Recomeço escrita por Rosa Scarcela


Capítulo 4
E quando digo recomeço, é recomeço mesmo


Notas iniciais do capítulo

Twilight Saga e seus personagens pertencem à autora Stephanie Meyer. Este argumento é de minha autoria



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- Tudo bem, pai. Ela não vai reclamar. Confie em mim.

Enfim, ele se moveu para dentro. Queria que ele visse como era aquele quarto, mas eu não podia pensar nas razões. Mostrei a parede escura, as cortinas fechadas, a única foto do criado-mudo (de nós duas abraçadas), nenhum detalhe que lembrasse nossa antiga vida, nada que trouxesse pensamentos do passado junto com a mudança.

Aquilo o magoaria, mas era necessário.

Depois de fazermos o dever de casa, ele queria sair. Imaginei que o ambiente o deixava desconfortável.

- Nessie, vamos dar uma volta? Tomar sorvete?

- Mas começou a chover, pai. Vamos ficar aqui mesmo. Podemos ver um filme, você faz pipoca para mim...

Pensei em nós dois na sala, ele sentado no sofá e eu deitada com a cabeça em suas pernas e o pote de pipoca em cima de minha barriga. Sorri.

- Você venceu. Mas preciso de uma co-pilota. Não conheço esta cozinha e acho que a mamãe ficaria brava se eu bagunçasse tudo.

- Fechado.

Peguei uma panela, o óleo, o milho e o sal, colocando tudo na pia. Meu pai assumiu o fogão e logo aquele cheiro de pipoca tomou o ambiente. Que delícia...

- Sinto saudades da sua comida – comentei, pesarosa.

- Prometo que cozinho para você no final de semana... – meu pai riu.

- O que foi?

- Achei que você nunca fosse se acostumar com alimento humano e olha só...

Tive que assumir – Não é tão ruim, na verdade. Não a sua comida nem a da mamãe. Essas eu gosto. E depois que nos mudamos para Seattle, minhas caçadas foram reduzidas drasticamente.

Enquanto meu pai tirava a panela do fogo e despejava a pipoca quente em uma tigela, ele pensou nas minhas palavras.

- Por que Bella não está te levando para caçar com frequência? – ele estava mais sério.

Levantei-me da cadeira onde eu estava sentada e o abracei pela cintura. – É só porque ela está trabalhando demais. Quando ela chega em casa, mal a vejo e já não aguento mais de tanto sono.

Na verdade, eu achava que ela ficava tanto tempo no escritório para ocupar a cabeça com outras coisas que não fossem o meu pai.

- Isso não justifica, Nessie. Não é justo misturar os nossos problemas com você.

- Sei que ela não faz por querer. Se realmente for esta a razão, é claro.

E como em todas as vezes, sempre que eu estava com o papai o tempo voava. Quando percebemos, já estava quase na hora de a mamãe voltar. Ele me deu um beijo na bochecha e me abraçou. Se eu pudesse, jamais o deixaria ir... Mas ele se foi. Não demorou dez minutos e a minha mãe estava em casa. Mais cedo que o habitual, por alguma razão.

- Oi, linda. – ganhei um forte abraço que eu não esperava.

- Oi, mãe. – Assim que me afastei de seus braços, pude ver um brilho diferente em seu olhar. Prestei atenção e havia um cheiro diferente no ar. Bem suave. Parecia cheiro de vampiro. – Que cheiro é este?

- Cheiro de quê? – ela pareceu incomodada, ou foi só impressão.

- Não sei bem. Parece cheiro de vampiro.

Ela me pegou pela mão e me sentou no sofá. – Conheci alguém no escritório. Sim, realmente é um vampiro. – Ah não! – Mas não se preocupe. É só alguém que pode vir a ser um bom amigo.

- Quer me falar sobre ele? – apesar de estar com o coração partido, eu tentei ser compreensiva.

- Seu nome é Robert e ele segue o nosso modo de vida. Também está em abstinência de sangue humano há muitas décadas e chegou à Seattle há alguns meses. Percebeu meu cheiro e se apresentou.

Era como se ela estivesse enfiando farpas embaixo das minhas unhas. Tão doloroso ouvir que um novo homem estava entrando na vida da minha mãe, na minha vida. Mas o que eu podia fazer? Nada. Nem seria justo ficar contra qualquer atitude sua. Ver meu pai com a Tanya, com certeza, foi pior do que a época em que ele a deixou para que ela fosse feliz. Definitivamente.

- Vou conhecê-lo?

A mamãe respirou bem fundo. Ela não precisava daquilo. Esperei então que ela fosse falar. Apenas estava pensando na maneira.

- Nessie, não é o que você está pensando. Você é tão novinha para entender isso, mas de qualquer maneira eu vou tentar explicar. Nós, vampiros, amamos apenas uma vez. E é para sempre. Não importa o que aconteça. Eu amo o papai, vou amá-lo por toda minha existência. Então você não precisa se preocupar que eu vá trazer algum outro homem aqui para casa. Não dessa maneira. Estou conhecendo Robert agora e sinto que seremos amigos, nada mais do que isso. Amigos, entendeu?

Ouvir aquelas palavras era um alívio sem tamanho. Minha mãe continuou.

- Só que não é porque ainda amo tanto o papai, que vou perdoá-lo pelo que ele fez. É pedir muito ao meu coração que nem bate mais...

- Por quê? – a pergunta escapou por minha boca sem nem mesmo passar pelo meu cérebro.

- Você ainda é tão menina para entender e se envolver. Um dia, quando estiver maior, mais madura, nós vamos conversar também sobre isso. Só não vai ser hoje.

- Tudo bem. Vou esperar pacientemente por este dia. Agora... Posso conhecer esse Robert?

Ela sorriu timidamente – Vou ver quando ele pode vir.


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Notas finais do capítulo

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