Irresistível Presença escrita por M-Duda


Capítulo 14
Capítulo XIV - A Chave




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Capítulo XIV

 

- Como? – perguntei, julgando não ter compreendido bem o que acabara de escutar.

- Isso mesmo o que ouviu. Até daqui a pouco. – disse tudo de uma vez, não me dando tempo nem para me despedir antes de desligar o telefone.

Minha boca ficou escancarada por alguns minutos, enquanto eu meditava com o celular ainda na mão.

Ir para a casa de Edward? Sim, gostaria muito! Mas não sabia se aquela seria uma boa idéia.

Eu estava perdida, e na tentativa de me encontrar, digitei os números do celular de Alice, torcendo para que esta pudesse atendê-lo, mas antes do terceiro toque ela já estava falando comigo:

- Bella? Aconteceu alguma coisa? Está se sentindo mal? Estou indo para casa, imediatamente!

- Calma, Alice! Eu estou bem! – garanti rapidamente, tentando controlar os nervos da minha amiga. Ri de mim mesma por não ter cogitado, antes, a idéia de que obviamente Alice atenderia ao meu chamado, afinal, ela estava se sentindo minha médica de plantão. 

- Está mesmo? – seu tom era meio duvidoso, e não era de se estranhar; Alice sabia que eu não a interromperia na faculdade se não fosse algo importante.

- É que Edward está vindo me buscar! – falei sem delongas – Ele quer que eu fique em sua casa durante a minha recuperação. – escutei um suspiro surpreso de Alice e logo em seguida uma risadinha abafada.

- E você quer a minha autorização? Não me acha muito jovem para ser confundida com a sua mãe? Ou será que essa pancada na cabeça realmente afetou os teus neurônios? – seu divertimento e minha necessidade de ajuda estavam incompatíveis naquele momento.

- Dá pra parar com as piadinhas e me ajudar, por favor? – pedi bufando.

- Tudo bem. Qual é o drama?

- Edward!

- Ele é o drama? – podia até ver a expressão de incredulidade de Alice através de sua voz.

- Claro! Pensa Alice...até ontem, antes do acidente, Edward só queria um relacionamento para os fins de semana comigo; e então, de um dia para o outro nos tornamos oficialmente namorados e nesse mesmo dia ele resolve me levar para sua casa. Sei lá...sei que não estamos indo morar juntos, mas tenho medo de que Edward se sinta sufocado com a experiência de uma prévia! – me expliquei.

- Mas tudo partiu dele mesmo!

- Sim, Alice, partiu. Mas talvez ele não tenha se dado conta dessa realidade.

- Me desculpa, mas a única realidade que vejo é a sua insegurança. – declarou com cautela – Bella, não me leve a mal, mas é assim que está em relação a Edward: insegura. Está agindo como se ainda estivesse naquele relacionamento esquisito de antes, sobre o qual morria de medo de perguntar como funcionava para não desagradar a ele. – suspirei frustrada percebendo as verdades que minha amiga dizia – Você nunca foi assim; muito pelo contrário, sua falta de medo de encarar a tudo e a todos sempre foi o seu ponto mais admirável, não entendo como se deixou amedrontar dessa forma. – ela estava certa, não tinha como contestar – Será que pode entender uma coisa? Edward Cullen se apaixonou pela verdadeira Bella; aquela garota confiante que quase deu uma surra nele em um certo estacionamento, lembra? Não por essa covarde que está falando comigo agora. – entoou bem o meu adjetivo para que ele não passasse despercebido.

- Tem razão! – sussurrei.

- Claro que tenho! – se bem conhecia minha amiga, ela devia estar pulando de alegria por ter aberto os meus olhos – Agora vocês estão namorando. Mostre para ele como funciona esse tipo relacionamento e depois me convide para ser a madrinha do casamento. – rimos juntas. Alice não conseguia manter o tom sério de uma reprimenda por muito tempo.

- Então eu vou. – afirmei convicta.

- Só não se esqueça do nosso santo compromisso de quinta. Será que Edward gosta de pizza? Rose disse que levará Emmett dessa vez. – franzi o cenho pensativa, sorrindo.

- Quem diria que algum dia os dois Cullen estariam frequentando nossa casa, hein Alice? – ela riu.

- Ainda bem que não entrevistamos Lui Franch! – concluiu, demonstrando ter captado o meu pensamento – Ah, Bella! Antes de ir com Edward, dê uma ligadinha para Jasper. Ele está doido querendo falar com você; só não ligou porque ficou com medo de te acordar.

