Recomeço escrita por Rosa Scarcela


Capítulo 2
Foi aí que tudo mudou


Notas iniciais do capítulo

Twiligt Saga e seus personagens pertencem à autora Stephanie Meyer. Este argumento é de minha autoria.



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[Renesmee]

Minha vida mudou um pouco nos últimos meses. Ok. Mudou bastante. Agora sou filha de pais separados e isso, sem dúvida, é horrível. Mas não porque fico indo e vindo toda hora, e sim pelo sofrimento que vejo no rosto deles e não posso fazer nada.

Todos ao nosso redor achavam que isso jamais pudesse acontecer, assim como eu, e ficamos muito tristes e chateados quando a mamãe decidiu sair de casa. Não sei qual foi a conversa que eles tiveram, pois tomaram o cuidado de me manter longe disso tudo, só que a razão foi impossível de ser escondida.

Estávamos recebendo a visita de nossos amigos do Alasca. Tanya, Kate, Eleasar e Carmen decidiram tirar umas férias e se hospedaram na casa dos meus avós por alguns dias. Não era segredo para ninguém que a mamãe tivesse ciúmes da Tanya, apesar de o papai garantir que jamais se interessou por ela.

Eu tinha muito dever de casa para fazer naquela tarde e pedi a ajuda de minha mãe, que atendeu prontamente, como sempre. Os Denalli queriam caçar, já que estavam se preparando para seguir viagem e papai os acompanhou. Eu também queria ter ido, mas por causa dos estudos, tive de ficar. Depois íamos encontrá-los e isso me confortava. E foi o que aconteceu e onde minha vida mudou.

Quando estávamos chegando próximo do rio, já podíamos ouvir o papai e Tanya conversando – neste caso, eu comecei a ouvir, porque tenho certeza que a minha mãe já os estava ouvindo há bem mais tempo. Era uma conversa estranha, no meu entendimento.

- Edward, você sabe o quanto sempre te achei bonito, não é? – Tanya falava toda melosa. – Sei que você é um cara casado e tudo mais, mas nunca sentiu vontade de experimentar outras coisas? Digo... Você sempre esteve com Bella-

Calmamente, meu pai respondeu: - Eu sempre soube que era ela. – A partir daí ouvimos somente a voz do meu pai. Ele estava respondendo aos pensamentos de Tanya. – Um dia você vai saber também. É claro que não. Nunca desejei outra mulher.

Percebi o tom da voz de meu pai ficar alterado, talvez nervoso. – Tanya, por favor, você sabe que posso ver tudo o que você pensa. É uma situação bem constrangedora.

Papai e Tanya entraram no nosso campo de visão no momento em que Tanya o agarrou e tascou-lhe um beijo na boca. Pai! – pensei no mesmo instante. Ele afastou Tanya e imediatamente surgiu ao nosso lado, com os olhos arregalados, encarando a minha mãe. Foi quando me lembrei que minha mãe também tinha visto tudo o que eu vi. Meu pai tentou segurá-la, mas ela o empurrou e desapareceu.

- Pai, o que você fez? – olhei para frente e já não vi Tanya.

- Não fiz nada, Nessie. Tanya me agarrou.

- Como você não viu isso nos pensamentos dela?

- Não sei. Me distrai. Preciso encontrar sua mãe.

E assim meu pai também desapareceu.  Corri para a casa grande com a maior rapidez que pude. Entrei pela garagem e vi meu avô Carlisle imediatamente.

- Vovô! – eu estava apavorada.

Ele se preocupou. – O que foi, Nessie? Onde estão todos?

- Não sei. O papai foi procurar a mamãe. Vô, me ajude. Acho que eles vão brigar.

Corremos até a sala onde minha família já tinha uma ideia do que estava acontecendo. Tio Jasper me acalmou, com seu dom incomum. Assim pude mostrar a eles o que vi, junto com minha mãe. Tia Alice e tia Rosalie ficaram muito irritadas e tenho certeza que arrancariam a cabeça do meu pai se ele estivesse na sala naquele momento.

- Como eu não vi isso? – tia Alice se questionava.

Tio Emmett estava inconformado. – Por que Edward permitiu?! Tenho vontade de matá-lo agora mesmo. – e tia Rose o abraçou.

Percebi que minha família estava em pedaços. Mas e agora? Todos ficariam contra meu pai? E eu? O que eu deveria fazer? Havia uma maneira de defender a mamãe sem acusar o papai?

Hoje, há algumas definições. Estou morando com a mamãe em Seattle. Ela ainda se recusa a ver o papai, então são meus tios que vêm me buscar para os finais de semana. Ah, isso foi outro acordo que meu avô Carlisle discutiu com a minha mãe. Fico com ela durante os dias de semana e nos sábados e domingos volto para Forks. Não foi nenhuma imposição de ninguém, de qualquer maneira. A mamãe me deixou decidir.

- Meu amor, - ela estava bem triste – eu te amo e sei que você pode tomar a melhor decisão por si só. Já tem idade o suficiente para isso, Nessie. Eu vou para Seattle. Já encontrei uma casa lá. Tem um quarto para você, mas você escolhe se será o seu lar ou se vai apenas passar alguns dias.

Eu já tinha pensado nisso algumas vezes depois que a mamãe tinha saído de casa.

- Mãe, eu quero ficar com você. Posso visitar o papai aos finais de semana. Tenho certeza que ele não vai se importar. Mas eu quero ficar com você.

