Amigos e Amantes escrita por Najayra


Capítulo 4
Capítulo 4 - Surpresas, encontro e mais surpresas




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Saí de casa sem ouvir Viviam se despedindo, estava meio indignada. Casal? Há! Uma ideia absurda! Parece que não consigo ser clara, suficientemente, quando digo que gosto de mulheres. Meu passo estava acelerado e a cabeça agitada, por isso não percebi que, em poucos minutos, já havia comprado os tickets e já estava dentro do metrô, em direção ao mais novo parque de diversões da cidade. Sentei próxima à porta, depois de quatro paradas eu deveria sair. Fiquei pensando no que Viviam disse e verificando se era essa a impressão que eu dava, então vi como estava vestida. Uma blusa verde escura com um decote bonito nas costas e presa pelo pescoço (era uma de minhas blusas preferidas), um short bege um pouco acima dos joelhos, praticamente uma bermuda (bem esportivo, achei que seria bom usá-lo) e uma sapatilha Melissa da mesma cor da blusa com uma bolsa razoável, afinal precisava carregar dinheiro, celular, chaves de casa.... Ah não... Não, não, não! Após uma lembrança desastrosa, abri minha bolsa e a revirei. Esqueci as chaves de casa. Coloquei as mãos no rosto, eu não podia acreditar no que estava acontecendo. Eu tinha que rezar para que Viviam não decidisse sair de casa, ou melhor, eu tinha que ligar para ela. Até peguei o celular, mas lembrei que no metrô não tem sinal. Que ótimo! Depois eu ligaria para ela.

De acordo com minha previsão, o metrô parou no meu ponto e eu saí, procurando as escadas que levavam até o parque. Quando deixei o subsolo, avistei o parque a uma quadra de distância, iria andar um pouquinho, tudo bem. Minhas sapatilhas eram realmente confortáveis, não teria problemas com relação a isso. Eu tinha dinheiro suficiente para um dia no parque, estava tudo certo, eu estava ansiosa... Mas hein? Por que eu estaria ansiosa? Que besteira, eu não estava, pensamento errado. Já estava na entrada do parque, que aliás, se dependesse da entrada o resto era perfeito. Tão linda, colorida, cheia de detalhes abstratos. Logo avistei Lutt, parado ao lado da bilheteria. Estava com as mãos nos bolsos de sua calça jeans, com uma camiseta vermelha, mas o tom parecia mais escuro, mais envelhecido. Os cabelos nem tão grandes nem tão curtos estavam meio bagunçados, por causa do vento talvez. Ele até que estava bem arrumado, poderia dizer que ele estava bonito... Bo-bo...o quê? Antes que meus pensamentos estúpidos arruinassem minhas paz e alegria, ele me viu, fui até ele ignorando qualquer chamado do subconsciente. Pude notar seus olhos me acompanhando, isso já não me incomodava mais, estava acostumada com suas tentativas de assédio, ele me olhando era o mesmo que dizer “oi”, na minha opinião.

 

- Nossa! Como está linda! – disse ele assoviando.

 

- Obrigada, Lutt. – sorri gentilmente e ele aproximou o rosto do meu com um sorriso abusado.

 

- Pode falar a verdade. Você se arrumou toda pra mim, não é? – simplesmente ignorei. Virei o rosto e mais uma vez revirei os olhos. – Certo, certo. Parei. Então, vamos lá?

 

-Vamos. – fiquei ao lado dele e entramos no parque.

 

- Então, onde a senhorita gostaria de ir primeiro?

 

- Casa dos horrores. – não levei muito tempo para responder.

 

- Mas que ótima e estranha escolha. Gosta disso?

 

- Adoro. Já deveria saber que não tenho um gosto muito comum.

 

- Claro. Isso é indiscutível. – ele voltou a olhar para frente. Eu sei muito bem em que ele pensou! Quando pensei em “gosto estranho”, eu não estava me referindo a minha preferência sexual! Mas enfim, não vou brigar com ele por causa disso. Nem vale a pena...