- Na verdade não sei por que estão todos preocupados com isso. Dormir é o que mais vou fazer nesses três primeiros dias.

 

Jasper, previsivelmente, atendeu o telefone já me enchendo de perguntas sobre como estava me sentindo e se precisava de alguma ajuda. Quase perdeu a fala com as últimas notícias do dia: namoro e casa de Edward – se bem que eu desconfiava que a novidade namoro já não fosse mais tão novidade para ele, afinal, Jasper namorava ninguém mais ninguém menos que Alice. E depois de algum tempo de meditação comentou em um tom sério de voz.

- No próximo acidente ele te pede em casamento. – então riu zombeteiro, me deixando pasma. Por aquela reação eu não esperava.  

- Jazz? – sacudi a cabeça incrédula, sorrindo sem entender – Está parecendo Alice!

- E quem pode ir contra àquela maluca? 

- Ninguém! – concordei – Deve ser por isso que Edward está vindo me buscar. Para se certificar de que nada mais irá acontecer comigo, e assim ele se livrar de um pedido de casamento.

- Pode ser! – rimos juntos – Mas de verdade, Bella! Fico muito feliz que o teu romance esteja dando certo. Sabe que só fui contra, no começo, porque não queria que sofresse, não sabe?

- Claro que sei, Jazz!

- Depois que vi a preocupação de Edward ontem no hospital, não posso negar que ele goste muito de você.

- Edward?...Percebeu que não o chamou de Cullen?

- É que agora ele é meu cunhado!

 

Separei algumas roupas básicas – que já estavam dobradas dentro das gavetas – e as coloquei sobre a cama. Dentro do saco de sapatos, ajeitei o meu All Star, um chinelo e uma rasteirinha, pois não poderia usar nada provido de salto alto; e enfiei peças íntimas e meias dentro de uma bolsinha. Quando Edward chegasse, teria apenas que pegar minha mala que ficava na parte de cima do guarda-roupa e que de maneira alguma eu me atreveria a alcançar - só se quisesse me estatelar no chão e piorar a situação do meu pé.

Como prometido, cinquenta e cinco minutos depois Edward já estava tocando o interfone e quando nos encontramos na porta do meu apartamento, me deu um rápido beijo, apoiando minhas muletas na parede, enquanto ele mesmo me sustentava para que eu não caísse por estar sobre um pé só. Fechou a porta em suas costas e meu pegou no colo como se fosse um bebê.   

- Sabe que isso é um exagero, não sabe? – perguntei enlaçando seu pescoço.

- Não. – respondeu passeando a ponta de seu nariz pela minha bochecha. – Não acho que seja agradável ficar em pé, sustentada por duas muletas, com o corpo provavelmente todo dolorido. – encarei seus olhos estreitando um pouco os meus.

- Isso também, Edward! Mas me refiro ao fato de estar me levando para sua casa. – ele me olhou com inocência, ou pelo menos falsa inocência.

- Exagero? – franziu o cenho – Já pensou o que poderia acontecer se esse prédio fosse incendiado e você estivesse aqui sozinha? – seu olhar era aflito e eu ri me recordando do papo com Jasper há pouco tempo. Edward me fitou desconfiado, repuxando os lábios em uma linha tensa. Erroneamente deve ter deduzido que zombava de suas preocupações.

- Não aconteceria nada, porque certamente eu correria mais do que o The Flash, com ou sem essa bota. – ri apontando para o assunto e vi Edward relaxar a expressão, parecia aliviado com a minha resposta.

- Mesmo assim...ainda que conseguisse tal proeza... – rolou os olhos suspeitando que eu não corresse mais nem do que uma tartaruga - Você ficaria ainda mais machucada. – caminhou em direção ao meu quarto e me colocou sobre a cama.

- Não era para você ter feito isso. – me censurou vendo meus pertences prontos para serem guardados - Eu disse que arrumaria tudo. Não era para ter se esforçado.

- Não me esforcei. – garanti – Deixei pra você a parte de pegar a mala. – falei indicando o maleiro do meu armário e fiquei boba de ver a facilidade que ele teve para alcançá-la. Edward era muito alto.

- Nossa! Eu sempre preciso subir em uma cadeira. – comentei enquanto ele abria a mala ao meu lado, já ajeitando minhas roupas dentro da mesma. Para Edward devia ser estranho estar com uma baixinha como a mim, porque até onde sabia, ele tinha todas aquelas lindas e altas modelos as seus pés.

