Hilf Mir Fliegen escrita por andeinerseite


Capítulo 5
Reencontro


Notas iniciais do capítulo

Finalmente, o tão esperado capítulo em que Bill e Nicolle se reencontram. Q
Não sei se ficou tão bom quanto vocês esperavam, mas espero que gostem ♥

P.S.: Para evitar bagunça e atrasos nas postagens, resolvi que vou postar exatamente toda sexta-feira. Então, até sexta que vem!



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Senhores passageiros, preparar para aterrissagem em Hamburgo. Mantenham os cintos afivelados até o pouso completo da aeronave.

 

Acordei com a voz quase que eletrônica da aeromoça. Havia dormido a viagem inteira, e nem tinha visto o tempo passar. Saí do avião junto com todos os outros passageiros, me dirigi até o aeroporto e peguei um táxi até o meu novo apartamento.

 

Observei o céu, já estava escuro, era noite.

 

Quando finalmente cheguei ao apartamento, eram 22h30min. Já estava mobiliado, mas era óbvio que eu precisaria arrumar e deixar tudo do meu jeito. Larguei a mala em um canto e me joguei em um enorme sofá de veludo roxo encostado em uma parede.

 

?Eu sei que deveria ficar e arrumar tudo, mas...?, pensei, fitando o teto branco do quarto.

 

Não queria ficar ali. Algo me dizia para sair. Me levantei repentinamente e abri a minha mala, em seguida tirando dela um vestido curto preto.

 

- Eu devo mesmo ser louca... - falei, colocando o vestido em frente a um enorme espelho. - Acabo de chegar em uma nova cidade e já resolvo sair, à noite ainda por cima.

 

Retirei a maquiagem da bolsa e levei um longo minuto para espalhar a sombra preta sobre os olhos, e depois mais outro passando o delineador.

 

- Quem sabe eu não encontro uma boate legal para ir - suspirei, passando um batom vermelho e pressionando os lábios, para fixar bem. - Ficar nesse quarto é que eu não posso.

 

Calcei um par de ankle-boots e arrumei o cabelo. Me dirigi até a porta e hesitei em abrir. Devo mesmo fazer isso?

 

Deve. A resposta veio imediatamente na minha cabeça. O por que de tudo isso eu já não sabia.

 

- Então eu vou - falei, abrindo a porta, confiante.

 

Desci as escadas - o prédio sequer tinha elevador -, chamei um táxi e fiquei esperando em frente.

 

Finalmente o táxi chegou, e eu entrei.

 

- Onde posso encontrar uma festa legal para ir que seja perto daqui? - perguntei.

 

O motorista me olhou e fez uma cara estranha.

 

- Bem... Há uma boate aqui perto...

 

- Ótimo. Me leve para lá agora mesmo. - falei, com uma expressão despreocupada.

 

- Moça, você está bem? - ele perguntou.

 

- Acho que sim, por quê? - respondi, rindo.

 

O motorista parou em frente à um lugar com uma enorme placa escrito Night Club e eu saí do carro. Antes de fechar a porta, pude ouvi-lo dizer ?Garota estranha?, mas nem me importei.

 

De fora, já era possível ouvir o som ligado naquele volume ensurdecedor. Monotonamente, o surdo da bateria reboava como se dissesse ?não entre... não entre...?

 

As dimensões do salão perdiam-se nos cantos escurecidos pela iluminação precária, cheia de clarões piscantes, desses de deixar qualquer um tonto, senão cego.

 

No meio do salão, corpos sacudiam-se ao ritmo de um som frenético, meio misturados numa massa multicor, formando um bloco único, como a representação de um inferno alegre, alucinante...

 

- Nossa, faz tempo que eu não vou há uma festa dessas - ri, atravessando a multidão que dançava. Estava lotado.

 

Parei em frente à um minibar nos fundos do salão e me sentei em um banco disposto em frente ao balcão.

 

- Um drinque, por favor. - pedi ao barman.

 

Entornei o copo que ele me entregou e o líquido escorreu quente pela minha garganta, queimando tudo por onde passava. Fiz uma careta e o larguei na metade sobre o balcão.

 

Virei a cabeça e só então notei o rapaz que estava sentado em um banquinho ao lado do meu. Tinha um cabelo alto, um moicano negro muito bem feito, por sinal. Ele se virou para mim, e só então pude ver seu rosto.

 

Não pode ser... pode?

 

Peguei o copo onde ainda havia metade do líquido e me perguntei se havia algo a mais naquela bebida que estaria me dando ilusões estranhas.

 

Não é ilusão, Nicolle burra, é ele mesmo. É o Bill. 

 

Ficamos olhando um para o outro, sem fazer nenhum movimento e sem pronunciar nenhuma palavra por pelo menos mais alguns minutos. O que será que ele estava pensando de mim? Será que ele se lembraria daquela garotinha de cabelo castanho comprido e olhos azuis que ele costumava chamar de ?melhor amiga??

 

Oh céus. 

 

- Bill?! - exclamei, decidindo finalmente tomar uma iniciativa, mesmo sabendo que era impossível alguém me ouvir com aquele som infernal.

 

Pude ler em seus lábios o meu nome.

 

- Nicolle?!

 

Ainda não havia caído a ficha quando ele se levantou para me abraçar.

 

Meu. Deus. Ele. Está. Tão. Diferente. Tão... lindo.

 

- Há quanto tempo!

 

Faz tempo mesmo, pensei, oito anos para ser mais exata.

 

Por um momento, me senti enlaçada por aqueles braços, eram tão... fortes.

