Genesis escrita por M4r1-ch4n


Capítulo 3
Capítulo 3




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 Aoi guardou as suas coisas o mais rapidamente possível, enfiando seus livros de qualquer jeito na mala e saiu correndo da sala. Ele tinha que encontrar o tal conhecido ou amigo de Reita. Sua nota de física dependia do que o garoto que ele estava indo encontrar agora poderia fazer.

 Desviando de alguns alunos que já saíam da turma A, ele finalmente entrou na mesma, olhando ao redor. Sua visão foi imediatamente atraída pelo garoto que batia com a descrição de Reita: loiro. Porém, ele parecia estar tendo problemas com o professor, razão pela qual ainda estava sentado na sua carteira, com um profundo olhar de desprezo estampado no seu rosto enquanto o professor continuava a falar com ele.

 O moreno cutucou uma menina no braço, que se virou para ele em segundos, momentaneamente assustada. Aoi tinha uma certa fama de mau garoto na escola.

 - Aquele garoto perto da janela; ele é Uruha?

 - H-hai...

 Sem mais palavras, a garota se foi, andando rapidamente para longe da sala. Aoi se sentou em uma das carteiras vagas, observando o resto dos alunos ir embora e o professor finalmente se calar, retornando para a sua mesa e arrumando as coisas.

 A sós na sala, o moreno observou Uruha organizar o próprio material e sentar-se novamente na carteira, virando para ele. Aoi ergueu uma sobrancelha; o outro garoto, observado de frente, lembrava muito mais uma garota.

 - E então? O que quer de mim?

 - Reita falou para procurá-lo.

 - Reita...

 Os dois se calaram por um momento, e Aoi jogou uma mecha de cabelo negro que estava obstruindo sua visão para o lado. Uruha acirrou um pouco os olhos; provavelmente tinha visto o piercing que o moreno trazia na boca.

 - A questão é a seguinte, Uruha. Até onde sei, a sua reputação como aluno é excelente.

 - E você está certo.

 - O que leva à próxima pergunta: quanto custaria para você passar o seu domingo e o resto de hoje estudando física comigo?

 O loiro jogou a cabeça para trás, em um riso que misturava descrédito com diversão. Quando ele voltou a fitar Aoi, um sorriso sarcástico havia tomado seus lábios.

 - Com certeza mais do que você pode oferecer, Aoi.

 - Ah, então sabe meu nome? - o moreno perguntou, um sorriso presunçoso no seu rosto também.

 - Claro. Você também goza de certa fama, embora diferente da minha.

 - Deveria ter imaginado. Bom, a sua fama parece estar correndo perigo, se foi abordado daquele jeito por um professor.

 O sorriso do loiro morreu em segundos, suas mãos rapidamente arrumando o cabelo dourado perfeitamente penteado.

 - Inglês nunca será a matéria que vai me obrigar a prestar atenção na aula. E os problemas que eu tenho com Tsuchiya não são da sua conta.

 - Não são mesmo. - Aoi concordou com um aceno de cabeça, espreguiçando-se languidamente na cadeira - E o que me diz da minha oferta?

 Uruha suspirou pesadamente, checando as próprias unhas e por fim encarando o moreno do outro lado da sala.

 - Se você veio até aqui pedir isso, com certeza acredita ter algum trunfo?

 - Eu acredito.

 - Qual?

 - Então quer dizer que você está cogitando estudar?

 Os olhos escuros do loiro se acirram perigosamente pela segunda vez, e ele se levantou, sentando-se no tampo da mesa a apoiando o corpo com os braços que havia esticado para trás. A mente de Aoi registrou que parte da barriga de Uruha havia sido exposta.

 - Eu perguntei primeiro.

 O moreno sorriu condescendente.

 - Tudo bem, Uruha-chan. - ele falou o pronome com mais força e mais alto que o necessário - Eu tenho, aqui comigo, dois ingressos VIP para a Maximum Impulse. Para este domingo.

 Dessa vez, os olhos de Uruha se arregalaram.

 - Verdade isso?

 - Quer conferir? - Aoi não esperou confirmação do outro estudante, se levantando e caminhando até o loiro. Parou na sua frente, sentindo os olhos castanhos penetrantes de Uruha sobre si enquanto abria a carteira e tirava dois bilhetes metálicos de dentro da mesma, as iniciais "M.I." em alto-relevo.

 - Como você conseguiu isso? - Uruha perguntou em uma voz baixa, o brilho dos ingressos refletido no seu olhar. Aoi inclinou-se para a frente, ficando perto do rosto do outro estudante, respondendo depois de guardar os ingressos novamente na sua carteira:

 - Minha ex-namorada é a hostess.