Fitei a barra do vestido azul que estava usando, com os pensamentos distantes. Não me entregaria a baixa auto-estima, afinal, era a mim que Edward queria ter ao seu lado. E com o coração cheio de certeza olhei para o homem que tanto amava vendo em seus olhos o quão correta eu estava em relação aos seus sentimentos.   

- Está se lembrando de mais alguma coisa? – quis saber me tirando dos meus devaneios.

- Na verdade preciso de toalhas...abra aquela gaveta ali.– mostrei, mas Edward me reprovou com os olhos.

- Não precisa levar toalhas.

- Tudo bem. – sabia que não precisaria, mas aquela foi a primeira desculpa que passou por minha cabeça - Pegue então, por favor, a minha frasqueira no banheiro. – Edward fez o que pedi. A frasqueira continha tudo o que havia levado para Nova Iorque, Rose a guardara quando me levaram para o hospital e eu ainda não tinha criado coragem para desfazê-la. O único trabalho que tive foi o de devolver minha escova de dente para dentro dela.

- E agora?

- Acho que só.

- Então espere aqui, quietinha, enquanto levo tudo para o carro. – saiu carregando minha mala, a frasqueira e as muletas.  

Quando voltou, me ergueu no colo, ignorando os meus protestos, e antes de sair do quarto se lembrou:

- Aonde guardou os remédios?

- Na minha bolsa – que no momento se encontrava apoiada em minha barriga.

Após trancar o apartamento flagrei Edward olhando de soslaio, e um tanto descontente, a porta de Shane. Preferi não comentar, mas quando ele nos virou em direção às escadas demos de cara com o meu vizinho, que chegava de algum lugar.  

- Já vai passear, linda? – perguntou despreocupado e senti Edward me pressionar um pouco mais contra seu corpo, me girando discretamente, de modo que ele ficasse de frente para Shane e eu de lado. Shane o cumprimentou com um movimento de cabeça, o qual nitidamente foi retribuído sem muita vontade. Sorri tentando disfarçar a rispidez do meu namorado.

- Estou indo passar uns tempos na casa de Edward. – respondi. – Vocês já se conhecem, certo? – tentei ser educada.

- Já. – implorei com os olhos para que Edward parasse de ser tão áspero e ele apenas me sugeriu um “não” com o olhar.

- Então até breve, Shane! – despedi-me querendo sair logo dali para não piorar ainda mais o embaraço do momento.

- Até logo! – meu vizinho acenou sorrindo, entrando em sua casa.

- Não precisava ter sido grosso! – sussurrei enquanto descíamos a escadaria.

- Fui grosso? – arqueou uma sobrancelha ironicamente - Nem percebi! – falou sem imitar o meu baixo volume de voz.

- Escuta! Sei que ficou bravo com Shane pelo meu acidente, mas acredite...foi mais culpa minha do que dele. Eu estava completamente distraída subindo essas escadas ontem. – Edward suspirou pesadamente e depois de alguns segundos em silêncio resolvi mudar de assunto e de ânimo com uma curiosidade verdadeira – Você mora em casa ou apartamento?

- Apartamento – respondeu com um sorriso torto nascendo no canto da boca.

 

O prédio de Edward não ficava muito distante de sua empresa, e olhando por fora dava para notar que se tratava de um residencial luxuoso. No estacionamento ele me explicou que havia apenas um apartamento por andar, e que morava ali há um ano.

- Antes eu morava no mesmo condomínio que Emmett. Mas era uma casa, e eu literalmente prefiro apartamento.

Quando adentramos em sua modesta morada fiquei sem palavras.

- É um duplex? – perguntei sem necessidade, vendo a escada no canto da ampla sala muito bem iluminada pela enorme porta de vidro que dava para uma comprida sacada. Edward assentiu e acrescentou:

- Um duplex na cobertura – me fitou como se precisasse de aprovação – Gosta?

- É muito bonito! – mesmo sem ter visitado todos os cômodos não podia dizer menos do lugar. O apartamento de Edward era enorme, claro e bem decorado. - A mesma pessoa que decorou sua empresa, decorou também sua casa e sua lancha? – indaguei percebendo o mesmo toque nos ambientes.

- Exatamente. – parecia satisfeito por eu ter observado esse pequeno detalhe. – Mas é o meu gosto. Tanya teve apenas o trabalho, que não foi pequeno, de materializá-lo.

Parei de respirar. Tanya? Edward se referia à linda e alta Tanya Denali, ex-modelo que havia abandonado a carreira do mundo fashion para seguir a de decoradora? Era melhor não perguntar, porque se fosse eu teria um colapso, afinal, ele já tinha sido flagrado com a divindade em questão por algumas revistas de fofoca, nas quais as matérias eram sempre do tipo: Será namoro ou amizade?