 

Logo chegamos à Casa dos Horrores, um carinha que estava na entrada da atração disse para que eu tomasse cuidado, apenas ri e disse tudo bem, Lutt riu discretamente. Então entramos e vimos o mesmo que todas as Casas de Horrores têm, logo de cara lobisomens e vampiros (clichê), depois vieram os zumbis. Eu estava achando graça em tudo, mas quando os zumbis apareceram vindo em nossa direção, eu e Lutt ficamos parados tentando decifrar como aquilo funcionava, um dos zumbis me pegou pelos ombros e pude sentir o cheiro de carne podre (devo admitir que eu estava surpresa com o avanço dessas casas, estavam ficando cada vez mais realistas). Os zumbis, do nada, caíram de costas no chão, eu e meu amigo demos uma boa risada e continuamos a andar, de repente um dos zumbis pegou a perna de Lutt (digamos que ele se assustou um pouco), tinha uma gosma verde presa na calça.

 

- Geleca? – perguntei levantando uma sobrancelha.

 

- Aquelas que as crianças compram em um potinho?

 

- Uhum.

 

- Pelo menos eles são criativos. – Lutt riu discretamente, conseguiu se soltar e seguimos em frente. Após alguns encontros com outras aparições supostamente horripilantes, chegamos ao final da Casa.

 

- Eu adorei, está um pouco melhor do que eu imaginava. – eu disse.

 

- Eu tinha o mínimo de esperança que você se assustaria com algo. Eu iria te zoar pro resto da sua vida.

 

- Há! Bem feito! Eu não tenho medo de nada... – eu levantei o nariz orgulhosamente quando olhei para o chão e vi uma barata, mas uma daquelas cascudas. Eu dei um grito de pavor e sai correndo até um banco ali perto, minha respiração incrivelmente alterada, com o coração saltando pra fora e tremendo sem parar.

 

- O que foi isso? – ele perguntou após me alcançar, estava meio ofegante.

 

- Eu odeio, tenho ódio, pavor, repúdio, nojo de insetos!!!

 

- Tudo isso...por causa da barata?

 

- Tá brincando?! Ela tinha quase o tamanho da minha mão!

 

- Medo de insetos, hein? – ele ria gloriosamente. – Vou começar a criar formigas.

 

- Cale a boca... – levantei e continuei a caminhar pelo parque.

 

O resto do passeio foi tranquilo, sempre que tinha uma abelha ou formiga por perto ele me mostrava, então eu quase o matei umas 14 vezes. Conseguimos ir a todas as atrações, por causa disso, saímos do parque às sete horas. Cinco horas de parque e eu estava ótima. Há, há!

 

- Bom, acabou o nosso dia. Fico feliz que tenha gostado. – ele disse com um sorriso singelo.

 

- Eu gostei? Quem te disse isso? – uma pergunta retórica. Ele apenas olhou para as minhas mãos, cheias de sacolas com os prêmios e as compras que eu fiz, e depois revirou os olhos como era de costume.

 

- Ok, ok. Vamos, vou te deixar em casa.

 

- Obrigada, mas não precisa. Sei que você mora por aqui, pegar o metrô iria te dar trabalho.

 

- Não seria trabalho nenhum, até porque não quero me livrar da minha companhia tão cedo. – meu pensamento reagiu ao seu olhar 43, quase 50, com um grito ecoando em minha cabeça: INDIREETTAA!!

 

- Não precisa mesmo, é só pegar o metrô, andar um pouquinho e...

 

- E? – ele não entendeu a pausa.

 

- Ai meu Deus!

 

- O que foi?

 

- Essa não! Ai, ai, ai! – peguei o celular correndo e liguei para o telefone de casa, na esperança de que Viviam atendesse.

 

- Desirée, o que está acontecendo?

