Irresistível Presença escrita por M-Duda


Capítulo 16
Capítulo XVI - Passaporte




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Capítulo XVI

- Sinceramente não sei por que está me ligando. – Edward cuspiu entredentes – Mas já que se atreveu a isso, ouça bem... – pediu com uma expressão que espantaria o mais temido de todos os leões, embora sua voz fosse suave - Não quero que isso se repita. Não quero que me ligue. – seu tom era baixo, porém indiscutivelmente cruel - Finja que eu não existo, porque pra mim você deixou de existir quando me abandonou.

Eu não conseguia mais respirar e repentinamente fui tomada por uma estranha tontura. Ofeguei com o coração disparado dentro do peito. As últimas palavras de Edward me causaram um choque inesperado. “Você deixou de existir quando me abandonou”. Ele só podia estar falando com uma mulher. A responsável pelo coração cheio de armaduras de Edward. A culpada por ele se proteger tanto contra relacionamentos. Só podia ser!

Por que ele disse que nunca havia amado antes? Por que mentiu? Não parava de me perguntar.

Mas talvez Edward não fizera por mal. Talvez o assunto o chateasse tanto que ele simplesmente preferiu anulá-lo de sua vida. Vai ver tinha achado melhor apagar aquela mulher de suas lembranças. Se bem que aquela não era uma boa explicação para manter minha paz de espírito. Sempre soube que um assunto se tornava fácil depois de superado, e pela atitude de Edward, ele não havia superado em nada a mulher que estava ao telefone. Era evidente seu desprezo e sua raiva. Mas será que tudo aquilo não passava de mágoa por não ter conseguido esquecê-la?

Não. Meu medo não podia ser maior do que a certeza do sentimento de Edward por mim: Amor. Não importava o passado; mas sim e somente o presente. E este já tinha nome e sobrenome: Isabella Swan. E se essa assombração tivera a ousadia de reaparecer, eu não a deixaria se intrometer em nosso relacionamento.

Edward desligou o telefone, assim que esclareceu seu nenhum desejo de falar novamente com a pessoa do outro lado da linha, e fitou o aparelho – calado e imóvel – durante minutos que me pareceram horas. Sua evidente tensão não diminuía com o passar do tempo. Eu já não aguentava mais vê-lo naquele estado, então, comecei sem saber ao certo o que dizer a seguir:

- Edward? – meu tom era calmo, demonstrando uma tranquilidade que estava longe de ser verdade. Ele não movimentou a cabeça, apenas ergueu os olhos, por debaixo dos cílios, para me encontrar.  Não comentou nada e sua expressão era dura. Tentei me aproximar, mas seu olhar me fez congelar no lugar onde estava. O desespero arruinou as minhas certezas sobre o sentimento que unia Edward a mim – O que aconteceu? – perguntei sentindo um nó na garganta. Não era o que gostaria de dizer. Na verdade minha intenção não era pressioná-lo, e sim suavizá-lo. Mas diante àquela expressão não consegui me conter.

Edward continuou em silêncio e estreitou as sobrancelhas me analisando. Não estava gostando do seu semblante. Ou eu estava maluca, ou ele me olhava mesmo com repulsa. Meu Deus! Será que agora se dava conta de que seu amor por mim não era nada comparado ao que sentia por aquela assombração? Será que seu amor por mim era apenas físico? Mordi o lábio inferior, não conseguindo fazer com que uma única palavra saísse de minha boca. A verdade que desabava em minha cabeça era aterrorizante.

- Me deixe quieto, Isabella. Preciso ficar sozinho. – declarou por fim, com voz baixa e firme. Não via mais ali o homem que um pouco antes me envolvia em abraços e beijos cálidos.

- Não posso...Você...? – queria indagar, mas nada saia. Senti minha garganta secar, assim como meus lábios e antes mesmo que pudesse umedecê-los, Edward me interrompeu exasperado.

- Será que não posso ter paz dentro da minha própria casa?

Meu coração, que até então batia freneticamente, parou. Minhas mãos tremiam e um gelo percorreu toda minha espinha.

- Me desculpe...eu não quis me...

- Se intrometer? – perguntou sarcástico – Claro que quis. 