Edward sentiu minha tensão.

- O que foi? - quis saber estreitando os olhos.

- Nada. – respondi rapidamente soltando o ar. – Não está cansado de me segurar no colo? – tentei mudar o rumo dos pensamentos – Acho melhor me colocar no chão. – ele não se movimentou, ficou apenas me estudando, enquanto eu tentava disfarçar desviando os nossos olhares. Sabia que não estava conseguindo, e a certeza de que Edward enxergaria o motivo da minha reação me fez corar.

- Isso tudo é por causa de Tanya Denali? – sua cautela me fez desejar dar-lhe um soco. Ele sabia exatamente o que estava pensando e ainda por cima confirmara minhas suspeitas.

- Isso tudo o que? – tentei salvar a minha dignidade fingindo desentendimento – Nem sabia que estava falando de Denali! – fiquei um pouco irritada quando ele se esforçou para segurar um riso. Sabia que eu estava mentindo e não comentou nada; pior: riu da minha cara. Aquilo fez meu sangue ferver.

- Vou te levar para o meu quarto.

Nem reparei no nosso trajeto, fiquei apenas tentando controlar a fúria que crescia dentro de mim vendo-o se divertir às minhas custas.

- Por que está rindo? - não aguentei segurar e deixei as palavras escaparem acidamente quando ele me sentou na beirada de sua cama.

Edward abaixou o rosto na altura do meu e me segurou entre as duas mãos.

- Por que você não precisa ter ciúme de Tanya. – meus olhos devem ter ficado vermelhos, porque os senti esquentarem. Então ele sabia mesmo o que se passava!

- Não estou com ciúme. – não me entregaria tão fácil depois de ter visto que aquilo foi motivo para a sua piadinha particular. Minha falta de educação não o fez ficar bravo, pelo contrário, o fez ficar ainda mais contente.

- Por que está nervosa, então? – sua calma colocou mais lenha na fogueira em que estavam os meus nervos.

- Porque você é um mentiroso! – apontei entredentes – Você disse que nunca tinha levado ninguém para a sua lancha antes e, no entanto, a levou. – sabia que estava numa tentativa descontrolada de salvar o que não tinha mais salvação. É claro que não conseguiria esconder o meu ciúme.

- Não menti. – declarou com toda tranquilidade do mundo – Ela foi a trabalho e não para me fazer companhia. – sacudiu a cabeça em negativa e voltou a me fitar com aquele sorriso debochado – Não transei com Tanya na lancha, se é o que quer saber. 

- Quem disse que quero saber? – quase gritei percebendo a frisada dada à palavra lancha, eu que não queria saber dos lugares onde o casal já tinha trocado intimidades – Não sei de onde tirou essa idéia absurda! – ódio! Então Tanya ainda estava presente em sua vida?

Edward deu de ombros ignorando o assunto.

- Vou buscar suas coisas no carro e já volto. – saiu deixando a porta do quarto aberta e só então reparei no lugar onde estava. 

Seu quarto era lindo como o restante da casa, mas saber que tudo tinha o dedo de Tanya não estava me deixando muito feliz. Cruzei os braços no peito me recordando do que Edward acabara de dizer: “Não transamos na lancha, se é o que quer saber”. Será que então ali, na cama onde estava sentada, já?

Se Alice estivesse na minha frente, provavelmente estaria me estapeando, dizendo que era comigo que ele estava namorando. Mas saber que Denali, tão linda e tão alta, prestava serviços a Edward, estava acabando com a minha razão. E o pior de tudo era que ele já estava ciente dessa realidade.

- Essas caretas são de dor? – me sobressaltei com a figura masculina parada na porta, toda sorridente. Nem tinha percebido que Edward já estava de volta.

- São. E daí? – até parece que eu diria que eram pelos meus pensamentos conflitantes.

Ele coçou a testa, sempre com aquele sorrisinho e caminhou até a cama, depois de deixar a minha bolsa em uma poltrona que ficava perto da entrada do quarto.

- Isso é realmente muito engraçado. – comentou simplesmente, sentando-se ao meu lado.

- Você acha? – ergui as sobrancelhas. Sabia que ele ainda falava sobre o meu ciúme, mas eu não cederia jamais. – Então por que não rola também uma escada a baixo, para que possamos rir juntos um do outro? – empinei o nariz o desafiando.

- É incrível como sua veia humorística fica ainda mais afetada quando está irritada. – zombou, arrancando de mim uma curta risada irônica.

