Recomeço escrita por Rosa Scarcela


Capítulo 3
O verdadeiro recomeço


Notas iniciais do capítulo

Twiligt Saga e seus personagens pertencem à autora Stephanie Meyer. Este argumento é de minha autoria



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- O emprego? É seu?

Ela me soltou no chão quando percebeu que havia exagerado. – Desculpe, filha – ela teria corado se ainda pudesse. – Sim, o emprego. É meu. – Ela me puxou pela mão para dentro de casa. – Quero te contar tudo.

Na sala mesmo, ela me explicou que seria uma espécie de estagiária no escritório, mas que por ser uma firma grande, havia possibilidade de crescimento, que teria um bom salário, suficiente para nos sustentar tranquilamente sem depender do... vovô – ela não se referiu ao papai. Falou também que já começaria na 2ª feira. A única coisa que ela lamentou foi que a vaga era para jornada integral.

- Nessie, sei que você quis ficar comigo antes, mas vou entender se preferir voltar para Forks. Vou te deixar muito sozinha a partir de agora – ela mostrou-se muito compreensiva. Eu não queria desapontá-la. Já tinha minha decisão tomada, não ia mudar de ideia.

- Não vou reclamar de vê-la apenas no jantar. Você ainda terá tempo de preparar o meu jantar, não terá?

- É claro que sim – e seu sorriso foi genuíno. O maior que vi nos últimos meses.

Nas semanas seguintes, isso se tornou um pouco mais usual. Não sei se foi porque estava trabalhando, se porque estava esquecendo o meu pai ou simplesmente se disfarçava bem, mas a minha mãe passou a sorrir.

Eu começara a perceber que, por pelo menos alguns meses, talvez um ou dois anos, minha mãe estaria bem. Por que este tempo? Bom, acho que seria o suficiente para que as pessoas do trabalho começassem a desconfiar que ela não envelhecia. Seattle é chuvosa a maior parte do ano e as roupas que ela usaria para o trabalho ajudariam a esconder sua pele. Além do mais, essas roupas sociais davam a ela um ar de mais velha mesmo.

No primeiro mês sua alegria me contagiava. Era o suficiente tê-la apenas por algumas horas antes de eu cair no sono toda noite e ver meu pai apenas pelo chat ou nos finais de semana. Mas aí eu comecei a sentir mais saudade de todos que devia. Estava passando tanto tempo sozinha. Antes era impossível ficar um minuto longe de qualquer um.

Acho que era uma 4ª feira. Acordei bem cedo, antes mesmo de a minha mãe sair para o trabalho. Assim que me viu, ela ficou apreensiva.

- Está tudo bem, filha?

Como eu diria que não estava? – Hummm, mãe... – me sentei à mesa e ela repetiu meu gesto, logo ao meu lado. Sua reação instantânea foi colocar a mão na minha testa e pescoço para medir minha temperatura. – Estou bem, não se preocupe – tentei tranquilizá-la. – Sabe o que é?

- Vou saber se me disser – ela passou da preocupação à falta de paciência em um segundo.

- Queria pedir um negócio – eu estava medindo cada palavra para não despertar uma fúria que com certeza estava lá no fundo de seu peito, pronta para sair desde que ela viu o papai com a Tanya.

Ela tomou um profundo fôlego e fechou os olhos por um momento. Quando voltou a me olhar, parecia mais calma. – Você está com medo de mim, Renesmee?

- É claro que não – me apressei em esclarecer. – Jamais. Hummmm... Já que você está chegado tarde todos os dias, eu queria saber se posso pedir para o papai vir aqui me ver hoje – abaixei meu olhar. – Estou sentindo muita falta dele. – Voltei a olhá-la esperando sua resposta.

O olhar de minha mãe era penetrante. Impossível desviar. Acho que por isso lhe deram aquele emprego tão fácil. Mas faz parte da camuflagem, não é? Ela me encarou eu não consegui desviar. De repente ela passou a mão pelos meus cabelos e vi pesar em sua fisionomia.

- Pode sim, meu anjo. Com uma condição.

O que será que viria?

- Que ele não esteja aqui quando eu chegar.

Fácil!

- Jura?! Ah, mãe, você é a melhor mãe do mundo.

Saltei para seu colo e lhe deu um forte abraço. Aproveitei que estávamos tão próximas e coloquei minhas mãos em suas bochechas e mostrei-lhe tantas quantas imagens de nós duas juntas eu consegui até que ela disse que precisava ir trabalhar. Me deu um beijo no rosto e saiu.

Ah, como eu estava animada. Nem me importei com o horário. O papai não dormia mesmo. Passei a mão no telefone da sala e disquei direto em seu celular. Ele atendeu no meio do primeiro toque.

- Bom dia, pai!

- Bom dia, minha vida. Que felicidade é essa tão cedo?

- Adivinha? – foi só uma maneira de dizer.

- Você está tão longe, filha. Não consigo.

Senti uma ponta de tristeza em sua voz e me arrependi no mesmo momento.

- Ah, pai, desculpe. Não era o que eu me referia.

- Me diga.

- A mamãe deixou você passar a tarde comigo – quase gritei.

