Anata no Gawa De escrita por Puella


Capítulo 4
Capítulo 4 - comendo pão que a Sakura amassou


Notas iniciais do capítulo

Olá minna-san!

Vem aí mais um capítulo, que vai ser muito importante para o enredo da história....

Ele vai compensar a demora....



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O que tu plantas hoje, tu colherás amanhã”.

Talvez esse fosse o  pior dia da minha vida, talvez eu nunca devesse ter cruzado na vida de Kinomoto Sakura, a garota que me proporcionava tanta diversão agora me deixa fadado à humilhação e a tortura.

- Bem que aquele provérbio tinha razão – dei um suspiro desanimado, me lembrando da pregação do reverendo na semana passada, sobre o que nós fazemos de errado e nos fará sofrer no futuro – e o meu castigo começará em menos de 24 horas, só espero que a Sakura pegue leve... 

Meu humor não era dos melhores, eu cheguei em casa e fui direto para o meu quarto, não comi nada, fiquei apenas digerindo tudo aquilo. Ela deveria ter muita raiva de mim. Duas coisas eu pude constatar a respeito dela, a primeira era que Sakura não era tão ingênua como eu imaginava. Ela podia muito bem bolar uma situação para me humilhar em público com aquela foto, entretanto, ela queria mais, queria que eu sofresse de forma demorada, me chantageando para fazer tudo o que ela quisesse. A segunda era a mais óbvia, ela queria vingança acima de tudo. Eu estava em suas mãos, porém haveria uma pequena, pequena possibilidade de eu reverter o quadro ao meu favor. Se depois de certo tempo eu a convencesse com um “bom” comportamento de que ela não precisasse mais fazer aquilo e sendo assim, desistisse da idéia guardando meu segredo e devolvendo a foto – e as supostas fotos que ela fez. O que soa como blefe -, pois eu também sei que ela não é uma pessoa tão má.

Isso demoraria um pouco, mas não seria tão impossível, afinal eu sou mais esperto do que ela, mesmo ela tendo me dado essa rasteira.

De manhã eu acordei cedo e tomei café, minha mãe já havia ido para a empresa e minhas irmãs faziam uma algazarra feia no andar de cima, será que todas as meninas fazem isso? 

Sai de casa e peguei minha bicicleta ao olhar para frente a vi parada olhando para mim com um sorriso divertido.

- Espero que tenha dormido bem Li-escravo.

- Eu pelo menos tentei – queria parecer impassível -  mal podia esperar para começar minha nova rotina – terminei de forma irônica.

- Pois é, e ela começa agora – ela falou a ultima palavra de forma enfática.

- Agora?
- Agora – ela disse ainda sorrindo – a primeira coisa que você deve fazer a partir de hoje é me levar na sua bicicleta, todos os dias.

- O quê?! Você só pode estar brincando!

- Não. Não estou. Do contrário eu revelo o seu precioso segredinho... você não quer que isso aconteça nee*?

- Que seja! – eu respondi emburrado, me aproximando dela para que ela subisse na garupa da bicicleta, ela subiu e sentou atrás de mim – Podemos ir...

- Hime* – ela me cortou – Sakura-hime.

- Como quiser, Sakura-hime – e a contra gosto eu comecei a pedalar – só aconselho que senhorita se segure em mim ou acabará caindo.

Ela então colocou seus braços ao redor da minha cintura e encostou um pouco a cabeça na minha costa, dava para perceber que ela estava um pouco embaraçada, comigo não foi diferente, pois sente algo estranho, e por um momento eu reparei no quanto ela era cheirosa. Não falamos nada durante o caminho.

Ao chegarmos à escola ela rapidamente se soltou de mim e saiu andando como se eu não estivesse ali, algumas pessoas viram e acharam estranho nós dois chegando juntos.