- Edward...? – meu tom era fraco, estrangulado e suplicante - Por favor...o que está acontecendo?

- Muito simples. - ele me lançou um sorriso nada feliz, fazendo sua amargura me atingir em cheio - Perdi minha privacidade quando te nomeei minha namorada. – arregalei os olhos. Indiscutivelmente, um soco no estômago não me causaria maior mal-estar do que aquele que sentia no momento. Mas Edward parecia não se contentar com pouco, então continuou – Quando você se forma mesmo? – contorceu a boca iniciando uma contagem mental, ao mesmo tempo em que gesticulava os números com os dedos. Ele estava contando o tempo que restava para que eu fosse embora de vez. Senti uma tristeza sem tamanho com tal atitude.

Edward nunca cogitara a idéia de ficar comigo. Finalmente a triste e cruel realidade, que eu tanto temia e esperava, se estendia à minha frente. Ela se desenrolava em um grande e pesado tapete vermelho, me conduzindo até a porta de saída. A saída da vida de Edward.

Não conseguia chorar. Apenas ouvia os ruídos da minha respiração castigada pela emoção. Sabia que minha expressão devia estar vazia, assim como o meu interior. Meus olhos não focalizavam nada, porque me sentia perdida.

Como seria viver sem Edward? Essa pergunta sem resposta atormentou minha cabeça. Minha única vontade era de fechar os olhos e poder abri-los depois de alguns anos; quando toda aquela dor deixasse de existir. Ou pelo menos diminuísse.

- Ora, não seja tão generoso comigo, Edward! – ironizei, mas não tive muito sucesso, visto que minha voz era mais um chiado do que qualquer som digno de discussão – Você não precisa carregar um fardo tão pesado até a minha for... – tentei feri-lo, mas parei no meio do caminho.

Obviamente, aquele não era o momento para sentir pena de mim mesma. Precisava ser racional. Bem ou mal, Edward nunca mentira sobre suas intenções. Ele nunca desejou um relacionamento e não me omitira isso. Talvez, sem perceber, eu tenha o pressionado a me pedir em namoro; ou talvez ele tenha acreditado que sua paixão carnal por mim fosse algum tipo de sentimento maior. Mas não era. E o seu verdadeiro amor havia regressado.

Pelo jeito, Edward sabia que iria perdoar sua amada por qualquer erro que houvesse cometido no passado. O que ele ainda não sabia era o que fazer comigo. E eu precisava libertá-lo.

Não pediria explicações. Não o condenaria. Não praguejaria contra o seu romance. Eu simplesmente sairia.

- Tudo bem, Edward! – sussurrei contida e muito desanimada, fitando o maldito telefone – Entendo que você tenha seus motivos para estar nervoso... – não sabia de onde conseguia tirar som para as minhas palavras - Enfrentar problemas mal resolvidos não deve ser fácil. Mas sinceramente... – pausei reprimindo um gemido de angústia – Você não precisa me atacar... Dizer que está tudo terminado entre nós seria o caminho mais rápido, e pode acreditar, menos doloroso para mim.

Quando, por fim, ergui meus olhos para encontrar os dele, o que vi foi diferente do que esperava. Edward parecia assustado. Seus traços ainda revelavam o quão nervoso ele estava, mas seu olhar denunciava espanto, ao mesmo tempo em que lançava faíscas nocivas. Ele não disse nada, apenas me estudou com rancor.

Saí rumo ao quarto. Precisava pegar minhas roupas, que Edward tanto insistira para que eu deixasse em seu apartamento, e meus outros pertences para ir embora.

Enfiei tudo, rapidamente, dentro de uma pequena bagagem de mão que levara para ali no dia anterior, lutando em vão contra as lágrimas quentes que desciam feito chuva por meu rosto. Precisava sair. Precisava chorar de verdade. Precisava de ar.

Cheguei na sala um tanto hesitante. Edward estava parado no mesmo lugar, próximo ao telefone, com a postura rígida bem marcada em seus punhos e rosto. Ele não se moveu; apenas passeou seus olhos semicerrados de minha mala até encontrar o meu olhar. Não sabia ao certo o que fazer ou dizer.