- Não estou irritada. Estou cansada. – garanti bufando, ainda de braços cruzados – Quero tomar um remédio e dormir.

Edward tirou seus sapatos com os próprios pés e colocou uma perna na cama, atrás do meu corpo sentado, enquanto a outra permaneceu para baixo, com o pé no chão. Ele me enlaçou em seus braços, de lado, e roçou os lábios no meu pescoço. Daquele jeito eu não conseguia pensar em mais nada além da necessidade de ter para sempre aquele homem junto a mim.

- Tudo bem. Quero que descanse. – continuou me arrepiando com suas carícias labiais. – Mas quero que durma tranquila.

- Eu estou tranquila – falei estremecendo sem saber o que saia de minha boca.

- Não está, não! – levou a mão do braço que estava em minhas costas até a minha nuca e a fechou, massageando a região com seus dedos macios. – Está tensa. E quero que saiba que não existe motivo para continuar assim. – certo. Ele estava me fazendo uma lavagem cerebral, porque nem me lembrava direito o que tinha me estressado. – Saiba que se Tanya estivesse...Shh, calma! – sussurrou em meu ouvido quando me sentiu endurecer ainda mais - Se Tanya estivesse aqui, eu seria a única pessoa com reais motivos para ter ciúme. - paralisei os olhos, confusa, e o mirei.

- Como assim? – perguntei vacilante e ele fez uma expressão de “não entendeu?”; mas por fim resolveu se explicar melhor.

- Entre nós dois... – fez um movimento com seu indicador, mostrando que os dois em questão éramos ele e eu – Tanya não escolheria a mim para ter em sua cama.

- O que? – engasguei com o meu próprio fôlego. – Mas...mas... - tentava encontrar uma palavra, mas Edward me interrompeu:

- Tanya e eu nunca tivemos nada, acredite! Sei que a imprensa divulgou algumas especulações a nosso respeito, mas era tudo fofoca mentirosa. Na época estávamos muito juntos porque foi quando ela me procurou pedindo ajuda em seu novo negócio. Resolvi ceder, já que estava comprando esse apartamento. Gostei do trabalho e pedi para que fizesse o mesmo em minha empresa e minha lancha. Na verdade a empresa ainda não está terminada.

- Ah! – foi o que consegui articular. Edward sorriu satisfeito me estreitando novamente nos braços.

- Você fica deliciosamente desfrutável quando está com ciúme! – sorri timidamente.

- Não fiquei com ciúme. – ele fingiu que concordou e me beijou. Não um beijo qualquer, mas aquele que me fazia ir à lua.

Quando separamos nossos lábios, Edward acariciou gentilmente os meus cabelos.

- Vou buscar água para você beber o remédio.

 

- Você não tem que voltar para a empresa? – indaguei enquanto bebia meu analgésico.

- Não. Vou passar esses três primeiros dias aqui com você.

- Edward, não! Isso já é demais! Não pode deixar de trabalhar por minha causa.

- Por que não? Não seja estraga prazer. – encenou chateação, torcendo a boca - Pela primeira vez estou abusando da minha vantagem de ser patrão e você vem me dizer que não posso fazer isso?

- Não está mais aqui quem falou – me rendi com as mãos vendo que não conseguiria dissuadi-lo de tal idéia.

Ajeitei-me melhor na cama com a ajuda de Edward e dormi. Quando acordei senti o cheiro da saborosa sopa que ele havia preparado.

- Seus olhos estão caindo de tão sonolenta que está. – comentou após o jantar.

- Não sei o que acontece...quanto mais eu durmo, mais sono sinto.

- São os remédios, Bella! – sim, eram. Os remédios ajudavam muito com a dor, mas em compensação, me derrubavam.

 

Aninhei-me no peito de Edward e dormi, enquanto ele ainda alisava os meus cabelos carinhosamente, e o mesmo se repetiu nas noites seguintes.

Os dias estavam sendo ótimos, pelo menos enquanto acordada aproveitava bastante a sua companhia. Por mim já teria abandonado os remédios, pois não aguentava mais dormir; porém, meu médico de plantão não permitia.

A hora mais difícil do dia era a do meu banho, quando Edward me ajudava a entrar e a sair, nua, da banheira. Incomodava-me vê-lo tão controlado. Só não morria de depressão porque conseguia ver o desejo em seus olhos negros e em seus músculos rígidos todas às vezes que nos tocávamos, mas logo ele desviava sua atenção de mim e falava sobre algum assunto qualquer. Na quarta-feira, por exemplo, ele disse que já tinha combinado com Alice de fazer nossa pizza de quinta ali, em seu apartamento.

