Irresistível Presença escrita por M-Duda


Capítulo 15
Capítulo XV - O Alvo




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Capítulo XV

 

Já era 18:00h quando escutei o barulho de Alice chegando da rua. 

- Finalmente! - ela disse ao entrar em nosso apartamento enquanto eu assistia a um filme - Pensei que não voltaria nunca mais pra casa!
- Que exagero! - exclamei sorrindo. 
- Exagero? - ela colocou as mãos na cintura depois de depositar a bolsa e os materiais que carregava na mesinha de centro da sala - Era para a senhorita ter voltado segunda-feira, meu bem! Ou seja: ontem.

- Exatamente como eu disse. Um exagero! – revirei os olhos – Quem vê pensa que você não me viu todos esses dias na faculdade Alice, inclusive hoje de manhã.

Ela bufou com o meu pouco caso e se sentou ao meu lado.

- A questão não é te ver na aula e sim te ver em casa. Mas como foi no médico? Ele disse que você já está pronta pra outra? – perguntou apontando meu pé que pela primeira vez, depois de duas semanas, calçava um decente All Star.

- Deus me livre de outra! – fiz sinal da cruz – Mas ele disse que estou ótima, sim! E só por isso consegui voltar pra casa. Edward prometeu que não me liberaria antes de voltar a pisar no chão com os dois pés e cumpriu a promessa.

- Por que você não pagou para que o médico mentisse? Assim você continuaria sob os cuidados de Edward por mais tempo. – Alice sugeriu maliciosamente, me fazendo rir.

- Ah, Alice! – suspirei já sabendo o quão ruim seria a primeira noite sem Edward - Vou sentir tanta falta de dormir com ele.

- Quanto amor! – ela abraçou uma almofada antes de atirá-la em mim – Acorda pra vida! Tua casa é aqui. – rimos juntas por ela ter me pego desprevenida e atingido meu nariz em cheio.

- Falando nisso, você não vai acreditar... – comentei quando consegui parar de rir - Edward me deu algo que jamais pensei ganhar.

- O que? – seus olhos brilharam ante a expectativa.

Tirei a chave que estava no bolso da minha calça e a ergui no ar para que ela visse.

Alice franziu a testa.

- De onde é essa chave?

Meu sorriso aumentou.

- Do apartamento dele. – foi nítido o choque de Alice. Minha amiga arregalou os olhos e depois abriu a boca sem perceber.

- Bella! – ela murmurou levando uma mão aos lábios e a outra na chave para verificar se era real. Surpreendeu-me aquela reação contida vinda de Alice – Eu sabia! – então começou uma seção de pulos animados – Eu sabia! Sabia que isso aconteceria! – me puxou para um abraço.

- Não é incrível como tudo aconteceu rápido? – indaguei me esparramando novamente no sofá.

- Não! Eu acho até que vocês enrolaram muito! – Alice afirmou. – Mas tudo bem. Pelo menos não demoraram décadas para o “felizes para sempre”.

- Alice! – endireitei-me no assento – Não estamos no “felizes para sempre”. Isso não foi um pedido de casamento. Estamos apenas no, digamos...“felizes, muito felizes”!

- Ah! – ela levantou as mãos pedindo paciência a Deus – Mas será possível que só eu enxergo? – voltou a me encarar, com um sorriso maroto – Não importa o que você diga. Tenho certeza que sabe muito bem que esse seu namoro não é sem futuro.

- Não é isso. Não penso que seja sem futuro...

- Mas você tem medo! – ela me interrompeu – Medo de se iludir e depois ver que não era nada disso! – sentenciou com trejeitos entediantes.

- Não é bem medo, Alice...

- O que é então? – seus olhos me cobraram resposta. Irritei-me.

- Se você parar de me cortar talvez eu consiga terminar de me explicar.

- Não quero explicações baratas. Quero que seja honesta, Bella! – Alice segurou minhas mãos entre as suas – Foi assim desde o começo. Tudo bem! Entendo você ter ficado insegura antes. Eu no teu lugar talvez tivesse me sentido insegura também. – enruguei o cenho e ela percebeu minha incerteza – É sim! Quando estamos do lado de fora do assunto é mais fácil saber o que está acontecendo. Esquece-se que Jazz e eu só estamos juntos porque você tramou tudo?

E não é que eu já tinha me esquecido daquilo? Realmente, Alice tinha me dado muito trabalho quando os dois eram apenas “bons amigos coloridos”.

