De inicio não percebi que estava sonhando, mas logo vi que só podia, pois não conseguia sair da posição em que estava e nem emitir som algum, sem falar que não lembrava de ter chegado aquele lugar. Eu estava em um grande salão todo negro com detalhes em ouro, e era como se eu estivesse posicionado atrás de uma coluna grega de mármore negro, então não tinha uma visão total do salão, mas mais atrás conseguia ver uma grande porta dupla também negra só que com desenhos em ouro, diante dela se estendia um tapete vermelho que ia até onde a coluna impedia minha visão, mas alguma coisa me dizia que em seu final havia um trono.

            Depois de algum tempo as portas se abriram e adentraram na sala o que pareciam ser anjos malignos, acho que Annabeth já havia me falado de tais monstros, mas não me lembrava de seus nomes. Os “anjos” foram andando pelo tapete vermelho e se ajoelharam perante alguém que eu não podia ver.

            - Minha senhora – falaram os dois ao mesmo tempo.

            - Vamos falem logo! – a voz que respondeu não me remeteu a ninguém, mas com certeza pertencia a uma divindade irritada – o capturaram?!

            - Sim, minha senhora – falou o que estava na direita – e também o meio-sangue que estava junto a ele. Já os colocamos no quarto pré-determinado.

            - Muito bem – disse a voz agora mais calma – quanto ao outro meio-sangue, nos não precisamos dele. Podem se divertir com ele quando estiverem entediados – ao ouvir isso um sorriso maligno se abriu no rosto dos outros dois que estavam ajoelhados.

            - Obrigado, minha senhora – falaram os dois ao mesmo tempo.

            - E quando ao reflexo das forças aladas, como andam as coisas?

            - Creio que no Maximo em dois ou três dias já os teremos – quem falou dessa vez foi o da esquerda.

            - Muito bem, eles são essenciais para a nossa vitoria. Agora podem ir.

            Assim que as portas bateram eu ouvi uma risada que me lembrava aquelas de vilão de desenho animado, mas meu sonho começou a se dissolver e eu fui parar em outro lugar. Quando percebi estava na sala do trono, e o único ocupado era o de Afrodite, que estava linda como sempre, então ela me dirigiu a palavra.

            - Pelo que acabou de ver já deve saber que foi capturado – ela falou e eu apenas assenti e ela continuou – então sugiro que bole um plano para que Jason volte para a escola.

            - O que isso tem haver com a situação? – perguntei confuso.

            - Como não posso interferir diretamente não posso revelar muito – disse ela seria – mas posso garantir que vai te ajudar.

            - Por que você iria querer me ajudar? – perguntei desconfiado.

            - O Olimpo corre perigo novamente – disse ela seria e depois abriu um pequeno sorriso e falou – sem falar que você e Annabeth é o único casal que me diverte nos últimos tempos.

            Eu assenti, mas realmente estava bem envergonhado com o que ela disse. Minha cara devia estar muito engaçada, pois a deusa começou a rir. Seu riso não era escandaloso, mas sim gracioso e também não durou muito.

            - Aconselho que faça com que de algum modo Annabeth confie em Jason – disse ela por fim antes do sonho se desmanchar me impedido de fazer mais perguntas.

            Acordei em uma cama macia de mais pro meu gosto em um quarto desconhecido. A primeira coisa que notei era que Jason dormia em uma cama a meu lado. Comecei então a reparar no ambiente, o quarto era realmente grande, as paredes eram pintadas em um tom creme, mas havia uma faixa azul de mais ou menos um palmo de largura que as percorriam, no centro do quarto, viradas umas para as outras, haviam seis camas (uma das quais eu me encontrava) formando um circulo, todas as quais eram iguais, de madeira escura e com cobertas azuis no mesmo tom que a faixa da parede. Na parede a minha frente mais para a esquerda havia um porta de madeira da mesma cor das camas e então por quase todo o restante dela se estendiam estantes, também de madeira na mesma cor, sobre as quais haviam muitos livros, todos pelo que podia ver em grego, então no canto haviam três pufs grandes, dois azuis e um branco e uma mesinha baixa, que só para variar também era da mesma cor de madeira. Mais para trás da parede da esquerda havia o que parecia ser uma mesa de jantar retangular com seis cadeiras a sua volta. E adivinha de que cor eram? Acertou quem disse da mesma madeira escura das outras coisas. Então na parede atrás de mim haviam três grandes janelas, daquelas que não tem como abrir. Então finalmente na parede direita haviam mais algumas prateleiras, só que com livros em inglês e uma outra porta.