- Sério? - seria a primeira vez que faríamos a nossa sagrada reunião fora da minha casa. - Mas por que, se amanhã mesmo já poderei ir à faculdade?

- Não vai, não! – assegurou me deixando incrédula.

- Como não? O médico disse que eu poderia voltar à minha rotina, esqueceu?

- Mas você ainda sente dor.

- E quem disse? – ele só podia estar maluco. Por mim não estaria nem mesmo tomando os remédios.

- Escuto os teus gemidos a noite. – revelou, me colocando sentada na cama, ainda embrulhada na toalha, para que eu pudesse me vestir.

Tudo bem. Contra aquilo eu não poderia argumentar. Mas apenas porque não queria assumir que os meus gemidos noturnos, na verdade, eram causados pela fusão de três coisas: braços, mãos e mente. Braços e mãos de Edward em meu corpo, acompanhados por minha mente muito criativa. Corei envergonhada, e ele entendeu a minha reação como uma afirmativa às suas suposições.

 

Na quinta-feira já estava me sentindo muito melhor. Se não fosse pelo pé lesado e roxo, nem teria lembranças da minha queda.

Estava feliz em rever os meus amigos. Claro que Alice e Rose me ligavam o tempo todo, e Jasper esporadicamente, mas como estavam na correria do dia-a-dia, não puderam me visitar antes de quinta. Na verdade desconfiava que eles quisessem me deixar sozinha com Edward.

- Não vai para a empresa novamente? – indaguei vendo Edward sentar-se ao meu lado, despreocupado, no sofá após o café da manhã.

- Hoje preciso ir, amor! Tenho uma reunião da qual não posso me ausentar – disse como se aquilo fosse um crime e eu gostei da reação, pois também não queria ficar longe dele – Será rápido, prometo! E Sheila só irá embora depois que eu tiver voltado para casa. – o olhei com reprovação.

- Não preciso de babá! Já estou ótima, não tem problema algum ficar sozinha! – obviamente eu mandaria Sheila, a senhora que cuidava da limpeza do apartamento de Edward, ir para casa em seu horário habitual, não a deixaria mais tempo ali, ociosa, por minha causa.

- Não importa. Você não ficará sozinha! – falou como se eu fosse uma criança desobediente.

- Edward! – o censurei – Assim você me ofende! Pensa que sou estúpida a ponto de fazer algo que me prejudique? – ele não podia pensar mesmo aquilo de mim. Fiquei com medo de que sua resposta fosse um sim, mas Edward apenas franziu o cenho compreendendo que tinha exagerado.

- Está certa. Desculpe-me! – beijou minha mão – Preciso controlar minha preocupação com você! – concordei.

Logo depois do almoço fiquei sozinha, pois Sheila foi embora assim que arrumou a cozinha e Edward já havia saído bem antes. No quarto em que, ultimamente, compartilhávamos nossas noites, fiquei meditando em tudo o que estava acontecendo entre nós. Estávamos tão bem juntos, era como se completássemos um ou outro. Ele não parecia mais ter medo de compromissos e me tratava como se eu fosse a pessoa mais importante do mundo.

Rose, em uma de suas ligações, disse que os pais de Emmett desejavam me conhecer, pois estavam muito felizes pelo o que eu havia feito na vida do sobrinho. Certa vez, Edward dissera que eu havia bagunçado sua vida, mas agora ele não parecia se importar mais com isso.

Sorri pensando que se Alice, minha amiga adivinha, estivesse certa quanto ao fato de Edward não conseguir mais viver longe de mim, eu seria a pessoa mais realizada do mundo. Simplesmente não me imaginava mais capaz de respirar longe dele. Era incrível, mas Edward parecia ter se tornado um pedaço do meu corpo.

Conversamos muito durante os últimos dias, mas nada que pudesse revelar o motivo de seu receio quanto a relacionamentos. Se ao menos eu soubesse contra o quê estava lutando...

Tive vontade de procurar por alguma resposta em seus pertences, mas essa idéia assim como veio, se foi. Não reviraria o apartamento de Edward enquanto ele estivesse fora. Respeitaria a sua privacidade e esperaria para ouvir de sua própria boca o que ele desejasse dividir comigo.

O toque do telefone me assustou e então fiquei olhando para o aparelho como se ele pudesse me morder. Nunca tinha ficado sozinha ali antes, portanto, aquele som nunca tinha me incomodado. Mas agora, será que devia atender?

