Speechless escrita por Vick_Vampire, Jubs Novaes


Capítulo 12
11. Palavreado? Prazer.


Notas iniciais do capítulo

Oiii, desculpem0me a demora!
Leiam as notas finais.
Boa Leitura!



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Alice

                Droga. Merda. Puta que Pariu. Cacete. Shit. Cazzo.

                Vários palavrões passavam pela minha cabeça, e eu queria poder dizê-los. Não conseguia ver nada; só sentia o tubo de oxigênio sobre a minha boca. Meu peito subia e descia lentamente, e eu podia ouvir aquele bip familiar da máquina que media meu batimento cardíaco.

                E, o pior. Era tudo culpa minha.

                Quer dizer, se eu não tivesse tido a estúpida ideia de ter ido até o mercado me desculpar com o Cabeça de Miojo...

                Mas, também, foi uma ideia extremamente idiota metê-lo no acidente do Volvo de Edward. Será que ele não entendia que eu só queria passar mais tempo com ele, o único amigo de verdade que eu tinha?

                Ah, Alice. Você só faz besteira!

                Eu quis chorar, mas uma voz irritante interrompeu meus pensamentos depressivos.

                -Por que o coração dela está batendo tão rápido? –indagou uma voz. Reconheci na hora, o que me fez querer bufar. Renée.

                Percebi o barulho frenético que a máquina fazia. Eu é que me perguntava: por que meu coração estava assim?

                -Ela deve estar acordando. – foi Carlisle quem disse. Me perguntei o que ele estaria fazendo ali. Nem me lembrava de tê-lo visto! Uns segundos depois, ouvi um suspiro aliviado. –Teve sorte, filho. Você podia tê-la matado.

                Eu prendi a respiração. Jasper!

                -Podemos ter um momento à sós com a nossa sobrinha, por favor, doutor? –a voz insuportavelmente falsa do meu tio, Caius, pediu.  

                -É claro. – ouvi dois pares de pés andando. Um dos pares hesitou. – Só para confirmar. Ela está comendo as fibras, não é?

                -Obviamente. –responderam meus tios em sincronia. Eu imaginei o resto da resposta: Obviamente...não.

                A porta bateu e o cômodo ficou em silêncio por alguns segundos, só com os passos dos meus tios. Ouvi Renée falar em sua voz mesquinha:

                -Eles já foram?

                -Já. –respondeu Caius. –Não estão atrás da porta, nem no corredor.

                Um dos dois –Renée, presumi. Caius afundaria-a. – sentou na beirada da minha maca, fazendo o colchão se sobressaltar um pouco.

                -Temos de afastá-la daquele moleque. –falou, enfim, Caius. –Se ela morrer, perdemos toda a grana. –Lembrei-me da cláusula do testamento que dizia que, caso eu chegasse a falecer antes de completar 21 anos, as indústrias do meu pai passariam para o vice-presidente. E o meu dote, para a tesouraria da empresa.

                Eu estava começando a suspeitar de só haver aqueles tios para serem meus tutores.

                -Podia contratar aquele cara de novo, Caius. –concluiu Renée, levantando da maca. –Ele pode nos ser bastante útil.

                Estremeci. Que cara?

                                                                                                ***

                Tive que ficar internada por mais algumas horas. Quando saímos, o crepúsculo já caía sobre Forks.

                Fiquei pensando sobre aquela conversa do Cabeça de Miojo. Que medidas eles tomariam para me afastar dele? Estremecia, só de imaginar.

                O carro decadente dos meus tios –alguma mistura de calhamback com Fusca- fazia o caminho lentamente até a casa. Um dos faróis estava queimado, e praticamente não enxergávamos a estrada. Rezei para que nós simplesmente batêssemos o carro e todo aquele pesadelo acabasse. Aí, eu poderia finalmente viver feliz com Nessie, Edward e meus pais.

                Mas, infelizmente, Deus não estava colaborando comigo hoje. Nem ultimamente.

                Quando chegamos, eu entrei na casa, já indo na direção da minha mala –que ainda estava esparramada na sala-. Peguei alguma muda de roupa qualquer, sem prestar muita atenção. Mas, quando eu estava indo para o andar superior, fui interrompida.