 

- Eu esqueci as chaves em casa. – o telefone chamava, chamava e ninguém atendia. Desliguei e liguei para o celular dela. – Nem quero saber onde ela está, ela vai aparecer na porta de casa agora! – O celular estava desligado. Joguei meu celular na bolsa e resmunguei algo incompreensível.

 

- Ela não atende? – ele estava preocupado, devo admitir. Apenas confirmei com um movimento de cabeça. Nós dois começamos a pensar no que fazer.

 

- Já sei! Vou para um hotel! – procurei em minha carteira dinheiro suficiente para uma diária. Quando abri a carteira, só faltou moscas saírem. Pensei comigo mesma ao olhar o que havia comprado: Muito bem, Desirée! Sua consumista!

Então Lutt abriu um sorriso ENOORME e olhou para mim.

 

- O que foi?

 

- Tenho uma ideia.

 

- Ai! Tenho até medo...

 

- Vai dormir na minha casa hoje!

 

- O quê!!!!???? Não mesmo! Vamos, me dê o dinheiro para o hotel, pagarei depois.

 

- Não vou te dar dinheiro.

 

- Por quê?

 

- Porque não o receberei tão cedo.

 

- Idiota...

 

- Vamos, durma comigo Desirée. – desci minha bolsa na cabeça dele. – Ai!!! Ficou louca?

 

- Não irei para sua casa!

 

- É melhor do que dormir na rua!

 

- Na rua, corro menos risco de ser estuprada!

 

- Que ridículo pensar isso de mim! – olhei incrédula com uma sobrancelha erguida. – Eu juro!! Pronto!! Juro que não tocarei em você!!

 

- Como se eu acreditasse!

 

- Não há mais nada que eu possa fazer! É isso ou dormir na rua! Ou então, pode fazer com alguém o que não quer fazer comigo e conseguir dinheiro para o hotel... – bati novamente com a bolsa. – Ai! Já entendi! Desculpa!

 

- Está bem... – sussurrei.

 

- Hein?

 

- Eu dormirei na sua casa hoje.

 

- Não irá se arrepender, querida.

 

- Nem pense em tocar em mim!

 

- Jamais me passou tal coisa pela cabeça. – ele riu sarcasticamente.

 

Fomos andando, então, até sua casa. Céus!! Fui condenada ao inferno antes de sequer morrer! Quando chegamos ao prédio, subimos de elevador até o apartamento, esperei ele abrir a porta. O recepcionista havia me olhando de uma maneira indiscreta, o que me deixou um pouco constrangida. Mas também... Uma garota de 17 anos, indo até o apartamento de um garoto solteiro e “sem escrúpulos”. À noite!!! Só os dois!!! O que vocês acham mais provável que eles façam??!! Jogar Imagem & Ação???!! Quando Lutt abriu a porta e eu entrei, vi um apartamento impecável. As paredes chegavam a brilhar de tão limpas. Eu fiquei de boca aberta.

 

- Você tem faxineira?

 

- Não. Sou eu quem cuida de tudo.

 

- Por que não tem uma... – pensei por dois segundos – Ok. Não responda. – ele riu baixinho.

 

- Bom, fique à vontade. Afinal, como eu prometi, deixarei de ser um pervertido só por esta noite. Está em segurança.

 

- Que bom que é igualmente seguro ouvir isso da sua boca... – respondi ironicamente.

 

- Há, há! Vou tomar um banho. Depois, se você quiser...

 

- Também irei tomar um, obrigada. Depois de você. – eu o interrompi. Na verdade, completei sua frase.

 

- Ok, ok.

 

Eu coloquei minhas sacolas em um canto da sala e me sentei no sofá. Que apartamento lindo! Estava chocada, ele tinha algumas qualidades afinal de contas. Só esperava sobreviver a esta noite. Se eu sobrevivesse, acreditaria, definitivamente, em milagres e coisas do tipo.


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews?



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