[Bella]

Foi uma noite perfeita, como há muito eu não via. Sem fantasmas do passado, sem inseguranças. Apenas Edward e eu. Nos amando como deveria ser desde sempre.

Eu já nem me lembrava por que tinha ficado brava com ele na sexta-feira. Isso já não importava mais.

Estar em seus braços e sentir nossos corpos unidos me fazia uma mulher feliz e completa.

- Amor? – Edward me chamou. 

- O que foi? – perguntei com delicadeza.

Edward tomou um profundo fôlego e eu sabia que ele estava tenso e se preparando para algo diferente. Se para o bem ou para o mal, eu não sabia dizer.

Ele afastou-se de mim e desapareceu do quarto. Tão rápido como saiu, Edward voltou. Ficou em pé do meu lado na cama e estendeu a mão para que eu levantasse.

Um pequeno e discreto sorriso teimava em aparecer em seus lábios, e foi o suficiente para me tranquilizar. No momento em pé fiquei em pé, em sua frente, Edward abaixou-se em um dos joelhos e então eu soube o que ele pretendia fazer.

Se eu pudesse, teria corado. Se meu coração batesse, estaria disparado. Se meus olhos não fossem secos, meu rosto teria sido lavado pelas lágrimas.

- Isabella Swan. Eu sei que não mereço um décimo do amor que você compartilha comigo, mas, eu prometo dedicar o resto dos meus dias a fazê-la a mulher mais feliz do mundo. Você aceita se casar comigo... outra vez?

Sorri com o final da frase. Abaixei-me e sentei na borda da cama, mantendo meu rosto da altura do seu.

Depositei minha mão em sua bochecha. – Eu seria louca se não aceitasse.

O sorriso que Edward abriu derrubou qualquer barreira que, eventualmente, pudesse existir no nosso caminho. Nos beijamos com carinho, enquanto Edward me abraçou pela cintura e se levantou.

Ele afastou-se de mim por um pequeno espaço e abriu a mão esquerda entre nós, mostrando duas alianças de ouro branco. Uma maior e uma menor. Eram simples, sem pedras ou nervuras. Alianças de compromisso.

Me entregando a maior, ele pegou minha mão direita e colocou a aliança no meu dedo anelar.

- Eu te amo – sussurrou e beijou em cima da minha mão.

Repeti seus gestos - de pegar a mão, colocar a aliança e beijá-lo dizendo um “Eu te amo” cheio de emoção, e então o abracei.

Ficamos juntos por alguns instantes até que senti seus lábios no meu pescoço, subindo em direção a minha boca e tocando tudo o que encontrava pelo caminho: orelha, mandíbula, rosto, testa, olhos, nariz.

Eu diria que poderíamos passar o resto da vida naquela cama, demonstrando o amor que sentíamos um pelo outro se não tivéssemos uma pequena boquinha para sustentar. Mas ali, o momento era só nosso e fomos egoístas ao ponto de esquecer que Renesmee estava há poucos metros de nós, na casa de nossa família.


[Renesmee]

Eu estava feliz. Muito feliz. Sabia que meus pais se amavam e estavam tentando voltar a ficar juntos, mas era tão injusto que o papai escondesse a surpresa que ela faria para a mamãe.

Tia Rose estava deitada comigo na minha cama, na casa do vovô e da vovó, e acariciava meus cabelos.

- Nessie, talvez você esteja sendo só um pouquinho exagerada. O papai não contou a surpresa para ninguém. Escondeu até da tia Alice. Não há razão para ficar emburrada deste jeito.

- Mas titia... Eu estive ao lado dele em todos os momentos, fiz tudo para a mamãe não sofrer e é assim que ele me retribui? Nem uma dica. Nada! – cruzei os braços no meu peito e fiz um bico com os lábios.

Tia Rose riu. – Se sua mãe vir você neste momento vai dizer que você está andando muito com a tia Alice.

E foi só citar seu nome, que minha tia mais nova apareceu no meu quarto.

- Eu sei qual é a surpresa que Edward fez a Bella...

Quer dizer. Apareceu não... Até achei que fosse uma alucinação. Tia Alice estava tão empolgada que apenas sua voz chegou até nós, porque ela já tinha disparado do quarto antes mesmo de chegar.