- Se você sair por essa porta, não irei atrás Isabella. – Edward parecia um animal raivoso. Suas narinas denunciavam sua ira.

- Sei que não, Edward! – claro que sabia. Ele iria atrás da outra, isso sim. Como eu queria ter conseguido dizer o que pensava, mas parecia que existia um nó em minha garganta. Se tentasse soltar qualquer coisa, seria apenas toda a minha dor em forma de lágrimas. Mas suas palavras me fizeram lembrar de algo importante.

Voltei até a mesa e ele continuou me observando. Abri minha bolsa e peguei o que procurava. Coloquei a chave, que um dia acreditei ser motivo para entusiasmo, sobre o vidro do móvel, e saí do apartamento de Edward pela última vez.

Não esperaria o elevador. Precisava me movimentar. Sentia que desabaria no chão se brecasse minhas pernas. Desci três lances de escada, o mais rápido que pude e senti uma forte pontada no estômago. Não aguentava mais, por isso entrei no elevador. E recostada ao lindo espelho que o decorava comecei a chorar.

Graças a Deus, ninguém acompanhou minha descida até o estacionamento do prédio, e só quando me sentei no banco do carro permiti que meu choro se transformasse em pranto. Depois de alguns minutos saí com o veículo, sabendo que era loucura dirigir naquele estado, mas tinha que ir embora.

Não sei como cheguei em casa sã e salva. Pelo menos fisicamente estava salva.

Desci do carro sentindo o peso do mundo sobre os meus pés. Minha cabeça rodava, nauseando-me um pouco. Precisava me deitar urgentemente, então resolvi deixar a pequena mala dentro do automóvel. Buscaria outra hora.

- Bella? – olhei para cima assim que travei o carro e vi Shane na entrada do prédio me fitando com espanto – O que houve?

Apenas balancei a cabeça, informando que não queria falar nada no momento. Ele compreendeu o gesto e me ajudou a subir as escadas. Aceitei de bom grado já que duvidava ser capaz de fazer aquilo sozinha.

Shane me acompanhou lentamente e quando chegamos em nosso piso, ainda do lado de fora do apartamento, apoiei minhas costas na parede – ofegando - e ele me abraçou preocupado. Na verdade Shane estava me segurando.

- Bella...O que está sentindo? - eu queria responder, mas minha boca parecia ter travado e minha língua estava pesada dentro dela. Tudo estava rodando. Meu mundo estava desabando e perdendo o brilho. Meu mundo agora sem Edward. Percebi que algumas lágrimas ainda molhavam o meu rosto.

- Ed-ward! – balbuciei, mas Shane não entendeu.

- O que? O que disse? – abaixou seu ouvido até meus lábios na tentativa de me ouvir melhor – Repita o que está tentando me...

- Tire as mãos de cima dela. – a voz enfurecida parecia de Edward, mas eu já não tinha mais certeza de nada, pois tudo continuava girando cada vez mais rápido. Somente quando os braços de Shane foram arrancados de mim que pude, num breve lampejo de lucidez, perceber que minhas forças não seriam suficientes para me manter em pé. Oh, não! Eu estava desmaiando.

 

- Bella. Bella. – Edward me chamava apavorado, levantando minha cabeça com um braço que sustentava minha nuca. Eu estava caída no chão e ao me dar conta disso tentei me levantar. – Não. Não. – me repreendeu docemente – Você pode se sentir mal novamente. Fique um pouco quietinha. – tanta ternura. Vi em seu olhar um brilho que só existia nos olhos do meu Edward. Será que era ele mesmo quem estava ali? Sem pensar levei uma mão até seu rosto e sussurrei:

- Edward? O que aconteceu?

- Você desmaiou. – quis dizer que não era sobre aquilo a que me referia. Na verdade queria saber o que tinha acontecido conosco. Mas do meu outro lado, também agachado, se encontrava Shane, então achei melhor não discutir nossa relação na frente do meu vizinho. Assenti e ele me ajudou a sentar com cuidado.

