Uma semana tinha se passado e não houve mais contato do meu vilão particular. O bilhete que recebi no dia do show estava bem guardado em meu closet, quase o perdi no dia em que dormi com Edward num chalé em Douglas, pois em nossa ânsia de ficarmos despidos eu me esqueci de tudo, inclusive do bilhete, minha sorte foi que na hora de ir embora eu me arrumei primeiro e acabei encontrando o bilhete em baixo de meu short que estava jogado no chão, foi muita sorte pois Edward tinha acordado primeiro e tinha trago o café da manhã para mim na cama.

Eu realmente não tinha conseguido terminar o noivado com Edward, não podia decepcioná-lo depois da noite que tivemos, seria arrancar meu coração ter que partir o dele. Eu estava levando a situação com a barriga, e não tinha idéia do que fazer, a não ser ir embora, mas pelo menos por enquanto eu não podia, então só me restava continuar preparando meu casamento e ter esperança que até lá tudo estivesse resolvido mesmo sem minha interferência.

Na terça feira Alice tinha vindo me buscar para escolher meu vestido, ao chegar no local foi impossível não esquecer todos os meus tormentos e me empolgar com a quantidade de vestidos lindos que estavam disponíveis. Foi muito difícil a escolha, mas optei por um modelo tomara que caia com uma longa calda todo trançado nas costas, ela lindíssimo com bordados finos e pouco brilho já que no horário da cerimônia, às seis da tarde ainda estaria dia claro e provavelmente bem quente e iluminado, pois assim é Tucson.

O espaço na fazenda dos pais de Edward também já estava sendo preparado para que fosse montado o pequeno altar com cadeiras e tudo mais que precisasse para a celebração, ainda faltava muitas coisas, mas com certeza tudo ia acontecer dentro do prazo previsto.

Angela tinha me ligado avisando que não poderia vir a Tucson o que me deixou triste, pois eu queria muito que fosse ela a trabalhar aqui então Edward me enviou uma antiga colega dele para que eu a entrevistasse além dela eu entrevistaria um rapaz que iria ficar no lugar de George, que por enquanto estava sendo ocupado por Sam, o que sobrecarregava ele, pois tinha outras funções a desempenhar no Rancho.

- Boa tarde doutora Swan. – disse uma voz feminina me tirando da abstração, eu estava sentada na escrivaninha do escritório que ficava dentro do estábulo, me virei e dei de cara com uma bela ruiva.

- Boa tarde. Em que posso ajudá-la? – olhei a mulher de cima a baixo, ela era realmente linda, alta e magra como uma modelo, seus cabelos vermelhos brilhavam tanto quanto seus olhos azuis.

- Sou Victória Mathews, Edward me indicou ao cargo temporário de veterinária. – oh sim, ela era a amiguinha de Edward, bom nós teríamos uma conversar muito séria sobre isso depois. E sim eu estou mordida de ciúmes.

- Sim claro, por favor, sente-se. – eu procurei usar meu tom mais simpático, ela se sentou graciosamente e eu odiei aquele sorrisinho simpático que ela dava para mim. É o ciúme estava me corroendo mesmo.

Tive que admitir depois da entrevista que a moça era realmente excelente e estava disposta a trabalhar somente o período que necessitávamos o que não me deixava nenhuma outra opção a não ser contratá-la. Conversamos sobre várias coisas e até achei ela bem legal, tirando o fato se ser divorciada. Ela iniciaria na semana seguinte para ir treinando a rotina dos atendimentos comigo, meu problema seria quando ela começasse a treinar os atendimentos com Edward.

Logo depois que a senhorita Mathews foi embora, eu recebi o senhor Riley Biers, que estava interessado em ficar no lugar de George cuidando dos cavalos, ele vinha indicado por meu futuro sogro Carlisle, era filho de um dos seus funcionários  e tinha acabado de voltar do México trazendo consigo a namorada grávida e como além do cargo eu também oferecia casa ele achou que seria perfeito, pois precisava se mudar com a garota que não tinha onde morar e ambos estavam morando com a família Biers.

