13 de julho de 2026 * segunda-feira

Casa de Marcelo Scarpari – 08:15 da noite

- Vamos Rafa! Já estamos atrasados! – gritou Marcelo. Ele estava com uma capa de chuva na mão.

- Um minuto! – exclamou Rafaela no quarto.

- Não esqueça da capa de chuva! – exclamou ele.

- Tudo bem! – disse ela.

DIM DOM...

            Marcelo suspirou. Estavam atrasados, será que Merlin podia deixar que ninguém fosse até eles? Apenas para poderem chegar à casa de Rose o mais rápido. Mais tarde Marcelo se arrependeria amargamente desse pedido. Foi andando até a porta. Pedindo internamente que fosse um vizinho vindo lhe pediria um copo de café e depois iria embora. Mas, parece que Merlin não o ouviu desta vez. Ele abriu a porta e ficou olhando para a pessoa. Palavras não saiam da sua boca.

- Marcelo, eu já estou pronta. – disse Rafaela se aproximando do namorado terminando de colocar um brinco. Vendo que ele olhava para a porta aberta, ela resolveu ver o que era. Envolvida pelo espanto ficou parada. Um clarão, seguido de um barulho estrondoso fizeram o visitante dar um sorrisinho e se aconchegar mais na manta azul. – Está chovendo! Traga-a. – disse Rafaela.

- Espere. – pediu Marcelo colocando a capa e indo para a chuva.

- MARCELO! – gritou Rafaela. Marcelo não deu bola. Caminhou um pouco para os dois lados da calçada. Ele voltou para a entrada da casa. – O que vamos fazer?

- Vamos ficar com ela. – disse Marcelo decidido. Por um momento pode ver os olhos violetas de Rafaela brilharem. Rafaela pegou o cesto com o bebê e entrou para a casa. Marcelo seguiu a namorada, mas se virou para olhar uma ultima vez para a rua. Viu uma figura. Alta e magra, a mulher, que ele reparou pelos cabelos que caiam sobre os ombros, usava uma capa com capuz preto. Se camuflava na escuridão da rua. A mulher fez uma reverência com a cabeça e aparatou.

- Marcelo? – chamou Rafaela. Marcelo acordou dos seus devaneios e entrou na casa.

            Rafaela estava sentada no sofá e ao seu lado, Marcelo. Ambos olhavam para a cesta com mantas azuis, onde um bebê se mexia.

- Tem uma carta. – disse Rafaela pegando a carta.

“Sr. Scarpari,

            Desculpe-me deixar com vocês minha filha. Ela é a coisa mais importante para mim e gostaria que ela soubesse disso sempre. Eu deixei ela com vocês por que sei que vocês queriam um filho, mas a Srta. Broadmoor não pode ter, e eu sei que vocês iriam adotar uma criança. Mais um motivo para deixar a Dallas com vocês é que eu sei que vocês são um dos únicos que sabem dessa coisa de deuses e seres gregos. Eu sei que pode parecer loucura, mas... Dallas é minha filha com uma mortal. Eu sou Poseídon, rei do mar. Seu nome é em homenagem a mãe. Dallas. Nos conhecemos numa apresentação de golfinhos. Apaixonamos-nos e Dallas deu a luz a minha menina. Infelizmente, os seres se revoltaram e eu tenho medo pela minha filha. Sua mãe era bruxa, sei que não terá problemas já que você é bruxo e a Srta. Broadmoor é parente de um. Dallas nasceu no dia 8 de junho de 2026, aqui mesmo em Londres. Ela tem um colar que são dois golfinhos. O meu símbolo e o animal que a mãe dela mais gostava. Por favor, cuidem da minha Dallas. Sei que farão isso bem. Não deixe que ela se culpe pela morte da mãe, já que a mãe morreu no parto dela. Por sorte, Dallas chegou a ver a menina e dizer “ela é linda”. E não deixem ela se esquecer que eu a amo muito.

Muito obrigado. ”

            Rafaela ficou estupefata. Olhou para a menina no cesto que sorria para eles. Rafaela sorriu e a pegou no colo. Os olhos azuis realçavam sua pele clara. Seus cachos castanhos com mexas claras realçavam-se. Rafaela puxou ela para um abraço. Sentiu a menina rir. A loira deixou lágrimas caírem livremente pelo rosto.

- Vamos. – disse Marcelo com a mão no ombro da namorada. – Temos que ir na casa da Rose.

- Mas... – começou Rafaela.

- Vamos. – disse Marcelo calmo. Rafaela suspirou, pegou sua bolsa, arrumou Dallas na manta e aparatou com Marcelo.