- Verdade. Você não era toda essa confiança quando eu dizia que Jazz era louco por você!

- Justamente. Mas agora sou eu quem está do lado de fora, e por isso posso dizer: Vocês se completam, e sei que Edward tem consciência disso. Portanto não se preocupe. Ele já entendeu que não será capaz de respirar longe de você. – sorriu confiante.

Também sorri. É claro que não duvidava do sentimento dele por mim, só não achava certo me empolgar antes da hora com planos de futuro, afinal, Edward tinha idéias diferentes sobre compromisso. O que eu sentia não era medo, mas sim respeito. Tudo para ele era novidade e certamente casamento, ao qual Alice já se referia, ainda era uma palavra inexistente em seu vocabulário.

Porém, analisando mais atentamente, eu mesma tinha mudado muito depois que Edward entrara em minha vida. Antes dele, meus objetivos também estavam bem distantes de qualquer tipo de compromisso amoroso. No entanto, ali estava eu. Apaixonada. Namorando uma pessoa de Chicago e totalmente disposta a dizer “sim, eu quero ficar com você pelo resto da minha vida!”.

O amor mudou meus pensamentos e ao que tudo indicava, mudou também os de Edward. Então...por que não sonhar?

- Tudo bem, Alice. Quando eu me casar você será a madrinha.

 

Na terça-feira ainda, aproveitei para estudar a matéria da faculdade perdida naquela tarde devido ao meu retorno médico, enquanto Alice tomava seu banho. Estava tão compenetrada nos livros que uma simples batidinha na porta fez com que me sobressaltasse.

Como não tocaram o interfone, só podia ser algum vizinho. Provavelmente Shane, deduzi. E quando abri a porta não me surpreendi.

- Bella! – Shane sorriu e me puxou inesperadamente para um forte abraço – Pensei que nunca mais fosse te ver.

- Oi Shane – saudei ainda em seus braços – Pelo jeito você tem convivido muito com Alice! – brinquei – Está falando igual a ela.

Ele me largou por fim e gargalhou com o meu comentário. Acompanhei seu entusiasmo.

- Mas você voltou para ficar, ou só veio buscar alguma coisa?

- Para ficar. – respondi – Entre.

- Na verdade só vim trazer um CD que Alice pediu. – me entregou a caixinha.

- Hum...Franz Ferdinand – murmurei analisando o álbum - Aposto que aqui tem Walk Away – ele assentiu – Ela ama essa música, Shane.

- Percebi – riu passando as mãos pelos cabelos e eu me peguei imaginando a cena: Alice gritando animadamente, aos pulos, por Shane dizer que tinha a música que ela tanto gostava. Ri também.

- E como vai o trabalho?

- Correria total. – respondeu - A revista estará circulando no mercado dentro de poucas semanas. Mas você deve saber como são essas coisas...para nós que trabalhamos nela, a primeira já virou passado. Estamos finalizando as fotos e as matérias da quinta edição, agora. – parou de falar e me estudou por um momento estreitando as sobrancelhas – Por falar nisso...gostaria de fazer um trabalho para a sexta edição?

O choque da proposta fez com que eu tivesse um pequeno problema com o ar que adentrava em meus pulmões, o que tornou impossível evitar uma crise de tosse.

- Sha-ne... e-u...eu...– tosse atrás de tosse. Não conseguia falar. Ele sorriu e segurando em meus ombros me direcionou até a cozinha.

- Calma, Bella! – pegou um copo, encheu de água e me entregou – Acho melhor beber isto! - tomei toda a água de uma vez só – Melhor? – assenti e ele prosseguiu – Não estou te convidando para posar nua, se é o que está pensando... – ainda bem que ele esperou que eu engolisse a água antes de revelar suas intenções, caso contrário meu vexame seria maior. – É que tem um espaço na revista destinado a novos talentos. Cada edição contará com o trabalho de um profissional diferente. Novatos, entende? Sei que você ainda não se formou, mas é uma oportunidade. Eles pagam bem pelo artigo.

- Ah! – exclamei aliviada, com um sorrisinho besta enfeitando meu rosto. Porém, me sentia também, uma completa idiota por ter entendido errado a oferta de Shane.

Mordi o lábio inferior, balançando a cabeça, totalmente ciente de que seria possível fritar um ovo no meu rosto de tão quente que se encontrava. Céus, que estúpida!

