Justin POV

- Cadê o Sean e a Marcela? - perguntei

- Eles não estão aqui? A gente demorou tanto assim pela escada? – Melissa respondeu

- Não, a gente foi rapidinho. Eu não subo lá de novo, não.

- Liga pra eles, então. – ela sugeriu

- Ok.

Pequei meu telefone e disquei o número do Sean. Fora da área de cobertura.

- Eu estou com um mau pressentimento. Você conseguiu falar com ele? – ela me perguntou

- Não.

- Tenta a Marcela.

Liguei e nada.

- Nada também.

- Será que eles ficaram presos no elevador?

Desde que o Sean e Marcela se viram, não pararam de brigar. Os dois presos juntos num espaço pequeno seria hilário. E um pouco claustrofóbico.

- Eu espero que sim.

- Que maldade, Justin. Imagina aquela sensação de ficar preso num espaço sem saída? – ela tremeu com a idéia

- Pensa comigo, os dois, que não estão se dando bem desde que chegaram aqui. E antes eram só amor. Foi só ele dizer que não era namoro, que era só pegação pra ela resolver ficar grossa com ele. Eu achei ela uma vaca por ter feito isso, mas isso não vem ao caso. Os dois vão ter que ficar lá por um tempo. Eles vão acabar se acertando. – eu expliquei

-É... – ela suspirou – E que papo é esse de falar que a minha amiga é uma vaca? O Sean deu motivo. Eles ficaram de mimimi, e ele iludiu ela. Ele disse que gostava muito dela, e chega aqui “a gente só tá se pegando”? Isso sim é ridículo. Ela faz isso quando está de coração partido. Ela o ama. Disso você pode ter certeza.

- Você vai MESMO brigar comigo por causa disso? – falei, rindo

- Não. Só quero que você entenda.

- Tá, vamos ver se eu entendi... Ela tem um jeito diferente de demonstrar amor, é isso?

- É.

- Ainda bem que você é a minha namorada.

- Eu também acho.

Eu ri. Eu já disse que a minha namorada é uma fofa?

- Vem , vamos ver se o pessoal já está na mesa do café da manhã. – peguei sua mãe e a puxei, mas ela ficou parada

- Sua mãe... ela já sabe?

Na hora eu soube que ela estava falando das fotos.

- Sabe, ela veio falar comigo.

- Ela ficou brava comigo. “Você é um irresponsável” – imitei a voz da minha mãe – E aí ela começou com um papo constrangedor de “Vocês estão usando camisinha” e essas coisas.

- Mas você disse que a gente não fez nada, não disse?

- Disse. Ela acreditou. Agora, relaxa. Você está muito tensa. – falei ficando atrás dela e apertando de leve seus ombros

Ela não relaxou.

- Relaxa, Melissa!

- Tá, eu vou tentar.

Ela abaixou os ombros e fechou os olhos.

- Você é um bom massagista.

- Obrigada. – eu sorri – Já que eu sou um bom massagista, eu acho que deveria ganhar uma recompensa.

- Tem razão. – ela se virou e me deu um beijo no rosto – Agora vem logo.

Ela me puxou até o restaurante do hotel, que estava praticamente vazio, se não fosse pela minha equipe sentada em uma mesa enorme.

- Bom dia. – eu falei

- Bom dia, Justin. – eles responderam

- Bom dia, gente.

- Melissa, que saudade. – alguns falaram, e se aproximaram para abraçá-la

Nos sentamos do lado de Ethan e Jason, que estavam falando sobre os passos de dança que saíram errado no último show.

- Melissa, faz tempo que a gente não te vê por aqui. – Jason disse

- É, eu dei um tempo. Mas eu fiquei com saudades de vocês, eu tenho que admitir.

- Ela ficou com mais saudades de mim, haha. – Jason provocou Ethan

- Não ficou não. Ela me acha mais legal, e sentiu mais a minha falta. – Ethan respondeu, enfiando uma colherada de cereais na boca – Diz pra ele que você sentiu mais a minha falta, Meel.

- Melissa, fala pra ele que você sentiu mais a MINHA falta. – Jason falou

- Vocês dois, dá pra parar? Ela sentiu mais a MINHA falta. – Scooter interrompeu uma possível discussão entre eles

- Não vale você, tem que ser um de nós dois. – Jason berrou – Vai, me diz aí Meel, de quem sentiu mais falta?

Eu fiquei na minha, brincando com duas mechas de seu cabelo que não queriam ficar no lugar. Eu estava pensando no que aconteceu na Austrália. Como eu iria falar pra Melissa que eu engravidei a fã? Ela ia me matar.

- Justin, você não vai me dar uma ajudinha aqui? Eu estou com problemas. – ela sussurrou e se virou pra mim

Ela deve ter visto que eu estava brisando, porque se virou novamente e me deixou sozinho com meus pensamentos.

