Os dias que se seguiram foram um completo cansaço para Katharine.  Apesar de ela sentir muito sono de dia, a noite não conseguia dormir. Ficava rolando na cama a noite toda, procurando uma posição que ficasse confortável, e dormisse bem. Mas no mínimo conseguia dormir uma ou duas horas e depois o sol já estava levantando, e a garota tinha que ir para a escola.

Arrastava-se até o banheiro, tomava banho e vestia qual quer roupa que estivesse no armário.

Alex estava cada vez mais preocupado com sua garota. Ele tentava persuadi-la a ficar morando pelo menos uma semana na casa do garoto, mas ela dizia que estava de castigo, e que seu pai estava em casa. Mas ele não achava que iria conseguir deixá-la ir embora daquele jeito para casa novamente.

Então nesta manhã de sexta-feira, como sempre, Alex a esperava na frente da escola, e então os dois entraram juntos na aula de Física.

Katharine, novamente, gostaria de ficar com os olhos abertos e presos no quadro, onde o professor anotava tudo o que estava explicando, mas sempre vinha o sono, e dormiu de novo.

O professor não ligou muito para a aluna que estava dormindo em cima da carteira. Na verdade a ignorou. Quem não queria aprender, que não aprenda. Ele estava lá para ensinar àqueles que queriam aprender. Era isso o que o professor pensava.

Quando o sinal bateu, Katharine não percebeu, e precisou ser ajudada por Alex, que quase a carregou até o ginásio, aonde seria a próxima aula: Educação física. Normalmente as aulas de sexta-feira, não eram lá aquela animação, mas hoje sim, ela nunca queria ter saído da cama para começar.

Todos os alunos se sentaram nas arquibancadas, e então o professor começou a fazer a chamada, quando o nome “Katharine” foi chamado, quase que a garota não respondeu levando falta.

- Hoje, vocês iram jogar Handball. Alguma dúvida? – perguntou para a turma, e ninguém se pronunciou. – Ótimo. Uma será a equipe verde e a outra a equipe lilás. Quem quer tirar time?

Vários alunos levantaram as mãos, e ele escolheu dentre esses dois. Em alguns minutos os dois times já estavam formados. E infelizmente, Alex e Katharine tinham ficado em equipes diferentes.

- Todos em suas posições. – e então ele entregou a bola para uma integrante da equipe lilás (Heloisa), do time de Alex, de quem sairia à bola inicialmente.

O apito do professor soou, e o jogo começou. Heloisa jogou a bola com a intenção de passá-la para sua companheira, porém seu adversário a pegou no ar, e jogou para um amigo que estava mais perto do gol, e um gol para a equipe verde!

Katharine tentava se excluir ao máximo do jogo, assim não arriscaria a vitória do seu time. Mas então, uma bola veio em sua direção, batendo direto em sua barriga, justamente, onde a garota carregava seu bem mais precioso.

Ela instantaneamente colocou as duas mãos no ventre, e se ajoelhou no chão. Alex veio ao encontro da garota, e a abraçou.

- Você está bem?

- Sim. Acho que sim.

Então ela se levantou, sendo ajudada por Alex.

- Katharine, você acha que está apta a continuar o jogo? – perguntou o professor a ela.

- Sinceramente, não.

- Então pode ficar na arquibancada, ou ir a enfermaria se preferir.

Ela achou melhor ficar nas arquibancadas, para não chamar muita atenção. Então o jogo continuou normalmente. E o final do placar foi: 4 para o lilás (que conseguiu com muita dificuldade, e apenas foi conseguido pelos dois homens do time: Alex e Matthew) e 12 para a equipe verde.

- Tem certeza que não quer ir para a casa? – perguntou Alex logo que saíram do ginásio. Estava preocupado com a sua menina. Muito.

- Tenho sim. Acho que tenho que aproveitar o máximo desses últimos dias de aula, não?

