Recomeço escrita por Rosa Scarcela


Capítulo 11
Eles ainda tinham muito para conversar




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A próxima lembrança que guardei foi quando alguém – provavelmente minha mãe -, me deitou no banco de trás da Ferrari. Eu consegui ver que meu pai estava ao volante, segurando uma das mãos da minha mãe junto à dele – os dedos entrelaçados.

Já devíamos ter chegado a Seattle, porque o carro não estava mais em movimento. Estávamos estacionados. Minha mãe mantinha seu escudo em mim. Deve ter sido por isso que ninguém notou que eu acordei. Vi que o papai e a mamãe se beijavam dentro do carro, mas esse não era o tipo de coisa que eu queria guardar na minha mente. Virei de lado e voltei a dormir.

Os primeiros reflexos da claridade já invadiam o meu quarto. Estava na hora de acordar para ir ao colégio. Permaneci deitada por vários minutos esperando que minha mãe viesse me lembrar da hora, mas ela não apareceu. Prestei atenção em busca de algum barulho que mostrasse que meu pai ainda estivesse conosco. Ouvi uma conversa que eles estavam tendo.

- Eu te amo – meu pai sussurrou. - Volta para casa, volta para mim, amor.

- Aqui é minha casa agora, Edward.

- Por favor... Preciso de você, Bella – ele insistia.

- Edward, - e de repente eu sabia o que ela ia dizer – eu conheci alguém.

- Eu sei.

- Ele é vampiro.

- Sei disso também. – ele estava bem calmo. Impressionante.

- Você não se importa? – ela especulou.

- Nem posso imaginar você com outro, mas eu tenho certeza que você vai me amar para sempre.

- Assim como você. E você está disposto a passar por cima disso?

- Definitivamente – disse, decidido.

Os dois se beijaram. Eca!

Logo o beijo parou e a conversa continuou. Tinha amargura na voz da minha mãe. - Mas eu não estou. Realmente, vou te amar para sempre, mas ainda não pude te perdoar.

- E porque estamos aqui, agora? – o tom da voz do meu pai soava prepotente. – Por que dissemos tudo aquilo à Nessie ontem à noite?

- Quer que eu peça para você ir embora?

- Quero que você peça para eu ficar – meu pai falou muito baixo.

- E depois, Edward? – ela esperou poucos segundos. - Você virá quando quiser sexo?

Ops, acho que eu não devia ter ouvido isso.

- É claro que não! – falou ofendido. – Eu não quero ter que ir. Quero voltar a ser o seu marido.

- Você viria morar aqui?

- Se você pedir, com certeza.

Alguns segundos de silêncio e então meu pai apareceu na minha porta. Eu pulei da cama com o susto.

- Você vai se atrasar para a escola... – sua voz era tão carinhosa.

- Desculpe – falei constrangida.

Ele apenas sorriu.

- Você vai me levar para a escola hoje? – perguntei, com esperanças.

- Pode ser. – O papai me deu às costas e foi saindo do meu quarto. Reparei que ele, novamente, estava sem camisa. Pelo menos ele tinha uma reserva desta vez. Mas o que eles decidiram, afinal? Bem que eles poderiam ter continuado a conversa.

Minha mãe já me esperava na mesa, junto ao meu pai. Eles pareciam ter se acertado, mas eu estava com uma sensação estranha quando os vi sentados bem próximos, com meu pai com os braços em volta da cintura da minha mãe e beijando seu pescoço.

- Bom dia – desejei.

- Bom dia, dorminhoca – a mamãe sorriu.

Me sentei sem vontade alguma de comer... Eu só queria saber o que eles tinham decidido.

- Bom dia, linda – o papai completou. – Agora, por favor, Bella, você pode tirar seu escudo de Renesmee?

Ela riu. De repente, o papai girou o rosto em direção à mamãe, de olhos arregalados. Ela estava tranquila. Tinha um leve sorriso no rosto, mas desviou seu olhar em minha direção.

- Não vai comer?

"Pai, você já pode me ouvir?" - perguntei em silêncio. E mesmo que ele tivesse virado o rosto em minha direção, seus olhos ainda focavam a minha mãe. "Pai!" – praticamente gritei.

Finalmente ganhei sua atenção. "Você vai ser honesto comigo? Vai dizer o que a mamãe decidiu?"

Antes de começar a falar, meu pai olhou de volta para minha mãe e em seguida para mim.

- Vou ficar aqui com vocês por um tempo. – Ele pegou a minha mão e eu a puxei de volta. Estava realmente chateada. Um tempo? Era só o que eu teria? Olhei para longe deles. Senti que minhas lágrimas iam cair a qualquer momento.

- Filha? – não respondi. – Renesmee? Tudo bem se agora você quiser me ignorar. Isso pode ser um monólogo, mas eu acho que você deveria prestar atenção... Eu prestaria...

Tudo bem, eu estava ouvindo, mas ela não precisava saber. O papai contaria para ela depois... Ele sempre contava tudo para ela.

- O papai vai ficar por tempo indeterminado, Renesmee. Você que não deixou que ele terminasse.

A encarei. Esperava mais informações.

- Nós conversamos bastante. Talvez tenhamos resolvido a maioria dos problemas – meu pai estava explicando -, então eu ainda vou ficar aqui por tempo indeterminado, como a mamãe disse.

- Vocês estão falando sério? – eu ainda estava em dúvidas.

- Podemos esconder uma ou outra coisa, mas jamais mentimos, filha.

Lentamente me levantei, dei a volta em torno da mesa e os abracei juntos. Parecia que minha ficha ainda não tinha caído, porque imagino que eu deveria me sentir diferente com esta notícia tão boa.


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