- Estou bem. – garanti – Foi apenas um mal-estar. Não sei por que aconteceu isso. – dei de ombros tentando disfarçar, mas Edward me encarou mortificado. Uma punhalada no meu peito doeria menos. Ele estava se culpando pelo meu incidente e isso eu não permitiria. Era incrível, mas vê-lo sofrer refletia com mais intensidade dentro de mim do que o meu próprio sofrimento – Estou bem, juro! – tentei sorrir. Só o fato de senti-lo novamente tão carinhoso e cuidadoso era motivo para me alegrar, mas não podia me iludir. Certamente ele estava ali por eu ter esquecido alguma roupa ou objeto em sua casa e depois de me ver se culpou pelo meu estado deplorável e por isso, tentava ser amável.

- Vamos entrar? – perguntou me puxando para cima.

- Bella – Shane se manifestou – Ficarei o resto do dia no meu apartamento. Se precisar é só chamar. – meu vizinho deve ter desconfiado de algum problema entre mim e Edward, porque ele não parecia muito à vontade.

- Obrigada Shane, mas estou bem, juro. – tentei brincar – É a segunda vez que faço isso com você. – ele deu um meio sorriso e beijou minha cabeça, sem se incomodar com o olhar do homem que me abraçava fortemente.

- Espero que seja a última. – então se virou e caminhou até sua porta.

Depois de entrarmos em meu apartamento e constatarmos que Alice não estava em casa, fomos nos sentar na sala.

- O que você quer aqui, Edward? – minha agonia só piorava com a curiosidade, então era melhor acabar logo com o suspense – Esqueci alguma coisa em seu apartamento?

- Não. Eu apenas vim falar com você. – respondeu receoso, afastando-se um pouco de mim.

- Você disse que não viria.

- Eu sei. – suspirou tenso – E você tem todo o direito de não querer me ver depois de tudo o que eu lhe disse, mas...

- Por favor, Edward. – pedi num murmúrio fechando os olhos - Não torne isso ainda mais difícil. Não tente se explicar...eu já entendi tudo, acredite.

- Entendeu? – ele não parecia acreditar muito em mim. Assenti, ainda sem encará-lo. – Entendeu o que?

- Que alguma mulher do seu passado voltou e que você irá perdoá-la, por seja lá o que for que tenha acontecido. - ele gemeu e eu continuei olhando para as minhas mãos. Pelo jeito tinha acertado o ponto.

- Você entendeu tudo errado. – levantou meu queixo fazendo nossos olhares se encontrarem. Edward parecia ferido – Como pôde pensar isso? Eu lhe disse que nunca houve ninguém como você em minha vida. E o amor que sempre declarei a você?

- Desejo. – revelei meu palpite.

- Desejo? – repetiu contrariado – Acha que o que sinto por você é apenas desejo?

- Nunca duvidei do seu sentimento antes, Edward. – me defendi com a verdade - Mas hoje eu tive que encontrar sozinha respostas para o seu comportamento. O que queria que eu pensasse? – ele suspirou frustrado, entendendo minha explicação.

- Está certa. Desculpe-me por mais isso. Eu fui mesmo um idiota. – afagou meus cabelos – Me responda Bella. Eu estraguei tudo? – sua voz estava embargada – Eu te perdi? – fechou suas pálpebras parecendo esperar uma sentença.

- Claro que não – respondi o mais rápido possível sem acreditar no que estava ouvindo – Você nunca vai me perder. – segurei seu rosto entre minhas mãos e quando Edward abriu os olhos, vi pela primeira vez lágrimas saírem dos mesmos. Foram duas apenas. O suficiente para me atordoar. – Não fique assim, Edward. Por favor. – abracei-o com toda força do meu amor.

- Estou apenas aliviado – disse me enlaçando também. – Nunca vou me perdoar por hoje.

- Esqueça.

- Não posso. Hoje aconteceu algo pelo qual não esperava e acabei descontando em você. – sua voz era pesada. Cheia de emoção.

- Você está falando da pessoa que te ligou?

- Estou. – falou secamente.

- Não precisa me contar.

- Mas eu quero. – me afastou levemente para olhar em meus olhos. – Era, sim, uma mulher do meu passado. Você estava certa em relação a isso. – franzi o cenho e ele prosseguiu – Mas não da forma como imaginou. – respirou pesadamente - Ela se chama Elizabeth Masen e é minha mãe.