Agora havia um sorriso. – Que maravilha, Nessie! Quer que eu te pegue no colégio?

- É claro, paizinho. Mas tem uma coisa. Uma condição – ele apenas esperou que eu dissesse. – A mamãe falou que você tem de ir embora antes dela chegar.

- Não tem problema. O importante é que vamos ficar juntos por umas horas. Não troco por nada.

- Te vejo mais tarde. Te amo, pai.

As horas na escola passaram voando. Eu estava tão ansiosa que nem percebi que o sinal já tinha tocado. Uma das minhas novas amigas, Sarah, foi quem me avisou.

- Vai ficar aí parada, Renesmee? A aula já acabou.

- Nossa, Sarah – eu disse, levantando -, não ouvi o sinal.

- Aposto que estava pensando em algum garoto. – Ela riu da dedução. Se ela soubesse que eu pensava realmente em um garoto. Sorri quando lembrei que meu pai aparentava apenas 17 anos e dali há pouco tempo poderiam nos confundir facilmente com um casal de namorados. Eca!

- Não, não. É que meu pai vem me buscar hoje. Estava pensando no que poderíamos fazer. Só isso – e talvez eu estivesse lhe dando muitas informações. Me arrependi imediatamente.

- Que legal. – E enquanto eu guardava meus cadernos nos armários, Sarah teve uma “brilhante” ideia. – Renesmee, você pode me apresentar ao seu pai como sua melhor amiga, se quiser. – Arrependimento imediato!

- Hã... – eu precisava pensar em uma desculpa. – Melhor não. Ele é bravo. Já tratou mal algumas amigas minhas. É embaraçoso.

Sarah ficou realmente chateada. – Talvez outra hora, então. Quem sabe um dia em que você possa prepará-lo antes, né?

Assenti com remorso, mas eu não podia me arriscar – ainda mais. Ao sair no portão, a primeira coisa que se destacou em minha visão foi o Volvo e um cara lindo e sério encostado nele. Ele com certeza ouviu eu pensar na parte do “lindo” porque abriu um lindo sorriso, daqueles que faziam a mamãe estremecer. Ops! Ele também ouviu isso. Droga! Corri para abraçá-lo.

- Hey, pai!

Ele me pegou nos braços e me deu um apertado abraço. Por mais que estivesse na frente de tanta gente, eu não ligava que ele me tratasse como bebê. Era meu pai. E eu nem aparentava ser tão velha assim. Passava fácil pelos 12 anos. É claro que a idade física apenas importava para os outros. A idade mental era superior e só dizia respeito à mim e à minha família.

- Não tem vergonha mesmo? – meu pai sorriu para mim.

- Não tenho vergonha – sorri meu melhor sorriso de volta. De repente ele ficou sério e me pôs no chão, me virando de frente para a escola e segurando os meus ombros. Sarah estava parada nos encarando.

Ela estava ultrajada. – Por que você mentiu para mim, Renesmee? Pensei que éramos amigas.

Definitivamente aquele não era o meu dia. – Nós somos amigas, Sarah – não conseguia me concentrar em busca de mais uma desculpa. “Pai, me ajuda”, pensei.

Ele ergueu a mão para Sarah, apresentando-se.

- Eu sou Edward Cullen, irmão da Renesmee. Você é?

- Sarah. Sarah Perry – disse Sarah, apertando a mão de meu pai e parecendo desconcertada. Caramba... Ela é uma menina. Como podia olhar assim para ele? Meu pai me olhou pelo canto dos olhos. Sarah não percebeu.

- O papai pediu para eu vir buscá-la, Nessie, porque ele teve uma reunião de emergência no hospital.

- Tudo bem... Edward – era engraçado chamar meu pai pelo primeiro nome. – Vamos? Sarah, te vejo amanhã.

Sarah ficou vendo meu pai abrir a porta do carro para mim e depois ele mesmo entrar. Ficamos sob seus olhares até que o carro virou a esquina.

- Desculpa, pai.

- Não se preocupe. Sarah acreditou na estória. Mas receio que você terá de ser mais cuidadosa de agora em diante – alertou-me.

- Definitivamente.

- Então, por onde começamos?

Bem que os professores poderiam ter colaborado comigo. Eu ia passar a tarde com meu pai. Por que tanto dever de casa?

Meu pai riu. – Ok, dever de casa primeiro.

Ao chegarmos na porta de casa meu pai parou, tenso. Ele nunca tinha estado aqui antes. Tomou um grande fôlego e, de início, pensei que fosse pelo stress, mas percebi que o cheiro da mamãe era muito forte aqui em casa. Meu pai não falou nada. Nem eu. Abri a porta e o puxei pela mão.

- Você quer conhecer a casa? É bem bonita.

O arrastei mostrando cômodo a cômodo. Primeiro a sala (onde já estávamos), depois meu quarto, meu banheiro, o escritório da mamãe, a cozinha e, por fim, o quarto da mamãe. Ele não queria entrar, mesmo assim eu insisti.

- Nessie, a mamãe vai saber que eu estive aqui.


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Notas finais do capítulo

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