Capítulo VIII

- E então, Bella, já viu? – Alice e Rose não paravam de perguntar através da porta, enquanto eu seguia lá, atordoada, imaginando o que se passava pela cabeça de Edward.

Ele queria me ver novamente e ainda por cima fez questão de deixar bem claro quais eram suas intenções. Mas se me desejava outra vez, por que tanta demora em me procurar?

- Bella? – elas invadiriam a cabine se eu não respondesse algo.

- O que? – perguntei sem pensar

- Como o que? – Alice estava impaciente - Abra essa porta!

- Está destrancada – informei e mais que depressa as duas já se encontravam paradas à minha frente analisando a cena.

- Bella, por que está com essa cara? – Rose perguntou hesitante. Eu realmente devia estar de assustar.

Não consegui dizer nada, apenas levantei a caixa aberta e entreguei à elas o presente.

- Meu Deus, que homem abusado! – Rosalie sussurrou abafando as risadinhas com a mão enquanto Alice abria a boca, satisfeitíssima – Quem o vê circulando todo sério pela empresa não diz que ele fica atormentando pobres mulheres inocentes com esse tipo de presente. – Rose já fazia piadinhas.

- Pelo o que eu saiba isso é o que Edward mais faz na vida: atormenta as pobres mulheres inocentes que se apaixonam por ele! – esclareci.

- Bella! Isso significa que ele quer te ver com ela! – Alice levantou a calcinha em sua mão, toda sorridente. Perguntei-me se deveria mostrar o cartão e achei melhor não, elas já sabiam quais eram as intenções de Edward, não precisava compartilhar nossas intimidades com mais ninguém.

- É – concordei – E o que você me diz, Rosalie? - apontei a caixa.

- O mesmo que Alice! Acho que ele te enviou uma mensagem bem direta! – rolei os olhos, não era aquilo que havia perguntado.

- Não estou falando sobre isso! – bufei – Quero saber o que seu namorado disse sobre esse presentinho para Bella – elucidei.

- Ah! Eu perguntei o motivo, mas Emmett respondeu que provavelmente eu sabia bem mais do que ele mesmo, sobre essa história. Então fiquei quieta.

- Que espertinho esse teu namorado, não? – Alice comentou – Se saiu bem! Além de escapar da sua pergunta ainda tentou arrancar de você os segredos de Bella!

- Mas eu conseguirei todas as respostas que quero... – Rosalie prometeu devassamente - Só preciso incentivá-lo a me contar! – piscou nos fazendo rir. Conversar com as duas estava me deixando mais tranquila.

- O que será que Edward pretende fazer agora? – indaguei pensando nas possíveis hipóteses e Rose mais que depressa soltou:

- Sexo! – rimos

- Assim espero! – falei com certo calor – Mas minha dúvida é: será que ele planeja vir atrás de mim ou espera que eu vá atrás dele “agradecer" pelo presente? – estreitei os olhos – Se for a última opção ele vai esperar sentado, pois não irei. – não estava tão certa dessa minha decisão.

- Não mesmo! – Alice afirmou – Deixe-o correr um pouco atrás de você, agora!

- Como, agora? O que está insinuando? – perguntei ofendida - Eu não corri atrás dele hora nenhuma e você sabe muito bem disso! – só faltava Alice vir com um papo desses para cima de mim.

- Sei sim, sua boba! Mas querendo ou não, só você foi até ele. Não estou certa? – ergueu uma sobrancelha esperando minha confirmação. Não tinha como negar o que ela dizia, afinal todos os meus encontros com Edward aconteceram na E2C, ou seja, eu realmente indo até ele. Dei de ombros.

- E se ele não vier atrás de mim? – a desafiei.

- Acha que Edward é doido de te dar uma calcinha e não se manifestar? Acredita mesmo que ele correria o risco de deixá-la vestidinha para outro homem? – riu debochadamente.

- Eu não a vestiria para outro! – garanti torcendo o nariz.

- Ele não precisa saber disso! – Rosalie disse zombeteira

- Sem contar que... – Alice mostrou as unhas felinamente – Ele te acha perigosa! – gargalhamos.

- Meu Deus! – passei as mãos em meus cabelos num típico gesto de nervosismo – Meu coração está acelerado demais! – informei sorrindo, mas com certo desespero – Já estou suando! O que faço agora?

- Nada. Você só precisa sair desse banheiro, aproveitar a nossa festa e esperar por Edward... – mas enquanto Alice explicava calmamente meus próximos atos, Angela entrou no banheiro chamando nossa atenção:

- Meninas, o que estão fazendo aqui? – dirigia-se à Alice e a mim – Tem várias pessoas procurando por vocês! – nos empurrou para fora do banheiro – Vamos, vamos...as aniversariantes precisam dar atenção a todos os convidados.