- Desculpe, Shane! – fitei o CD que ainda estava em minha mão esquerda e então encarei meu vizinho – Sobre o que será a matéria?

- Saúde sexual.

 

Acordei péssima no dia seguinte, devido à demora para conseguir dormir na noite anterior; mas enfim, depois de ler pela milésima vez a mensagem de celular de Edward, que dizia estar sentindo a cama fria sem a minha presença, caí num curto sono.

Na faculdade, me perguntei quando todos voltariam a me deixar em paz. Já estava chato ser o centro das atenções e fofocas. Eu percebia as pessoas me apontando e puxando o meu saco. Tudo por que, “inacreditavelmente”, como as oferecidas diziam enquanto se abanavam, eu era a namorada de Edward Cullen.

Mas a expectativa para estrear minha chave era tão grande, que nem me incomodei com toda aquela falsidade. O que queria era aproveitar minha noite com Edward.

Quando sai da última aula, voei pra casa, arrastando Alice pelos cabelos praticamente. Estávamos com o meu carro e não podia deixar minha amiga pra trás só porque não via a hora de me aninhar nos braços de Edward. Tomei um belo de um banho e me arrumei rapidamente para sair. Mas antes teria que passar em um supermercado.

Já era mais de 17:00h quando girei a chave na porta do apartamento de Edward. Ele não estava em casa, e como o combinado tinha sido de que o jantar seria preparado por quem chegasse primeiro, tratei de por a mão na massa. Abri a sacola de compras e tirei os ingredientes necessários para a receita rápida, prática e saborosa que pretendia fazer. Filé ao molho de queijo. Uma ótima pedida para o outono.

Edward estava demorando, o relógio marcava 17:30h, e eu desconfiava que sua intenção era me deixar a vontade em seu apartamento.

O telefone tocou enquanto eu preparava o molho que misturaria à carne. Pensei ser Edward, mas me enganei. Ninguém respondeu quando atendi, e depois de perguntar quem era pela terceira vez, desisti e desliguei o aparelho. Era a segunda vez que isso acontecia e não gostei de pensar que pudesse ser alguma mulher atrás de Edward. Seria alguma?

Por fim ele chegou. Meu coração disparou ao ouvir o barulho da porta. Desliguei o fogo e corri para a sala, não suportando mais a saudade de seus beijos e abraços. Quando ele me viu e me lançou aquele incrível sorriso, meu coração se aqueceu. Pulei em seus braços, que estavam estendidos em minha direção. Um convite irrecusável.

Beijamo-nos como se não nos víssemos há anos e quando descolamos nossas bocas ele sussurrou em meu ouvido, enquanto suas mãos acariciam minhas costas e cabelos:

- Fico feliz que já esteja aqui. Estou morrendo de fome.

Afastei meu rosto para olhá-lo e ele me prendeu com braços fortes, impedindo mais algum tipo de distanciamento.

- Sente o cheiro? – perguntei – O jantar já está pronto.

Ele deu um leve sorriso e mordiscou meus lábios, para depois completar:

- Fome de você, Isabella!

Gemi. Eu jamais conseguiria resistir àquele homem - sua boca, suas mãos, seus afagos, suas pegadas - Edward era simplesmente minha perdição.

Como sempre, não vi quando ele me levou até o sofá. Ficava tão alienada em seus braços que não enxergava mais nada além dele.

Edward tirou minha blusa e meu sutiã. E depois de estimular meus seios com suas mãos e boca, me deitou vagarosamente no móvel. Retirou minha calça numa puxada rápida, e se despiu em uma velocidade sobre-humana. Ele me tocou, despertando todos os meus pontos sensíveis, e quando eu já estava suplicando para que ele me invadisse, Edward me penetrou de uma só vez. Seu gemido de prazer era musica para os meus ouvidos. Eu poderia atingir meu clímax só com aquilo. Edward urrando de tesão por estar dentro de mim era mais excitante do que qualquer palavra ao pé do ouvido.

Depois que já estávamos parcialmente saciados, para um começo de noite - suados e arfantes - agarrados um ao outro, me manifestei:

- Como foi o seu dia?

Edward levantou a cabeça que estava deitada em meu pescoço, sorriu e beijou a ponta do meu nariz.

- Difícil – suspirou – Não via a hora de te dar um beijo. – e assim encostou nossos lábios em um beijo delicado, cheio de amor.