 Um sorriso que o moreno gostou muito, muito de ver se formou nos lábios rosados do loiro, que aproximou o rosto e juntou de leve os dois narizes, o sorriso aumentando ligeiramente e sussurrando:

 - Então parece que temos um acordo.

 - Nós temos.

 Em questão de minutos, Aoi estava ligando para a sua casa avisando que iria dormir fora para estudar. Ele podia jurar que ouviu sua mãe engasgar do outro lado da linha quando ele mencionou a palavra "estudar".



A casa de Uruha ficava relativamente perto da casa de Kai, que por sua vez era mais ou menos longe da sua própria. O loiro abriu a porta com uma das suas chaves, sinalizando para que Aoi o seguisse e fizesse o mesmo.

 Parecia uma casa comum da cidade, nada por fora ou por dentro destoava. No instante em que Aoi havia tirado os seus sapatos, ouviu barulho de pratos e talheres sendo lavados na cozinha, além de um chamado.

 - Kou-chan? É você? - passos se seguiram e Aoi notou que o loiro havia feito uma careta quando o nome soou na sala. Uma mulher, visivelmente ocupada com as tarefas domésticas, surgiu na frente dos dois, sorrindo para o estranho também. Como a casa estava meio escura, ele não tinha como ter certeza, mas a mulher parecia muito bonita, para a idade dela. Se aquela fosse a mãe de Uruha, fazia mais ou menos sentido o outro garoto ser tão chamativo.

 - Sou, 'kaa-san. Este é Aoi. Nós vamos estudar física.

 - Hajimemashite. - Aoi se curvou educadamente, e a mãe do loiro devolveu o cumprimento - Shiroyama Yuu, mas as pessoas me chamam de Aoi.

 - Aoi... Como a cor?

 - Iya, como a flor.

 - Aa, que lindo. Vão ficar no seu quarto, Kou-chan?

 - Hai... - Uruha respondeu revirando os olhos e subindo uma escada, esperando que o moreno o seguisse. A mãe do mesmo voltou para a cozinha:

 - Eu vou chamar vocês quando o jantar estiver pronto!

 Após entrarem no quarto de Uruha e fecharem a porta, o loiro suspirou pesadamente, Aoi notando que os olhos estavam maquiados com sombra lilás, tão clara que era quase imperceptível. O dono do quarto acendeu um abajur, e gesticulou para que o outro estudante colocasse as coisas dele em qualquer lugar.

 - Odeio quando ela faz isso.

 - Odeia o quê, Kou-chan?

 O olhar perigoso de Uruha não tirou o sorriso do bonito rosto de Aoi, que estava ocupado tirando um livro de física da mala. Ele parecia novo; aliás, era verdade. O moreno realmente não se lembrava de tê-lo usado mesmo.

 - Se você começar a agir dessa maneira, eu vou ensinar a resolução errada dos problemas. - Uruha ameaçou, puxando a cadeira que ficava em frente ao seu computador e colocando-a lado a lado de uma outra que ficava perto de uma mesa simples, que o estudante moreno deduziu ser a escrivaninha.

 - Tudo bem, Uruha. Sem brincadeiras.

 - Melhor assim.

 Os dois finalmente se sentaram, Uruha acendendo um segundo abajur na mesa e abrindo o livro de física na unidade certa, procurando folhas de rascunho em uma das gavetas do móvel.

 - Muito bem, Magnetismo.

 - Você entende isso?

 - Se eu mostrar meu boletim para você, isso faria você calar a boca? - Uruha perguntou, apoiando o rosto em uma das mãos - Não iremos muito longe se você continuar duvidando das minhas capacidades.

 - Um "sim" ou "não" teria me satisfeito. - Aoi replicou, olhando para o livro - Você estuda em casa, passa horas na biblioteca ou o quê?

 - Nenhum deles. - o loiro piscou antes de responder - Eu presto atenção na aula de vez em quando.

 Aoi riu, o seu corpo balançando enquanto ele se divertia.

 - Claro, claro.

 - Já ouviu falar em uma coisa chamada "inteligência acima da média"? - o sorriso triunfante de Uruha indicava que ele acreditava ter encerrado a conversa - Vamos ao estudo, sim? Não está aqui para me conhecer melhor, Aoi.

 - Não, não mesmo. Isso... - ele lambeu o lábio inferior lentamente e com cuidado - Fica para amanhã à noite.

 Um pequeno sorriso tomou conta do rosto do estudante não tão exemplar assim, quando viu um ligeiro e quase inexistente rubor surgir no rosto do bonito loiro. Aparentemente, Aoi também tinha seus charmes.




Continua...

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