A incerteza tola foi embora logo após o segundo toque. Claro que atenderia. Além de hóspede, eu era a namorada do dono da casa, não havia motivo para hesitar.

- Alô? - silêncio - Alô? – mais uma vez e nada. Desliguei o telefone.

Será que era Edward tentando falar comigo? Nem tentaria retornar a ligação, por que se fosse, provavelmente estaria fora de área e se não fosse, ficaria preocupado em ver minha chamada.

Não tardou para que ele chegasse, e quando me viu no sofá da sala lendo um livro, caminhou sorrindo em minha direção e se ajoelhou em minha frente depositando um beijo em meus lábios.

- Não imagina o quanto senti sua falta! – disse ainda em minha boca.

- Sei o quanto eu senti a sua falta! – falei deixando meu livro cair no chão, puxando sua cabeça para um beijo mais ousado.

Edward não me escaparia. Eu já estava subindo pelas paredes e duvidava que ele estivesse muito diferente.

Desci uma de minhas mãos para o seu peito e senti seus dedos pressionarem um pouco mais os meus ombros, mas rapidamente ele me brecou e se afastou um pouco.

- Não, Bella! – me fitou ofegante – Não acho que seja uma boa idéia.

- Tem razão! – afirmei com a cabeça, puxando-o pela camisa – O mais correto seria dizer “ótima” idéia! – Edward tinha os olhos escurecidos pela excitação, mas ao mesmo tempo hesitantes.  

- Mas eu posso te machucar! – fitou rapidamente minha perna esticada sobre o sofá, onde eu apoiava o meu pé.

- Sabe como você poderia me machucar? – perguntei mordiscando seus lábios – Me negando isso! – pensei que ele falaria mais alguma coisa, mas me enganei.

Edward, agilmente, me pegou no colo e me levou para o quarto.

- Aqui será melhor para o seu pé. – explicou me deitando na cama. Sorri satisfeita em ver que sua urgência era tão grande quanto a minha.

Arranquei meu vestido, ficando apenas de calcinha, enquanto ele fazia o mesmo com sua roupa. Edward me acariciou e cuidadosamente se posicionou em cima de mim.

- Se eu te machucar me avise. – assenti já tremendo, tamanha era a minha vontade de tê-lo dentro de mim. E quando ele me penetrou senti o calor que estava em nossos sexos se propagar por todo o meu corpo. Edward me lançava chamas de fogo a cada nova investida. E daquele jeito, me proporcionando o céu e o inferno ao mesmo tempo, ele me fez perder os sentidos debaixo do seu corpo.

- Nossa! Como isso é bom! – soltei com dificuldade, devido a respiração descompassada enquanto Edward se jogava ao meu lado na cama.

- Sua tarada! – me acusou sorrindo, também arfante – Me pegou de guarda baixa. Não tem vergonha por me fazer atacar uma pobre moça machucada?

- Não! – respondi mais do que depressa. – Por mim, você pode atacar essa pobre moça quantas vezes quiser.

- Hum... – girou se apoiando sobre um cotovelo, fitando meu rosto e meus seios com malícia – Bom saber! – beijou minha boca sensualmente e depois desceu para me enlouquecer com as delicias que só sua língua era capaz de fazer.

 

Quando o pessoal chegou para a pizza de quinta, Edward e eu já estávamos prontos. A noite foi maravilhosa, conversamos como se já fossemos todos íntimos há muito tempo. Jasper no começo esteve meio quieto, mas não demorou muito para que meu amigo caísse no maior papo com Edward.

Rose e Alice me puxaram para um dos sofás da sala, do piso superior, enquanto os três homens conversavam ao redor da piscina.

- Bella do céu! – Rose tentava falar baixo, sabendo que sua empolgação era gritante – Edward é outra pessoa! – a fitei curiosa – Sério! Emmett disse que nunca tinha visto o primo assim...tão vivo!

- Mesmo? – sorri mordendo o lábio – Será que é por minha causa?

- Claro que é! – Alice garantiu em um contentamento evidente – Jasper comentou que essa tarde, na empresa, todos perceberam a alegria estampada no “Cullen”.

- Ah gente! – suspirei – Às vezes tenho medo de acordar e ver que tudo não passou de um sonho.

- Sei como é! – Rose pegou minha mão transmitindo confiança – É assim mesmo quando estamos felizes ao lado de quem amamos! – observou Emmett através da porta de vidro da sala.

- Mas me conta, como está a vida de casadinhos? – Alice era impossível.

