Anos Dourados escrita por Pipe


Capítulo 11
Swordman & Maschera




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/93098/chapter/11

CAPÍTULO 10 – SWORDMAN & MASCHERA

 

_ Armadilha para o meu mestre Camus? – perguntou Hyoga. – O que vocês aprontaram?

 

_ Antes, spagnolo, vamos nos apresentar direito. Questo impiastro era Swordman, o homem-espada, maior encrenqueiro de todo Santuário. – Máscara da Morte apontou para Shura.

 

_ Ah, é, yo, né? E usted fue um santo... Este era Maschera, o fiel companheiro do Swordman. O Afrodite ia atrás da gente de intrometido, mas não era sempre.

 

_ Muita encrenca, eu tinha amor às minhas partes sentantes.

 

_ Sempre foi fissurado nelas. Bien, yo estoy saindo do contexto... Desde que chegamos ao Santuário, nosotros, representantes do mar Mediterrâneo, nos unimos. La lengua parecida, preferências quase iguais no comer e no vestir, éramos morenos, então nos juntamos.

 

_ Colocavam o Santuário de pernas para o ar. – riu Saga. – Riso largo, falavam alto, brigavam sempre, com os outros e entre si, por Zeus, deram trabalho pra amansar.

 

_ Mas onde o Camus entra nessa?

 

_ O Camus entra numa fria... – o cavaleiro de Aquário se manifestou. – Eu vim das regiões mais frias da França. Por isso, treinar com meu mestre no frio nunca foi verdadeiramente um problemão. Mas ficar na Grécia, sim. Era um transtorno. No meu primeiro verão aqui, quase morri de desidratação. No ano seguinte, a meteorologia previa um verão mais quente. E meus amigos aí resolveram me ajudar.

 

Os sorrisos se abriram mais.

 

-Más una explicação... O Mestre do Afrodite de vez em quando fazia o garoto andar nu. No frio, no calor...Se era treino ou castigo, ninguém nunca soube.

 

-Nem eu mesmo. Só sei que eu aprendia a conviver com meu próprio corpo, senti-lo, sabia me mexer e...

 

-Que seja... O que importa é que você andava nu entre o refeitório e a casa de Peixes normalmente. Ninguém estranhava, somente os novatos... Por um motivo desconhecido, no ano que os “café-com-leite” chegaram, o Afrodite andou coberto o tempo todo. No primeiro dia de verão, lá estava ele, parecendo um pedaço de mármore ambulante, descendo para tomar café da manhã.

 

Aioria quase caiu no chão de rir. Bateu no ombro do cavaleiro de peixes...

 

-Acho que eles te chamaram de branquelão...

 

-Inveja pura, gatão. Inveja dessa minha pele de alabastro...

 

-Tá. Mas e o Camus? – Hyoga estava impaciente...

 

-O Camus tava no refeitório, tomando café, quando o Dido entrou. Nem os guardas, nem as servas deram uma segunda olhada pro branquelão (Máscara frisou bem e olhou risonho para o cavaleiro de Peixes que lhe mostrou a língua) mas os novatinhos ficaram da cor de tomates enquanto arregalavam os olhos. Daí o spagnolo me cutucou e...

 

-Fue una idea asi, de imediato! – Shura estalou os dedos. – Lá estava Afrodite, o menino da neve, peladão, se sentindo muito à vontade no calor grego e do outro lado, outro garoto da neve suando em bicas, e nem eram 8 da manhã ainda... Nosotros temos que ser solidários com o sofrimento alheio, por supuesto!

 

-Ah, sim... e a vontade de passar um trote num calouro nem sequer passou pela sua cabeça solidária... – riu Milo.