                -Não terminou o serviço, Cullenzinha. –avisou Renée, mastigando Doritos de boca aberta. Ergueu o saco do salgadinho para mim. –Não queremos mais surpresas desagradáveis pela manhã, não é?

                Meu lábio inferior tremeu de raiva, e morri de vontade de matar aquela vadia. Fechei os olhos, contando até dez. Você é superior, Alice. Você é.

                Subi as escadas no escuro. Eu sabia que não aguentaria sequer subir um degrau depois da limpeza.

                E, também, eles vão me matar antes que Jasper possa pensar em fazê-lo. Ou, talvez, isso já esteja nos planos deles. Depois de tudo que eu fiz...

                Quando cheguei no banheiro ralo, me despi rapidamente e entrei no box. Estava muito frio. Abri o chuveiro e deixei a água fria escorrer pelo meu corpo, enquanto pensava naquele momento tão estranho.

                                                                                                ***

                -Obrigada, Tan. Posso...?

                -Me chamar assim? Claro. Boa sorte. –Tanya tinha dito à mim. Deu um tapinha no meu braço. Sorri fracamente. Ela tinha sido tão legal comigo desde que eu a conhecera!

                Eu me sentia um pouco estranha ali, parada, na sessão de empacotados. O pacote tamanho família de barras de cereais sortidos pesava debaixo do meu braço. Porém, não era exatamente isso que me incomodava.

                O que eu tinha feito de tão errado para o Cabeça de Miojo? Quer dizer, está certo. Aquela brincadeira da reputação foi, mesmo, de muito mau gosto. Mas, uma coisa era eu tentar me desculpar. Ele não sequer querer me ouvir...

                Era outra.

                Mas, agora, eu ia me redimir de uma vez por todas, porque sabia que não ia aguentar muito. Eu precisava dele.

                Espere, espere! Eu quis dizer como amigo! Quer dizer, por tudo que passei, eu meio que dependia de um dos únicos amigos que me restavam.

                Principalmente ele, na verdade, já que a outra era Tan, que eu mal conhecia. Se bem que, ultimamente, ele não parecia o mesmo...

                Foi quando o vi chegar. Ele parou, e conversou com Tanya, que parecia muito serelepe naquele momento. Me olhou e, se sua expressão já parecia não poder piorar, piorou.

                Então me virei e fingi que não tinha o visto. Ele veio até mim e me cumprimentou. Entrei na brincadeira, escrevendo no meu bloquinho: Finalmente você apareceu. Pensei que ia esperar o dia todo! Sorri-lhe.

                Foi quando tudo começou a dar errado.

                -O que você quer? –ele disse, rude. Não me importei muito.

                Escrevi: Dizer umas coisas.

                - Então vá com fé, eu não tenho o dia inteiro, tenho que falar com a supervisora para mudar meu horário graças a você. – ironizou, e me controlei para não soltar a língua e chorar.

                Me sentei no chão e comecei a escrever. Tinha tanto a me desculpar!

                Revi mais uma vez antes de lhe mostrar: Eu não quis dizer aquilo! Eu não me importo mais com a minha reputação, eu estou ferrada, ninguém mais gosta de mim e eu queria que você gostasse. Tentei fazer uma piadinha hoje de manhã e só agora percebi que ela era de extremo mau-gosto, eu não ligo para nada mais. Por favor, me perdoe.

                Nem parecia que era a mesma rainha Alice do colégio que tinha escrito. Fiz uma cara esperançosa, enquanto o via passar os olhos no bloquinho várias e várias vezes.

                - Você sabe que não foi só a isso que eu me referi. – ele finalmente parou de ler e virou os olhos âmbar para mim, rasgando a folha do meu bloquinho violentamente. Mordi o lábio inferior e pisquei com força. Eu era forte! Eu sabia que era!

                A que você se refere?, escrevi, tentando, vagamente, controlar meus sentimentos.