- Acho que agora precisamos de um banho. - assegurei – Não podemos jantar nesse estado.

- Banho com você? – ele cerrou os olhos fingindo estar meditando, enquanto torcia a boca. – Acho que o jantar vai demorar um pouco mais do que o previsto. – mordeu meus lábios sensualmente. Estremeci.

 

- Se você quiser, poderá trabalhar comigo quando eu abrir meu restaurante – Edward brincou depois que terminamos de jantar.

- Ótimo. É muito bom saber que não farei parte da classe de desempregados. – entrei na brincadeira, retirando os pratos da mesa levando-os até a pia da cozinha.

Edward me enlaçou por trás e me puxou para fora dali.

- Nem pense em perder mais um segundo nesta cozinha, Srta. Swan. Amanhã, Sheila cuida da limpeza. Agora, você cuida de mim.

- Certo. – falei me virando para ele – Mas o tempo passou voando. – já era mais de 21:30h – Preciso ir embora.

Edward gemeu em protesto e me apertou em seu peito.

- Fique aqui esta noite. – sussurrou beijando minha cabeça.

- É uma proposta tentadora, Sr. Cullen, mas não vim preparada para isso. – como pude ter sido tão burra? Na pressa de sair de casa, nem pensei na possibilidade de passar a noite com ele.

- Você já tem uma escova de dente aqui. – Edward me lembrou – E pode muito bem colocar essa roupa para ir amanhã à faculdade. Quanto ao seu material, nada que um telefonema para Alice não resolva.

- Hum...assim fica difícil resistir. – apertei-me mais em seu corpo.

- Não resista, então.

- Meu carro está na rua.

Edward me afastou um pouco para me olhar com uma expressão contrariada.

- Erro meu. Esqueci de lhe dizer, mas tem uma vaga para você na garagem.

Sorri feliz por todas as soluções.

 

Deitados na cama e aquecidos pelo calor do corpo um do outro, comentei, aconchegada no peito de Edward, que não sabia o que ele havia feito para convencer Alice a fazer duas semanas seguidas a nossa pizza em seu apartamento.

- Acho que ela é minha aliada – ele disse confiante.

- Você acha? - Edward não tinha idéia do quão verdadeira era sua afirmativa – Mas a sua aliada mandou dizer que amanhã tudo voltará ao normal, ou seja, quer participar da nossa reunião amanhã em minha casa? O problema é que Emmett não irá. Parece que ele tem um compromisso de trabalho...mas isso você sabe melhor do que eu.

- Pobre, Rosalie! Será a única solitária. – me apertou, demonstrando que sua resposta era sim para o meu convite. Murmurou algo em meio aos meus cabelos, que não compreendi, pois já estava atenta a um outro assunto que queria iniciar.

- Falando em trabalho... – contei que havia topado fazer uma matéria para uma nova revista que seria lançada dentro de pouco tempo. O ritmo de suas caricias em minhas costas diminuiu.

- Hum... – depois de alguns segundos calado, soltou um suspiro e perguntou – Que revista?

- Aí que está o problema! - zombei – Você só poderá ver o artigo antes de ser publicado, porque a revista é masculina e não quero te dar uma desculpa para folhear as páginas até nunca encontrar o meu trabalho. – ri da minha gracinha, mas Edward não me acompanhou. Ele se limitou a apertar minhas costas. – Ai – reclamei, pois tinha sido forte.

- Desculpe. – sua voz era tensa – Mas não vejo nada de interessante para você numa revista desse estilo.

- A principio também pensei que não houvesse. Mas vi que estava errada. A matéria será sobre Saúde Sexual, na qual entrevistarei uma equipe médica que vive dando palestras sobre o tema. É um assunto importante, Edward. Além do mais, será bom pra mim, pois é um trabalho remunerado.

- Não pensei que você estivesse precisando de dinheiro.

- Ah...eu tive que abandonar um emprego de meio período no começo desse semestre. Como você sabe, os dois últimos semestres do meu curso exigem disponibilidade total a faculdade, sendo assim não tenho tempo para um trabalho fixo. Estou vivendo praticamente às custas dos meus pais, já que minhas economias não foram lá grandes coisas. – falava acariciando seu peito – Para os meus pais não é muito fácil, entende? Então, seria ótimo se aparecessem mais oportunidades como essa, mas infelizmente esse espaço na revista será rotativo.

