Digimon Beta - E o Domador Inicial escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 15
O Plano do Mal




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Etemon observava atentamente o garoto magro e de olhos rasgados e o outro, alto e corpulento. Sabia do que eles eram capazes de fazer para conquistarem seus objetivos.

— O que querem comigo?  Vocês querem me levar para onde?

— Calma, guri! – Diz Blaze sorrindo. – Alex, será que podemos utilizar esse termo com os digimons. Chamá-los de Guri?

— Sei lá, Blaze. Só sei que Etemon vem conosco, não é?

— Lógico que virá! Nosso convidado de honra.

— Eu não vou a lugar algum! – Etemon rapidamente cria duas esferas negras de energia, uma em cada mão.

— Se não for por bem, será por mal – Diz Alex empunhando seu digivice ao mesmo tempo que Blaze.

 

— Alô?

Era dia. João acessava a internet quando seu digivice emite um bip curto e pausado. Alguém tentava manter contato. Betamon e Culumon estavam sobre a cama, comendo.

— Alô, João? Aqui é Victor!

— Fala Victor, beleza?

— Mais ou menos... Antes de dizer o motivo da minha ligação, quero falar que recebi um novo digivice. Bom saber que vocês conseguiram encontrar a carta.

— Achamos a carta e perdemos Kau, um dos calouros. Domador de Wormmon.

— Ele foi morto? – Victor estava completamente alterado do outro lado da linha.

— Calma. Ao que tudo indica ele foi sequestrado pelo Blaze. E o que você tem para me dizer? Espero que seja algo bom.

— Trinta Mechanorimons invadiram o Mundo Real.

— COMO?

Betamon e Culumon percebem o susto e o tom de preocupação na voz do garoto de barba cerrada.

— Trinta! Uma manada muito grande. Para nossa sorte o chip deles responsável pela inteligência deve ter queimado. Mas Greymon deixou bem claro que um grupo numeroso como esse pode ser bastante perigoso. Agora, o mais estranho de tudo, João, é que eles voaram para longe!

— Como assim “voaram para longe”?

— É como se eles já tivessem uma missão, sabe? Não se importaram com a nossa presença. Somente um deles, o primeiro a se libertar, que nos afrontou.

— Eu sei que era muito perigoso, mas vocês tentaram impedi-los?

— Tentamos, só que não conseguimos atingir a Perfeição. Agumon está limitado à fase Adulta.

— Ta ok, Victor! Mantenha-me informado sobre qualquer novidade!

— Certo.

João encera a ligação.

— O que houve? – Pergunta Betamon. Calamon também observava o garoto com os olhos saltados.

— Victor disse que um grupo de trinta Mechanorimons invadiu o Distrito Federal. E que por incrível que pareça, não fizeram absolutamente nada contra ele e Greymon.

— Mechanorimons podem não ser inteligentes, culú, mas respeitam ordens de digimons superiores ou que consigam controlá-los internamente.

— Então é bastante provável que Calamon os designaram para uma missão. Mas qual?

Novamente o digivice de João emite um bip curto e pausado.

— João, aqui é Davi!

— Fala primo, beleza?

— Beleza. Fiquei sabendo sobre você e Verônica. Estava mais do que na hora.

— Nem me fale, cara. Eu to nas nuvens.

— Murilo me disse sobre o papo que vocês tiveram na tarde de ontem. Pode contar comigo, certo? To aqui pro que der e vier.

— Obrigado, Davi. Muito bom saber que posso contar contigo.

— Olha, apareceram dois digimons aqui em Itabuna. E se não fosse por Levi e Murilo eu teria virado churrasquinho.

— Apareceram Extremos?

Betamon e Culumon engasgam com a comida.

— Não, nada disso! É que Togemon não conseguiu evoluir para Perfeição.

— Menos mal. Pensei que se tratasse de digimons no nível Extremo. Acabei de falar com Victor e ele me disse a mesma coisa. Greymon não conseguiu atingir a Perfeição.

— Será que vamos ter que recuperar nossas evoluções aos poucos?

— Bem provável. Aconteceu o mesmo comigo e com Verônica.

— Espero poder conseguir as evoluções a tempo.

— Eu também, Davi. Sua ajuda será de grande importância.

 

Lúcia aguardava em uma das cadeiras do enorme saguão de embarque do aeroporto internacional do Rio de Janeiro. Sentada a mais de meia hora, estava impaciente e a todo o momento olhava para o relógio. Ao longe, pela direita, ela avista Rafael, que acabara de desembarcar na cidade. O rapaz loiro, de corpo extremamente definido e detentor de olhos azuis, caminhava trazendo uma mochila nas costas. Lúcia se põe de pé e o espera com um largo sorriso no rosto.

