

João se aproxima de Levi aos tropeços, com Betamon nos braços.

— Onde está Kau? – Pergunta João, ainda ofegante.

— Dukemon o levou!

— Que inferno! – João soca a árvore. – Eu to de saco cheio desses dois!

— Pode ter certeza de que você não é o único – Pontua Murilo.

— A Carta das Chamas... Ela caiu do bolso dele quando Dukemon o pegou.

— Onde ela está? Diz! – João estava angustiado.

— Próxima dos digimons.

Antes que João fosse de encontro à carta, Lúcia a ergue.

— A carta está aqui.

 

— Padre. Quiero voltar a Brasil!

Já era noite em Madrid. Leon jantava com seus pais.

— Pensé que estabas olvidado esta locura – Diz Samantha, mãe de Leon, enquanto prosseguia com seu jantar e tomava um pouco de vinho.

— No me digas para esquecer. Já decidió – Brada Leon.

— Hijo, se obtiene: Brasil no es un lugar hecho para gente como nosotros!

— Madre llega! Chega! Sé que odias Brasil, mas yo quiero e preciso ir. ¿No lo entiendes?

— ¿Por qué tienes que ir allí? – Grita Samantha nervosa - No hay un lugar para ti.

Leon se retira da mesa totalmente descontrolado. Uma empregada se aproxima e retira seu prato e as taças da mesa. Sua janta estava intacta.

— Usted sabe perfectamente que no me gusta referirse a Brasil de esta manera – Diz Otávio calmamente.

— No voy a dejar que arruine su futuro – Samantha continuava gritando.

— Yo no merecen escuchar tus tonterías – Otávio se retira da mesa, deixando Samantha completamente só em pleno jantar.

 

Leon retirava suas roupas do armário e as jogava sem o mínimo de paciência dentro de uma mala sobre a cama. O garoto continuava furioso com sua mãe. Otávio entra no quarto e o observa por alguns instantes fazer o trajeto armário-cama antes de se pronunciar.

— Tenha paciência com su madre!

— No Padre! Ela querer tudo sempre do jeito dela. Yo querer fazer do meu jeito ahora! – Leon continuava enchendo a mala de roupas.

Otávio se aproxima do garoto e o interrompe fechando a mala de maneira enérgica, assustando-o.

— Quando digo para ter paciência com su madre é por que sei muy bien que usted pensava exatamente igual ella.

— La gente cambia, muda!

— ¿Y qué te fez cambiar?

Leon não suporta tamanha pressão e começa a chorar. O garoto senta em sua cama, ainda segurando algumas camisetas.

Otávio se aproxima e o abraça.

— Hijo...

— Padre. Estou cansado de esta vida. En Brasil he descubierto que puedo ser útil.

— O que aconteceu lá, Leon? Sempre duvidei que aquelas feridas e aquele braço imobilizado fossem de um tombo na praia.

— Yo no quiero estudiar administración! Quiero fazer o que me gosta. No adianta ter dinero e viver preso aos gustos de Ella.

 

Os domadores retornaram para o Mundo Real, exaustos e preocupados com Kau. João, a cada batalha, ficava ainda mais temeroso. Calamon se mostrava um digimon muito forte, mesmo lhe faltando a maioria das cartas. A Carta Extrema é poderosa e lhe designa muito poder.

— O que ele pretende? – Pergunta Júnior para o grupo que estava reunido na casa de João. Definitivamente aquele terraço havia se tornado o ponto de encontro de todos os domadores.

Culumon está presente.

— Não sei... Não consigo me lembrar de nada agora! – Diz a garota loira de voz rouca.

— Por sorte conseguimos achar a Carta das Chamas – Verônica observava a carta. – Agora teremos o time completo.

— Pessoal eu tenho que encontrar Gotsumon e Gabumon – Lúcia estava com a voz embargada. - Não tenho notícias deles desde quando fui para Austrália. Essa ausência está me preocupando demais.