                - À isso. – apontou para nós duas vezes. – Não está certo. Você não pode estar fazendo isso, me ignorou a vida inteira, por que agora começaria a me dar atenção? Está se aproveitando de mim pois eu sou uma das únicas pessoas naquela escola que não quer terminar de fazer com você o que aquele avião não conseguiu! Já tive provas suficientes para constatar que você não é uma boa pessoa e não é por causa de um acidente ridículo que isso vai mudar! As pessoas não mudam! Hoje, por exemplo, você me denunciou para a diretora, e isso vai dar um trabalho e tanto para consertar e o que você ganhou com tudo aquilo? Nada. Vai ter que ficar na detenção comigo de qualquer maneira! Você é orgulhosa o suficiente para ter que se apoiar em alguém e fingir ser amiga dessa pessoa só para não ficar sozinha! Esse não é o tipo de pessoa que eu quero perto de mim, muito obrigado, mas você é a última pessoa na face da terra com quem eu gostaria de estar!

                Foi quando tudo ficou escuro e eu apaguei, sem me lembrar de mais nada.

                                                                                                ***

                Acordei dos meus pensamentos, percebendo que estava chorando. Como eu gostaria de não lembrar de todas as palavras que o Cabeça de Miojo dissera...

                Saí do banho e nem fiz questão de pegar uma toalha para me secar; apenas fiquei de pé, olhando o vestido que tinha pego para vestir. Era um vestido laranja, de alcinhas. Típico de verão, não para Forks.

                Mas não era isso que me incomodava.

                Eu me lembrei de certa vez que eu usara esse vestido; a primeira vez que eu beijei Emmett e, consequentemente, me tornei sua namorada. Eram memórias avassaladoras demais, então, havia um fluxo contínuo de lágrimas caindo dos meus olhos.

                Droga, pensei. Era mesmo inevitável. Eu ainda amava aquele idiota.

                Pus uma mão sobre o peito, tentando controlar os soluços sem som. Não era apenas o choro, me tranquilizei. Estava frio mesmo.

                Me ergui e, mesmo com o corpo ainda úmido, vesti a roupa, sentindo o peso doloroso que ela trazia.

                Por que? Por que é que, quando tudo parecia estar bem, tinha que ficar assim?

                Eu estava tão feliz com Tanya e Cabeça de Miojo como amigos! Por que isso tinha que evaporar em menos de um dia?

                Saí do banheiro e desci as escadas lentamente. A casa estava em absoluto silêncio. Havia um guardanapo engordurado com algo escrito sobre o criado mudo. Peguei-o e li, mexendo os lábios conforme acompanhava a leitura.

                “Alice.

Saímos para um bar. Você é incompetente o suficiente para não comprar alguma bebida que preste, então, estamos fora.

Sabe o que limpar e onde está a comida. Boa noite.”

                Suspirei e tive vontade de murmurar alguns palavrões. Respirei fundo.

                Continuei o serviço na cozinha; Ajeitei os pratos na estante, empilhando-os caprichosamente. Meus braços já doíam só de lembrar quando os lavei, mas tentei ignorar isso ao máximo.

                Tirei os talheres que eu guardara ontem na prateleira e coloquei-os na gaveta. Sentia-me esgotada pelo resto do meu dia, e sabia que não seria capaz de fazer muita coisa.

                Mas, surpreendentemente, eu temia acordar com algo pior que Doritos no cabelo.

                Quando terminei de organizar os talheres, fui à procura de algo que eu pudesse usar para limpar o chão imundo e engordurado da cozinha. Ao lado da porta dos fundos, encontrei um balde e um esfregão, mas nenhum produto de limpeza.

                Vai ter que servir, pensei.

                Enchi o balde até a borda com a água fedida da pia da cozinha. Larguei-o no linóleo frio da cozinha e, com o esfregão molhado, comecei a fazer o que eu via as pessoas fazendo nos filmes.

                Mas a verdade era que eu nunca sequer tentara fazê-lo. Quer dizer, eu era rica! Tinha direito a quantos empregados eu quisesse- até vinte, se fosse o caso. Porém, agora...     

                Eu era a empregada.

                Passei o esfregão por todos os cantinhos da cozinha, tomando cuidado para não ser surpreendida por um inseto ou um rato. Mergulhei-o novamente no balde e joguei-o no chão, tirando a crosta de sujeira que se acumulava no linóleo.