- Não quero que passe necessidade, Bella! Eu posso te ajudar com dinheiro.

- Não estou passando necessidade. Só acho legal ajudar com o que posso nas minhas despesas.

- Entendo. – e não disse mais nada sobre o assunto.

A noite anterior tinha sido horrível sem a presença de Edward, portanto como meu cansaço era grande, logo me entreguei ao sono em seus braços.

 

Dois dias depois, sexta-feira, Edward apareceu com um pequeno aquário em seu apartamento. Fiquei confusa, sem entender o motivo daquele sorriso satisfeito em seu rosto.

- O que significa isso? – quis saber, admirando o lindo e solitário peixinho vermelho que Edward depositava sobre o balcão do mini-bar próximo à sala de televisão.

- Gostou? – o brilho de seus olhos me fazia compará-lo a uma criança que acabara de ganhar uma bicicleta.

- É lindo. – me referi a ele, mas Edward entendeu errado.

- Também achei. – concordou fitando o pequeno beta.

- Você ganhou? – questionei batendo no vidro, brincando com o peixe.

- Não. – puxou meu rosto para um beijo – Comprei. – respondeu e acrescentou - Essa é minha alternativa “b”. – disse com uma expressão vitoriosa que me fez enrugar a testa.

- Não estou entendendo nada.

- Vou precisar viajar nesta madrugada. – roçou as pontas dos nossos narizes – Mas só vou poder voltar na terça-feira...quer ir comigo?

- E minha faculdade? Perdi muitas aulas esses dias, não posso faltar mais, Edward.

- Claro...mas no caso você voltaria no domingo. – hesitou - Acha ruim voltar sozinha?

- Não. – mordi o lábio achando irreal ele desejar tanto minha companhia – Mas pra onde você precisa ir?

Edward suspirou vacilando com o sorriso.

- Londres.

Meus ombros caíram. Inglaterra pra mim seria impossível.

- Não tenho passaporte. - não acreditava que por causa de uma besteira daquela perderia um final de semana com Edward. Ele me encarou com uma expressão de puro desgosto.

- Torci muito para que você não me dissesse isso. – meneou a cabeça insatisfeito. – Mas em todo caso... – olhou o peixe – Tenho meu trunfo.

- Continuo sem entender. – Edward riu da minha cara, que no momento denunciava sentimentos de frustração e incompreensão.

Ele estreitou seus braços ao redor da minha cintura, me encaixando em seu corpo como se eu fosse uma frágil preciosidade correndo o risco de ser quebrada. E acariciando minha face direita com seus lábios, sussurrou o plano maquiavélico.

- O pobre peixe precisa de companhia. Se ficar sozinho ele pode até mesmo morrer.

Tudo aquilo era para que eu ficasse em seu apartamento enquanto ele estivesse fora? Não entendi o motivo, mas iria provocar mais um pouco antes de perguntar.

- Então eu poderia levá-lo para um passeio na minha casa.

- De jeito nenhum! – espantou-se falsamente – Ele é muito apegado ao próprio lar. E a casa dele é aqui.

Comecei a gargalhar.

- Ele acabou de chegar.

- Mas já reconheceu o território. – estudou o peixe, minuciosamente. - Percebe como sua respiração está mais tranquila? Isso só acontece quando ele aprova sua morada.

- Edward? – o chamei sorrindo, porém com um tom de voz que revelava que eu gostaria de falar sério dali por diante. – Por que está fazendo isso?

Ele compreendeu bem a que me referia e antes de responder, passou uma mão por entre seus cabelos.

- Não sei, Bella! – disse sinceramente – Pode parecer loucura, mas dessa forma... – pausou - Sabendo que você está aqui. Ajuda-me a não duvidar que tudo isso que estou vivendo ao seu lado seja real.

Abracei-o fortemente. Era incrível, mas eu é quem tinha motivos para duvidar daquele sonho e não ele.

- Eu fico. – afirmei sabendo que era exatamente o que precisava. Suportar quatro dias de ausência de Edward em meu apartamento, sem seu cheiro, seria doloroso.

Senti os músculos de Edward relaxarem. Ele estava feliz com a minha decisão.

- E que tal se chamarmos este peixinho de “B”? – sugeriu brincalhão.

- Acho que ele não poderia receber um nome melhor. – beijei-o apaixonadamente.

