Recomeço escrita por Rosa Scarcela


Capítulo 5
Minha própria surpresa




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Completamos 06 meses morando sozinhas em Seattle. Passei a ver meu pai com mais frequência, já que eu podia vê-lo quando quisesse e nem precisava pedir para a mamãe – o que era um alívio. Depois do quase incidente com Sarah, evitei me aproximar de mais humanos do meu colégio. Jake também me visitava, mas eu não ia a La Push. Era estranho estar lá com ele, sem um adulto por perto. Eu não me sentia muito confortável.

E depois de meio ano, aconteceu algo comigo que meio que todos estavam esperando, menos eu. E eu só soube que eles esperavam por isso depois de tudo. Até então, foi um grande susto para mim.

Era uma 4ª feira e acordei pela manhã um pouco enjoada. Não dei atenção por achar que se tratava apenas de algo que eu havia comido. Eu não saía muito mais para caçar e estava experimentando vários tipos de alimentos humanos. Mesmo assim, achei que deveria tomar Café da Manhã. Era quando eu ficava perto da mamãe, e eu não ia perder isso por um enjoo idiota.

- Mãe, você vai demorar a voltar hoje? - Perguntei na esperança de que se meu enjoo piorasse, ela estaria por perto.

- Espero que não. Pelo menos não há nada, por enquanto, que me faça ficar trabalhando. Posso saber a razão da pergunta, Nessie?

Tentei soar o mais normal possível. - Só queria passar mais tempo com você.

- Vou dar o meu melhor. Prometo. – A mamãe sabia que eu estava escondendo alguma coisa.

Ela me deixou na escola e a sensação ruim do meu estômago continuou. E foi piorando ao longo da manhã. Depois do almoço eu fui até o banheiro. Imediatamente senti um cheiro forte de sangue. Aquilo gelou minha espinha. Será que havia alguém machucado por perto? Minha preocupação não era atacá-lo e sim ajudá-lo. Me concentrei nos barulhos ao meu redor em busca de indícios. Nada. Nenhuma respiração que não fosse a minha. Nenhuma voz que não aquelas do lado de fora. E eu sabia que não adiantava eu ficar ali parada. Teria de sair para procurar quem quer que fosse. Foi quando me assustei. Ao me limpar, vi que o papel higiênico ficou cheio de sangue, do meu sangue. Era eu quem estava sangrando! Eu estava com hemorragia e não sabia o que fazer. Me desesperei. Não podia pedir ajuda onde eu estava, arriscar que alguém chamasse a Emergência. Minha mãe estava no trabalho e o resto da família em Forks, mas eu tinha que chamar alguém. Ainda sentada no vaso, peguei meu celular e apertei o número 2 para a discagem rápida. Não foi preciso meio toque.

- Papai?

- Oi, filha. Algum problema?

Minha voz tremia. - Pai, não estou bem. Estou sangrando.

Você foi ferida, Nessie? – ouvi preocupação em sua voz.

- Não sei bem. Quero dizer... Ah, o que eu faço?

- Nada, filha. Foque onde está. Estou indo te buscar junto com o vovô.

Era o que eu precisava ouvir. Fiquei aliviada. – Estou no colégio. No banheiro feminino. – E a linha caiu.

Agora eu só tinha que ficar quieta e esperar alguns minutos. Meu pai chegaria logo. E que bom que levaria meu avô, que é médico.

Meu estômago já estava um pouco melhor quando pude sentir o cheiro do meu pai, meu avô Carlisle e da tia Alice nos corredores da escola. Ouvi os três entrarem no banheiro.

- Nessie?

- Estou aqui, pai.

Ouvi uma baixa risada do meu avô Carlisle, seguido por meu pai e depois a tia Alice.

- Do que vocês estão rindo?

Foi tia Alice quem respondeu. – Ah, Nessie. Acho que vamos ter que chamar a sua mãe.

- Por quê? – eu estava assustada com a reação deles.

Vovô começou a falar e eu ouvi tia Alice sair do banheiro. – Nessie, você não está doente. Você pode ficar tranquila. Mas é a mamãe quem vai falar com você sobre isso. O papai e eu vamos até a secretaria pedir sua liberação da aula e a tia Alice vai te ajudar com... Hummm... Com o que você precisa para sair daí.

- Pai? – eu não queria ficar sozinha.

- Eu posso ficar aqui com você, sim. O vovô vai resolver tudo. – Era tão bom eu não precisar falar algumas coisas em voz alta com o meu pai.

- Quer que eu ligue para a mamãe?

Meu pai demorou a responder minha pergunta. – Não. Eu posso fazer isso. – mas parecia que ele tentava se convencer. – Eu realmente posso fazer isso, filha.