— Rafa! – A garota o abraça forte. Sua cabeça encaixava perfeitamente embaixo do queixo do garoto.

— Oi Lúcia. Senti saudades suas.

— Você não sabe como é bom te ver!

— Também te adoro quase irmã! Novidades?

— Tivemos uma reunião e definimos tudo o que havia pendente. Tive o desprazer de cruzar com o tal Calamon e percebi que ele não está para brincadeiras. Acabou sequestrando um dos calouros.

— Conseguiu alguma pista do paradeiro de Gabumon e Gotsumon?

— Nem rastro deles.

 

Lúcia e Rafael já haviam chegado ao apartamento da garota e estavam aos risos sentados à mesa da cozinha. O cômodo não era grande, mas possuía uma decoração bem agradável e aconchegante. Dentro do micro-ondas, uma pizza era aquecida.

— Flávia é louca mesmo, Lúcia!

— Eu tomei um susto quando atendi a chamada no digivice e ela se identificou toda séria.

— Então quer dizer que em Salvador, tudo voltou às mil maravilhas?

— Pelo que eu fiquei sabendo, sim! Flávia me disse que nem esperaram ela e Murilo saírem do quarto!

Rafael gargalha. Não se contém com a maneira engraçada que Lúcia narrava os fatos.

— Sabe do que eu lembro?

— Lembra do que?

— De quando eu era afim dela.

— Ai, Rafael. Esse é o tipo de coisa para se esquecer!

— Não, Lúcia. Eu to falando de bem antes dos digimons aparecem. Eu realmente gostava dela e passei a invejá-lo porque ele conseguiu algo que eu tanto queria. Apesar de sermos colegas, não tínhamos um lance de amizade. Era mais coleguismo mesmo. E Devimon usou desse meu ponto fraco para fazer o que fez.

— Olha, não é querendo ser chata, mas o papo ta tomando um rumo que eu prefiro nem lembrar. Você vai ficar por aqui?

— Por hoje sim. Amanhã vou para Salvador. Talvez alugue um apê ou fique em um Flat.

Um curto som semelhante a uma sineta interrompe a conversa.

— A pizza está pronta!

 

Um portal se abre a partir de um feixe de luz no local que antes era a prefeitura da cidade Iluminata. Bento, Bárbara e Fanbeemon, ao saírem pelo portal, se assustam com a completa destruição de uma das mais belas e organizadas cidades do Mundo Digital.

— Meu Deus o que aconteceu? – Pergunta Bento levando as mãos à cabeça – Onde está Etemon?

— O que aconteceu, Bento? Por que você está desesperado?

— A cidade que Etemon cuidava com tanto carinho está completamente destruída, mana. Abriram uma enorme cratera no centro dela.

— Parece que alguém andou batalhando por aqui – Conclui a pequena abelha.

— Onde está Etemon? Cadê ele? – Bento tentava conter as lágrimas.

— Calma, Bento – Bárbara o abraça. – Nós vamos encontrá-lo. Desespero só prejudica.

— Você está certa! Tenho que me controlar para poder ajudar.

Bárbara e Bento observam o que restou da cidade em volta da grande destruição. Havia uma grande camada de poeira sobre os prédios, fachadas, ruas e avenidas. Não havia sinal de digimon algum.

— Essa cidade se tornou uma cidade deserta – Diz Fanbeemon pousando sobre a cabeça da sua domadora. Ventava de maneira suave.

— Faço ideia. Etemon fazia de tudo para proteger essa cidade e vê-la destruída deve ter sido muito difícil para ele. Bento, eu acho bem capaz que ele tenha ido para outra cidade.

— Existe uma pequena cidade próxima daqui! – Fanbeemon voa, planando na frente dos domadores – Só é seguirmos em frente.

— Vamos, Bento?

— Lógico que sim, Báhzinha.

Bento segura a irmã pela mão e inicia uma corrida, que logo é interrompida pelos gritos de desespero dela.

— Ai! Assim você me derruba! Esqueceu que o chão agora está irregular?

— Desculpa, mana. Mas é que eu não vejo à hora de reencontrar meu digimon.

O terreno, agora cheio de pedregulhos e buracos, tornava a caminhada difícil para Bárbara, que seguia caminhando devagar, sempre auxiliada pelo Bento. Fanbeemon seguia voando mais à frente. Segundos depois, Bárbara percebe a mudança brusca no local por onde caminhavam. Já haviam chegado ao asfalto cinzento da parte intocada da cidade. Aos poucos, os passos dados pela garota vão tomando confiança e se alongando. Ao longe, bem baixinho, ela ouve uma foz grave, forte.

— De quem é essa voz?

— Que voz? – Pergunta Bento, curioso. – Só ouço as asas da Bee.

