Hilf Mir Fliegen escrita por andeinerseite


Capítulo 13
Zoom Into Me


Notas iniciais do capítulo

Oie :3

Então gente, eu sei que hoje é terça, e eu costumo postar nas sextas, mas como nesse final de semana eu estava bastante inspirada e já tinha terminado esse capítulo, resolvi adiantar. Afinal, pra que ficar esperando até sexta né?

Eu gostaria de agradecer à Betina, pela recomendação *-*. Na verdade, esse é um dos motivos de eu estar postando mais cedo (fiquei bem animadinha rs). Obrigada mesmo, esse capítulo é totalmente dedicado à ela :3



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"Quando você não conseguir respirar

Eu estarei lá, aproxime-se de mim."

Zoom Into Me - Tokio Hotel

O quarto estava uma bagunça. Haviam cacos de vidro espalhados por todo o chão - uma garrafa de uísque estraçalhada -, papéis amassados - possíveis letras de músicas - em todo canto, a cama estava desforrada, cartelas de anti-depressivos e remédios para dormir estavam abertas sobre o criado-mudo.

Tom se sentou na cama e colocou as mãos no rosto. Ele sempre foi tão engraçado e brincalhão (além de malicioso, rs), mas naquele momento parecia tão frágil. Era óbvio que se importava muito com o irmão gêmeo.

- Agora eu não sei pra onde ele foi, e tenho até medo do que ele pode estar pensando em fazer. - disse. - Droga, eu já devia saber que isso aconteceria.

- Como assim? - perguntei, ainda em choque, enquanto me sentava ao seu lado.

- A cada dia ele se tornava pior... Mais triste e deprimido. Fazia tempo que ele não sorria como antes, falava menos também... Eu já tinha percebido que tinha alguma coisa errada, mas ele não queria falar. Merda - deu um soco na cama - eu devo ser o pior irmão do mundo.

- Não se culpe por isso, Tom - suspirei. - Eu também tentei falar com ele ontem, mas ele não disse nada... Só sei que agora a gente precisa encontrá-lo.

- Antes que ele faça alguma besteira.

Fechei meus olhos e imaginei todos os lugares que eu conhecia e nos quais Bill poderia estar agora. De repente, meu corpo foi tomado por uma certeza devastadora, e em um instante eu tinha certeza do lugar onde ele estava. Não sabia porquê, mas tinha. 

- Ele só pode estar lá! - dei um pulo, me levantando da cama. - Vem comigo.

Tom entrou no meu carro e dirigimos até o edifício onde eu trabalhava. Naquela hora da noite, já não havia mais ninguém trabalhando, só as zeladoras e olhe lá. Mas ainda estava aberto. 

Subimos até o terraço. Abri a porta devagar e logo vi Bill de longe, sentado na beirada do prédio, parecia estar fumando. Quais seriam as chances dele cair de lá, 75%? 80%? Mais, eu acho. 

- Eu... Não acredito... - murmurei, engasgando nas palavras.

Tom se preparava para entrar comigo e gritar alguma coisa, mas eu coloquei a mão na sua frente e o impedi.

- Fica aqui - sussurrei. - Eu vou lá falar com ele.

- Mas ele é o meu irmão - disse Tom, puxando o meu braço. - Eu tenho que ir lá e...

- Tom, ele não tá bem. - murmurei, os dentes cerrados. - Já parou para pensar que se você falar alguma besteira é bem capaz das coisas piorarem?

- E por que você acha que eu vou falar alguma besteira?

Nem falei nada, fiquei só olhando para a cara dele. Acho que ele entendeu o recado.

- Ah, tá bom, vai - rosnou, logo em seguida mudando para uma expressão preocupada. - Vê se não deixa ele fazer nenhuma loucura, por favor. Eu não sei o que eu faria se ele... se ele... Você sabe, se matasse ou alguma coisa do tipo.

- Tom, vai ficar tudo bem. - segurei sua mão por um instante e depois entrei de vez no terraço.

- Valeu. - ele agradeceu, com um sorriso mais sereno.

Abri a porta totalmente e entrei, tentando ser firme, mas eu podia sentir meus pés tremerem e os saltos balançarem ao tocar o chão. Somando à isso o meu jeito de andar meio desajeitado, a primeira coisa que fiz foi tropeçar, causando o maior barulho.

Bill imediatamente se virou, ao mesmo tempo assustado e confuso.

- N-Nicolle? - gaguejou. - O que você está fazendo aqui?!

Disfarcei o meu tropeço fail, me levantando e arrumando a posição o mais rápido possível.

- Eu fiquei sabendo do que você fez. - falei, me aproximando.

- Ah - ele se virou, abaixando a cabeça e dando mais uma tragada no cigarro. De repente, se virou novamente para mim, com uma expressão de curiosidade. - Como sabia que eu estava aqui?

- Olha, eu acho que te conhecer há oito anos já é mais do que suficiente para ter uma idéia de onde você se esconde quando está... - pronunciei a palavra seguinte quase como um sussurro - triste.

Cuidadosamente, tentei me sentar ali. É claro que eu tinha medo de cair, e ele provavelmente percebeu na minha, hã, insegurança (leia-se, as pernas tremendo e uma cara de medo), quando me segurou e disse:

- Não senta aí, você vai cair.