Andei com Riley pela fazenda mostrando e apresentando ele a todos que eu encontrava, o levei a casa que seria dele para morar e ele ficou satisfeito com tudo. Já era fim de tarde quando estávamos nos aproximando da sede rindo e conversando, pois ele era muito divertido e eu tinha gostado muito dele além de simpatizar por seus problemas. Eu estava me segurando em seu braço, andando de forma cambaleante por estarmos ambos rindo muito de uma piada quando ouvimos alguém pigarrear.

Levantei os olhos e dei de cara com Edward, que pela expressão fácil que mostrava, não tinha gostado nada da intimidade que eu e Riley demonstrávamos. Para quem olhasse de fora como ele acharia que tínhamos uma amizade de longa data e não que nos conhecíamos há apenas algumas horas. Mas com certeza nos olhos dele o que pareceu foi que eu estava dando mole para o rapaz que ele nem conhece e que agora provavelmente nem vai querer conhecer. Coloquei meu melhor sorriso e fui em sua direção.

- Oi amor. – deu abraço nele e levantei o rosto para beijá-lo, ele abaixou o rosto e me deu um beijo rápido e com má vontade – Esse daqui é o Riley Biers, seu pai o indicou para vir trabalhar aqui no lugar de George.

- Edward Cullen, noivo da doutora Swan. – ele apertou a mão de Riley com o que eu percebi um pouco mais de força do que o necessário revirei os olhos para as palavras de dele, sério, precisava falar desse jeito.

- Prazer senhor Cullen. – entendi que Riley percebeu a animosidade de Edward – Bom doutora Swan, muito obrigada por tudo, segunda feira eu venho para começar a aprender o serviço.

- Obrigada Riley, até segunda então. – ele se despediu e caminhou em direção ao estacionamento. Olhei para Edward e ele observava Riley com um pouco de raiva.

- Edward, você poderia ter sido mais gentil com ele, afinal os pais dele trabalham para sua família há anos. – ele virou o rosto para mim e me olhou com raiva, fiquei atônita com sua expressão.

- Gentil igual a você estava sendo? – sua voz era fria e cortante como uma lâmina – Apesar de que para mim pareceu muito mais que gentileza, pareceu...

-Pense muito bem no que vai falar Edward. – apontei o dedo para ele, eu estava irritadíssima.

- Acho melhor não falar nada, acho que eu nem devia ter vindo até aqui, já vi que não faço falta para você. Quem sou eu? Ninguém além do noivo idiota. – e se virou com a intenção de me deixar sozinha, o que me deixou mais irritada. Corri para alcançá-lo e segurei seu braço.

- Você vai me ouvir Edward, eu não estava fazendo nada demais e eu não vou admitir que me trate como se eu fosse uma qualquer, porque não sou, eu sou sua noiva e mereço ser respeitada. – eu disse num fôlego só, eu tremia de raiva e meus olhos já estavam ligeiramente molhados.

- Poxa Bella, você sabe que eu não gosto de ver você toda risonha para esses caras. – disse ele cruzando os braços, se livrando da minha mão.

- Eu estava conversando com ele, que vai vir trabalhar e morar aqui também, junto da namorada que está grávida e eu não vou deixar de falar com as pessoas porque você não consegue confiar na sua futura esposa. Não vou tolerar esse tipo de comentário desdenhoso da sua parte, muito menos se eles se referirem aos funcionários do Rancho, uma vez que se vamos morar aqui juntos os funcionários serão nossos. – respirei fundo e comecei a chorar – Se for para continuar desse jeito Edward, eu acho melhor acabar aqui mesmo.

Levei meus dedos ao anel de noivado com a intenção de tirá-lo, eu estava muito irritada e chateada, eu entendia o ciúme dele, mas acho que com tudo que estava acontecendo eu estava mais vulnerável e me precipitei, eu acho, rapidamente Edward segurou minha mão, seus dedos fazendo pressão suficiente para que eu prestasse atenção nele, seus olhos estavam atentos em mim e vi um certo desespero neles.

