Sonhadora escrita por AnnaHeimer


Capítulo 5
Capítulo 5




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- Ela é o maior Espírito. Ela que decide para onde vamos. Para as sombras, para a água, para a terra, para o ar, para o fogo, ou para os reflexos. – explicou ele

- E você foi escolhido para ir aonde?

- Para as sombras.

Ficamos em silêncio. Suspirei. Ele pareceu cabisbaixo.

- Me conte o que sonhou. – pediu.

- Sonhei que fui à casa das minhas amigas e elas não estavam lá. Então saí pela cidade e acabei encontrando meu namorado. Fui para a casa dele, nós brigamos e terminamos. Voltei para casa, fiquei irritada com o meu irmão e o xinguei e ele ficou com medo.

Ele deu de ombros.

- Não se preocupe.

Olhei para o relógio. Cinco horas da amanhã. Não estava mais com sono apesar de ter dormido pouco. Sentei-me na cama e olhei para Gustav. Ele parecia feliz apesar de ser um... – espírito – e sorria como se aquilo fosse normal para ele. Como eu lidaria com aquilo?

- Que foi? – perguntou ele quando eu o admirava.

- Nada – falei e desviei o olhar – Eu estava pensando... Vamos ir ao cinema hoje?

- Er... Bem... Não sei se... – gaguejou – Bom, pode ser. Se você me deixar pagar o ingresso pra você... - falou.

- Tudo bem – dei de ombros.

Pelo menos ele tinha aceitado o convite. Fiquei imaginando como minha tia lidaria ao me ver saindo com um garoto com 16 anos.

- Quando você me falou que as pessoas não podem te ver... Como faz isso? - perguntei.

- Isso o que?

- Bem... Quando você estava me seguindo no caminho para casa, você era visível a todos. Mas na hora em que minha tia entrou no quarto ela não viu você. Como faz isso?

- Quando se é um Espírito, nós precisamos nos esconder ou, às vezes, estar visível.

- Hum. – gemi e abri meu guarda roupas.

- O que vai fazer? – perguntou ele andando até mim.

- Preciso escolher com que roupa eu vou ao meu encontro com você. – disse, revirando os olhos.

- Ei. Não estamos tendo um encontro, sim? Bem. Pensei que, talvez, nós não devêssemos gostar um do outro...

- Por quê?

- Eu tenho 34 anos. Bem; isso soa estranho; e você tem 17. Metade da minha idade! O que meus colegas vão pensar? Você sabe que existem outros Espíritos aqui na cidade, né?

Não falei nada. Ele ignorou.

- Bem, são meus colegas. Alguns são da água, terra, ar, fogo... Mas todos são espíritos. – explicou.

- E você liga tanto para o que eles vão falar de nós?

- Você não se importa?

- Não. – dei de ombros – Só pensei que talvez, se vamos ficar tanto tempo juntos, sermos amigos de verdade.

- Preciso de um tempo para pensar. – falou ele andando em direção a janela e olhando para a rua.

- Você vai ao encontro comigo, então? – perguntei.

- Vou. – disse ele. – Às seis.

Sorri e escolhi um vestido amarelo para colocar. Seria um dia perfeito. Abri a porta do meu quarto e fui até o banheiro para escovar os dentes e encontrei, no quarto do meu irmão, a namorada dele. Ela havia dormido com ele? Balancei a cabeça para esquecer e entrei no banheiro. Escovei os dentes e quando entrei no chuveiro, percebi que eu precisava muito me encontra com minhas amigas. Eu havia saído ontem sem dar explicações. Elas deviam estar chateadas. Terminei o banho rapidamente e saí correndo de casa. Gustav apareceu ali.

- Ah! É você. – pulei de susto.

- A onde está indo agora? - perguntou.

- Me desculpar para minhas amigas. – respondi sem fôlego.

Ele correu comigo até a casa delas e quando bati na porta ele desapareceu. Esperei vinte minutos e tentei abrir a porta. Estava trancada.

- Liz? Tiff? – gritei.

Ninguém respondeu. Legal. Elas não estavam em casa. Corri, irritada, para casa e bati em alguém.

- Cuidado – ele disse.

Olhei-o. Era Joe, meu namorado.

- Oi. - falei.

- Oi. – murmurou ele e se inclinou para me beijar.

Depois de nos beijarmos ele sorriu.

- Onde você estava? - perguntou

- Tive alguns problemas para resolver. Ando muito estressada ultimamente. - expliquei

- Estive com saudades. – murmurou ele me beijando novamente.  – Você quer ir lá em casa?

- Bem, amanhã eu estou disponível. Pode passar lá em casa para me buscar? - perguntei.

- Agora. – falou ele.

- Ah. Er... Tudo bem. Eu nem ia fazer nada mesmo. – murmurei e Gustav apareceu ao meu lado fazendo cara feia. – Desculpe – mexi os lábios.

Andamos um pouco até chegar a casa dele. Entramos na casa dele e ele me ofereceu uma limonada.

- Não, obrigada. – agradeci - O que fez você me convidar para vir a sua casa?

- Estava com saudades. Nada do que matar a saudade um junto do outro – falou ele se aproximando do meu rosto para me beijar.

Ele passou sua mão do meu pescoço para minha perna e começou a levantar meu vestido. De todos os modos tentei evitar, mas ele tirou a camisa e me beijou novamente. Ele queria fazer sexo comigo ali no sofá da sala? Parei de beijá-lo e ele se desconcentrou.

- Que diabos pensa que está fazendo? – xinguei-o quando ele me segurava e tentava tirar meu vestido.

Ele revirou os olhos.

- Curtindo minha namorada – respondeu.

- Não. Você está me usando! Como fez com as outras garotas do colégio. Você é um cafajeste. - gritei

Levantei-me, arrumei meu vestido e dei um murro na cara dele.

- Está acabado, Joe. – falei e saí da casa dele.

Comecei a chorar quando Gustav apareceu para me dar um ombro.

- Ele me usou. Você acredita nisso? Eu vou pra casa. – falei, soluçando.

Gustav me abraçou e me acompanhou até em casa. Entramos na porta e Gustav não ficou “invisível” e obviamente meu irmão me viu com o garotinho de 16 anos.

- Está de namorado novo? – perguntou ele com a namorada embaixo do braço.

Olhei-o e examinei-o.

- Está bêbado.

- E daí? Tenho 20 anos. E você ainda não tem 18. Então se manda daqui.

- Vou contar para tia Holga.

- E eu vou contar que você está saindo com um garoto menor que você.

- Não estamos namorando. Somos amigos. – falou Gustav

Meu irmão deu de ombros e tomou mais alguns goles da cerveja quente. Sua namorada idiota riu e puxou-o para a sala.

- Não se meta na minha vida! – gritei a ele

- Se não vai fazer o que? – perguntou ele imitando uma voz de criança voltando à cozinha para pegar outra cerveja

- Vou contar a sua namorada a onde você estava e o que estava fazendo semana passada.

- O que você estava fazendo? – perguntou ela, curiosa.

- Nada. Estava olhando um filme em casa. – explicou

- Com quem? – perguntou ela

- Sozinho!

- Fale a ela quem estava com você. – ordenei

- Eu estava sozinho – trincou os dentes

- Ele dormiu com Charlotte. - dedurei

- QUE? – gritou ela, deu um tapa forte na cara dele e foi embora.



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