— Temos que encontrar Veemon também – Diz Júnior.

— Culumon, pegue a carta - Verônica estende a carta para que o pequeno digimon branco, que a pega.

— Vou para casa – Diz Lúcia. – De lá ligarei para Rafael e contarei tudo o que aconteceu na reunião de ontem. Esse digimon não está para brincadeira. Alex e Blaze estão levando essa rixa muito a sério. No que depender de mim, passarei por cima deles como um trator. Tchau.

A garota abre um portal e se transporta para Rio de Janeiro, fazendo uma escala no Mundo Digital.

— Pelo visto, muitos estão pensando como Alex e Blaze – João forçava um sorriso simpático, que logo é repreendido pelo Murilo.

— Acho que todos estão cansados das infantilidades de ambos. Fizemos tudo o que podíamos para alertá-los quanto ao perigo e nada adiantou. Chegará o tempo, João, em que teremos que escolher entre nossas vidas ou a vida deles.

— Murilo você tem algo contra mim ou é só impressão?

— O que eu tenho contra você é sua passividade e seu medo de ver as coisas como elas realmente são. Pouco me importa quem foram Blaze e Alex antes de conhecê-los. Eu sei que esses dois são loucos sanguinários que estão ajudando um monstro que quer dizimar todos que vão de encontro a suas ideias.

— Galera, chega! – Flávia interfere. – Estamos cansados, tivemos um dia difícil e não teremos paciência para uma discussão saudável. Acho bom cada um ir para sua casa. Depois entraremos em contato.

Flávia, após colocar um ponto final no início do que seria uma discussão de metas e planos de combate, consegue fazer com que os domadores presentes fossem para casa. Levi e Renamon, Júnior e Kudamon, Albert e Lopmon...

— Estamos indo também – Diz Murilo prestes a abrir um portal.

— Espere! – Interrompe, João. – Quero conversar sério com você.

— João, eu acho melhor deixar isso...

— Não, Fafá. Preciso conversar com vocês três.

Verônica ergue o olho para o garoto.

— Prefiro que seja no meu quarto. Somente nós!

— E a gente? – Pergunta Betamon.

— Vocês podem ficar aqui por enquanto. Culumon isso serve para você.

 

— Qual o problema? – Pergunta Murilo já sentando na cama, acompanhado das garotas.

João estava de pé.

— Quero pedir desculpas e paciência.

— Como assim João, desculpas e paciência? – Pergunta Verônica.

— Acho que depois dos acontecimentos recentes, eu fiquei ainda mais fragilizado e sem saber o que fazer. Tento ajudar, mas minha liderança nunca se fez presente. Sempre precisei de alguém ao meu lado – João fica com a voz carregada. – Eu quero que saibam que confio demais em vocês, em Bárbara, Lúcia, Rafael e Davi, e peço para terem paciência comigo.

— João, você não tem que se desculpar de nada – Verônica se levanta e se aproxima do garoto. – Essa liderança que parecemos questionar muitas vezes, nada mais é do que algo que você, e somente você, conquistou.

— Quando eu disse que seu problema é sua passividade e seu medo de ver as coisas como elas realmente são, é porque você tem medo de arriscar, de lutar, de perder - João fitava Murilo no fundo dos olhos enquanto ele falava. - Sei que perder Carlos foi um grande golpe do destino, mas isso te fez amadurecer e descobrir um João que não conhecíamos. A única coisa que eu te peço é que deixe esse João sair, dominar, vencer! Precisamos dele mais do que nunca.

— Ah, João... Eu não vou falar nada, se não estrago o discurso deles. Só quero que saiba que vou te apoiar no que for preciso. E se precisar te xingar e te bater, eu farei. Agora deixa eu te abraçar porque eu já falei demais.

A garota loira abraça João, e logo depois Murilo também o abraça.