Melissa POV

- Justin, você não vai me dar uma ajudinha aqui? Eu estou com problemas. – eu disse baixinho, olhando pra ele

Ele estava com um olhar vazio, como se estivesse com a cabeça em outro lugar. Como ele ficou assim, do nada, eu não sei, mas resolvi deixar ele ali.

- Eu gosto dos dois do mesmo jeito. Vocês são tipo os meus irmãos mais velhos.

- É, você só fala isso porque a gente te adotou como irmã, lembra? Você não teve escolha. – Ethan disse

- Eu lembro. Me lembro muito bem.

- E qual dos seus irmãos você gosta mais?

- Dos dois.

- Ela fala isso, pra não te deixar triste, Jason. Ela me prefere.

- Não, ela disse isso porque não quer te ver triste. Eu sou o favorito.

- Eu sou o favorito, pronto. – Scooter resolveu entrar na brincadeira

- Você não acha que está muito velho pra isso? Pra ficar brincando com os meninos? – Pattie o repreendeu sentando na mesa com um prato de frutas

- Eu sou uma criança eterna.

- É, eu tô sabendo.

Cutuquei Justin, fazendo-o despertar.

- Oi? – ele disse

- Você não vai comer nada? Vem fazer o prato comigo.

- Vou sim.

Ele se levantou e veio atrás de mim.

- O que você tem? A gente tava de boa, e do nada, você ficou quieto. – perguntei me aproximando de uma cesta de pães

- Eu? Eu não tenho nada, eu só estou... pensativo.

- Mas assim, do nada?

- É, eu fiquei com esse treco da Marcela e do Sean na cabeça.

- Huuum...

Quem acreditou nessa levanta a mão.

- Sabe o que a gente podia fazer? – ele falou, depois de um tempo em silêncio

- O que?

- A gente podia ir pro Canadá depois daqui. Ver meu pai, minha irmã, meus amigos... O que você acha?

- Por mim, eu ia agora mesmo. Faz tempo que eu não vejo eles. Mas eu tenho aula, Justin. E tem a minha família. Eu larguei todos lá no Brasil pra vir pra cá. E também estou com saudades deles. E também tem meus outros amigos. Eu larguei até a Juliana pra vir. Por isso que a Marcela veio. Eu quero muito ir pro Canadá, mas acho que fica pra depois.

- Você fez tudo isso por mim? Nossa, eu sou um péssimo namorado. Nem uma aliança eu comprei pra você.

- Justin, a gente reatou ontem.

- Mesmo assim... Não muda o fato de eu ser o pior namorado da face da Terra. Você largou sua família pra vir até aqui. Sua família! Você faz muito por mim, e eu não te recompenso do jeito certo. Eu faço tudo errado.

- Você recompensa sim, Jus. – me aproximei dele, que estava na mesa de sucos e baguncei seu cabelo – Não se preocupa.

Ele não sorriu.

Eu já falei como esse menino é teimoso? Credo.

Jessica entrou correndo no restaurante, com Jasmine atrás dela.

- Bom dia! – elas falaram pro pessoal da mesa, e correndo em nossa direção

- A Marcela e o Sean estão presos no elevador. – Jess gritou

- Sério?

- Ahaam. A Marcela tá berrando de lá. A gente conseguiu ouvir tudo. Eles estão entre o 7º andar e o 6º.

- A gente tem que fazer alguma coisa. A Marcela é meio claustrofóbica. E ela e O Sean não estão se dando muito bem.

- Deixa eles lá pra se acertarem, ué. – Jasmine disse

- Eu concordo. -  Justin, que estava mudo até agora, falou – Deixa eles de castigo um pouco.

- Justin, ela é claustrofóbica, e não gosta muito de  elevadores. Você sabe o que é isso. Ia achar muito legal se a gente resolvesse deixar você de castigo, preso lá, né? – falei, um pouco irritada

Ele ficou parado, me olhando por um tempo sem reação.

- Tem razão. Vocês já falaram pra alguém do hotel?

- Ainda não. – Jess falou

- Então vamos. – ele me puxou

Marcela POV

- SOCORROOOO! HELP ME! – eu berrava

Sean estava sentado no chão do elevador, me olhando.

- JESSICA! VOCÊ VOLTOU?

- Marcela, ela não está aí. A gente vai ficar um pouco mais aqui. Dá pra sentar e ficar quietinha?

- NÃO! ISSO É TUDO SUA CULPA!

- Quer parar de gritar?

- NÃO. AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA.

Eu resolvi gritar o mais alto que eu conseguia.

E eu consegui o que eu queria. Eu acho.

Ele se aproximou e me beijou. Ele começou meio violento, porque queria que eu calasse a boca, mas depois foi ficando mais calmo. Eu não recusei, deixei ele me beijar. Sean segurou na minha cintura, me inclinando um pouco e enroscando seus dedos nos meus cachos. Ele até que beijava bem, vai...

Eu estava em um transe ou alguma coisa, porque eu não fiz nada. Até eu abrir meus olhos.

