Sonhadora escrita por AnnaHeimer
- Ela é o maior Espírito. Ela que decide para onde vamos. Para as sombras, para a água, para a terra, para o ar, para o fogo, ou para os reflexos. – explicou ele
- E você foi escolhido para ir aonde?
- Para as sombras.
Ficamos em silêncio. Suspirei. Ele pareceu cabisbaixo.
- Me conte o que sonhou. – pediu.
- Sonhei que fui à casa das minhas amigas e elas não estavam lá. Então saí pela cidade e acabei encontrando meu namorado. Fui para a casa dele, nós brigamos e terminamos. Voltei para casa, fiquei irritada com o meu irmão e o xinguei e ele ficou com medo.
Ele deu de ombros.
- Não se preocupe.
Olhei para o relógio. Cinco horas da amanhã. Não estava mais com sono apesar de ter dormido pouco. Sentei-me na cama e olhei para Gustav. Ele parecia feliz apesar de ser um... – espírito – e sorria como se aquilo fosse normal para ele. Como eu lidaria com aquilo?
- Que foi? – perguntou ele quando eu o admirava.
- Nada – falei e desviei o olhar – Eu estava pensando... Vamos ir ao cinema hoje?
- Er... Bem... Não sei se... – gaguejou – Bom, pode ser. Se você me deixar pagar o ingresso pra você... - falou.
- Tudo bem – dei de ombros.
Pelo menos ele tinha aceitado o convite. Fiquei imaginando como minha tia lidaria ao me ver saindo com um garoto com 16 anos.
- Quando você me falou que as pessoas não podem te ver... Como faz isso? - perguntei.
- Isso o que?
- Bem... Quando você estava me seguindo no caminho para casa, você era visível a todos. Mas na hora em que minha tia entrou no quarto ela não viu você. Como faz isso?
- Quando se é um Espírito, nós precisamos nos esconder ou, às vezes, estar visível.
- Hum. – gemi e abri meu guarda roupas.
- O que vai fazer? – perguntou ele andando até mim.
- Preciso escolher com que roupa eu vou ao meu encontro com você. – disse, revirando os olhos.
- Ei. Não estamos tendo um encontro, sim? Bem. Pensei que, talvez, nós não devêssemos gostar um do outro...
- Por quê?
- Eu tenho 34 anos. Bem; isso soa estranho; e você tem 17. Metade da minha idade! O que meus colegas vão pensar? Você sabe que existem outros Espíritos aqui na cidade, né?
Não falei nada. Ele ignorou.
- Bem, são meus colegas. Alguns são da água, terra, ar, fogo... Mas todos são espíritos. – explicou.
- E você liga tanto para o que eles vão falar de nós?
- Você não se importa?
- Não. – dei de ombros – Só pensei que talvez, se vamos ficar tanto tempo juntos, sermos amigos de verdade.
- Preciso de um tempo para pensar. – falou ele andando em direção a janela e olhando para a rua.
- Você vai ao encontro comigo, então? – perguntei.
- Vou. – disse ele. – Às seis.
Sorri e escolhi um vestido amarelo para colocar. Seria um dia perfeito. Abri a porta do meu quarto e fui até o banheiro para escovar os dentes e encontrei, no quarto do meu irmão, a namorada dele. Ela havia dormido com ele? Balancei a cabeça para esquecer e entrei no banheiro. Escovei os dentes e quando entrei no chuveiro, percebi que eu precisava muito me encontra com minhas amigas. Eu havia saído ontem sem dar explicações. Elas deviam estar chateadas. Terminei o banho rapidamente e saí correndo de casa. Gustav apareceu ali.
- Ah! É você. – pulei de susto.
- A onde está indo agora? - perguntou.
- Me desculpar para minhas amigas. – respondi sem fôlego.
Ele correu comigo até a casa delas e quando bati na porta ele desapareceu. Esperei vinte minutos e tentei abrir a porta. Estava trancada.
- Liz? Tiff? – gritei.
Ninguém respondeu. Legal. Elas não estavam em casa. Corri, irritada, para casa e bati em alguém.
- Cuidado – ele disse.
Olhei-o. Era Joe, meu namorado.
- Oi. - falei.
- Oi. – murmurou ele e se inclinou para me beijar.
Depois de nos beijarmos ele sorriu.
- Onde você estava? - perguntou
- Tive alguns problemas para resolver. Ando muito estressada ultimamente. - expliquei
- Estive com saudades. – murmurou ele me beijando novamente. – Você quer ir lá em casa?
- Bem, amanhã eu estou disponível. Pode passar lá em casa para me buscar? - perguntei.
- Agora. – falou ele.
- Ah. Er... Tudo bem. Eu nem ia fazer nada mesmo. – murmurei e Gustav apareceu ao meu lado fazendo cara feia. – Desculpe – mexi os lábios.
Andamos um pouco até chegar a casa dele. Entramos na casa dele e ele me ofereceu uma limonada.
- Não, obrigada. – agradeci - O que fez você me convidar para vir a sua casa?
- Estava com saudades. Nada do que matar a saudade um junto do outro – falou ele se aproximando do meu rosto para me beijar.
Ele passou sua mão do meu pescoço para minha perna e começou a levantar meu vestido. De todos os modos tentei evitar, mas ele tirou a camisa e me beijou novamente. Ele queria fazer sexo comigo ali no sofá da sala? Parei de beijá-lo e ele se desconcentrou.
- Que diabos pensa que está fazendo? – xinguei-o quando ele me segurava e tentava tirar meu vestido.
Ele revirou os olhos.
- Curtindo minha namorada – respondeu.
- Não. Você está me usando! Como fez com as outras garotas do colégio. Você é um cafajeste. - gritei
Levantei-me, arrumei meu vestido e dei um murro na cara dele.
- Está acabado, Joe. – falei e saí da casa dele.
Comecei a chorar quando Gustav apareceu para me dar um ombro.
- Ele me usou. Você acredita nisso? Eu vou pra casa. – falei, soluçando.
Gustav me abraçou e me acompanhou até em casa. Entramos na porta e Gustav não ficou “invisível” e obviamente meu irmão me viu com o garotinho de 16 anos.
- Está de namorado novo? – perguntou ele com a namorada embaixo do braço.
Olhei-o e examinei-o.
- Está bêbado.
- E daí? Tenho 20 anos. E você ainda não tem 18. Então se manda daqui.
- Vou contar para tia Holga.
- E eu vou contar que você está saindo com um garoto menor que você.
- Não estamos namorando. Somos amigos. – falou Gustav
Meu irmão deu de ombros e tomou mais alguns goles da cerveja quente. Sua namorada idiota riu e puxou-o para a sala.
- Não se meta na minha vida! – gritei a ele
- Se não vai fazer o que? – perguntou ele imitando uma voz de criança voltando à cozinha para pegar outra cerveja
- Vou contar a sua namorada a onde você estava e o que estava fazendo semana passada.
- O que você estava fazendo? – perguntou ela, curiosa.
- Nada. Estava olhando um filme em casa. – explicou
- Com quem? – perguntou ela
- Sozinho!
- Fale a ela quem estava com você. – ordenei
- Eu estava sozinho – trincou os dentes
- Ele dormiu com Charlotte. - dedurei
- QUE? – gritou ela, deu um tapa forte na cara dele e foi embora.
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