No primeiro dia de trabalho, Manabu ficou intimidado, mas continuou fingindo indiferença porque ele não queria ser lembrado para o resto de seus dias ali como o funcionário introvertido e anti-social. Ele queria mesclar-se pela primeira vez na vida em vez de ouvir passos e ter falsas esperanças de que eles vinham em sua direção quando na verdade passavam reto. Era sempre assim no colegial.

No primeiro dia, Manabu-aparentemente-renovado acabou fazendo algo velho enquanto bebia seu café e queimava a língua.

No primeiro dia, Manabu conheceu Byou quando cuspiu seu café involuntariamente no outro e tentou se desculpar da maneira Manabu de ser antiga: desajeitadamente.

Na metade do primeiro dia, Manabu-aparentemente-renovado percebeu que continuava o mesmo, e seus colegas perceberam não que ele continuava o mesmo, mas como ele realmente era, e Manabu era um desastre. E era isso que o garoto queria esconder. Consequentemente, depois da descoberta, ninguém quis se envolver muito e Manabu, frustrado e triste e frustrado e deprimido se deprimiu mais na hora do almoço sentado numa privada num cubículo cinzento no banheiro do 26° andar. E tentou fugir da cafeteria e de seu chefe agora já com roupas sem café.

Na metade do primeiro dia, uma alma amiga e com compaixão decidiu ser gentil com o não-mais-renovado Manabu, que sentiu em seu coração uma chama da esperança reacender e sua alma tranqüilizar-se. Rui só sentiu uma vontade de comer e foi isso que ele fez depois de jogar conversa fora com o novo funcionário.

No final do primeiro dia, cansado física e psicologicamente, encontrou seu chefe no estacionamento e saiu correndo com a cabeça baixa tentando passar despercebido enquanto tentava achar desesperadamente seu carro e, quando abriu a porta, jogou-se lá dentro feliz por estar protegido por vidros escuros.

No final do primeiro dia, Manabu encontrou seu vizinho, que ironicamente também era seu ex, preso entre os braços de outra pessoa, muito ocupado sugando e apertando e gemendo o nome alheio.

No meio do corredor. Na frente da porta. Na frente da porta de Manabu.

Manabu tossiu e pediu licença enquanto jogava um olhar cheio de ódio e tristeza por ter sido trocado de um dia para o outro literalmente e agradeceu por, apesar de estar tremendo, conseguir enfiar a maldita chave no buraco.

No final do primeiro dia, Manabu com raiva e deprimido e indignado ficou frustrado por ser tão consciente e não beber, mesmo querendo encher a cara e esquecer, esquecer e esquecer o dia de hoje, o dia de ontem e todos os dias da sua vida até hoje, porque amanhã seria mais um dia de pura alegria no trabalho.

No final do primeiro dia Manabu tomou água e deitou, decidindo trancar tudo em um lugar que nem ele mesmo acharia.

E dormiu.