Anos Dourados escrita por Pipe


Capítulo 3
O Caso do Bolo de Chocolate




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CAPÍTULO 02 – O CASO DO BOLO DE CHOCOLATE:

 

_ Foi assim... – começou Miro – A gente comia no refeitório e as servas davam a maior atenção para nós, porque diziam que éramos aprendizes especiais...

_ Mas na verdade eram tremendas puxa-sacos dos nanicos... – resmungou Carlo, do seu lugar...

_ É! – riu Miro. – A gente vivia comendo as coisas escondidos, fora de hora, e elas fechavam os olhos, sem nos entregar nunca. Até que um dia, bem depois da hora do almoço, Camus e eu fomos lá beliscar e não nos deixaram entrar...

_ Esse daí vivia com fome. E nesse dia ele ficou possesso... – Camus olhou pro Miro, que lhe levantou o dedo médio.

_ Bem que você se aproveitava da minha fome pra matar a sua, engraçadinho... Daí eu arrastei meu fiel escudeiro pra gente dar uma olhada pelo vidro da cozinha por trás... Elas estavam montando um senhor bolo de chocolate, desses que pegavam a mesa inteira.

_ Nossa! E até nós sabemos que a fraqueza do Miro é chocolate – Shun arregalou os olhos.

_ Eu fui atrás de testemunhas daquele ultraje. Onde já se viu, elas fazerem bolo de chocolate escondido de nós, e nem deixar a gente pegar um pedacinho que fosse?

_ As testemunhas, ou cúmplices, no caso em questão foi a quadrilha de morte: Shaka, Mú, Aioria e Afrodite, que também é louco por chocolate. – riu Saga.

_ Nossa, e como sou... Eu evito porque engorda e dá espinhas, mas... eu não resisto muito tempo... – suspirou Peixes.- Ainda me vejo com o rosto grudado naquela janela, babando...

_ Daí o Miro e o Aioria, que eram os encrenqueiros oficiais do Santuário, começaram a bolar estratégias de ataque... Cada plano mais maluco que o outro – Camus começou a rir, coisa tão inédita, que Hyoga pensou : “nossa, ele está rindo tão gostoso, eu nunca achei que meu mestre fosse capaz de se descontrair assim”.

_ Na época pareciam planos muito bons – Aioria se fingiu ofendido. – Primeiro enviamos Afrodite como batedor, bater na porta da cozinha. Ele foi, com a maior cara de pau e elas deram uma pequena tigela com o glacê pra ele ficar lambendo. Mas só.

_ Eu sempre fui educadinho, porque elas não me dariam? – sorriu Afrodite... – Mas não era o suficiente para nossos generais. Shaka foi enviado a seguir, entrando de mansinho e se escondendo debaixo da grande mesa. Escondidinho, ele tentou passar um pedaço do bolo pela janela...

_ Mas fui pego. – riu Shaka. – Esses daí evaporaram e me deixaram ser entregue ao Saga, que me deixou de castigo na sala de estudos.

_ Sim, eu me lembro de dizer “Shaka, você está andando com más companhias. Onde já se viu, você, de castigo?” Mal sabia eu que só estava começando...

_ E onde o Mú entra nessa?

_ Na melhor parte do plano. Shaka tinha deixado outra janela aberta e então levamos o Mú pra lá e ele começou a se concentrar. Como o bolo eram vários bolos unidos, ele só tinha que trazer um pra nós... – explicou Miro

_ Mas eu fiquei com medo, porque mesmo um bolo era meio grande e eu, com sete anos ainda era inexperiente, tinha medo... Tanto que estiquei os braços como se fosse carregar o bolo no ar... Ele subiu e veio vindo, veio vindo... De repente, aconteceu...

_ O bolo caiu no chão? – perguntou Shiryu, adorando a história...

_ Não... – Mú começou a rir, acompanhado pelos outros cavaleiros. Miro e Aioria até choraram, Afrodite abaixou a cabeça na mesa.

_ Vai, conta! – gritou Seiya. – Essa deve ser a melhor parte, pelo jeito de vocês.

_ O-o-o bo-bo-bo-lo parou – Mú respirou fundo pra poder continuar. – Parou no ar. E não havia como faze-lo se mexer. Foi aí que eu percebi que estava sozinho, que todo mundo tinha evaporado de novo...