- Está ótima, como poderia não estar? Ele me paparica o dia inteiro! Estou ficando mimada, Alice, você vai sofrer quando eu voltar para casa! – brinquei e minha amiga torceu o nariz.

- E você tem falado com os seus pais? – continuou com seu interrogatório. Ela não era muito diferente de Edward em relação a cuidados comigo.

- Sim. Liguei na segunda e hoje, um pouco antes de chegarem.

- Ah, Bella! – Rose se lembrou – Shane te mandou um beijo! Todos os dias ele pergunta sobre o seu estado para Alice! – nenhuma novidade. Alice vivia comentando sobre a preocupação do vizinho.

- É, mas eu sempre digo que está bem. – minha companheira de apartamento se adiantou.

- Certo. Diga que em breve estarei em casa.

- Aposto que não está animada com a idéia de trocar a companhia de Edward pela a minha.

- Olha o drama, Alice! – alertei e Rose riu comigo.

 

Depois de saciados pelas pizzas, Emmett convidou a todos para ver um jogo em sua casa no dia seguinte.

- Seria uma ótima oportunidade para Bella conhecer minha casa. – todos concordaram com a cabeça, exceto Edward - Você é a única que ainda não foi até lá! – direcionou-se à mim.

- Eu sei. Mas o meu segurança não anda me liberando para nada. – olhei o lindo homem que sorria para mim.

- Ah! Por favor, Edward? – Emmett fez cara de moleque pidão - Amanhã vai ter jogo daquele time brasileiro de futebol: Corinthians. Cara, você sabe que não perco por nada! – juntou as mãos, implorando.

- Tudo bem. Estaremos lá! – Edward garantiu.

Não entendia regra alguma sobre futebol, mas segundo Rose, Jazz e Alice, nada era mais divertido do que ver Emmett torcendo por algum time. E o melhor é que além de estar com os amigos, eu estaria com o meu namorado. Seria o nosso primeiro passeio depois que oficializamos o nosso relacionamento. Dava para ser mais feliz?  

 

Inevitavelmente, como tudo o que é bom dura pouco, depois de duas semanas, minha temporada na casa de Edward chegara ao fim. Sentiria falta de dormir e acordar abraçada a ele e dos banhos diários que tomávamos juntos. De receber seu beijo de despedida na porta da faculdade e depois vê-lo na mesma, me esperando em seu Volvo prata, que fazia meu coração acelerar todas as vezes que o enxergava. E claro, do sexo a qualquer hora!

Tudo isso já fazia parte de uma nova vida que criei ao lado de Edward, e estava difícil aceitar que era hora de regressar à antiga.

Foi engraçado vê-lo perguntando mil vezes ao médico, no meu retorno, se este tinha certeza quanto a minha recuperação. Já estava vendo a hora do Dr.Worthington mandá-lo sair da sala.

- É que Edward se acostumou a me ver com essa bota, doutor. Ele pensa que vou cair, ou me machucar, se estiver sem ela. - expliquei o comportamento do meu namorado, antes que o médico realmente fizesse o que estava prevendo.

 

Dessa vez, ele me acompanhou até o meu apartamento e ao invés de dizer: “te pego na sexta”, como na nossa última despedida, Edward me entregou uma chave.

Fiquei confusa, olhando o objeto que acabara de ser depositado em minha mão.   

- Vamos combinar uma coisa? – me perguntou – Quem chegar amanhã primeiro em casa, faz o jantar!

Fiquei parada de boca aberta, parecendo uma estátua. Edward, além de me dar a chave do seu apartamento, estava também me deixando entrar em sua vida.

Emocionei-me e a única reação que tive foi de abraçá-lo o mais forte que pude. Edward retribuiu, entendendo perfeitamente o que aquilo significava para nós dois, porém nenhum foi capaz de dizer uma só palavra.

 


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Notas finais do capítulo

Eita...só amor esses dois!!
Mas enfim...viram que meu Emmett é fã do Timão? Hahahaha
Isso tudo porque na época que eu estava escrevendo a fic, a Bie_Cullen me atormentou com a vitória do tal Flamengo dela sobre o meu Corinthians...rss
Descontei na fic! hahahahaha
Resultado? Bie aprendeu a cantar: “Aqui tem um bando de louco...” rsss
E também acabei com a angústia de várias pessoas que perguntaram se a nojenta da Tanya apareceria na fic...apareceu!! rss
Mas pelo menos aqui ela não será uma pedra no sapato da Bella *-* rsss
Então é isso...só não postei antes porque o Nyah estava em manutenção...
Obrigada por todos os comentários e até mais!!
Beijãoo
Duda ;)