Recomeço escrita por Rosa Scarcela


Capítulo 9
E lá vamos nós




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Tia Rose passou na cabana para me pegar e levar para casa no domingo à noite. Eu não queria ir embora e tenho certeza que meu pai se sentia da mesma forma, mas neste caso a mamãe ficaria furiosa e o encontro deles do dia seguinte provavelmente seria desmarcado. Esta era uma coisa que não poderia acontecer.

Em casa, enquanto minha mãe ainda falava com a tia Rose lá fora, eu dei a desculpa que ia guardar minha mochila. Entrei e respirei fundo à procura de cheiros novos – um cheiro especificamente e fiquei aliviada de que a mamãe não tivesse trazido o novo "amigo" para nossa casa. Eu poderia dormir mais tranquila.

Por algumas horas, minha rotina voltou ao normal. Dormi cedo para acordar cedo e ir ao colégio, mas não sem antes tomar café na companhia da minha mãe. Eu queria perguntar a ela que horas o papai iria vê-la, mas eu não podia. Ela me levou para a escola, pediu para eu me comportar – como se eu nunca fizesse isso – e se despediu.

Minhas aulas se arrastaram por toda a manhã. Depois do almoço, tínhamos Educação Física e me diverti um pouco jogando vôlei com alguns colegas. Desviei minha atenção para o jogo, ao invés de me preocupar com os meus pais. De qualquer maneira, eu tinha que me controlar para não demonstrar minha força e acabar machucando alguém. Poderia me encrencar e acabar com o encontro dos meus pais.

Ouvi com alívio e ansiedade o último sinal da escola. Era hora de eu ir para casa e esperar por minha mãe até que ela chegasse. Mas apesar da ansiedade, não seria ruim porque ela estava com o meu pai...

Fui todo o caminho entre a escola e minha casa pensando o que eu faria enquanto minha mãe não chegasse. Às vezes era difícil fazer o tempo passar mais rápido, principalmente quando eu não fazia o dever com o meu pai.

Quando parei em frente à casa percebi que o carro da minha mãe estava na garagem. Fiquei imensamente feliz e disparei para dentro. Na sala, senti o cheiro do meu pai. Foi bem estranho, porque havia dias que ela não aparecia e, por mais que seu cheiro ficasse no ar, não era para estar tão forte.

Lentamente, caminhei até o corredor que direcionava ao quarto da mamãe. Saltei para trás tamanho foi o susto quando meu pai saiu do quarto fechando a porta atrás dele e sem camisa. Me recompus rápido e corri para seus braços. Ele tinha um sorriso que ia de uma orelha a outra.

— Pai!

Meu pai beijou o topo da minha cabeça. – Oi, lindeza.

Olhei atrás dele para ver se via a mamãe.

— Ela vai sair em um minuto. Você quer comer alguma coisa?

"Você vai ficar aqui esta noite?", perguntei sem querer que minha mãe ouvisse.

— Não sei.

"Depende da mamãe?"

— Com certeza.

Nesse momento a minha mãe apareceu do nosso lado.

— Do que vocês estão falando? – ela estava tão feliz.

— De nada – me apressei para responder antes que o papai dissesse alguma coisa e estragasse os planos que eu estava criando na minha cabeça.

Ele olhou para mim e eu tentei, ao máximo, não deixá-lo saber dos meus pensamentos, afinal, se dessem errado, seria minha culpa, apenas.

Quando chegamos à cozinha, me sentei à mesa e o papai sentou ao meu lado. Segurei sua mão enquanto minha mãe me preparava uma lasanha com muito queijo e molho, do jeito que eu adorava.

— Mãe?

Ela olhou para mim.

— Podemos caçar mais tarde? Nós três?

Agora meu pai também me encarava a procura de algum significado no convite. Mantive firme minha expressão e meus pensamentos. A mamãe voltou a cozinhar.

— Não sei, Nessie. Talvez outra hora. – sua voz não tinha nenhuma segurança.

Insisti. – Ah, mãe... faz tanto tempo que não caçamos juntos...

Apertei a mão do meu pai. Eu tinha certeza que minha mãe manteve seu escudo por cada segundo que meu pai esteve por perto de nós naquele dia. Ele não tinha ideia, tanto quanto eu, de qual seria a resposta dela. E ficou em silêncio.

— Tudo bem. – a mamãe se rendeu. – Mais tarde, depois que você comer, fizer seu dever, tomar um banho-

Saltei em sua direção e lhe dei um grande e forte abraço - não forte para ela, forte para mim.

— Por isso que eu te amo tanto. – Beijei sua bochecha e corri para o meu quarto para deixá-los a sós por um instante.

— Onde você vai, Renesmee? – meu pai queria saber.

— Vou trocar de roupa! – menti do meu quarto.

Sentei na cama por longos 10 minutos. Ouvi música, cantei, refiz minha cama... Eu sabia que o papai estava prestando atenção em meus pensamentos.

"Pai, vou deixá-los sozinhos um pouquinho, está bem?" – pensei. Ouvi-o puxar assunto com a minha mãe.

— Hummm, Bella...

— Sim.

— Você está gostando do trabalho?

— Você não pode imaginar o quanto, Edward. – tenho certeza que ela foi sincera. Foi uma das poucas coisas que a animaram desde-

— Eu poderia conhecer o lugar, algum dia? – meu pai interrompeu meus pensamentos.

Ela não respondeu.

— Tem alguém que você não quer que eu conheça por lá?

— Na verdade tem sim...

Ops, hora de voltar!

Sentei na cadeira como quem não quer nada e me encostei no meu pai que estava de lado. Ele envolveu seus braços em torno da minha cintura e me manteve encostada no seu peito.

— Você não trocou de roupa, filha. – Minha mãe era tão observadora.

Mas eu estava ficando melhor em mentir... – Porque lembrei que vamos caçar. Não faz nenhum sentido colocar uma roupa limpa para isso. – Além de melhor, mais rápida. Meu pai bufou.

"Eu sei o que estou fazendo", tentei tranquilizá-lo. Acho que não funcionou, porque ele se levantou.

— Vou esperar por vocês na sala. – ele beijou minha bochecha e saiu de perto de nós duas. Minha mãe pareceu não se importar. Eu fiquei preocupada.

— Vou ficar com ele enquanto você termina aqui. Tudo bem?

A mamãe assentiu com a cabeça.

Entrei lentamente na sala e percebi que meu pai estava perdido em seus próprios pensamentos.

"Desculpe", pensei e então ele me olhou. "por me intrometer na relação de vocês, mas tudo o que eu quero é que voltem a ficar juntos". Ele ainda estava em silêncio. "Sinto que preciso fazer alguma coisa... Pelo menos o pouco que está ao meu alcance".

— Eu sei.

"Fiquei tão feliz quando cheguei em casa e percebi que vocês estavam juntos".

O papai sorriu e a mamãe apareceu na sala.

— Sua lasanha está pronta, Renesmee. – Eu não pude definir se ela estava brava ou apenas séria. Fui para a cozinha sem falar nada. Eles ficaram para trás.

— Desculpe por sua camisa – ouvi minha mãe dizendo.

— Tudo bem, eu já acabei com muitas roupas suas – meu pai lembrou.

— Mas eu sempre tinha outras por perto, o que não é o caso agora. – Ela estava realmente constrangida.

Já o meu pai estava sério. – Bella, você acha que este é o maior dos meus problemas?

— Não, não é. Só que... – ela se interrompeu, mas logo voltou a falar. – Fique aqui. Vou buscar alguma coisa para você vestir.

— Onde você vai, Bella?

Minha mãe saiu batendo a porta.


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