Fomos nos juntar à mesa onde a maioria dos nossos amigos se encontrava sentada, inclusive Jasper e Emmett.

A música estava boa, a conversa melhor ainda, e assim foi possível me distrair aos poucos. Flagrei Emmett de olho em mim nas vezes em que algum amigo – do sexo masculino – batia um papo mais animado comigo e me perguntei se estaria ele vigiando a “caça” do seu primo. Minhas fiéis escudeiras perceberam o mesmo:

- Emmett repara em todos os rapazes que se aproximam de você! – Rose disse baixinho para que apenas Alice e eu a escutássemos – E não para de mexer no celular... parece ansioso! – continuou.

– Por que ele não liga logo para Edward? – Alice perguntava como se pudéssemos saber a resposta.  

- Pensei que a adivinha aqui fosse você! – apontei para ela.

Ficamos lá fofocando por um tempinho até Jazz me lançar um olhar malicioso e quase me matar com suas palavras:

- Olha quem está chegando! – piscou para mim enquanto apontava alguém em minhas costas. Agitei-me. Seria Edward? Olhei mais do que depressa para trás e, graças às minhas preces, James não notou a decepção em meu rosto. Claro que não seria Edward, eu estava tão maluca a ponto de pensar que o Cullen apareceria no bar do Bill?

James se aproximou cumprimentando o grupo, abraçou rapidamente Alice e depois fez o mesmo comigo, porém sem pressa.

- Olá princesa! – sua voz era sexy em meu ouvido – Como sempre, linda e cheirosa! – aquilo teria me arrepiado há um tempo, mas depois de Edward, James não causava mais reação alguma em meu corpo, e acreditava que nenhum outro homem seria capaz.

- Oi James – falei afastando nossos rostos, mas ainda presa em seus braços – Pensei que não viesse mais! – brinquei por seu atraso.

- E eu perderia a chance de te ver nesse vestido tentador? – disse me fazendo corar. Meu vestido era preto e simples, tomara-que-caia, justo no busto e mais soltinho na saia, não tinha nada de tentador.

- James, James... – o repreendi sorrindo constrangida por me desmoralizar em público, o que o fez gargalhar realizado.

Na verdade eu estava preocupada com o que Emmett poderia estar pensando daquela cena, mas quando o espiei vi que ele nem mesmo nos observava. Estava longe, com o olhar em outro lugar. Fiquei aliviada.

Alice e Rose sim, me fitavam aterrorizadas, implorando algo com os olhos. Será que acreditavam que eu seria louca a ponto de deixar James me beijar na frente de Emmett? Franzi o cenho para as malucas informando com um gesto que não precisavam se preocupar. James jamais faria algo sem minha permissão.

Elas não aliviaram a expressão e então percebi que Jasper também estava estranho, atônito - para ser mais específica - assim como o resto do grupo. Mas apenas quando Angela disse “Ai meu Deus!” encarando a entrada, que minha ficha caiu.

Só duas coisas poderiam causar aquelas caras abobalhadas, e se ninguém estivesse com um revolver na porta do bar ameaçando a todos de morte só podia ser... não consegui completar o raciocínio, engoli em seco e preferi olhar com meus próprios olhos, arregalados, o que todos miravam.

Meu coração parou, e obviamente fiquei mais pálida do que um cadáver, enquanto examinava aquele homem que seguia parado, a certa distância, me observando atentamente com um semblante sério.

Por fim me toquei: Edward estava ali por minha causa e eu me encontrava nos braços de outro homem. Ele devia estar pensando no pior.

Sem pensar, afastei-me de James um tanto atrapalhada, assistindo com isso um leve sorriso satisfeito e ao mesmo tempo cheio de promessas, surgir no rosto que mais desejei rever nos últimos dias.

Ele estava lindo, e eu continuava duvidando que aquela figura pudesse ser real. Edward se assemelhava mais a um Deus Grego, tamanha sua perfeição, do que a um simples ser humano.

A Divindade caminhou em minha direção sem desgrudar seus olhos dos meus, me hipnotizando. Naquele momento parecia que nada mais existia, tanto para mim quanto para ele. Éramos somente nós dois.

Quando parou, estávamos tão perto que pude sentir o calor do seu corpo no meu. Tremi e puxei o ar com sacrifício, conscientizando-me de que havia parado de respirar há algum tempo.

Não conseguia me movimentar, mordi o lábio e pedi fervorosamente aos céus para que Edward não enxergasse o quão tonta eu estava.

Ele não me abraçou, apenas fixou minha nuca com uma de suas mãos e exigiu em meu ouvido, com seus lábios roçando em minha pele:

- Pegue tua bolsa e venha comigo. – eu não vacilei. Assenti com um sinal de cabeça, fiz o que me ordenou e o segui sem olhar para trás.