Amigos e Amantes escrita por Najayra


Capítulo 5
Capítulo 5 - Aquela noite [narrado por Lutt]




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Dizem que a água lava a alma. Pena que ela não estava funcionando comigo. Eu e meus pensamentos (quase) impuros a respeito daquela ruiva maravilhosa lá na sala. Se pensar perversões desse cadeia, eu estaria condenado à pena de morte. Eu prometi não fazer nada com ela, mas... Não quer dizer que ela não possa fazer nada comigo, certo? Eu só tinha que induzi-la a “me atacar”! Ótima ideia! É... Sua anta... Como pretende fazer isso? Eu decidi que tinha que parar de falar sozinho. Primeiro, foco no banho. Segundo, Foco na Desirée... Opa! Quero dizer: Segundo foco, esquecer a Desirée. É isso!

Após mais sete minutos e alguns segundos, eu desliguei o chuveiro, me enxuguei e  vesti uma calça, como era de costume. Saí do banheiro tirando o excesso de água do cabelo com uma toalha e fui em direção à sala, então vi minha deusa de fogo analisando-me, de cima até em baixo.

 

- O que foi?

 

- Achei que tivesse barriga de tanquinho. – ela disse de forma indiferente e eu bati na testa e tentei não me estressar.

 

- Desculpa, se eu não sou um cara malhado e/ou injeto bomba!

 

- Tem nada não. Esse físico combina mais com você.

 

- Ei... O que você quis dizer? – ela riu, baixinho e se levantou do sofá vindo em minha direção.

 

- Absolutamente, nada. Bom... Vou tomar banho agora. – ela passou direto por mim e seguiu para o seu banho. Eu sentei no sofá, com a toalha em volta do pescoço e os braços sobre o encosto. Como não tenho mais nada para fazer de útil e, além disso, parece que sou masoquista, comecei a pensar em Desirée. Ela era muito atraente e tal, mas ela parecia... Sei lá... Era como se fosse apenas um amigo meu. Digo, amigo homem. Dava para manter uma conversa legal com ela, sem ouvir, sequer uma vez, frescuras do tipo cabelo, unha, maquiagem, compras... Ok, compras não. Ela era absurdamente consumidora e compulsiva. Mas, eu estava começando a rever minha ideia sobre aquela garota. Eu estava começando a achar que seria fácil passar por aquela noite, que eu não estava sentindo absolutamente nada por ela... Claro que se ela quisesse dormir comigo eu iria aceitar. Não sou idiota a ponto de dizer: “Não! Você é apenas minha amiga”. Fala sério! Uma beldade daquelas é pra comer rezando... Ok, eu não quis dizer isso... Mas enfim, deu pra entender! Depois de alguns minutos (ou alguns vários minutos) de reflexão eu levantei do sofá e fui em direção ao meu quarto. No meio do corredor, a porta do banheiro se abre. Como Desirée saiu praticamente em cima de mim, no que eu esquivei para traz, perdi o equilíbrio e caí (patético, eu sei). Olhei para Desirée, pronto para reclamar da queda e...

Santo Deus! Minha mente começou a analisar aquela beleza divinal. A pele branca se fundia com a cor da toalha, pernas maravilhosamente torneadas, com as curvas subindo de forma harmônica formando os quadris, depois se fechavam em sua fina cintura e, finalmente, as curvas se afastavam novamente formando os seios. E que seios! Não eram nem muito grandes nem muito pequenos, simplesmente perfeitos! Os cabelos ruivos e molhados pesavam contornando seu corpo até mais ou menos a altura dos quadris. Eu, agora, tinha certeza, mais que absoluta, de que ela não era “meu amigo”. Era uma mulher linda, gostosa, que estava bem na minha frente e que eu queria pegar! Minha alegria saiu pela boca:

 

- Meu Deus, Pai eterno, Jesus, Maria e José!!!

 

- Você...é bem religioso... -  ela me olhava com aqueles olhos de esmeralda, como se eu fosse louco. Depois daquela aparição, até poderia dizer que eu fiquei louco.

 

- Eu morri! E fui pro paraíso dos céus! Onde um anjo ruivo guarda a porta para a salvação e purificação de minha pobre e perva alma! – ela riu e virou o rosto. Eu consegui! Ela ficou corada! Levemente, mas ficou! – Você só podia ter usado uma...toalha de rosto...né? – Eu me inclinava para poder ver sob a toalha. Ela levantou uma sobrancelha e afundou minha cabeça no chão, só pude ver a cerâmica quadrada no chão, droga!

 

- Como você pensa que é espertinho, hein? Fico impressionada com sua cara-de-pau. – depois de dizer isso ela se sentou sobre minhas costas e cruzou uma das pernas sobre a outra.

 

- O QUÊ?! – eu tentei virar a cabeça, para ver suas pernas mais uma vez, porém ela segurou meu cabelo e abaixou meu rosto de novo contra o chão.

 

- Você não está cumprindo sua promessa, Lutt.

 

- Você também não.

 

- Como é? – depois de ouvir sua pergunta, levantei o corpo e isso fez com que ela caísse. Mais do que rapidamente, me coloquei sobre ela, impedindo-a de se levantar. Abri um sorriso malicioso e respondi à sua primeira pergunta:

 

- Eu não penso que sou espertinho, eu sou espertinho.

 

- Até demais. – seu sorriso era uma mistura pouco definida de desaprovação e malícia.

 

- Sabe, não tem como não te agarrar quando você anda seminua pela minha casa.

 

- Não lembro de ter prometido andar vestida. – ela riu sarcasticamente.