- Não, por favor, não faz isso. Me desculpa amor. – ele me puxou para seus braços e pela primeira vez eu não fique feliz em estar ali.

- Você faz essa cena toda Edward, mas o que me diz da sua amiguinha Victória? Eu a conheci hoje e a contratei para trabalhar. Eu não fiz cena alguma com ela, não tentei te envergonhar. – senti ele ficar rígido e me afastei dele.

- Já dormiu com ela não foi? – ele desviou os olhos dos meus e isso foi o suficiente para mim, a resposta era sim. – Como teve a coragem de mandar sua ex-amante vir trabalhar aqui?

- Bella, por favor, isso não tem nada haver agora, já faz muito tempo e hoje ela já é casada e somente aconteceu uma única vez, eu estava bêbado e ela também, mas depois só houve amizade entre nós, eu juro. – seu olhar era suplicante, mas eu estava com mais raiva agora. Era demais para mim saber que ele estava fazendo cena com Riley sendo que mandou sua ex para trabalhar conosco.

- Ótimo. Tenha uma boa noite Edward, amanhã nos falamos e só para sua informação Victória agora é divorciada. – me virei e sai caminhando rumo a entrada de casa, ouvi os passos de Edward me seguindo, então quando cheguei a escada me virei.

- Eu disse boa noite Edward, não tenho mais nada para falar com você hoje. Por gentileza, vá embora.

- Bella, me desculpa, eu imploro. Fala comigo, não me manda embora, por favor. – seu semblante era desespero puro e eu me senti mal por fazê-lo sofrer, mas estava chateada não queria mais conversar.

- Amanhã Edward, eu não quero me arrepender de nada então eu acho melhor nós dois esfriarmos a cabeça e nos falamos amanhã. – me virei com o intuito de subir as escada e entrar, ele segurou minha mão e me puxou para seus braços. Comecei a chorar.

- Pelo amor de Deus Bella fica comigo, eu não vou embora e deixar a situação assim. Me perdoa, me perdoa. – ele chorava e beijava meu cabelo desesperado, me apertando como se eu pudesse escorrer por seus dedos como se fosse areia.

- Me solta Edward, vai embora daqui. – tentei me desvencilhar novamente do seu abraço, ele me segurou mais forte.

- Eu sei que muitas vezes me comporto mal com você, que você não merece nada disso, mas tente entender meu lado, eu não consigo imaginar um homem olhar para você e não sentir desejo e não te querer. Eu mesmo não consigo, meu desejo por você é incontrolável. Me perdoa vai, eu te amo tanto.

Fiquei ali por um tempo presa em seu abraço, respirei fundo e senti aquele perfume delicioso que ele tem e que me deixava louca, embriagada, logo comecei a amolecer em seus braços e declinar em minha decisão de não falar com ele. Levantei o rosto e olhei em seus olhos, onde grossas lágrimas escorriam por sua bochecha, seu nariz estava vermelho e inchado e ele dava pequenos soluços, essa visão cortou meu coração.

- Vem vamos entrar meus pais não estão aqui, devem ter ido ao shopping. – peguei sua mão e o guiei para dentro, subimos e entramos no meu quarto. Ele sentou em minha cama e eu sentei ao seu lado. Ele ainda soluçava um pouco e isso me fez chorar mais ainda, era tão ruim essa sensação, eu me sentia muito mal por ter causado sofrimento a ele, ainda mais sabendo o quanto Edward é apegado demais a mim, não que eu também não seja, mas eu sinto que confio mais nele do que ele em mim. Sou mais segura em relação a nós dois.

Me levantei para tomar um banho, ainda estava com avental, pois tinha ficado o dia todo trabalhando. Fui até meu closet, peguei um pijama para mim e um para Edward, voltei para perto da cama e deixar a roupa para ele vestir, eu tinha certeza que ele iria dormir aqui comigo.