- O que?

- Isso mesmo que ouviu. Elizabeth Masen resolveu voltar de algum lugar do inferno.

- Mas Edward...você me disse que sua mãe tinha morrido. – eu estava bestificada.

- Está enganada. Nunca disse isso. – respondeu sério e seguro. – Disse que ela havia ido embora ou partido. É sempre assim que me refiro a ela.

- Mas assim parece que ela morreu! – exclamei.

- Pra mim tanto faz. Dá na mesma. Na verdade, antes de hoje, não sabia mesmo se ela estava viva ou morta.

Foi então aí que a minha ficha caiu. As palavras de Edward enfim foram processadas em minha mente me fazendo compreender o que tinha acontecido: Elizabeth Masen havia abandonado seu filho. Abandonado Edward. Escancarei a boca enquanto olhava o lindo homem que, claramente, não superara a atitude de sua mãe.

Jamais podia imaginar uma situação daquelas. Edward era uma personalidade conhecida, no entanto, nunca nenhum tablóide ousara suspeitar daquela informação. Caso contrário, já teria sido noticiado e consequentemente eu teria ficado sabendo. Mas ele era muito reservado.

- E o que ela queria? – indaguei colocando minha mão esquerda em seu ombro direito.

- Não sei. Não a deixei falar muita coisa. – evidentemente Edward só estava comentando sobre aquele assunto por que julgava necessário. Estava na cara que aquilo o incomodava muito.

Mas por que ele havia se revoltado tanto contra mim depois daquele telefonema?

- Edward? – resolvi chutar, aproveitando que ele estava complacente por me julgar “adoentada”. – O fato de sua mãe...

- Não a chame assim, Bella. – pediu com dureza, mas não grosseiro – Só usei esse termo para facilitar a sua compreensão sobre Elizabeth Masen...mas entenda, ela não é nem nunca foi minha mãe.

- Tudo bem – não discutiria – Mas o fato de sua...de Elizabeth ter ligado, tem exatamente o que haver com o nosso namoro?  - rezei para que ele não brigasse. Edward me olhou desconcertado.

- Vou te contar minha história, Bella. Está disposta a escutar? – dei de ombros.

- Se você não for confessar que é algum tipo de vampiro vegetariano que caça ratos para sobreviver, então pode contar, por que sinceramente meu estômago hoje não está legal para esse tipo de conversa. – tentei quebrar um pouco aquela tensão e parece que alcancei meus objetivos porque Edward soltou um riso inesperado e descontraído.

- Não sei bem do que está falando, mas realmente não sou nada disso.

- Certo. Então pode continuar... – fiz um gesto de mão pedindo que ele prosseguisse. E seu lindo sorriso diminui. Mas Edward se mantive decidido.

- Elizabeth na verdade trocou meu pai por outro homem. Não sei dos detalhes porque nunca ninguém me explicou isso direito. Se bem que não deve ter muito o que explicar. Ela foi embora e pronto. Deixando pra trás um marido e um filho de três anos. – seus olhos focalizaram um ponto ao longe, parecia que Edward estava voltando no tempo – Meu pai não suportou a idéia de perder Elizabeth para outro. Ele era um fraco, reconheço, e então se entregou às bebidas. Se não fosse pelo meu tio Carlisle, pai de Emmett e irmão de meu pai, provavelmente teríamos perdido tudo o que tínhamos na época. – grunhiu com as lembranças – Não éramos milionários, mas tínhamos tudo o que precisávamos para viver bem. Meu pai e meu tio possuíam dois postos de gasolina e eram sócios – se explicou me fitando rapidamente para depois voltar a viagem no ponto imaginário – Durante alguns anos ele conseguiu conviver razoavelmente bem com a bebida, já que só se embriagava quando saia do trabalho; mas depois do meu aniversário de quatorze anos, ele deixou o vício falar mais alto. E eu não me lembro de ter visto meu pai sóbrio depois daquele dia.

“Meu tio o internou diversas vezes em clínicas de reabilitação. Mas ele não queria ajuda. Ele só queria Elizabeth de volta. E como ela nunca voltou, ele perdeu as esperanças, e então achou que um tiro no ouvido seria a solução para os seus problemas.”