Eu cheguei à sala e ela já estava sentada conversando com aquela amiga dela, a Mineko. Eu fiz menção de me aproximar dela e Sakura apenas cruzou com o meu olhar e rapidamente mandou aquele sinal “nem pense em chegar perto”, achei estranho, mas mesmo assim voltei-me para a minha carteira e sentei. As aulas pareceram durar uma eternidade, na aula de geografia a professora havia faltado, então teve um momento em que ela olhou para mim e sutilmente deixou sua borracha cair no chão.

- Li-kun – ela me chamou de forma “doce”.

Eu me levantei e fui até ela.

- Pegue – ela disse fria e curta.

- Sim hime – eu falei tentando parecer o mais cordial possível e peguei a dita borracha de coelho – aqui está.

- Arigatô Li-kun! Você é muito gentil – ela falou um pouco alto, eu reparei que alguns colegas estavam nos observando.

- Por que está fazendo isso? – perguntei irritado, falando apenas para que ela ouvisse.

- É legal e depois, não é da sua conta – ela disse com um risinho zombeteiro – a propósito, nem pense em bancar o menino bonzinho para me convencer, eu sei muito bem que você não merece um pingo da minha confiança, pode ir, volte para sua carteira. Vai, vai!

Garota idiota.

-

Aquilo para mim era o paraíso, fui conhecendo um novo lado do Li-kun, lado apreensivo, frustrado e derrotado dele. E com certeza eu estava me saindo muito bem.

Ele voltou para a carteira dele, me olhando feio, era a primeira vez que ele não conseguia esboça aquele sorrisinho e, se dependesse de mim... ele nunca mais voltaria a fazê-lo.

No final da aula quando todos já haviam saído só havia restado eu e ele, animadamente caminhei até sua carteira, ele já terminava de colocar as coisas na mochila. Logo olhou para mim.

- Aposto que veio me pedir alguma coisa, o que quer?

- Oras, seja mais delicado Li-escravo – eu falei ingenuamente – ou você esqueceu que agora é o meu professor particular?

- Ah, ta – ele mostrou o primeiro semblante debochado naquele dia – você só ta fazendo isso tudo porque você é burra e precisa de mim certo?  

 - Não! Da onde você tirou isso! Eu só quero tirar algumas duvidas! E eu não sou burra! – aquilo me irritou e muito, mas logo depois eu voltei ao normal -  Ou você quer que  eu mostre a sua bundinha de neném pelos arredores da escola?

- Longe de mim – ele falou ainda debochado – é que eu geralmente penso isso das pessoas quando elas vem me encher o saco pedindo ajuda. Gomen nee hime – sentia cada ponta de ironia em suas palavras.

Apesar de estar em minhas mãos, ele ainda sim não deixava de lado a sua pose de arrogante e metido.

- Acho melhor você mudar essa sua postura – eu falei altiva – você sabe muito bem que vai ter que cooperar com as coisas.
Ele me olhou indiferente e voltou a arrumar as coisas na mochila.

- Você sabe muito bem que eu não cometeria nenhum deslize agora.

“Isso é o que você diz” eu pensei, já que confiar no Li-kun seria algo fora de cogitação. Na hora de ir embora, eu tive que subir naquela bicicleta de novo, eu sei que é parte do plano, mas eu não gosto nem um pouco disso. Entretanto tenho que admitir que ele anda muito bem de bicicleta. Mas só nisso!

- Chegamos – foi tão rápido que eu nem tinha notado que nós tínhamos chegado na minha casa – está entregue, hime.

Ele me ajudou a sair de trás dele.

- Quando quer que eu lhe ensine? – ele perguntou sem olhar para mim – Prefere hoje?

- Pode ser hoje – eu falei satisfeita, ele parecia um “subordinado” – na sua casa.

- Na minha? – ele pereceu não ter gostado.

- Sim. Na sua casa depois do jantar. Algum problema? – eu perguntei altiva.

- Não. Como você desejar hime – ele falou cabisbaixo olhando para o chão, uma veia estancou em sua testa.

- Então até mais tarde Li-escravo – eu falei seguindo para a minha casa.