                Depois do que me pareceram horas, eu consegui terminar com o chão da cozinha. Meus ombros doíam, e eu tive vontade de deitar no sofá e só me erguer na manhã seguinte. Mas, quando olhei a sala, quis berrar.

                Comecei a catar o lixo que estava espalhado no chão. Havia todo tipo de sujeira: pacotes de Doritos vazios, escovas de dentes estragadas, até umas bolinhas de papel higiênico.

                Aproveitei um saco plástico que encontrei e fui colocando o lixo dentro dele. Tive que esvaziá-lo várias vezes. Olhei para um relógio: dez e meia. Minhas pálpebras pesavam, então, desisti. Deixei todo o lixo para fora e fui até o sofá, que me parecia muito tentador.

                Mas, antes que eu pudesse chegar lá, ouvi o meu estômago roncar alto. Percebi que eu não comia desde de manhã; seria necessário um monte de barras de cereais para me sentir melhor.

                Fui até a despensa e peguei cerca de quatro barras de cereais de sabores sortidos. Ultimamente, eu só comia isso, mas parecia ser o melhor.

                Deitei no sofá, sentindo todos os meus músculos arderem um pouco. Mal me dava conta o quanto estava exausta; parecia que ia ser assim até eu completar a maioridade. Isso, se eu completasse.

                Abri a primeira embalagem –era uma barra de granola e passas- e mastiguei lentamente. Eu não conseguia sentir o sabor de nada, só o bolo descendo pela minha garganta e preenchendo vagamente o vazio da minha barriga.

                De repente, eu senti uma vontade maluca de comer, e mastiguei rapidamente, devorando a barra inteira e já abrindo a segunda – de frutas variadas.

                Mas, enquanto eu comia, eu não conseguia parar de pensar nele. Em Jasper.

                Eu ainda não me conformava. Não era justo! Por que ele tinha que ser tão mau comigo? Por que eu tinha que ser tão estúpida? Por que aquele acidente idiota tinha que ter acontecido?

                Fiquei pensando em várias maneiras de me desculpar com Jasper, mas em todas elas eu o imaginava falando as mesmas coisas que ele disse no supermercado. Deixei algumas lágrimas escaparem, e me perguntei por que aquele garoto me fazia me sentir tão mal.

                Acho que era porque eu precisava de um amigo como ele, e ele não parecia querer ser meu amigo.

                Levei o último pedaço da barra de cereal à boca e me senti sem apetite. Eu olhei para o rótulo das duas outras que sobraram, e já não me pareciam tão apetitosas. Tive preguiça de me erguer e escovar os dentes; já não importava se eu seria banguela ou não.

                Afinal, eu provavelmente não teria um namorado de verdade até sair do colégio, então, poderia pegar meu dote aos vinte e um anos e colocar uma prótese.

                Fechei os olhos e respirei profundamente. Por favor, Deus. Me ajude a dormir sem pesadelos, e, se der, acabe com essa minha vida miserável.

                Mas, infelizmente, parecia que Deus, naquele dia, não estava muito do meu lado.

                E, enquanto eu adormecia, eu nem percebi que o meu telefone reserva tocou ao meu lado.

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Por Vick_Vampire


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Notas finais do capítulo

É. Eu sei. Está meio curto.
Mal. No próximo do PDV da Alice eu aumento.
Enfim, eu sei que minhas notas finais não são tão legais como as da Jubs, mas eu tento, tá?
Olha, gente, vamos ser diretas: Não queremos ter de tomar medidas drásticas. Eu concordo com o que a Jubs disse nas últimas notas finais!
Mas, sério. Nem que seja para dizer que o cap tá bom, ruim, médio, curto, longo, ou até um OI.
Sério. Vocês ainda ganham 12 nc.
Enfim, acho que é isso (a nota mais comprida que eu já escrevi)
AAAAAAAAAAAAAAAAH
Obrigada a JW-Freitas, que mandou uma recomendação LINDA. Você é muito gataa, garota! adorei o que escreveu!

Agora, isso é tudo, folks!
Beijos
Vickie