— Preste atenção que você ouve!

Fanbeemon rapidamente pousa sobre a cabeça da sua domadora. Aos longe, vindo da direção para onde se deslocavam, o garoto de cabelos curtos cacheados e a digimon abelha finalmente ouvem a voz a que Bárbara se referia. “Vocês têm um único deus! Devem obediência a mim”. Bento ficava ainda mais intrigado enquanto seguia caminhando segurando sua irmã pelo braço. “Servirão a mim em todos os momentos”.

— É Calamon! – A voz do garoto tremia.

— Tem certeza, Bento?

— Eu reconheceria esse timbre em qualquer lugar!

— Podem ir! - Ordena a voz.

Enormes passadas, que estremeciam o lugar, se deslocam de encontro aos domadores. Bárbara segue ouvindo as passadas e sentindo a vibração no chão aumentar, enquanto Bento a puxava repentinamente. Seguiu aos tropeços até que se posicionou imóvel e de pé com Bento bem próximo de si. Fanbeemon continuava sobre sua cabeça.

— Onde estamos? – Sussurra a garota cega.

— Escondidos atrás de uma estreita parede em uma ruela sem saída.

— E se esse digimon nos encontrar? Ou mesmo Calamon?

— Aí já não sei o que faço. Vamos torcer para que não sejamos percebidos.

Um alto e estremecedor urro de tiranossauro é escutado. O berro tinha uma intensidade tamanha que parecia estar ao lado dos ouvidos dos domadores, que comprimiram os olhos temerosos pela aproximação. Logo em seguida, outro berro idêntico é escutado. Os passos seguiam pesados e estremecedores. Com certeza, tratava-se de vários digimons da mesma espécie. A poeira erguida pelo trotar dos digimons acaba penetrando na narina de Bento, que não resiste:

— Atchin!

— Psiu! – Solta Bárbara de maneira longa.

Instantaneamente todo o barulho se desfaz. Não se ouvia mais barulhos de passadas ou urros de dinossauros. Aquele completo silêncio os deixavam angustiados. Existiriam vários significados para o repentino silêncio dos digimons, inclusive a descoberta dos domadores atrás da estreita parede no final da viela.

— Continuem andando! – Diz Calamon. Agora não restara dúvida alguma sobre a autenticidade dessa voz.

Os digimons voltam a andar. O estremecer das passadas e os urros dados pelos digimons seguem diminuindo até desaparecerem por completo.

 - Nos livramos de uma boa, agora! – Bento estava aliviado.

— João precisa saber que Calamon está recrutando digimons. Com certeza ele planeja alguma invasão ao Mundo Real.

— Isso ta virando um jogo macabro. Dá medo só de pensar nas consequências...

— Bento, - Bárbara o interrompe - não pense no que pode acontecer. Você nunca ouviu falar que não se deve olhar para o fundo de um penhasco quando passamos por ele? A metáfora pra essa situação é a mesma.

Um bater de asas atrai a atenção do garoto o céu. Bento é o único a olhar e notar que, acima deles estava Calamon em sua forma lobo negro alado.

— Vermes bisbilhoteiros! – Calamon sorri e espalma sua mão direita na direção dos domadores. Com a mão esquerda ele segura seu pulso direito – Vocês não servem absolutamente para nada! Não passam de material obsoleto.

Bárbara sentia uma pressão fora do comum dentro de si. Estava enojada com a voz do Calamon. O mesmo timbre maquiavélico, o mesmo sorriso enquanto falava. Não entendia como poderia existir um ser com tamanho egocentrismo e prazer em ver a destruição.

Aos poucos, lágrimas começam a rolar pelo rosto da Bárbara.

— Eu te abomino, Calamon! Você não merece a vida que tem! Não merece viver! Parasita infernal. Iremos te destruir como você merece: Aos poucos e com muita dor – O digivice de Bárbara brilha, possibilitando que sua digimon evolua.  Fanbeemon torna-se uma enorme vespa mecânica listrada em preto, com braços e um enorme abdômen redondo onde está localizado seu ferrão.

— Chega a ser cômico seu desespero, humana. Culumon não deveria ter incluído vocês nessa batalha.

Waspmon, forma Adulta de Fanbeemon, voa de encontro ao lobo negro alado que, ao notar sua aproximação, cria uma enorme esfera de energia. Bento e Bárbara correm do lugar onde estavam. A digimon vespa rapidamente faz um movimento de corpo e posiciona seu ferrão na direção de Calamon. Um poderoso raio sai do ferrão rasgando o céu de encontro ao inimigo, que dispara sua técnica. Uma enorme explosão acontece, lançando Bento e Bárbara diretamente no chão.

 

Continua...


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