Too Close escrita por Kirara-sama


Capítulo 6
Brigas




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- Catherine! O que pensa que está fazendo? – Aukyner berrou, com muita raiva da sacerdotisa. Naquele momento, o rapaz nem mesmo sentiu remorso ao ver a garota encolher-se diante dele.


  

- E-Eu só achei que... – Catherine balbuciou, sabendo que o jovem estava com muita raiva. A loira conhecia-o bem e quando ele a chamava pelo nome todo, era sinal de encrenca.


  

- Sempre acha alguma coisa! Nunca pensa nas conseqüências não é?! Também não irei mais ajudar-te, não me ouve... Iremos morrer antes de você sair dos campos de Juno! – O cavaleiro simplesmente deu as costas e começou a andar, em busca de alguma pousada onde pudesse passar a noite.


  

- Auky... E-Espera! – A sacerdotisa correu atrás dele, em meio aos tropeços. Algumas vezes caía ajoelhada no chão, mas logo levantava e voltava a perseguir o moreno até segurar seu braço. – Os campos de Juno não são muito difíceis e eu sei que a Lynne vai ajudar a...


  

A jovem foi interrompida por um violento tapa desferido pelo cavaleiro. Alguns poucos aventureiros pararam para observar a cena que se desenrolava no meio de uma das pontes de Al de Baran.


  

- É ela que me preocupa, não aqueles monstros selvagens! É essa maldita mercenária que você tanto protege, achando que ela é uma boa pessoa! Mas eu tenho que te dizer isso... ELA NÃO É! Abra os olhos para a realidade Catherine... Não vou bancar sua babá pro resto da vida. – Aukyner desabafou. No fundo, sentiu uma pontada de dor no peito ao ver a marca vermelha que o tapa deixara no rosto da colega, mas se ela não iria aprender por bem, teria que apelar para a ignorância.


  

Depois de recuperar-se do golpe, os olhos azulados da garota se encheram de lágrimas, que logo transbordaram e escorreram pelo seu rosto. A jovem olhou para os lados, mas o que viu foram rostos desconhecidos e Lynne com uma expressão quase indiferente. Será que o rapaz tinha razão? Ela queria acreditar que não, e lutaria até o fim por isso.


  

- Só por que... Ninguém ajudou seus pais... Quando eles estavam lutando contra um Baphomet, não quer dizer que nem todos sejam assim! – Berrou a sacerdotisa. – Só por que você foi treinado rigorosamente por alguém que você achava um ídolo, mas te enganou não quer dizer que todos irão te enganar! Você não passa de um covarde que tem medo de se abrir para alguém!


  

A expressão de Aukyner foi tomada por uma fúria palpável. Iria desferir mais um tapa na jovem quando a mesma levou ambas as mãos à boca. Mais lágrimas desceram e ela arregalou os olhos.


  

- Auky eu... Eu... Sinto muito, não tive a intenção de... Você me entende... – Murmurou envergonhada a sacerdotisa, abaixando a cabeça. Tinha nojo de si mesma naquelas circunstâncias. A garota, ao ver o cavaleiro voltar a andar sem dizer uma palavra sequer, soluçou e começou a correr para o lado oposto, empurrando pessoas e pets.


  

A mercenária olhou para o casal, agora separado. Culpa sua. Sentiu um prazer sádico ao causar tanta dor sem sequer matar uma única pessoa. Porém, em seu ínfimo, uma pitada de remorso surgiu. Aquele era um sentimento que não aparecia desde seus primeiros anos de gatuna, mas que voltava naquele dia. Resolveu seguir sua presa, que agora corria rápido até a saída da cidade. Tinha que terminar seu serviço o mais rápido possível.


  

Catherine correu até não conseguir mais sentir as pernas. Então caiu no chão, com o rosto afundado no solo duro e cheio de pedras do lugar. Com a queda, recebeu alguns cortes no rosto e uma Planta Carnívora acabou mordendo seu braço, deixando marcas profundas. Com o susto, engatinhou rapidamente de costas, batendo as mesmas em uma das poucas árvores do lugar.


  

Lynne apareceu silenciosamente e logo despedaçou o monstro com rapidez. A mercenária olha para a sacerdotisa por alguns segundos. Os olhos estavam inchados de tanto chorar e as lágrimas não paravam de escorrer. Nem mesmo os soluços cessavam. Logo se agacha na frente da jovem, olhando o machucado.


  

- Deveria ter dado ouvidos ao rapaz... – A garota de cabelos róseos alisava o ferimento causado pela Planta Carnívora, sujando os dedos de sangue. – Eu sou uma moça realmente perigosa... – Levando os dedos à boca, a jovem sorri sadicamente ao arrancar um gemido de dor da sua presa.


  

- Eu sempre soube que você era perigosa... Por isso te trouxe comigo. Eu também sabia que isso deixaria o Auky furioso e que ele brigaria. Só não pensei que ele chegaria tão longe... – Choramingou Catherine, puxando o braço ferido para mais perto do corpo. – Mas enfim... Só te trouxe junto... Para facilitar o seu trabalho e não envolver ninguém... Pode me degolar se quiser, aposto que o Rei Tristan II quer minha cabeça não? – A loira sussurrou, erguendo a cabeça.


  

Ouvindo as primeiras palavras da sacerdotisa, Lynne sentiu-se desafiada e avançou na jovem, pegando-a pelos cabelos. Já tinha um Stilleto preparado em mãos. Era o fim.


  

No entanto a mercenária parou a lâmina da adaga no meio do caminho, apenas fazendo um corte raso no pescoço de sua vítima. A menção do Rei fez seu sangue ferver.


  

- Que eu saiba... Um rico Lorde pediu por sua cabeça... – A garota sibilou, estreitando os olhos. Puxou Catherine pelas melenas douradas para mais perto, arrancando-lhe mais um baixo gemido. Tentou buscar qualquer traço que denunciasse alguma mentira vinda da sacerdotisa. Mas não conseguiu nada.


  

- Então... Te enganaram... Eu ouvi coisas da boca do próprio Rei que faria com que ele quisesse meu corpo em pedaços e minha cabeça oferecida em uma bandeja. – Murmurou a loira, fechando um dos olhos com a dor da puxada e a ardência dos cortes em seu corpo.


  

Lynne então soltou a garota e começou a andar de um lado para o outro, rodando o Stilleto nos dedos. Odiava aquele Rei com todas as forças, porém tinha um trabalho a fazer.


  

- O que vai fazer nesse Santuário que chamam de inexistente? – A garota de cabelos róseos falou, em uma mistura de indiferença e raiva.


  

- Provar que o Rei está se unindo às Valquírias Caídas para derrubar cada monarca regente das grandes cidades e... Dominar Rune-Midgard. Clichê mas... Acontece sempre. – Catherine murmurou, encolhendo-se contra a árvore. – Mas eu quero fazer isso sozinha... Se sobreviver...


  

A mercenária avançou novamente na sacerdotisa, e a mesma fechou os olhos com força, esperando pelo golpe final. Naquela vez, não iria levantar a barreira santa do Kyrie Eleison e nem se esquivar do seu destino manchado de sangue.


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