Ela não esperava isso e me deu um forte abraço. Ficamos ali paradas um bom tempo. Minha mãe estava sofrendo e eu sabia que eu a reconfortava.

Quando fui contar para o meu pai, ele já sabia de tudo. Ainda sim eu quis esclarecer.

- Tudo bem. Você já sabe o que penso, mas eu quero saber o que você pensa, pai.

- Penso que você tomou a decisão certa, Nessie. A mamãe está sofrendo e precisa do seu apoio. Eu preciso que você cuide dela. Sabia que ela pediu para o vovô resgatar os investimentos e depositar na conta dela?

- Aham. Ela vai comprar uma casa e disse que pode se virar sozinha.

- Esse dinheiro é dela, de quando ela ia fazer faculdade. Só que o meu dinheiro também é dela. Tudo o que é meu é dela, mas ela não quer aceitar.

- Talvez a mamãe só precise de um tempo para refletir.

- Vou trazê-la de volta. Prometo.

Papai me deu um beijo na testa. Senti que ele sofria tanto quanto a mamãe.

Os dias foram se passando, eu me adaptei à nova escola, ganhei novos amigos, a mamãe passou a esconder melhor o sofrimento de mim, meu pai já não era mais aquele cara brincalhão de sempre e nem chegava mais perto do piano, vovô Charlie sequer podia ouvir o nome do papai. Enfim, tudo mudou.

Naquela 6ª feira, mamãe acordou dizendo que ia para uma entrevista de emprego logo depois do almoço, mas que deixaria minha comida no forno.

Ah, eu mencionei que me alimento de comida humana quase sempre? Pois é, a mamãe e o papai já tentavam cada dia menos me alimentar com sangue. Caçadas? Huh... Só uma ou duas vezes por mês, pois eu tinha que me acostumar, já que também convivia com muitos humanos agora, em especial no colégio. Mas desde que nos mudamos para Seattle só como comida de humanos. Isso é um saco.

Voltando ao emprego... Desde que nasci e com os tempos calmos quando os Volturi foram embora, a minha mãe passou a estudar. Fez duas faculdades e, para quem não queria fazer nenhuma, se saiu muito bem. Só que meu pai nunca a deixou trabalhar fora. Ela também nunca se esforçou muito para convencê-lo, mas chegou a hora. Minha mãe optou por Direito. A entrevista de emprego era em um escritório de advocacia.

- Renesmee, vou demorar a voltar esta tarde. Você pode, por favor, se cuidar? – mamãe quase implorou.

- Claro, mãe. Você sabe que sou responsável.

- Me dá uma tristeza deixá-la sozinha, filha.

- Uma hora ou outra isso aconteceria. Você não quer trabalhar? Então vai ser frequente. Ou você vai me levar para o escritório todos os dias?

Foi a primeira vez que vi um sorriso no rosto da minha mãe desde aquele fatídico dia.

Logo que voltei do colégio, tinha muito dever de casa. Como já era de costume, liguei meu computador e o papai estava on line me esperando. Ele sempre me ajudou com a escola e tivemos de nos adaptar aos “novos tempos”.

- Por onde você quer começar hoje, Nessie? – papai perguntou com uma tristeza incomum no semblante.

- Perguntando como você está. Posso ver que não está muito bem, pai.

Ele abaixou os olhos. Mesmo que estivéssemos em cidades diferentes, eu sabia como estava seu humor apenas por vê-lo.

- Não é nada, filha. Não deve se preocupar com isso. Já não tem coisas demais na sua cabeça para pensar? – ele tentou me distrair.

- É verdade, só que 99% delas dizem respeito à mamãe e à você. De que maneira eu poderia não me preocupar? – tentei ser o mais sincera possível.

Meu pai voltou a olhar a tela do computador, a me olhar. – Tia Alice disse que a mamãe foi a uma entrevista de emprego.

- Sim... É isso então? Mas pai, você achou mesmo que ela não ia se mostrar capaz de se virar sozinha? Você a conhece melhor que eu, melhor que qualquer pessoa.

- Tinha esperanças. Acontece que quanto mais independência ela tiver, menores são minhas chances. Nessie, não vê que há todo um mundo novo para ela?

Sorri. Meu pai estava com receio de que minha mãe percebesse com rapidez que o mundo não girava apenas em torno dele.

- É inevitável, pai. Uma hora ou outra isso ia acontecer. Eu também quero que voltemos para casa. Sinto sua falta todos os dias, mas é importante que ela se sinta bem. Eu quero isso para ela.

Discretamente, meu pai assentiu porque sabia que eu tinha razão.

- Vamos estudar – ele mudou de assunto.

Fiquei umas duas horas trabalhando no dever de casa com o meu pai. Já estava anoitecendo quando desligamos e percebi que minha mãe ainda não havia chegado. Fui até a sala e espiei pela janela. A rua estava tranquila. Sentei-me na varanda e esperei.

Pude ouvir o ronco do motor da Ferrari ao virar a esquina. Mamãe estacionou no meio fio com uma brusca freada, o que não era típico dela. Ela desceu e disparou em minha direção. Me deu um abraço de urso, daqueles que apenas o Tio Emmett me daria, e nos girou várias vezes. Eu não sabia o que dizer e estava muito zonza. A mamãe sorria.

- Eu consegui, Renesmee! – sua alegria era contagiante.


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Notas finais do capítulo

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