Recomeço escrita por Rosa Scarcela


Capítulo 18
Medo. Insegurança. Confusão.




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Em questão de segundos, a respiração de Renesmee ficou pesada e profunda. Como eu já suspeitava, ela estava extremamente cansada. Nunca havia dormido tão tarde. Ela merecia um dia de folga do colégio para ficar com o papai.

- Vou adorar – Edward respondeu à minha ideia repentina. – Vou colocá-la na cama, amor.

Segurei seu braço, que já se preparava para pegá-la. – Não, deixa ela aqui mais um pouquinho.

Edward sorriu para mim e se encostou ao meu lado para admirar Renesmee junto comigo.

- Como pudemos fazer uma coisa tão perfeita como essa? – sabendo que a pergunta era retórica, respondi com outro questionamento.

- E você achava que não temos um lugar bom depois desta vida? Vendo este milagre – abaixei meu olhar para minha filha -, não sobra espaço para dúvidas, Edward.

Edward passava a ponta de seus dedos delicadamente no rosto de Renesmee, cada detalhe confirmava que ela era nossa. – Eu também achava que não podia amar ninguém tanto quanto eu amo você e Nessie está aqui para provar mais uma vez que eu estava enganado. – Ele nunca tirou os olhos dela.

Ficamos um bom tempo parados, fitando Renesmee. Porém, ela não estava confortável nos meus braços gelados e duros, então tivemos de levá-la para seu quarto.

Edward e eu fomos de mãos dadas para o quarto que passou a ser dele também. Só percebi que ele não desfez as três malas que trouxe de Forks quando entramos no quarto.

- Hummm... As malas fazem parte da decoração? – perguntei, com sarcasmo.

- Engraçadinha... – ele abriu meu sorriso favorito. – É que eu não sabia exatamente onde guardar as roupas. – Edward me puxou pela cintura e me posicionou em sua frente. – Podemos deixar isso para amanhã?

Ele me beijou com desejo. Afastou-se apenas por um segundo. – Pretendo estar ocupado pelo resto da noite. – Edward voltou a colar seus lábios e todo seu corpo junto a mim.

Já passava das cinco da manhã e permanecíamos deitados nus na grande cama de casal do meu – agora nosso – quarto. Deitada no peito do meu marido, sentia seus dedos brincarem com as minhas costas. Chamei sua atenção em pensamento. "Edward, quero falar com você".

Ele me olhou, mas não tinha cara de bons amigos. Edward nunca gostou de perder tempo conversando à noite. Ele preferia preencher as horas de outra maneira, mas eu não tinha tantas alternativas assim. Tinha responsabilidades em Seattle e trabalhava o dia todo me restando apenas à noite para resolver o que ficasse pendente. A conversa com meu marido era uma dessas coisas pendentes.

Tomei certa distância, apoiando minha cabeça sobre meu punho, em cima do travesseiro, e respirei fundo antes de começar.

- Senti várias vezes desde ontem que você está oscilando de humor. Está inseguro quanto a nós.

Edward encarava o teto.

- Por quê? Eu preciso saber o que você está pensando. Para mim, as coisas já estão bem explicadas, então se você está com alguma dificuldade, você tem que me dizer.

Edward não virou em minha direção.

- Estou um pouco confuso. – Eu queria que ele continuasse, então não o interrompi. – Acho que a palavra é medo... Medo que você tenha gostado de viver a sua vida... De viver por si só. Que você tenha gostado da sua liberdade. – Edward disse calmamente.

- Gostei muito mesmo de viver a minha vida, de ter liberdade e, principalmente, de saber que sou capaz. Foi realmente bom sair daquela bolha que eu vivia. Só que eu decidi que ter você comigo é o mais importante. – Tentei explicar da melhor maneira.

Ele ainda evitava meus olhos. – Você não vai sentir falta?

- Falta de quê, por exemplo? A única mudança é que eu tenho você comigo novamente.

Seu olhar especulativo virou-se em minha direção. – Falta de um homem mais maduro.

Eu sabia que o problema era esse. - Não vou negar que passei momentos muito agradáveis com o Robert, mas não se compara ao que já vivi com você.

- Por mais que eu tenha nascido há mais de 100 anos, há certas coisas que ele é mais experiente. Deve ter sido confortável-

- Você tem certeza que vai querer falar da minha vida sexual com outro cara? – o interrompi. Ele tinha que dizer tudo o que o estava perturbando - eu queria que ele falasse -, mas achava que ele seria mais cuidadoso em demonstrar o ciúme.