Carlo não conseguiu evitar e mesmo tentando segurar, começou a rir com a boca fechada, depois soltando gargalhadas... Os outros o imitaram, rindo muito. Miro conseguiu dizer:

_ Havia duas sombras atrás dele... Conseguem imaginar quem estava segurando o bolo no ar?

_ Mestre Shion? – perguntou Shiryu? – O Grande Mestre já estava atrás dele?

_ Ele e o Saga. Com uma cara...- lembrou Mú. – Se eu já tive vontade de me mijar de medo, aquela foi a primeira...

_ A gente tava tentando não rir... A cara que você fez quando virou o pescoço e nos viu então, foi inesquecível... – Saga estava se esforçando pra não rir... – Mú trocou de cor em segundos, passou do vermelho pro verde, pro azul, branco, rosa, amarelo... Gaguejou, não saiu nada... Mestre Shion pigarreou...

_ E me disse: “Oras, Mú, como você pode ser cavaleiro de Áries usando seus poderes em proveito próprio... Que vergonha. Vou devolver esse bolo ao seu lugar e você vai me acompanhar...” E com a maior facilidade, enviou o bolo pela janela, exatamente ao seu lugar... Eu quis que a terra se abrisse pra que eu me enfiasse dentro. Foi o primeiro sermão que ele me deu, e a primeira vez que eu ficava de castigo...

_ E nossa campanha só tinha baixas... Eu queria um pedaço daquele bolo de chocolate de qualquer jeito... Cheguei a pensar em invadir e saquear, mas Camus não deixou...

_ Lógico! Acha, a gente acabava apanhando... Porque certas pessoas aprontavam tanto, que pra gente não sobrava castigos de ficar sentado de frente pra parede... Era promovido um belo encontro entre o nosso traseiro e a vara de marmelo.

 _ Só que resolvi encarar e peitar as servas. – Miro ficou com as bochechas vermelhas, ao lembrar – Fiz o maior escândalo na porta da cozinha, chorando e esperneando, perguntando como elas podiam fazer aquilo conosco, negando chocolate a umas pobres criancinhas...

_ E eu precisei leva-lo pra ficar de castigo. O Grande Mestre ficou horrorizado.

_ Sim. Ele olhou para nós e balançou a cabeça: “Como podem? O que era pra ser uma surpresa agradável se tornou uma dor de cabeça..” – lembrou Camus. – E Miro virou a cabeça da parede para responder.

_ Foi um gesto insolente, mas eu estava desesperado pela vontade de chocolate...

_ E ele disse, soluçando, “se a gente pudesse comer um pouquinho daquele bolo, isso não ia acontecer... mas vocês, adultos, não querem dividir com a gente...” – lembrou Saga.

_ E meu Mestre Shion riu, riu até quase a máscara cair. Nós estávamos horrorizados com a insolência de Miro, que tinha respondido a ele, mas Shion só nos mandou tomar banho e nos preparar para jantar.

_ Eu não queria jantar, mas Saga foi me buscar. E emburrado fui até o refeitório. Jantei com lágrimas nos olhos, até que depois do jantar o Grande Mestre apareceu no refeitório e ordenou que se trouxesse o bolo. Vários guardas trouxeram a mesa onde estava o bolo, já enfeitado como para festa. Então as servas nos enfeitaram com chapeuzinhos e nos beijaram, me dizendo “Feliz Aniversário, Miro.”

_ Ele ficou roxo! Não sabia o que dizer e começou a chorar de novo... – lembrou Shaka, sorrindo.

_ Sim! O aniversário dele era dali a uma semana, mas eles estariam embarcando para o treinamento duro antes das provas finais e o Grande Mestre resolveu comemorar o aniversário de Miro antes e se despedir deles. – lembrou-se Saga, com olhos sonhadores...

Aioria olhou para Mú e piscou para os cavaleiros de bronze:

_ Foi uma boa história, mas não foi só dessa vez que o Mú se colocou em encrenca diante do Grande Mestre...

_ Opa! Explica isso melhor: não foi a única vez que VOCÊS me colocaram em encrenca diante do meu mestre... foi a primeira, mas, sim, você Leão também me fez sofrer...

_ Vão contar? – sorriu Camus

_ Deixa que eu conto... Fui eu que aprontei... – e Aioria abriu mais o sorriso largo.

 


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