Assim que eu abri a porta dei de cara com Yuuto.

- Onee-chan! Você chegou! – ele veio me dar um abraço, na minha perna.

- Yuuto! Já falei para não fazer isso – no final eu nem liguei mesmo, já que eu o peguei a fim de lhe dar umas boas cócegas.

Minha mãe apareceu logo em seguida me ajudando a tirar o Yuuto da minha perna. Depois de tomar um banho, me arrumar e descer para o jantar eu peguei os meus livros e sai de casa caminhando para a casa ao lado. Apertei a campanhia e Yelan-san atendeu sorrindo ao me ver.

- Sakura-chan! Mas que alegria vê-la!

- Olá Yelan-san, é que o Li-kun ficou de me ajudar a estudar com as notas finais, por isso estou aqui.

- É mesmo! Que bom! Sabia que você é a primeira garota que ele convida para estudar aqui em casa?

- É mesmo? – ele nem tinha me convidado, fui eu mandei.

- Entre querida – ela me deu passagem para entrar, aquela casa era o dobro da minha, e a mobília era mais chique. Ouvi alguns passos e logo apareceu o Li-kun com o cachorro dele o seguindo, assim que o Hikari me viu, Li-kun tratou logo de segurá-lo.

A mãe dele achou estranho, e perguntou por que o Hikari ficou daquele jeito – acho que ela nem sabia do fato de que o cachorro mijava em mim quando me via – e o Li-kun habilmente respondeu que ele ficava assim perto de visitas. Satisfeita com a desculpa ela sorriu para mim e retornou para a sala de estar.

Ele então soltou o cachorro, Hikari, para minha agonia pareceu ir até mim quando Li-kun ordenou.

- Parado!

O cachorro ficou no mesmo lugar sem mexer um músculo, Li-kun tirou do bolso o que parecia ser um spray, e borrifou em cima de mim.

- Ei! O que é isso – O tal spray tinha um cheiro horrível – Eu tomei banho sabia?!

- Isso é para ele não fazer xixi em você.

- Ah – eu falei ainda incomodada pelo cheiro – como isso vai funcionar?

- Simples. Hikari – o cachorro se moveu e chegou perto de mim, porém ao me cheirar ele se sentiu repelido e se afastou – Viu?

- Uau! Como você fez isso?

- Você não iria querer saber – ele falou com um sorriso irônico, e pelo jeito, eu não iria querer saber mesmo.

- Então hime, vamos para o meu quarto ou prefere a biblioteca?

- Vocês têm uma biblioteca?

- Sim hime.

- Então eu quero na biblioteca – respondi satisfeita, mas ao mesmo tempo eu queria saber como era o quarto dele. Então nós caminhamos pelo corredor até a biblioteca, no caminho vi alguns retratos, sendo que um me chamou bastante a atenção, era o Li-kun bem pequeno, uns dois anos,  no colo de um homem, que também era bem parecido com ele. Eu parei e fiquei olhando.

- Era o meu pai.

Rapidamente eu olhei para ele, e pude ver algo que me deixou surpresa, havia algo no olhar dele que eu nunca tinha visto antes, não era irônico ou sarcástico, era meio triste.

- É uma foto bem legal – eu falei meio embaraçada.

Depois deste momento estranho a gente entrou na biblioteca, não era enorme, mas tinha uma porção de livros de vários tipos. Nós dois ficamos lá, vendo álgebra e matemática – a minha pior matéria – e realmente Li-kun seria um excelente professor se quisesse, ele me passou alguns exercícios e me explicou cada um. A cada acerto, ele dizia “Muito bem hime”, e eu ficava satisfeita comigo mesma, embora eu soubesse que ele só estava fazendo aquilo por causa da chantagem.   

- Você é muito inteligente – eu disse ao final do estudo, e notei que ele parecia um pouco perturbado.

-

Eu não sei o que explicar, quando ela disse aquilo eu me senti incomodado, mesmo sendo eu  o seu “brinquedinho” novo, ela ainda sim não parecia ser tão má. “Ela é mesmo um doce...” hã? Eu pensei isso?