Meu Deus! O pai de Edward havia se matado. Que história horrível! Fiquei em silêncio, chocada com a revelação. Além de ter sido abandonado pela mãe, ele fora negligenciado pelo pai.

- Acha que teria sido melhor se eu tivesse dito que era um daqueles vampiros que você mencionou? – brincou, mas seu sorriso não foi o mais sincero.

- Não. – sentei em seu colo, abraçando-o e beijando seu rosto. Edward merecia sentir o quanto era amado – Sua história é triste sim, mas acho que você não deve mais se martirizar.

- Me martirizar?

- Sim, Edward. Acho que entendi qual é o seu problema.

- É mesmo? E qual é? – seus músculos estavam tensos.

- Você acredita que o amor destrói. Assim como aconteceu com o seu pai. – ele me fitou – Só que seu pai não serve de exemplo, Edward, por que...sinto muito – me desculpei antes de dar minha opinião - Mas ele nunca amou sua mãe. – ele tentou protestar, mas eu o calei – Seu pai era obcecado por ela, mas não a amava de verdade.

- Como você pode saber?

- Por que o amor não é egoísta, Edward. O amor é altruísta. Quando amamos desejamos que o ser amado seja feliz, não importa onde ou com quem ele esteja. – não precisava acrescentar que fora aquilo, seu pai ainda tinha desperdiçado o amor puro e verdadeiro de um filho. Edward ficou pensativo me olhando por um longo tempo. E então seus olhos brilharam:

- Eu quero que você seja feliz, Bella. Mas seria muito doloroso te perder. – acariciei seu queixo e depois seus cabelos pensando no quanto significavam aquelas palavras.

Nós estávamos falando de amor, e Edward estava dizendo que sentiria muito em me perder. Será que existia uma possibilidade de futuro para nós dois, afinal?

- Eu amo você. – declarei em seu ouvido.

- Não mais do que eu a você! – então me beijou como só ele sabia fazer. Um beijo macio, quente e cheio de sentimento – Obrigado por ser tão paciente comigo! – sussurrou no breve instante em que separamos nossos lábios para respirar. – Às vezes penso que estou vivendo um sonho. – anunciou beijando meu pescoço.

- Mas está contando os dias para se ver livre de mim, não é? – brinquei me recordando da triste cena de sua contagem mental.

- Não seja tola. – me censurou sabendo exatamente a que me referia – Eu fui um idiota, já disse. Esqueça aquilo. Não quero que vá embora.

- Não? – perguntei com o coração palpitando mais rápido do que o normal. Mas ele não respondeu. Devia ter sido sensata e imaginado que aquela pergunta seria muita pressão, para Edward, num dia só.

- Bella. Acho que precisa tirar seu passaporte. – mudou de assunto.

- Vou viajar? – perguntei pensativa.

- Vamos viajar. – me corrigiu.

- E para onde iremos?

- Surpresa! – falou sorridente. Mordi o lábio inferior sorrindo, também.

- Como assim? Conte-me qual é o cliente que talvez eu adivinhe. – tentei jogar.

- Dessa vez não terá cliente. – garantiu.

- Não será uma viagem a trabalho? - não contive a curiosidade.

- Não. – respondeu – Será a nossa Lua-de-Mel.

 


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Notas finais do capítulo

Oi amores...soltei mais um capítulo antes de responder a todos os comentários porque estou sem tempo, ok? Mas prometo fazer isso aos poucos ;)
Obrigada por todo o carinho e por todas as ameaças de morte! hahahaha *-* Vocês estão me deixando com medo...rssss
E obrigada também - Bie_Cullen, b-cullen08, GrazzyMoraiis, lunasblack, Joicinhah, alice07, mandynhaa, sica, joelma e annynha - por recomendarem a fic. ;)
Ahhh, Grazzy...vi o comentário que você deixou na minha nova fic, lá no outro site!! rs Obrigada!!

E pra quem quiser, deixo aqui meu msn:
m-duda-fic@hotmail.com

Beijão e até mais!
Duda ;)