 

Aproveitei para estudar muito durante aqueles quatro dias. Alice e Rose me visitaram no domingo, já que Emmett e Jasper foram participar de mais um jogo com o pessoal da empresa. Por mais que Edward tivesse mudado seu comportamento dentro da empresa, como Jazz dizia – “O Cullen cumprimenta a todos que cruzam o seu caminho agora, daqui a pouco vão dizer que Emmett é o Cullen mal-humorado!” - ele ainda não participava desse tipo de encontro com o grupo. Mas de qualquer forma, naquele domingo seria impossível, visto que Edward se encontrava em Londres, visitando a empresa de um cliente.

- Viemos conhecer o “B”. – Rose disse me abraçando, seguida por Alice.

E depois de passar uma tarde maravilhosa e divertida de domingo, as duas foram embora.

Edward me ligava pelo menos duas vezes por dia:

- É só porque preciso saber como está o peixinho. – me disse na noite anterior ao seu retorno - Sinto muito a falta dele, sabe? – podia até ver a cara de pau com que ele me dizia aquilo.

- Sei – retruquei – Mas ele está ótimo. Parece que não anda sentindo muito a sua falta, não, sabe?

- Mentirosa. Eu acho que ele está morrendo de saudade de mim. Você é que não quer confessar.

- Pode ser. Hum... – fiz um suspense proposital – Talvez só um pouquinho.

- Pois diga a ele, que eu daria tudo para tê-lo aqui comigo neste exato momento.

Meu coração disparava quando Edward falava naquele tom. Sabia exatamente como ficavam seus olhos e sua temperatura corporal quando sua voz saia rouca daquele jeito. Contive um gemido, mas minha mente já estava brincando com a minha sanidade.

- Estou com saudade. – consegui dizer com dificuldade.

- Eu também. – escutei um suspiro tremulo e pesado – Durma o quanto puder, Bella, porque amanhã não vou deixar que faça isso tão cedo.

- Então venha preparado, meu anjo, porque não tenho a menor intenção de dormir depois que você chegar aqui. – me sentia muito excitada para controlar as palavras.

- Seu demônio. – ouvi seu rosnado – Você gosta de brincar com fogo, não é? – me remexi na cama, onde já estava pronta para dormir, ansiando ardentemente que aquela voz no meu ouvido não estivesse do outro lado do telefone – Então preste atenção no que vou te dizer, Bella... – se controlou – Quero ouvir o teus gemidos, agora.

Foi impossível segurar qualquer reação depois de tal revelação. Edward controlava meus sentidos até mesmo à distância.

- Sabe o que eu adoro? – continuou ele – Sentir teu corpo tremer toda vez que tomo teus seios em minha boca. E também, te sentir molhada sempre que a estimulo com minha língua.

Não. Eu não podia mais aguentar aquela tortura. Não conseguia nem mesmo continuar segurando o telefone.

- Ed..ward...por favor – arfei – Não faça isso comigo – pedi com palavras entrecortadas.

- Toque seu corpo, Bella. Preciso ouvir meu nome em teus gritos de prazer.

E assim aconteceu nosso primeiro sexo por telefone. Foi sensacional. E pude dormir muito mais relaxada. Mas aquilo só aumentou minha saudade de Edward.

 

No sábado seguinte, Edward e eu, assistíamos a um filme quando o telefone tocou. Estávamos tão atrelados um ao outro que nenhum teve disposição para levantar e ir até o insistente aparelho. Por fim, Edward resolveu acabar logo com aquela tortura.

- Se for Emmett chamando para sair, você está a fim? – perguntou antes de atender.

- Claro. Vamos sim. – ele assentiu e puxou o gatilho.

Na hora foi como enxerguei a cena devido à falta de ânimo de Edward. Parecia realmente que ele estava puxando um revólver para sua própria cabeça. Mas quando a pessoa respondeu à pergunta de “quem fala?”, percebi que minha analogia fora muito mais real do que podia supor.

Aquele foi, literalmente, um telefonema capaz de matar. O alvo? Meu coração.


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Notas finais do capítulo

*-* Quem será? Algum palpite? rs
Bom...obrigada a todos que comentaram no capítulo passado. Agradeço de coração por todo o carinho!!
Sei que algumas pessoas ficam revoltadas com os finais dos meus capítulos, mas não se preocupem...amanhã tem mais! – claro que vai depender dos comentários! ;)

Beijãooo
Duda ;)