- TARADOOOOOOOOOO! AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA.

- Há um segundo atrás você estava gostando, shawty.

- CALA A BOCA – dei um soco no seu braço

Ele esfregou onde eu bati.

- Isso doeu.

- Claro que doeu. Você acha que eu sou fraca?

- Eu não estava falando do soco.

O elevador começou a descer.

Eu não comemorei. Eu queria mais alguns minutos pra concertar a merda que eu fiz. Eu machuquei os sentimentos do menino que eu amo.

As portas se abriram e Sean saiu sem falar com Justin, Jessica, Melissa e Jasmine que estavam nos esperando.

- Tá, o que foi isso? Eu achei que vocês sairiam se beijando... – Jessica disse

Minha vista começou a ficar embaçada.

- Marcela, o que aconteceu? – Melissa perguntou, assustada

Até Jasmine parecia preocupada. Mas eu acho que ela queria saber da fofoca pra poder espalhar.

Jess me puxou pra fora do elevador e me colocou sentada na escada.

- O que aconteceu?

- Eu sou uma idiota.

- O que você fez?

Subi as escadas chorando. Eu não estava com humor pra fazer piadinhas ou trocadilhos. Eu queria morrer.

- Não venham atrás de mim. – falei

Melissa POV

Sabe quando você tem que se segurar muito pra não fazer uma coisa? Pois é. Eu não me segurei não. Quem fez isso foi o Justin, que quando eu resolvi subir atrás da Marcela segurou meu braço.

- Deixa ela, ok? Eles estão com problemas. Mas eles podem resolver sem a gente. – ele deu um meio sorriso – Vemcá, honeey. A gente tem que tomar café ainda.

Nós 4 fomos tomar então o bendito café.

Foi como eu não gostaria que fosse: Justin distante, não falou nada. Todas as vezes que eu falava alguma coisa, ele me respondia com monossílabos.

Ótimo. Todos foram para seus quartos para terminarem de se arrumar. Pattie, Justin, Scooter e eu ficamos por último.

- Você quer vir com a gente na entrevista, Melissa? – Scott perguntou

- Eu... – olhei pro Justin que fitava o chão - ...prefiro não ir. A Marcela está com uns problemas, e eu quero ficar pra servir de “ombro amigo”.

- O que aconteceu? Ela está bem? – Pattie perguntou, perocupada

- Ela brigou com o Sean. E dessa vez parece que é sério. Bom, vocês precisam ir, certo?

- É, nós estamos atrasados. – Scooter apontou pro relógio, na frente do Justin

- Eu vou lá em cima pegar umas coisas. Eu já volto – ele me puxou pras escadas

- OLHA O ATRASO, JUSTIN DREW BIEBER! – Scooter gritou

- Para de ser uma criança, Scott --‘   - Pattie o repreendeu mais um vez, como no restaurante

Justin estava com pressa, fui subindo de dois em dois degraus e me puxando.

Antes que eu perguntasse o porque de ir pelas escadas, como se ele soubesse, disse:

- Precaução. Eu ia amar ficar preso no elevador com você se não fosse por essa entrevista.

Eu ri.

- Você não gostaria de ir um pouco mais devagar? Certas pessoas são sedentárias, tipo eu.

- Você quer que eu te carregue?

- Você me carregaria?

Ele nem respondeu, me pegou no colo e começou a subir correndo.

- Você quer me matar? – dei risada

- Para de ser fresca, shawty. Você é levinha, não é difícil te carregar.

Outra coisa sobre o Bieber que vocês não sabem ainda. Ele é meio bipolar. Uma hora está meio bravo com você, e na outra está te carregando, rindo.

Chegamos no nosso andar, e sua testa estava um pouco suada.

- Eu sou levinha? Tem certeza?

Ele riu, passou a mão pela minha cintura e fomos correndo até seu quarto.

- O que você veio pegar? – perguntei, enquanto ele fechava a porta

- Nada.

- Então o que a gente tá fazend... – ele me calou com um selinho

- Eu preciso falar com você.

- Eu também.

- Você primeiro.

Olhei pra ele confusa. Nos meus relacionamentos anteriores, o menino sempre preferia começar falando nas drs.

- É que tipo assim... você sabe que eu te amo e que quero que o nosso namoro dê certo.

- Você não quer voltar?

- Não, é claro que eu quero, Jus. Eu quero ficar com você pra sempre. Mas eu estou achando que você se culpa demais.

- Como assim?

- Hoje, no café da manhã, você estava distante. E quando eu disse que estava com saudade da minha família e amigos, e que larguei eles por você, você ficou “eu sou um péssimo namorado”. Eu deixei pra ver todo mundo depois, porque eu te amo, e senti que se eu não fizesse algo logo, te perderia. Não é sua culpa.

Silêncio.

- Eu não disse que eu sou um péssimo namorado por causa disso. Bom, na verdade foi, mas esse não é o principal motivo.

- Então porque você se acha um péssimo namorado?