- Você também pode cair, mas está sentado do mesmo jeito. - rebati. - Se não quer que eu sente aí, mude de lugar também ué.

- Mas... mas... Você não tem jeito mesmo, não é? - ele deixou escapar um sorrisinho e se sentou um pouco para trás, onde era mais seguro.

Percebendo que ele continuava fumando, tomei dele o cigarro e o joguei no chão, pisando em seguida.

- Hey - ele exclamou, irritado - por que você fez isso?

- Não vou deixar você destruir os seus pulmões com essa porcaria.

Ele bufou, mas logo tomou sua expressão anterior, a cabeça baixa e os olhos inexpressivos. Tivemos alguns segundos de silêncio, mas logo ele começou a falar.

- Olha, eu reconheço que tenho problemas, e tento não ligar pra eles, mas ultimamente isso tem se tornado impossível. - ele suspirou pesadamente. - Eu acho que hoje cheguei ao meu limite e... e... Tá bom, admito, preciso de ajuda.

- Já fazia tempo que eu queria que você falasse disso pra mim. - tentei um sorriso acolhedor.

Ele tentou um sorriso e olhou para o horizonte. A cidade de noite, os prédios.

- Você é feliz? - perguntou.

Aquela pergunta me pegou de surpresa.

- Hã? - falei, como se não tivesse entendido, mas na verdade estava tentando arrumar tempo para pensar em uma resposta. 

- Nicolle, você é feliz? - repetiu, dessa vez olhando para mim.

- Eu... Bem... - enrolei. - Acho que sim. Eu tenho um bom emprego, com um salário digno, minha família me ama, eu amo eles, tenho amigos, moro em um lugar do qual gosto... Então?

- Já sentiu... como se... como se faltasse alguma coisa?

Levei mais um minuto para pensar sobre isso.

- Hm, já - acabei respondendo, um pouco confusa. - Por que está me fazendo essas perguntas?

- Olhe para mim - deu um sorriso irônico. - Eu tenho uma banda, as pessoas me amam, sou rico, posso ter o que eu quiser e mesmo assim... - fez uma careta, como se tivesse nojo das palavras que tinha acabado de pronunciar - Mesmo assim, me sinto... vazio.

No primeiro momento não falei nada, aquilo tinha me atingido como um soco no estômago. Olhei para ele, em busca de uma explicação.

- Bill... O que você sente? - perguntei, baixinho, esticando a minha mão e tocando na ponta de seus dedos.

- Eu me sinto muito só, Nic. Não quero ficar assim para sempre. Tom logo se apaixonará de verdade por alguém e formará uma família, Georg e Gustav também. E eu... Eu vou passar o resto da minha vida em uma casa vazia, vendo o dinheiro apodrecer em um cofre. - ele contraiu o rosto ao dizer a última frase, e pude ver a dor queimando em seus olhos. - Eu sempre acreditei nessas histórias de “amor verdadeiro” e me perguntei se um dia isso poderia acontecer comigo. Parece besteira, não é?

- Ah, não é não. - fiz um biquinho. - Acho digno.

Ele deu um sorrisinho e vi que estava mais vermelho.

- Bem, de qualquer forma... Eu continuo sozinho. O tempo passa, as coisas passam, e nada. Agora eu vejo que estou fazendo coisas idiotas, tipo beber, fumar, pensar em suicídio... Na verdade, é tudo pra esquecer essa... essa... dor. Esse vazio que a cada dia parece maior. Eu estou ficando louco.

Bill foi se abaixando e delicadamente deitou a cabeça no meu colo. Passei a mão em seu cabelo tingido e toquei levemente uma de suas maçãs do rosto.

- Bill, você só tem vinte e um anos. - eu me sentia como se tivesse uma criança deitada no meu colo, como se tivesse que protegê-lo. - Ainda tem muito tempo para você se apaixonar por alguém. Quando for a hora certa, vai acontecer. Eu tenho certeza. 

- Obrigado por me ouvir - disse Bill. - Eu não sei o que faria sem você por perto.

- Amigos são para isso, não é? - falei, enquanto ambos nos levantávamos. - E lembre-se que, sempre que você precisar, eu estou aqui, está bem? Você sabe que pode contar comigo. Ich bin an deiner seite. - sussurrei, me lembrando da música.

- Obrigado, de novo. Mesmo. - era perceptível que ele já estava um pouco melhor, seu rosto tinha uma expressão de serenidade e calma, bem diferente do modo como estava quando eu cheguei.

- Agora, acho melhor a gente sair daqui. - eu disse, rindo e me lembrando do Tom, que devia estar lá fora. Será que ele tinha ouvido toda a conversa? - Já está tarde, vamos embora.

Ele sorriu, um sorriso realmente bonito, um sorriso de anjo. Só de olhar para ele não pude deixar de sorrir também.

No fundo, dentro de mim, alguma coisa batia muito forte, e eu ainda não sabia o que significava aquilo que eu estava sentindo.


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram? *-*
Um grande obrigada para todo mundo que está acompanhando ♥
Logo que tiver mais eu posto. :*