- Vou tomar um banho, pois como pode ver estou com roupa de trabalho, quando eu voltar nós conversaremos, se quiser pode se trocar tem esse pijama aqui para você. – coloquei as peças de roupas ao seu lado, ele apenas acenou com a cabeça, mas não me olhou. – Tem lenços nessa gaveta do seu lado, pode pegar. – novamente ele só balançou a cabeça e em seguida deu uma fungada, então eu achei melhor sair, pois percebi que ele estava um pouco constrangido de chorar assim na minha frente.

Entrei no banho triste e fiquei pensado em nossa situação. Nós não podíamos ficar brigando desse jeito, cada vez que um magoasse o outro ambos ficaríamos mais fracos e ficando fracos seria muito difícil lutar e atravessar os obstáculos que se ergueriam diante de nós. Já não bastava as ameaças a mim para me encher a cabeça eu não podia deixar mais nada me tirar do equilíbrio.

Não, eu não podia deixar que briguinhas tolas destruíssem nosso relacionamento, nós tínhamos que ser mais fortes que isso. Éramos maduros e tínhamos amor demais um pelo outro, o que compensava essas crises ridículas, não que eu também não morresse de ciúmes dele, apenas me controlava melhor, então cabia a mim ajudá-lo a se controlar, afinal eu sou sua futura esposa.

Sim eu continuaria com Edward, independente das ameaças, eu tinha fé que no final tudo ia dar certo, não sucumbiria aos desejos dele, eu disse não uma vez, poderia dizer novamente. No momento eu que poderia dar mais então daria, ou seja, eu estava mais controlada, eu ia resolver essa diferença. Tenho fé em Edward e acredito que ele tenha fé em mim. Sei que ainda teremos várias brigas, sei que nada será mar de rosas, mas também sei que podemos passar por tudo. Juntos.

Sai do chuveiro renovada, eu tinha decido o que ia fazer. Coloquei meu pijama, penteei os cabelos e fui para o quarto. Edward estava deitado em minha cama, sem camisa com os braços cruzados embaixo da cabeça, seus olhos estavam fechados. Devagar subi na cama e entrei debaixo das cobertas, ele continuou imóvel, deitei sobre seu peito quente, ouvindo as batidas do seu coração, sentido o ritmo calmo de sua respiração que fazia seu torax subir e descer. Ele não estava dormindo.

- Eu sei que não está dormindo. Quer conversar agora? – sua respiração saiu do ritmo um pouquinho, ele deu um leve suspiro e continuou em silêncio. – Só para saber, eu não estou chateada nem nada.

- Eu nem sei o que dizer princesa.

- Então eu vou falar. – respirei fundo – Sabe Edward, você é tudo na minha vida, eu só quero você e só tenho olhos para você, eu entendo seu ciúme e vou procurar não provocá-lo em você, mas só quero deixar uma coisa bem clara. Nós não podemos nos dar ao luxo de brigar por coisas assim.  – respirei fundo de novo – eu fico magoada, você também e isso é muito ruim. Sei que essa não é nossa última briga, mas eu quero sua colaboração, eu te levanto quando cair e você me levanta quando eu cair. Combinado?

Edward, olhou para mim, seu rosto mostrava um pouco de sofrimento, mas também um pouco de felicidade pois ele tinha compreendido minhas palavras. Ele me dava razão com certeza.

- O que seria da minha vida sem você princesa? Obrigado por não desistir de mim. Eu amo você, eu faço um monte de besteiras, mas eu amo você demais. – me abraçou apertado e me beijou, e esse foi apenas o primeiro beijo para fazer as pazes, muitos mais vieram depois e nossas roupas se foram. Em seguida praticamos uma coisa que fazíamos muito bem juntos e que é uma delicia fazer depois de brigar. Fizemos amor com muita paixão e luxuria, a entrega foi total.

As palavras já não eram mais necessárias, mas eu tinha certeza que ainda íamos passar por muitos problemas. O bom sobre isso era que eu tinha Edward e ele tinha a mim. Independente do que viesse eu estaria preparada e sabia que tinha o apoio dele. Uma andorinha sozinha não faz verão, assim como uma Bella sem Edward não é completa ou um Edward sem a Bella.

Eu tinha que fazer. Eu vou fazer valer.

Continua...