Tudo o que eu queria era um pouco de luz. Aquela escuridão já estava me atordoando. Houve um barulho e eu parei.

  _Jason - sussurrei. Ele veio até mim e segurou minha mão.

  _Não deve ter sido nada - disse ele.

  _Estamos na Dimensão Negra. Qualquer barulho deve ser alguma coisa.

  Houve um bater de asas e Jason apertou minha mão mais forte. Alguma coisa se arrastou no chão, estava vindo em nossa direção. Essa coisa grunhia. Eu já estava arfando de medo. Vi uma coisa mais escura que a noite passando pelo céu, então eu gritei:

  _Corre Jason!

  Ainda segurando minha mão, ele começou a correr. Eu também corria, mas era ele quem me conduzia. O bater de asas ficou mais audível, e quando olhei para trás vi um par de olhos de ave que brilhavam.

  Não consegui ver direito para onde estávamos indo. Jason me conduzia sem bater em nada, sem cair. Fiquei perdida quando minha mão soltou da dele. Eu não sabia para onde ir. Eu não estava mais o vendo. Nem conseguia ouvir seus passos. Continuei a correr, pois aquela ave ainda estava atrás de mim.

  _Jason! - Gritei, enquanto virava em uma rua. - Jason! Cadê você?

  Ele não respondeu. Oh meu Deus! Eu estava perdida e sem companhia.

  Já estava ficando sem fõlego, não conseguia mais correr. Quando fui virar em outra rua, meu pé se prendeu em alguma coisa e eu caí. A ave veio com tudo pra cima de mim. Eu me esquivava enquanto ela tentava me bicar. Quando conseguir desprender meu pé, recuei, enquanto ela ainda tentava me bicar, agora por entre minhas pernas. Por sorte ela só conseguia tocar o chão.

  Ainda recuava enquanto ela avançava, mas infelizmente eu já havia tocado a parede. Seus olhos brilharam quando me viu encurralada. Eu apenas virei meu rosto e fechei os olhos, esperando pela morte.

  Mesmo com os olhos fechados, percebi quando ficou claro de repente, e quente, muito quente. Então a ave guinchou, e teve o barulho de alguma coisa pegando fogo.

  Eu respirava pela boca, ainda não tinha aberto os olhos.

  _Está tudo bem agora - disse uma voz. Era masculina.

  Abri os olhos e a primeira coisa que vi foi a ave pegando fogo. Me levante, ainda encarando aquilo, e então olhei para o meu salvador.

  Sue pele era bronzeada, seu cabelo era preto e curto. Seus olhos eram castanhos. Como ele era lindo.

  _Sou Erik Frankel - disse ele.

  Eu não disse nada, apenas me afastei daquele coisa pegando fogo. Eu estava em estado de choque e preocupada com Jason.

  _Você viu por aí um garoto branco, cabelo preto e olhos azuis? - Perguntei.

  _Desculpe, não - respondeu ele.

  _Tenho que achá-lo - eu disse, indo em direção ao lugar de onde eu tinha vindo.

  _Espere - disse o tal Erik. - Eu posso ajudá-la?

  _Claro - eu disse.

  _Posso saber seu nome?

  Eu o olhei. Seus olhos castanhos eram intensos e parecia que ele podia ver minha alma. Tive que me lembrar como se respira.

  _Corine Bandlech - eu disse finalmente.

  Ele sorriu e me acompanhou.

  Eu não deveria sair por aí gritando em um lugar como este. Ainda mais porque tem criaturas perigosas por aqui. Mas eu tinha que encontrar Jason.

  _Jason! - Gritei. - Jason! Onde você está?

  _Jason! - Gritou Erik, me acompanhando.

  Oh céus! Onde aquele garoto se enfiou?

  _Não vamos encontrá-lo por aqui - disse Erik. Podia enxergar bem, pois ele garregava uma lanterna.

  _Temos que encontrá-lo - eu disse. - Jason!

  Meus olhos já estavam se enchendo de lágrimas. Jason! Jason! Jason! Onde você está? Eu preciso de você.

  Meu olhar vagava pela escuridão, procurando por algum sinal dele.

  _Ei, Corine - disse Erik. - Tem alguém caído alí.

  Corri para onde a luz da lanterna estava indicando. Havia mesmo alguém alí. Cheguei mais perto.

  _Ilumine aqui - pedi, e Erik jogou a luz para cima da pessoa. Com certeza era um garoto e os cabelos eram negros. E aquelas eram as roupas de Jason. O sacudi.

  _Jason, acorda - eu disse. - Vamos, acorde.

  Ele gemeu, então sua mão se mexeu.

  _Isso, Jason - eu disse. Pelo menos ele estava bem.

  Jason se sentou no chão, piscando os olhos.

  _Alguma coisa... Alguma coisa bateu na minha cabeça e eu desmaiei - disse ele, passando a mão na cabeça.

  _Vai ficar tudo bem - eu disse, então o ajudei a levantar.

  Quando percebeu a presença de Erik, ele perguntou desconfiado:

  _Quem é esse?

  _Esse é Erik Frankel - eu disse. - Ele me ajudou a procurar por você.

  _Ah, é mesmo? - Disse Jason. - Como veio parar aqui? Pelo o que vejo, você não tem rosa nenhuma.

  _Um inimigo meu - disse Erik. - Ele tem uma rosa igual a de Corine. Na primeira oportunidade que teve, me mandou pra cá. Já deve fazer uns dois anos. Desde então tive que aprender a viver aqui. E acreditem, não é nada fácil.

  Percebi que Jason ainda estava desconfiado, e vi que faltava alguma coisa nele.

  _Onde está sua rosa? - Perguntei. Jason olhou para as mãos vazias. Depois, com olhos tristes, olhou para mim.

  _Acho que roubaram, Corine.