 

-Me ofende con sus palabras de desconfiança, língua de ferrão. –Shura botou o punho fechado sobre o lugar do coração e fechou os olhos. Abriu pra encarar todos os cavaleiros de bronze que esperavam o desfecho... – Bueno... Nosotros dissemos aos meninos novatos que naquele ano, os Mestres tinham liberado o uso de roupas pelo verão todo. Ninguém precisava sofrer como no ano passado. E saímos correndo, não por medo, mas porque a gente não agüentava olhar pra eles – e estendeu o braço, mostrando os outros cavaleiros – sem cair no riso. Arrastamos nosso pelado oficial para que ele não entregasse a brincadeira e esperamos...

 

-E daí ninguém mais se encarou, morrendo de vergonha... – lembrou Mu. – Ninguém tinha coragem de dar o primeiro passo ou tirar a primeira peça, até que Camus se levantou e disse... Quer ter a bondade, mon ami?

 

-D’accord! Eu levantei como o mais corajoso, mas na verdade sendo a ovelha do sacrifício e disse: “Oras, se ta liberado, eu que não vou ficar sofrendo à toa. Eu não to me agüentando mesmo. É por motivos de saúde... Vou acabar desmaiando assim...” e comecei a me despir.

 

-Nós, da porta, encostávamos uns nos outros e rachávamos de dar risada. Piorou quando os Mestres de Aquário e Virgem chegaram pra chamá-los para o treino. Camus já estava pelado, Milo estava tirando a cueca, Shaka também... O resto ou estava desconfiado ou ainda estava tirando a primeira peça.... Saímos correndo pra Arena, o meu Mestre dizendo aos outros que deviam ensinar a seus pupilos pra serem mais espertos... – Os olhos de Mascara da Morte brilhavam ao lembrar disso.

 

-Meu Mestre resolveu adiantar o ensino de “como estabilizar minha temperatura através do cosmos” pra evitar outra dessas... – riu Camus.

 

-E quando Afrodite encarou o Aldebaran numa discussão sobre futebol?

 

-Hey, hey, era pra contar as aventuras de Swordman e Maschera. Eu não estava na berlinda, agora...

 

-Daqui a pouco, peixinho. Acho que todo mundo quer ouvir uma das poucas vezes que você ficou muito macho na vida.

 

Afrodite arregalou os olhos azuis piscina, olhou em volta, rolou os ditos olhos pro teto e suspirou.

 

-Tá bom. Eu conto. Mas depois, é pra entregar os fanfarrões, ok? Estavam esses dois aí brincando com a bola de futebol, fazendo embaixadinhas e outras graças, além de jogar um pro outro, quando Aldebaran chegou. Eu estava por perto, lendo uma revista. Estava quieto no meu canto.

 

-Mas naquele dia, o aprendiz de Touro estava atacado. O Deba sempre foi um cara tranqüilo, mas às vezes, ele acordava cheio de energia. E queria por pra fora o excesso. Daí ele quis jogar uma pelada de futebol. O Shura já foi tirando ele...

 

-Ah, que pasa, amico? Quero dizer, já tínhamos onze años, já éramos caballeros de oro, e aqueles aprendizes ficavam querendo se misturar conosotros?

 

Vaias. Aioria sacudiu a cabeça.

 

-Oh, sim. Saga e meu irmão achavam que eles eram o máximo como monitores. Eram uns pivetes bem metidos, por já terem conseguido as armaduras.

 

-Bem, de qualquer maneira, não dava mesmo pra jogar em três. Foi quando o Aldebaran viu a biba na sombra, lendo e chamou pra jogar. Afrodite nem se dignou a tirar a revista da frente. Esticou a mão e negou com o indicador. O Deba ainda insistiu duas vezes e na última, o peixe virou peixe-espada! – Todo mundo fez um “ooh!” de espanto. – Fechou a revista com força e veio vindo: “Não lavou as orelhas hoje ou de cavaleiro de Touro vai virar cavaleiro de Mula? Eu. Não. Quero. Jogar. Entendeu?”