            A primeira coisa que fiz então foi ver se as portas estavam abertas, a primeira estava trancada, mas a da parede esquerda se abriu quando puxei a maçaneta, vi que era um banheiro e a fechei de novo. Olhei novamente o quarto não acreditando que tinha sido preso em um local como aquele. Estava esperando por uma sela ou qualquer coisa do tipo. Então meus olhos bateram em Jason que dormia em uma das camas e resolvi que era hora de acordá-lo, fui até sua cama e o sacudi pelo braço.

            - Deixe-me dormir Leo! – exclamou ele ainda de olhos fechados.

            - Eu não sou Leo, e nos temos que conversar – falei serio e fui me sentar na cama em que acordara enquanto Jason se sentava na sua, e vi sua expressão mudando quando viu onde estávamos.

            - Onde estamos? – perguntou ele ainda sonolento.

            - Isso eu não sei, só sei que você tem que voltar para a sua escola.

            - Como assim? Você não ia me levar para o acampamento?

            - Se você não percebeu ainda estamos presos, não posso te levar a lugar algum.

            - Então como pretende que eu vá a algum lugar?!

            - Isso eu ainda não sei. Mas para começar, quando eu falei do acampamento você não mostrou surpresa, você já sabia o que era. Como? – a pergunta fez uma expressão triste surgir em seu rosto, mas ele respondeu.

            - Na noite do dia em Pipper e Leo foram levados, eu sonhei com Júpiter que contou ser meu pai, sobre o acampamento, sobre a nevoa e varias outras coisa. Quando eu acordei achei que fosse só um sonho, mas então achei essa moeda em meu bolso – ele mostrou seu dracma que se transforma em espada – e no sonho ele tinha me dado ela falando que me protegeria, então eu vi que tudo era verdade. Mas depois disso vários monstros me atacaram e eu fui me defendendo, por isso quando você chegou logo fui pra cima de você.

            - Quando você fala Júpiter quer dizer Zeus? – perguntei, pois alem dele usar o nome romano, não esperava que Zeus tivesse outros filhos além de Thalia.

            - Sim. É que antes de morrer minha mão sempre me contava histórias da mitologia, só que com os nomes romanos, por isso eu acabei por me acostumar.

            - Então você sabe o nome daqueles monstros, os que jogaram aquele pó roxo em nos?

            - Venti, mas em grego eu não sei.

            - Tudo bem. E como você e seus amigos fugiram da escola?

            - Antes eu não sabia como, mas eu conseguia fazer as pessoas pensarem o que eu quisesse. Meu pai me falou no sonho que isso é a manipulação de nevoa – explicou ele - então pra fugir eu só fui querendo que todos que a gente encontrava achassem que nos podíamos estar ali então foi bem simples, pra falar a verdade.

            Aquilo me surpreendeu muito. Ele saber usar a nevoa naturalmente era realmente impressionante, eu mesmo venho tentando aprender desde depois da batalha contra Cronos e não consigo. Nesse momento eu olhei pela janela pensando em como iria conseguir fugir dali e vi que já estava escuro. Interrompendo minhas divagações um homem aparentemente humano entrou no quarto deixando sobre a mesa alguma comida que não reconheci e rapidamente foi embora fechando a porta. E foi ai que eu tive uma idéia de como Jason iria escapar daquela prisão.