- Sim, mas você não parece nada bem.

- Mas eu estou.

Ele não aguentou mais a teimosia de Katharine. A encaminhou até a enfermaria (o que não foi difícil, já que ela estava com tanto sono).

- No que posso ajudá-los? – perguntou a enfermeira se virando para os dois. – Ah... Sim. Algum problema querida? – disse ela, reconhecendo os dois.

- Na verdade sim. Ela acabou de levar uma bolada na aula de Educação Física, e parece que ela sentiu um pouco de dor. Ela anda com muito sono, e não dorme há muitas noites. – disse Alex, antes que Katharine pudesse abrir a boca.

Uma das perguntas que rondaram a cabeça da garota foi: Como ele sabia que ela não dormia havia várias noites?

- Algumas vezes, as mulheres grávidas, ficam com sono de dia, e não querem dormir a noite. Talvez se você começar a dormir de manhã durante um tempo, você possa voltar a se sentir melhor de manhã. Vou dar um passe para vocês dois de novo. Mas não posso fazer isso todos os dias.

Então Alex pegou os passes antes que Katharine pudesse recusar, e a arrastou até o portão da escola. Ela não poderia fazer nada, já que não tinha muitas forças para protestar.

Quando saíram da escola, Katharine achava que ele a deixaria ir de novo para sua casa. Mas não. Ele a puxou, e a levou em direção ao seu apartamento.

- Alex, eu tenho que ir para casa. – protestou ela.

- Não! Você não tem.

Os dois chegaram ao apartamento, quando ela atravessou a porta, ele a carregou e a depositou deitada cama. Ela já estava com tanto sono, que nem se deu ao trabalho de falar alguma coisa, fechou os olhos, e dormiu profundamente.

Alex fechou a porta do quarto, e quando virou para trás, Victória estava lá, com uma cara de poucos amigos, os braços cruzados na frente do peito, e as asas brancas com as penas eriçadas.

- O que você está fazendo? Espero que tenha um plano para a sua desgraça. – perguntou ela, com a voz entre dentes.

Sem resposta.

- Essa garota, está gerando um filho seu, e você não sabe o que fazer?! – gritou ela. – Tem ideia do que a criança vai ser capaz de fazer?! E principalmente se não tiver a orientação certa?! Sinceramente, sabe o que eu deveria fazer, quando esse bebê nascer?! Tirá-lo de você!

- Será que da para você calar a boca?! – gritou ele.

- Alexander, eu estou tentando fazer o melhor para você. Só não estrague tudo. Está acontecendo muitas coisas, e não sei se vão ser favoráveis ao seu filho.

- O que?

- Tchau, Alexander.

O que não seria favorável ao seu filho? Por que ela não podia simplesmente falar para aquele que tinha direito de saber? O pai da criança.

Deixou essas perguntas de lado, para a próxima vez que encontrasse com Victória. No momento, o que tinha de mais precioso, estava deitado em sua cama, dormindo serenamente.

Katharine acordou no meio da noite, e percebeu que não estava dormindo no seu quarto. Era o de Alex. Levantou-se da cama, e se dirigiu até a sala. Então percebeu um Alex dormindo no sofá. Provavelmente acordaria com dor nas costas.

Ela o cutucou, e murmurou seu nome, até que os olhos bicolores se abriram e depois se fechou de novo.

- Alex, levanta. É melhor você ir para a cama.

- Ah, não... Eu quero continuar aqui.

- Você vai ficar com dor nas costas. Levanta, por favor?

Contra a vontade, ele se levantou, e foi guiado até sua cama, por Katharine. Que o deitou e cobriu-o, e logo depois, fechando a porta do quarto.

A garota sentou-se no sofá, e ficou pensando. O que aconteceria se ela voltasse amanhã para casa? Seu pai estaria bravo? Soraya faria o que com ela? Nãoi sabia dizer no momento, mas desejou que tudo corresse bem.

Engano.