 

-O Aldebaran podia se quisesse quebrar a bonequinha de porcelana em duas. Mas resolveu revidar à altura. “Que mais se pode esperar de um sueco? Deve tar se borrando de medo de enfrentar um espanhol, um italiano e UM BRASILEIRO tricampeão do mundo.” (1)

 

-Cazzo. Pena que eu não tinha nem câmera nem gravador. Ou uma câmera de vídeo naquela época. Porque a resposta valeu a pena.

 

-A bichinha ficou muito macha! Primeiro ficou da cor de uma lagosta, acho que até saiu fumacinha pelas orelhas. Depois sacou o famoso indicador e colocou bem debaixo do nariz do Aldebaran e ficou na ponta dos pezinhos, dando uma aula de futebol sueco pra ele. Vai, Afrodite, se lembra de tudo?

 

-Claro. Ouçam e aprendam, meninos. “Pro seu governo, o futebol na Suécia existe desde 1870. Não precisamos esperar que uma caravela fosse levar pro nosso paizinho longínquo. Um oitavo da população sueca joga futebol INCLUSIVE as mulheres, seus porcos chauvinistas latinos. Temos há muito tempo um campeonato pra elas. O futebol na Suécia é tão popular quanto o hóquei...”

 

-“É, é...” balbuciou o nosso armário favorito, e a próxima frase tentou quebrar nosso sueco mas ferrou mais ainda o meio de campo. “Só que na Copa de 1958, na Suécia, o seu paizinho que já jogava futebol há... quase 90 anos levou um baile do meu. Demos um chapéu na própria dona da casa... Que me diz, agora, sueco?”

 

-“Que não há desonra em perder pra um adversário melhor que a gente. O futebol como competição é pra isso, Copas são feitas pra isso. Pra mostrar os melhores times do mundo uns contra os outros e que vençam os melhores. Mas o meu time sempre ficou entre os dez melhores do mundo, sem contar vantagem pra ninguém, sem querer se mostrar. O que dizer de um país pobre, sem dinheiro, com gente jogada na rua passando fome, que constrói o maior estádio do mundo pra única vez que a Copa foi lá e ainda me faz o favor de perder na final? Que já participou de todas mas só ganhou três? Que usa o futebol como ópio pra que o povo não perceba as falcatruas do governo nem sinta tanta fome e mesmo assim, perdeu a Copa passada? Sinto muito, meu querido, mas na minha terra, futebol é apenas um esporte, é diversão, é arte. Eu poderia até gastar meu precioso tempo te mostrando como um sueco joga, mas quer saber? Você não vale a pena.”

 

-E saiu. Rebolando, abanando sua revista em frente o rosto, deixando três garotos com o queixo no chão. Aldebaran ficou uns meses sem olhar pra cara da biba, mas logo fez as pazes, porque ele é um super cara. E um dia, eles jogaram futebol juntos. – terminou Saga, rindo. – Assim, pelo menos um dia registrado na história do Santuário, Afrodite enfrentou Aldebaran e saiu vivo pra nos contar como foi...

 

Risadas. Afrodite colocou as mãos na cintura e reclamou:

 

-Bom, agora as duas donzelas vão terminar de contar seus podres ou não?

 

Shura e Máscara se entreolharam.

 

-Contigo, carcamano de mierda.

 

-Anche tu, spagnolo do... – não pode continuar, porque Mu lhe tapou a boca, sacudindo a cabeça.

 

-Athena nos guarde dessas bocas. Vocês não têm noção quantos palavrões nós ouvimos, desde que chegamos ao Santuário. Alguns até hoje nem sei o que significam. Han-han, nem quero, obrigado.

 

 

 

 

 

 

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

N/A: Voltei. Sei que era pra sair mais coisa dos dois latinos, mas a inspiração virou pro Afrodite. Fui fazer uma pesquisa prévia sobre o futebol na Suécia (1) e essa briga entre Aldebaran e Afrodite foi em 1974. O Brasil era Tri mas perdeu feio na copa da Holanda, que era a seguinte. Se não me engano, ficou em quarto lugar. 13/01/06.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Anos Dourados" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.