Recomeço escrita por Rosa Scarcela


Capítulo 19
Uma folga da escola não faz mal a ninguém




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[Renesmee]

Eu ouvia a voz suave do meu pai bem longe. Mal entendia o que ele dizia. Algo sobre me amar. Eu estava em um lugar que eu não conhecia. Um lugar aberto, com muitas árvores e flores de todas as cores. Era um gramado aberto.

- Você já esteve lá, meu anjo. – a voz suave do papai estava bem perto agora. Senti sua mão gelado em meu rosto e minha testa.

Abri os olhos vagarosamente e vi que ele estava ajoelhado ao meu lado, enquanto eu dormia. Então era isso. Eu estava sonhando e ele vendo o que eu sonhava.

- Na verdade, estou tentando te acordar há vários minutos, mas seu sonho me trouxe boas lembranças e preferi "assisti-lo".

Me ajeitando na cama para sentar-me, tentei matar minha curiosidade. – Você disse que eu já estive lá. Onde é?

Meu pai sentou-se na cama, ao meu lado. – É um lugar muito especial para a mamãe e para mim. O nosso lugar. E a levamos lá poucos dias depois que você nasceu.

Encostei em seu peito. – Cadê a mamãe?

- Está trabalhando. Hoje você ganhou um dia de descanso. Dormiu tão tarde ontem. Foi merecido.

Sorri. Eles nunca me permitiram faltar à escola a menos que fosse por doença. Meu estômago roncou.

- E você está com fome – papai acusou passando a mão na minha barriga em movimentos circulares.

- Acho que devo tomar o café-da-manhã, então. – Tentei me levantar.

Papai me pegou e me jogou sobre seu ombro, rindo. – Como assim, senhorita Cullen? Já passou até mesmo do horário do almoço. Sua comida está esfriando em cima da mesa há um bom tempo.

Foi então que percebi. – Caramba! Eu estava cansada mesmo, né?

Meu pai deu um leve sorriso.

- Quais são os planos para hoje, pai?

Bem – ele pensou por um momento -, você pode fazer sua mala para o final de semana em Forks ou deixar para a mamãe quando ela chegar à noite. Eu tenho que desfazer a minha e fazer outra para o final de semana ou também posso deixar para a mamãe mais tarde-

Eu o interrompi, rindo. – Ela vai ficar uma fera se você não desfizer a sua mala. Tenho certeza que ela não vai ligar de separar nossas roupas para a viagem, mas arrumar tudo o que você trouxe...

Balancei a cabeça de um lado para o outro fingindo desaprovação. A próxima coisa que vi foi quando eu estava pendurada no ombro do meu pai, olhando suas costas de cabeça para baixo, seguindo para o quarto que agora ele dividia com a mamãe.

- Isso é por você ficar tentando me amedrontar! – meu pai gargalhou. – Agora você vai me ajudar com a arrumação e só depois vamos sair.

- Nós vamos sair? – Por que ele não mencionou isso antes?

- Porque não será como eu planejei. E espero que você me ajude com isso aqui – e apontou para a enorme mala em pé perto da porta.

Suspirei profundamente e me rendi. – Tudo bem. Eu te digo onde você pode guardar cada roupa, mas seja rápido, hein!

Meu pai levou minhas ordens ao pé da letra e em cinco minutos tudo foi organizado. Um estranho não poderia dizer que meu pai não esteve sempre conosco.

- Vamos?

Dei a mão para o meu pai e seguimos até seu carro, que agora estava estacionado onde sempre deveria estar: na garagem da nossa casa.

Ao chegarmos no Shopping, fiquei um pouco confusa. Estivemos ali ontem.

- É o seguinte. Vamos para Forks e eu achei que você poderia comprar presentes para todos. E eu preciso comprar algo para a sua mãe.

- Por isso tanto segredo? – desdenhei. Não era como se nunca presenteássemos ninguém.

- Se você contar isso à mamãe eu vou jurar eternamente que não fui eu quem te contou, ok?

Como se a mamãe fosse acreditar mais nele do que em mim.

- Tudo bem, filha. Eu sei disso. Mas me prometa que não vai contar.

Ergui a mão e disse solenemente. – Eu prometo. Guardarei seu segredo até o fim dos meus dias.

Meu pai parou na minha frente e começou a falar de uma única vez. Mal consegui acompanhar. – Eu disse à mamãe que ia te dar um cartão de crédito ilimitado para que você comprasse as suas coisas quando quisesse em vez de ter que fazer sua mesada durar por 30 dias e ela ficou furiosa. Disse que você tem que aprender o valor do dinheiro e é muito nova para isso-

Eu o cortei. – Ela está certa. – Tentei ser compreensiva. – Eu não preciso de dinheiro extra. O que você me dá é o suficiente. Para ser sincera, na maioria das vezes acaba sobrando. Não tenho gastos, pai. A mamãe me dá de tudo. Só uso a mesada para comprar meu lanche no colégio, às vezes.

Ele ficou sem reação. – Isso é verdade? – De repente parecia meu pai de novo. - Meu Deus, onde está a minha filha? Você não é uma Cullen. – E começou a procurar à minha volta.

- Isso não é engraçado, Edward – cuspi.

- Ah, eu sabia! Onde está a Renesmee? – ele fez cara de sério.

Mas a brincadeira já estava perdendo a graça. – Pai, você está exagerando.

- Não sou seu pai. Sou pai da Renesmee.

- Pai! – tentei trazê-lo à realidade. – Você pode, por favor, voltar ao normal? As pessoas vão reparar.

Meu pai começou a rir. – Desculpe, não resisti à sua cara, filha. Sua mãe está te criando direitinho, não é?

Segurei sua mão novamente. – Não tenho do que me queixar.

Ele balançou a cabeça de um lado para o outro. – Deixe sua tia Alice saber dessa conversa... Mal posso esperar para contar à ela.

Tirando esta brincadeira sem graça, minha tarde com o papai foi incrível. Escolhemos presentes para todos, compramos algumas roupas para mim e eu fiz um lanche enquanto meu pai foi escolher o que dar para a mamãe. Eu acho que ele já sabia o que ia comprar porque quando eu percebi ele já estava sentando ao meu lado na Praça de Alimentação.

- O que você comprou? – perguntei curiosa.

- Ah, isso você só vai saber depois que eu der à mamãe.

- Você vai fazer isso comigo, pai? – eu não podia acreditar.

- Acredite, eu vou. Mas você não vai ter que esperar tanto. Só mais um ou dois dias.

Depois do Shopping, fomos buscar minha mãe no trabalho. Buscar não era a palavra correta, já que ela foi com seu próprio carro e nos seguiria de volta para casa. Ficamos dentro do carro estacionado no meio-fio.

- Por que você não a trouxe para o trabalho esta manhã?

Meu pai me olhou, provavelmente procurando as palavras adequadas, já que demorou mais que o normal para me responder.

- Por que? Hummm, talvez ela tenha saído um pouco brava.

Por que era tão difícil que eles se entendessem de uma vez? Que droga! Pareciam duas crianças.

- Desculpe – meu pai disse, constrangido. – Há certas coisas que ainda são complicadas para nós dois. Mas eu vou tentar consertar isso mais tarde.

- Não precisa me falar sobre isso, pai. – Que nojo!

- Não, filha. Estou me referindo a conversar-

Antes que o papai terminasse, ele olhou de repente pelo retrovisor e ligou o carro. Segui seu olhar e vi que a minha mãe já estava atrás de nós, parada, e com uma cara séria. Talvez ela tivesse ouvido a nossa conversa. Bem, esta noite ia ser longa.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem!!!



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