Um instante de silêncio e meu pai voltou a falar. – Não, Bella, sou eu, Edward. Está tudo bem com ela, sim. – senti sua voz tremer – Você pode vir para casa? Não, sua casa e de Renesmee. – Minha mãe estava falando muito baixo, porque eu não conseguia ouvir o que ela dizia. – Carlisle, Alice e eu vamos levá-la. – Seu tom se tornou mais duro – Você pode parar de falar e me ouvir por um minuto?

Sorri imaginando o rosto dos dois, depois de tanto tempo sem se falar.

- Bella, só o que você tem que fazer é voltar para sua casa. – Mais um momento de silêncio e a voz do meu pai ficou magoada. – Me desculpe, sei que não tenho o direito de falar assim com você, mas por favor, estou pedindo. Não por mim. Por Renesmee.

- Pai, me passe o telefone, por favor – tive de me intrometer.

Ele me entregou o aparelho por cima da porta do banheiro.

- Alô, mãe?

- Nessie, o que está acontecendo? Por que você me fez falar com o seu pai? – ela estava brava.

- Me desculpe, mamãe. Não foi culpa dele. Só que passei mal na escola e tive de ligar para o papai. E agora eles disseram que é você que tem que me dizer o que está acontecendo.

- Mas eu nem sei-

- Mãe, acho que estou com uma hemorragia. Aparentemente não é sério pois nem o papai e nem o vovô arrebentaram a porta do banheiro aqui da escola para cuidar de mim. De qualquer forma-

Ela me interrompeu bruscamente. – Estou indo, Renesmee. – E a linha do telefone caiu. Não entendi nada. Ouvi meu avô e minha tia entrando de volta no banheiro.

- Nessie, – minha tia falou – o papai e o vovô vão nos esperar lá fora um instante. Você pode me deixar entrar aí?

Ufa! Até que enfim alguém resolveu cuidar de mim. Sei que eles são vampiros, que são sensíveis à sangue e tudo isso, mas eles são tão controlados. Será que iriam me atacar?

- Não é isso, filha. – meu pai estava ouvindo meus pensamentos. – Assim que a mamãe chegar em casa, você vai poder conversar com ela.

O papai e o vovô nos deixaram a sós e eu abri o trinco da porta. Assim que vi tia Alice, percebi que ela tinha uma caixinha azul nas mãos.

- O que é isso? – perguntei, curiosa.

- Chama-se Absorvente Higiênico. Vou te ajudar a pôr um agora, mas as explicações virão de sua mãe. Só posso te garantir que você está bem. Tudo isso é normal.

Ninguém ia responder às minhas perguntas mesmo. Me contentei em saber que eu não morreria por aquele sangramento.

Tia Alice me entregou o tal do Absorvente Higiênico, que parecia uma fralda para bebês de tamanho muito pequeno. Disse que eu precisava tirar o papel de baixo e das abas para que colasse junto à minha calcinha. Aconselhou eu me limpar muito bem antes de me vestir novamente. Ela me deixou sozinha para que fizesse isso.

E com o Absorvente Higiênico entre as minhas pernas, caminhei entre meu pai e meu avô até o Volvo, na porta da escola. O incômodo na minha barriga estava voltando, só que mais forte.

- Vô, minha barriga está doendo.

- Vou te receitar um remédio depois. Não se preocupe.

Quando o Volvo parou no meio fio da calçada da minha casa, minha mãe praticamente voou ao meu encontro. Me arrancou do carro e me abraçou com tanta força, que me faltou ar.

- Mãe... – a palavra saiu sufocada, mas ela me soltou.

- Ah, Nessie. – seu tom me lembrou quando eu era um bebezinho ainda. Minha mãe olhou para a tia Alice e para o vovô Carlisle, como se dissesse um "Obrigada" com o olhar. Então ela olhou para o meu pai. Vi o mesmo reflexo nos dois rostos: tinha tristeza, saudade, melancolia, amor, dor. Nenhum dos dois disse nada. A mamãe segurou na minha mão e me arrastou para dentro de casa.

- Bella, então nós já vamos. Nos ligue se precisar de alguma coisa – tia Alice disse atrás de nós. Eu não queria que meu pai também fosse embora.

- Mãe, o papai pode ficar? – despejei em um único fôlego, antes de me arrepender.

Ela olhou mais uma vez para o meu pai. E depois para mim. – Tudo bem. – Eu sorri para ela.

Na sala, ela me conduziu até o sofá, com meu pai nos seguindo. Sentei-me e o papai sentou-se ao meu lado. A mamãe abaixou-se na minha frente.

- Como você está se sentindo, filha? – minha mãe tratou de se certificar.

- Agora minha barriga dói um pouco. Mas a sensação ruim foi embora, pelo menos. Você pode me dizer o que está havendo?


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Notas finais do capítulo

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