Meu plano para libertar Jason era na verdade muito simples, mas infelizmente não incluía a minha presença na fuga. Como Jason tinha suas habilidades com a nevoa assim que o  homem que nos trouxe o jantar viesse trazer o café-da-manhã ele o faria pensar que desde o principio era apenas eu de prisioneiro, então com o boné dos Yankees de Annabeth ele sairia do lugar sem problemas. Eu realmente não queria deixar o boné com Jason, mas eu teria, pois nesse caso ele teria dupla utilidade, além de ser essencial para a fuga seria como Annabeth confiaria nele, porque certamente não acharia que eu entregaria nas mãos de qualquer um o seu boné. O problema do plano era o depois, porque não sabíamos onde estávamos e nem como ele chegaria a sua escola e avisaria Gleeson do que estava acontecendo. Porem era nossa única esperança e ele teria que se virar. Assim com nosso plano em mente, fomos dormir para que amanhã acordássemos cedo, para a execução de nosso plano.

            Acordei junto com o sol, e agora pela primeira vez fui reparar na paisagem. Então constatei que estávamos em um castelo, o que me assustou pouco. Vi então que até quase minha vista não alcançar mais tudo era um imenso campo, porem no finalzinho podia ver o inicio de um bosque ou floresta. E agora eu já estava apavorado. Quanto tempo Jason demoraria a buscar ajuda? Isso é, considerando que ele conseguisse. Esperei que eu me recuperasse do desespero antes de acordá-lo.

            Assim que Jason acordou dei a ele os quadradinhos de ambrosia, que sempre carregava comigo, lembrando-lhe de ter os devidos cuidados, e o boné dos Yankees, ameaçando-lhe de morte se qualquer coisa acontecesse a ele. Depois de uma meia hora, com Jason já invisível, o homem, trazendo o café-da-manha, entrou no quarto.

            - Onde foi... – ele já ia perguntando, quando parou. Então simplesmente colocou a comida na mesa e foi embora fechando a porta.

            A nevoa tinha funcionado, agora era saber se Jason tinha conseguido sair.

            - Jason, você esta aqui? – perguntei apreensivo.

            A resposta não veio e logo conclui com euforia que a missão tinha sido um sucesso. Porém logo essa foi substituída pelo tédio. Tentei ler algum livro, mas meu grego não era fluente e ler em inglês conseguia ser pior ainda. Então acabei por passar horas sem fazer nada, apenas olhando para o teto. Cheguei até mesmo desejar que algum monstro aparecesse para acabar com meu tédio. Do que logo me arrependi, pois esse desejo foi atendido. A porta do quarto se escancarou e vi com espanto os dois monstros de meu sonho. Eles vasculharam o quarto com o olhar, que logo se fixou em mim. Os dois começaram a caminhar até onde eu estava, então me levantei e consegui dar uns passos para trás antes que um deles me pegasse pelo colarinho.

            - Onde esta o outro, garoto? – falou ele com hostilidade, mas se percebia que estava se controlando.

            - Que outro? – resolvi me fazer de desentendido, porém logo percebi que não era uma boa idéia.

            O monstro me jogou contra a parede e eu escorreguei por ela caindo sentado no chão. O monstro já estava vindo para cima de mim quando uma voz o fez parar.

            - O que pensa que esta fazendo?! – eu me virei para a porta e vi que tinha mais dois monstros da mesma espécie junto a cinco adolescentes.

            - Ele sumiu com o outro – disse o que vinha me atacar.

            - Conversaremos sobre isso com nossa senhora mais tarde. Sabe que esses nos não devemos matar.

            Com isso os quatro monstros se foram, o que me deixou surpreso e aliviado ao mesmo tempo. Foi então que reparei nos cinco adolescentes que ficaram no quarto, todos eram muito diferentes e quem os olhasse não pensaria que andavam juntos. Mais a frente do grupo estava uma menina que aparentava ser um ou dois anos mais velha que o resto, ela devia medir mais ou menos um e setenta e poucos, era mais morena que eu e tinha os cabelos castanhos claros cortados um pouco abaixo dos ombros e repicado nas pontas, mas a primeira coisa que reparei é que usava um casaco de moletom preto aberto que era muito maior que ela, então quando ela começou a andar pelo quarto vi que seus tênis também eram grandes de mais, um ou dois números. Foi ai que reparei no olhar e pensei Mas Zeus é um... e só não conclui o pensamento porque um raio cortou o céu, pois os olhos azuis elétricos da garota que analisavam ambiente com certeza vieram de seu pai. Então os olhos dela bateram em mim e senti como se um pequeno choque corresse por meu corpo, então ela caminhou até onde eu estava.

            - Prazer, Alex Griffiths – ela se apresentou formalmente esticando a mão para mim, e eu percebi que ela tinha um sotaque que me pareceu britânico.

            - Percy – eu disse simplesmente apertando sua mão.

            Então ela se voltou para os amigos e foi os apresentando um de cada vez. Alicia era a mais baixinha, tinha os cabelos chocolate lisos cortados acima do ombro, os olhos não se fixavam entre o verde e o azul, tinha a pele branca e usava uma calça jeans e uma camisa pólo do tamanho certo, ao contrario da amiga. Brigite era morena, tinha os olhos castanhos, cabelos encaracolados, também castanhos, presos em um rabo-de-cavalo bem comprido que cobria quase toda as costas e quando se olhava para suas roupas logo se pensava que era uma dessas meninas populares do high school. Alan só não era tão pálido quando Nico, tinha cabelos castanhos desaninhados, olhos negros e suas roupas declaravam NERD. E por ultimo tinha Zeki, o garoto era tão alto que acho que tinha quase dois metros, era ainda mais moreno que Alex, tinha os cabelos negros cortados bem rentes, olhos castanho esverdeados e apesar de todos terem uma aparência bem atlética ele era com certeza o mais forte do grupo.

            A não ser por Alex, não consegui distinguir de quem os outros quatro eram filhos. Depois do choque de ter companhia ter passado notei duas coisas estranhas, primeiro nenhum deles parecia preocupado em estar preso ali e segundo cada um havia trazido uma mochila como se soubessem que viriam para cá com antecedência.

            - Vocês... já sabiam que vinham pra cá? – perguntei relutante.

            - Certamente – respondeu Alex em seu sotaque britânico – Eris supõe que nossa estada aqui garante seu sucesso.

            - Idiota! – exclamou Brigite e os outros riram, menos Alan.

            - Eris? Então é ela que esta atrás disso tudo?!

            - Mais é claro! – disse Alan e eu ignorei.

            - Como vocês sabem?

            - Isso, você não necessita saber – disse Alex e vi que de novo os outros riram até Alan dessa vez.

            - Vocês sabem quem são e parecem saber bastante a respeito dessa história toda – eu disse – mas nunca os vi no acampamento.

            - Isso é porque não moramos lá – disse Alicia feliz.

            Aquilo realmente me surpreendeu. De onde aqueles cinco semideuses tinham saído? Como sabiam tanto? E por vieram pra cá por vontade própria? Não sabia responder a nenhuma dessas perguntas, e aparentemente eles também não estavam dispostos a me responder, até por que depois disso eles começaram a fazer outras coisas. Zeki e Brigite se sentaram nos pufs e começaram a conversar, Alan pegou algumas folhas e lápis na mochila, se sentou à mesa de jantar e começaram a desenhar alguma coisa, enquanto Alex e Alicia se deitaram dividindo uma cama enquanto ficaram disputando em um desses joginhos eletrônicos. Aquilo não me parecia certo. Meus deuses o que esta acontecendo?