Edward se ajeitou na cama, enfim, ficando ao meu nível e me "enxergando". Ele pôs uma das mãos no meu rosto e contornou meus lábios com o polegar. – Deve ter sido bom... – ele analisou.

- Foi diferente, mas nunca chegou aos pés do que significa, para mim, fazer amor com você.

- Eu posso melhorar – agora ele divagava.

- Do que você está falando, Edward? Eu não trocaria uma noite de amor com você por mil com o Robert. Eu gosto de descobrir as coisas junto com você.

Edward fechou os olhos e me beijou, mas foi estranho desta vez. Ele sofria e deixou isso transparecer. Eu queria poder mudar seu humor completamente, mas eu não tinha a menor ideia por onde começar... Pelo jeito, a conversa não surtiu o efeito desejado.

Suspirei e levantei. Edward se assustou. – Onde você vai? – ele estava confuso.

- Tomar um banho. Vou sair para o trabalho daqui a pouco.

Em um salto, ele parou na minha frente. – Mas nem são sete horas ainda.

Sorri com sua urgência. – Eu tenho muito trabalho esta semana... E ontem sai mais cedo deixando tudo para trás. Tenho que compensar isso hoje.

Edward, lentamente, pegou minha mão e levou até seu rosto. Sentiu profundamente o aroma de meu punho, como fazia quando eu ainda era humana. – Fica mais um pouco – pediu.

- Não posso, meu amor.

- Então me convida para o banho.

Ri. – Aí que vou me atrasar. – Puxei minha mão, mas trouxe a sua junto até meus lábios. Beijei a palma e fui para o banheiro.

A água nas minhas costas era forte e quente. Confortante. Até que ouvi Edward falando comigo dentro do banheiro. Virei-me na direção de sua voz e o vi sentado em cima da tampa do assento sanitário.

- Desculpe, não resisti – e abriu um sorriso maroto.

Fiquei sem reação na hora. Eu realmente não esperava que ele fosse até o banheiro, mas se fosse, não esperava que ficasse apenas me olhando de longe.

- Posso entrar aí com você, se você quiser. – Eu esqueci que estava com meu escudo levantado.

- Amor, sabe o que eu estava pensando? - Edward puxou assunto.

Tive que fazer piada sobre isso. – Eu só bloqueio os pensamentos. A leitura deles é com você. - Terminei de tomar banho enquanto o ouvia.

- Vou mudar o sistema da mesada de Renesmee. Em vez de dar dinheiro a ela, vou abrir uma conta bancária separada e lhe dar um cartão.

- Eu concordo desde que você não aumente o valor. Nessie ainda é uma criança para ter acesso ilimitado a dinheiro.

- Mas ela é uma Cullen. E nós temos acesso ilimitado a dinheiro.

Enrolei toalha no corpo e fui até ele.

– Prefiro sem. – Edward observou, levantando-se e apontando para a toalha.

- Sei disso. – Ri.

Continuei com minhas justificativas. – Acontece que Renesmee também é uma Swan e para os Swan dinheiro nunca caiu do céu. Ela precisa aprender o valor do dinheiro.

- Não é a realidade dela... – Edward tentou me convencer.

- Mas é do mundo que ela vive. Portanto, se eu souber que você liberou os gastos de Nessie eu vou brigar com você.

Edward estreitou os olhos me encarando. – Você está bem mais séria.

- Madura seria a palavra correta. Você sabe que não precisa disso para que ela te ame. Às vezes eu até acho que ela prefere você à mim.

- Você acha que estou tentando comprar o amor de Renesmee?

- Não foi o que eu disse.

- Mas foi o que pareceu.

Edward me deu às costas e saiu do banheiro. Eu o interceptei antes que ele saísse do quarto.

- Edward, isso pode ser fácil ou difícil e só vai depender de você. Você está se comportando como uma criança. – Me lembrei da hora. – Não adiantou nada a conversa que tivemos à noite, não foi? Eu realmente preciso trabalhar, mas eu quero voltar a falar com você sobre isso mais tarde.

Ele saiu do quarto enquanto eu me troquei. Não o vi mais até o momento em que sai para o trabalho. Percebi que Edward me observava pela janela da sala. Não restava mais nada que eu pudesse fazer naquele momento.


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