 

- Nossa, como você mudou! Está tão... alto - exclamei, percebendo que ele estava bem mais alto do que eu. E olha que quando éramos crianças tínhamos o mesmo tamanho.

 

- O que você disse? Desculpe, mas não consigo ouvir nada com essa música...

 

- Er, nada...

 

Ele disse alguma coisa, bem-humorado, mas nenhum som humano poderia sobrepor-se àquela loucura. Tentei falar também, mas era impossível.

 

- Vamos sair daqui, essa música tá me dando dor de cabeça - falei.

 

- Hein?

 

- Vamos lá fora - repeti, me aproximando do ouvido dele e sacudindo a cabeça para indicar a porta.

 

Bill finalmente entendeu o que eu disse e saímos da casa noturna. Do lado de fora, era muito mais confortável para conversar.

 

- Assim está bem melhor - falei, satisfeita.

 

Andamos pela penumbra de um jardim completamente vazio e ficamos sem saber o que dizer por alguns instantes.

 

- Sabe, - ele começou - nunca imaginei que te encontraria novamente.

 

- Nem eu - sorri. - Depois daquele dia... quando eu fui embora... realmente achei que a gente nunca mais fosse se ver.

 

- Eu também. - ele suspirou, se recordando. - Achei que você nem fosse se lembrar de mim.

 

- Eu pensei a mesma coisa a respeito de você - dei um risinho. - É claro que eu não me esqueceria de você. Eu prometi, lembra?

 

Ele sorriu ao se lembrar, e eu fiz o mesmo.

 

- Há quanto tempo você está aqui em Hamburgo? - perguntou.

 

- Para ser sincera, cheguei aqui hoje. Me ofereceram uma ótima oportunidade de emprego, então vim pra cá.

 

- E o que você faz?

 

- Sou repórter. - respondi.

 

Continuamos caminhando, sem rumo, por aquele jardim que parecia não acabar nunca. A única luz que nos iluminava era a lua, o resto era só escuridão.

 

- Passaram-se oito anos e você ainda deixa a franja cair sobre os olhos - ele riu, se aproximando de mim e colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha. - Assim está melhor.

 

Estremeci ao sentir seus dedos tocarem o meu rosto.

 

- E passaram-se oito anos e você ainda tira a minha franja de cima dos meus olhos quando eu a deixo cair - revirei os olhos, me afastando.

 

Então, Bill fitou o colar no meu pescoço. Aparentemente, ele não havia notado antes. Era exatamente o mesmo que ele havia me dado no dia em que eu parti de Magdeburgo. Eu não havia desgrudado daquela correntinha desde a noite anterior, depois daquele ataque de nostalgia.

 

Ele se aproximou e segurou o pingente com delicadeza, olhando nos meus olhos.

 

- Você... ainda o tem? - perguntou, surpreso. - Pensei que já tivesse jogado fora...

 

- Por que acha que eu jogaria fora?

 

- Sei lá - ele deu de ombros - É tão simples, bijuteria, nem é de ouro nem nada.

 

- Não importa que não seja uma jóia verdadeira ou cara. - falei, tocando o pingente. - Essa gargantilha... significa muito pra mim, ok?

 

Pude ver em seus olhos que ele ficou muito feliz de ouvir aquilo. De saber que realmente importava para mim.

 

- Ai, droga - resmunguei, olhando o relógio. - Já está muito tarde, e eu tenho trabalho amanhã. É o primeiro dia, então eu tenho que estar bem disposta.

 

- Quer uma carona? - perguntou Bill.

 

- Ah, nem precisa. Não moro longe daqui.

 

- Eu insisto. - ele lançou um olhar triunfante. - Venha.

 

Demos a volta por um outro lado do jardim e chegamos ao estacionamento. Bill abriu o carro e entramos, em seguida dando a partida e passando pelas ruas desertas da noite de Hamburgo.

 

- Quando podemos nos ver novamente? - disse, quando eu saí do carro.

 

- Hm, não sei... De qualquer forma, você agora já sabe onde eu moro!

 

Nos despedimos. Subi os degraus da entrada do edifício e ele se dirigiu ao automóvel. Antes de me ver entrar, Bill hesitou e voltou, com um semblante misto de dúvida e esperança:

 

- Ainda somos amigos?

 

- Claro - ri, como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo, e para mim era.

 

Quando fui me deitar, não consegui dormir, fiquei pensando. No Bill. Em mim. Nessa noite. Na nossa amizade de muitos anos atrás. No tempo. Nas coisas.

 

Foi tão bom vê-lo novamente. Achei que nunca mais nos encontraríamos, e de repente, isso. Coincidência? Destino? Sei lá.

 

E tive a sensação de que não haviam se passado oito anos. Tive a sensação de que não havia se passado nada.

 

Afinal, o que havia mudado em nós? O físico, as obrigações, a vida?

 

E os sentimentos? Seriam os mesmos? A personalidade, seria a mesma?

 

Ele era o mesmo Bill que eu havia conhecido há muito tempo atrás: engraçado, tímido, bobo e sensível. Só tinha crescido um pouco - quer dizer, muito - mudado de voz e de cabelo, e ficado mais maduro, além de ficar famoso e tal.

 

E eu era a mesma Nicolle de antes. Atrapalhada, louca, distraída e sonhadora, havia apenas crescido e ficado mais madura e inteligente, claaaro.

 

Entre pensamentos e dúvidas, acabei adormecendo.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? O que acham que vai acontecer agora?
Reviews por favor, para deixar essa autora feliz ♥ q