Sonhadora escrita por AnnaHeimer


Capítulo 2
Capítulo 2




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- Mas nem começamos a parte de pintar as unhas... – choramingou Tiff.

- Preciso ir. – falei com um sorriso amarelo e me toquei pra fora daquela casa.

Corri o quanto antes para ficar longe da casa de Liz. Tentei voltar a escutar a voz que me perseguia, mas só ouvia meus passos apressados e o assovio dos passarinhos. Fiquei com uma imensa dor de cabeça e parei para respirar. Olhei pra trás. Já estava bem longe da casa e sentei-me na calçada. Alguém ou algo passou atrás de mim, o vento veio nas minhas costas eu me virei para olhar. Não havia ninguém. Vi meu cadarço desamarrado e fui amarrar. Quando me virei para frente, um menino estava parado na minha frente.

- Que susto! - ofeguei.

Ele não falou nada. Seu rosto não se alterou com o meu ofegar.

- Ei! – chamei o garoto.

Ele tornou a me olhar e eu fiquei com medo. Levantei-me e recomecei a correr. O garoto sumiu. Suspirei. Devia ter sido só imaginação. Andei em direção da minha rua e de uma loja de suvenir saiu o mesmo garoto que eu tinha encontrado antes. Evitei andar ao seu lado e fui por uma rua menos movimentada. Andei tranquila, afinal, o menino nunca andaria por ali. Continuei andando até que o garoto sai andando em minha direção.

Gritei e corri. Não olhei mais para trás, mas senti que ele ainda andava até mim. Cheguei ao portão de minha casa e tentei abri-lo. Olhei para o lado e o garoto estava ainda mais perto. Porque aquela porcaria de portão não abria? Eu teria que correr. O garoto estava muito perto de mim. Continuei correndo, não vi o cordão da calçada e acabei tropeçando e caindo de cotovelos no chão. Começou a sangrar. Droga!

 Olhei o garoto. Tinha apressado os passos. Eu, caída no chão, comecei a gritar e me proteger. Foi quando um vulto chegou aos meus pés e me olhou.

- Você está bem? – perguntou.

Levantei o olhar e abri meus olhos. Era meu vizinho. Seu Rob olhou par mim e eu arregalei os olhos. Olhando para o lado eu vi o garoto passando ao nosso lado. Mas será que ele ainda iria me perseguir?

- Si-sim. – gaguejei e olhei ao meu redor.

Algumas outras pessoas da vizinhança me olhavam, assustadas. Não aguentei ficar ali nem mais um segundo. Levantei-me e corri direto para casa. Meu portão abriu facilmente. Porque antes eu não conseguira abri-lo? Estremeci com as várias possibilidades. Entrei em casa. As janelas estavam abertas. Minha tia estava em casa?

- Tia? Tia Holga? Você está aí? – saí perguntando pela casa.

Ouvi um barulho na lavanderia. Fui até lá para verificar se era ela, mas encontrei um grande vulto preto se mexendo e comecei a gritar de medo.

- Cale a boca! Cale a boca! – ordenou, gritando, o pateta do meu irmão.

Fiquei quieta e olhei-o assustada. Será que era possível ou eu estava imaginando coisas? Era realmente meu irmão. Disso eu não estava enganada. O garoto que eu tinha visto havia sumido. Suspirei de alívio e fui para o meu quarto, mas quando abri a porta, ele estava lá novamente. Gritei e quis abrir a porta. Agora ela estava trancada. Me encolhi na parede, de medo. Ele me olhava como se quisesse me falar algo importante.

Ele estava no meu quarto. Sentado na minha cama. Ele parecia alguém muito íntimo. Olhei assustada. O que ele queria comigo? Se ele me perseguia antes, é porque ele queria algo de mim.

- O que está fazendo aqui? – perguntei. – Quem é você?

Ele sorriu.

- Você fala? – perguntei.

Ele assentiu. Ufa. Pelo menos, se ele fosse me seguir para o resto da vida, nós poderíamos conversar. Avancei um passo. Ele se mexeu e eu logo recuei. Tirou um bilhete do bolso. Estava dobrado em várias partes. Me alcançou e eu, com a mão tremula, peguei-o.



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