— Lembra de quando você disse que os nossos digimons elementais seriam capazes de enfraquecer Metaletemon? – Cochicha o garoto magro de sorriso largo. - Eu achei que era suicídio. Dei-lhe um voto de confiança e no último momento percebi que você tinha razão – Murilo se afasta.

Verônica e João estavam frente a frente. Ela o olhava com ternura, como a muito não fazia. Ele ainda tinha um ressentimento guardado no fundo dos olhos. Ambos se encararam assim por alguns segundos até que não resistiram e partiram de encontro um ao outro, se abraçando com força. Verônica segurava o rosto do garoto e o beijava pela testa, bochecha, pescoço, olhos.

Flávia ficou atônita com tamanha demonstração de necessidade um pelo outro e, ao notar Murilo praticamente vermelho, rapidamente o arrastou para fora do quarto.

O casal se beijava e se provava como nunca havia feito. Brigaram há muito tempo e por motivos que já haviam esquecidos e, no momento, não lhes cabia fazer tal exame de consciência. Movimentaram-se, ainda aos beijos e de corpos colados, até a porta e se certificaram de trancá-la. O mesmo fizera com a janela antes de caírem sobre a cama.

 

O dia se converteu em noite horas depois e Júnior continuava pensativo: “O que eles irão fazer com Kau?”. Não se perdoaria se acontecesse o mesmo que aconteceu com Caio. Lucas ficou extremamente chateado por não ter sido informado e convocado para ir em busca da Carta das Chamas, e gostou menos ainda pelo desaparecimento de seu amigo. Acreditara que se estivesse presente, seria diferente.

Murilo e Levi estavam machucados e conversavam com Davi, que após saber de tudo o que aconteceu ficou ainda mais revoltado com Blaze e Alex. Murilo contou sobre o desabafo de João, os votos que fizeram de ajudá-lo a ter autoconfiança e da reconciliação entre ele e Verônica. 

Os garotos conversavam em uma praça quando repentinamente, um ponto luminoso surge ao lado do garoto ruivo, no banco onde estava sentado. Pontos semelhantes surgiam em vários lugares: Sobre a cama de Will enquanto tomava banho; No banco do ônibus ao lado de Antônio; No banco de trás de um carro em movimento onde Bruno Soares dormia abraçado ao Patamon; Sobre o teclado do laptop de Bento; Em frente à televisão de Guilherme e de Pastreli enquanto assistiam; Planando à frente de Luiz Filipe e Gaomon; Sobre a mesa de jantar de Igor.

Victor e Agumon caminhavam por uma trilha, próximo a um riacho, quando o garoto nota o aparecimento do digivice em seu bolso.

— Veja, Agumon! Isso é sinal de que eles conseguiram achar a tal Carta das Chamas!

— Eu vou poder evoluir novamente para minha fase Adulta e Perfeita! – O pequeno tiranossauro amarelo não se controlava de tamanha felicidade.

Domador e digimon comemoravam o novo aparelho que acabaram de ganhar quando um portal surge sobre as águas do riacho. O filete de luz seguiu ganhando largura até que dele se libertou um digimon máquina.

— Será que eles são atraídos pelos digivices? – Questiona Victor.

Agumon se posicionava na defensiva enquanto o digimon quadrado, de pernas curtas e braços que chegavam ao dobro da sua altura, planava sobre a água com a ajuda de propulsores. O digimon ainda possuía um enorme farol vermelho no centro do seu corpo.

— Domador. Destruir - Disse o digimon de voz mecânica.

O garoto loiro de olhos verdes rastreia informações do digimon recém libertado.

 

Mechanorimon, um digimon no nível Adulto. Esse robô não é dotado de inteligência e por isso possui controle de bordo. Anda sempre em numerosos grupos. Sua técnica é o “Raio Brilhante”.

 

— Raio Brilhante.

O farol vermelho no centro do corpo do Mechanorimon passa a brilhar com intensidade.

 

Continua...


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