Tia Rose me pegou nos braços e correu para a sala, onde o restante de minha família já estava com Tia Alice.

Ela falava sem parar. – Desculpe por isso, mas eu não podia contar que eu sabia sobre a surpresa desde o momento em que Edward decidiu fazê-la. É que ele estava tão empenhado em esconder de mim que achei injusto desapontá-lo. Ah – suspirou, - foi tão lindo.

- E qual é a surpresa? – perguntei, sentada no colo do vovô.

- Vocês vão ter que esperar que eles digam. – Tia Alice sorriu amarelo.

Definitivamente, tio Emmett parecia uma velha fofoqueira. – Se você não vai contar o que Edward esteve tramando nos últimos dias, eu vou voltar para meu quarto – bufou, levantando-se.

Todos rimos.

Mesmo que eu não soubesse o que era, pelo menos ter a certeza que acabaria bem fazia tudo valer a pena. Não me importava mais que não soubesse qual era a tão falada surpresa que o papai ia fazer (ou estava fazendo) para a mamãe. Eu podia esperar pelo dia seguinte.

Bocejei e me acomodei melhor nos braços gelados do meu avô Carlisle. Eu já estava tão acostumada com a diferença de nossas temperaturas, que não considerava isso um problema. Era como se todos tivéssemos o mesmo calor.



[Edward]

Eu já podia me considerar, novamente, o homem mais feliz da face da Terra. Confesso que me ajoelhar em frente à Bella e refazer o pedido de casamento tomou mais coragem de mim do que eu tinha, mas eu não poderia perder a oportunidade. Aquele era o momento ideal, mesmo que as palavras não fossem as melhores.

Ansiava por seu “Sim” há tanto tempo que eu estava pronto para morrer naquele momento. Não no sentido literal, é claro. Eu queria viver o “Felizes para Sempre” com minha mulher e minha filha.

Minha filha. Renesmee. Minha pequena companheira. Aquela que nunca me abandonou. Que mesmo quando todos estavam contra mim, ela estava comigo. Que mesmo quando eu estava prestes a desistir, estava me apoiando. Meu pequeno milagre. Minha curiosa.

E então lembrei que devíamos uma satisfação a Nessie. Provavelmente, somente a ela.

- Quando você quer contar para Renesmee? – perguntei tão baixo, que apenas Bella sendo uma vampira, poderia me ouvir. Esperei sua resposta sentindo seu corpo junto ao meu e acariciando todo o comprimento de seu braço.

Bella estava de olhos fechados aproveitando o momento e não se deu o trabalho de abri-los para me responder. – Que tal pela manhã? Ela deve estar esperando esta conversa ansiosamente.

- Já é de manhã, amor. – Sorri. – Acho que podemos apenas ficar aqui esperando que ela venha em algum momento. Pelo menos, vamos aproveitar cada segundo a sós.

- Pode ser, Edward. Só não pare com o carinho no meu braço.

Ri alto, beijando o topo de sua cabeça, puxando-a mais para mim.



[Renesmee]

Tudo bem que meus pais agora estavam juntos e que eu teria de ser compreensiva com eles, mas eu ainda era apenas uma criança e cheia de curiosidade. Custava eles virem logo cedo me contar as novidades?

Eu não estava impaciente pelas novidades em si e sim pela surpresa. Se eu dormi tranquilamente à noite foi porque achava que eles viriam logo conversar comigo, mas, ao que parecia, eles não estavam se lembrando de mim.

Na ponta dos pés, desci as escadas rumo à porta. Senti um cheiro diferente, porém sutil, ao mesmo tempo que me lembrava alguém.

Imaginei que não deveria ser ninguém especial, já que eu não podia ouvir nada pela casa. Mesmo que meus sentidos não fossem tão aguçados quanto os dos meus pais e familiares, eu tinha eles para zelar por mim. Não deveria me preocupar.

Seguindo como uma gatuna, fugi atravessando a sala. Se bem que se meus tios ou avós quisessem me impedir de ver meus pais, com certeza, já o teriam.

Assim que abri a porta, dei de cara com um homem alto, quase tão bonito quanto o meu pai. Agora sentia seu cheiro bem forte.

- Bom dia, Renesmee – foi a última frase que ouvi antes de apagar completamente.