No vigésimo sexto dia Manabu quase vegetava atrás de sua organizada mesa de vidro se não fosse pela pseudo humanidade que expressava com o toctoctoc da sua cabeça batendo contra a superfície transparente. Mesmo assim ele não sentia dor, nem dentro nem fora de sua cabeça já avermelhada.

Infelizmente não podia dizer o mesmo de seu coração.

Isso porque ele pensou que a má sensação fosse dor de estômago.

Poftpoftpoft.

E agora trocou o primeiro castigo físico por socos no estômago, pois, de acordo com sua lógica não muito lógica, se sua mente se concentrasse na dor que seus punhos estavam provendo ao órgão dolorido, então a dor originária seria esquecida.

E foi com o barulho dos socos que um preocupado Rui decidiu invadir a sala para não se preocupar mais. E ocorreu  o contrário porque o som dos socos foi substituído pelo ohmeudeus!ohmeudeus!ohmeudeus! que o outro moreno babulciava assustado.

No vigésimo sexto dia Rui preocupado se preocupou com a sanidade de seu colega Manabu com um calo na cabeça e hematoma na barriga e decidiu levá-lo para tomar um arzinho, porque oxigênio, mesmo que não melhore, não piora a situação.

Manabu até o momento sem reação estava um pouco irritado pela dor no estômago e o fato de não poder curá-la com o seu método mesmo na hora de seu almoço.

Mas engoliu os sentimentos junto das palavras que queria designar Rui porque apesar de tudo, o outro moreno era uma boa pessoa. E Manabu era Manabu. E Manabu não fazia esse tipo de coisa.

Manabu não fazia quase nada, na verdade. Só bater e jogar e meter sua própria cabeça em qualquer superfície dura.

Rui sorriu e conversou e suspirou e o abraçou. Manabu não sorriu e mal falou e suspirou e não chorou, mesmo querendo chorar quando sentiu o abraço o confortando.

Rui não precisava saber quais eram os problemas do outro, não iria agora nem depois e talvez nunca perguntar, ele só precisava perceber que o outro precisava de alguém.

E foi isso que forneceu na hora. Um abraço amigo.

No vigésimo sexto dia, naquele momento infeliz-mas-feliz, Manabu percebeu não que precisava de alguém, porque isso ele já sabia faz tempo, mesmo negando às vezes.

Mas que ele nunca conseguiria esconder coisas de si mesmo.

Então ouviu um  click em sua cabeça.

E, de repente, toda a angústia veio à tona.

glupglupglup.