 

- É o mínimo que se espera de uma pessoa normal.

 

- Está falando com a pessoa errada então, garoto. – nós rimos juntos.

 

- Você podia me dar uma chance.

 

- Eu gosto de mulher.

 

- Por que não gostar de homem também?

 

- Homens têm o mesmo valor de um saco de batatas.

 

- Que metáfora pesada! – ela simplesmente riu e não disse nada. – Mas... Quando você está comigo... Você esquece a Viviam... – na mesma hora, seu sorriso se perdeu, não sei se ela ficou chateada, ou percebeu que era verdade, mas enfim, ela virou o rosto. – Desculpe. – eu apenas saí de cima dela e entrei em meu quarto, conforme era o plano desde o início. Dois minutos depois ela aparece na porta do meu quarto, falando baixo, eu estava sentado na beira da cama.

 

- Eu queria por minhas roupas para lavar.

 

- Fique a vontade para usar a máquina.

 

- Obrigada. Er... Você teria algo para me emprestar enquanto elas lavam? Não seria muito bom ficar de toalha...

 

- Ah, claro. - fui até meu armário e procurei alguma peça que servisse. Ela veio até meu lado e estendeu a mão para pegar a manga de uma blusa social preta.

 

- Poderia ser isso?

 

- Sem problemas. – tirei a blusa e entreguei a ela.

 

- Obrigada. – ela disse com uma voz baixa e sem olhar para mim e saiu do quarto em direção à lavanderia. Eu me joguei na cama e, mais uma maldita vez, comecei a pensar. Eu não deveria ter dito aquilo. A garota estava sofrendo porque a menina que ela ama está com outro cara, aí eu vou e dou em cima dela, eu com certeza quero desestabilizar a menina emocionalmente. Se ela se matar depois, a culpa vai ser minha. Como eu posso ser tão idiota? Ouvi seus passos leves em direção à sala e o barulho de alguém sentando no sofá. Decidi depois de algum tempo levantar e ir até ela. Ao chegar na sala, vi a bela garota vestida apenas com a minha blusa e as pernas esticadas sobre o sofá.

 

- Eu sabia que deveria ter escolhido uma blusa menor. – ela riu discretamente e olhou para mim. – Olha... Desculpe.

 

- Desculpe? Pelo que? – o sorriso se tornara melancólico.

 

- Por ter metido a Viviam no meio da história...

 

- Não. Você está certo. – ela apoiava a cabeça sobre uma das mãos e o cotovelo no encosto do sofá.

 

- Estou mesmo?

 

- Não tão certo assim, Lutt. – ela sorria.

 

- Ah, droga!

 

- Mas, quando eu estou com você... Toda a dor de imaginar a Viviam com o Eric...toda a dor desaparece.

 

- É bom que você saiba que eu sou uma boa companhia. -  eu disse orgulhoso.

 

- É. – ela riu – Depende do ponto de vista. Porque da maioria deles, você é uma péssima companhia.

 

- Obrigado, de novo.

 

- Mas você me faz bem.

 

- Posso dizer o mesmo. – com meu olhar sedutor peguei sua mão livre e beijei. Ela apenas levantou uma sobrancelha e eu tive que rir.

 

- Quer jogar pôquer?

 

- Hum... Você sabe então?

 

- Uhum.

 

- Se eu ganhar você tira essa blusa. – eu corri para buscar o baralho, pude ouvir os risos singelos vindo da sala.

 

Nossa noite foi ótima. Jogamos pôquer, eu perdi. Aí fomos dormir, ela disse que iria dormir no sofá da sala e ponto final. Eu não pude fazer nada contra isso. Na manhã seguinte, ela acordou cedo, vestiu sua roupa já seca e preparou um pequeno café-da-manhã para nós. Devo admitir que ela era uma boa cozinheira até. Depois do café, ela se despediu de mim e foi para sua casa. Eu queria levá-la, mas ela disse que não era preciso. Eu não iria discutir com aquela teimosa, até mesmo porque eu passei um momento ótimo com ela e se eu acabasse com isso eu iria carimbar “idiota” na minha testa.

Só fui vê-la de novo na segunda-feira na escola, nos sentamos em nossos lugares. Eric e Viviam já estavam lá.

 

- Sabe, amor, fiquei sabendo que um certo casal passou a noite, juntos. – Viviam dizia com tom de brincadeira.

 

- Já falei. Um, não somos um casal. Dois, não passamos a noite JUNTOS.

 

- Quem me dera... – após minha fala sincera, Desirée me deu uma cotovelada de leve.

 

- Vocês não dormiram juntos? – foi Eric quem perguntou, me surpreendi com sua manifestação.

 

- Não. – eu dizia meio que com voz de choro.

 

- Ah! Quer dizer que eu escondi sua chave pra nada? – Eu e Desirée olhamos para Viviam ao mesmo tempo com os olhos arregalados.

 

- Mas que golpe baixo! – dizemos em uníssono.

 

- Vocês precisavam de um empurrãozinho, mas nem assim! São dois palermas!

 

Ignoramos Viviam e prestamos atenção ao professor que comentava sobre o nosso próximo passeio. Iríamos para um dos campings da escola. Com direito a tudo e mais um pouco. Principalmente...

 

- Espionar a casa das meninas... – eu gostava da ideia. De repente, senti um puxão de orelha.

 

- Nem pense nisso. Nos deixe em paz e longe de seus olhos. – disse Desirée.

 

Como se eu fosse obedecer! Esse acampamento seria simplesmente perfeito para algumas travessuras...


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Notas finais do capítulo

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