- Li-kun – às vezes ela não me chamava de escravo.

- Oi?

- A gente continua amanhã certo?

- Claro, como quiser.

Ela sorriu satisfeita, com aquele seu sorriso jovial e sincero, nem parecia aquela garota sombria da chantagem.

Nos dias que se seguiram nós dois continuamos a seguir essa rotina, eu levava para escola, a ajudava nos estudos e de vez em quando me sujeitava a algumas brincadeiras dela, uma vez ela me ofereceu um refrigerante, dizendo que era para mim, eu achei estranho, mas aceitei, quando eu abri a lata... o refrigerante explodiu na minha cara, ela riu até chorar e eu fiquei sujo de refrigerante pelo resto do dia.
Fora isso – que por um lado eu realmente merecia – acabei por me acostumar  e pouco a pouco, sem me dar conta, eu estava gostando de fazer isso junto dela, era diferente, mas, eu sentia o mesmo prazer de quando  aprontava com ela. Já faltava uma semana para  as provas finais, eu estava debruçado em minha carteira, acho que dormia profundamente. Até que eu abri os olhos e vi uma pessoa de frente pra mim me observando.

- Já acordou?

Num pulo, eu me levantei assustado. Desde quando ela tinha olhos tão brilhantes, pela primeira vez eu estava vendo Sakura de um jeito que eu não via antes.

- Tem muito tempo que eu dormi?

- Só um pouco. Não tive coragem de te acordar – ela disse divertida – Eu nunca te vi dormindo assim.

“Nem eu” pensei comigo mesmo. Alguma coisa estava acontecendo comigo, não sei bem,  por que eu me senti daquele jeito quando eu a olhei?

No dia seguinte algo estranho aconteceu de novo. Quando ela subiu na bicicleta, atrás de mim, minhas bochechas ficaram vermelhas e eu estava começando a reparar mais nela, achando-a um pouco bonita. Eu olhava constantemente. Espere! Por acaso é o que eu to pensando? Aquela coisa que as pessoas sentem quando... O meu Deus! Não pode ser! Eu estou gostando dela! Merda. O que será da minha vida?

Eu não devia estar gostando dela, e quanto mais eu me dava conta disso, mais ficava difícil ficar perto dela. Sakura. O que eu faço, não posso mais continuar com isso. Eu precisava parar.

Era sexta-feira, e eu estava sentado na minha cadeira, pensando em como por um fim nisso. Foi quando ela apareceu, com um sorriso nos lábios e olhar divertido. Estávamos sozinhos na sala

- Pronto pra mais um dia de estudos? Eu trouxe um resumo bem interessante lá da biblioteca – ela disse com empolgação.

- Não.

- O quê?

- Não quero mais.

- Como assim não quer mais, quem decide isso sou...
- EU DISSE NÃO – eu saí em disparada correndo. Corri o mais rápido que podia,  não demorou muito para ouvir os passos dela logo atrás. Por mais que eu tentasse fugir Sakura estava mais perto de mim – ela a melhor nos 100 metros rasos – e com um puxão ela consegui me paralisar e me derrubar no chão.

- Qual é o seu problema?

- Me solta! – eu tentei me desvencilhar, mas estava por cima de mim, eu confesso que corei um pouco – eu não quero mais seguir com isso!

- Como é? Você faz ideia do que você está dizendo? Quer que todos saibam do seu segredo?

- Eu já não me importo mais! – eu virei meu rosto para o lado – Pode mostrar.

Ela me olhou incrédula.

- A gente não precisa continuar com isso Sakura – eu comecei a falar tudo o que me veio à mente – Eu já aprendi a lição! Eu não vou mais te incomodar ta bom? Mas por favor, vamos parar com isso. Agimos como se parecêssemos dois bons amigos, quando na verdade você me odeia...

- Li-kun...

- Espero que esteja satisfeita, pois sua vingança deu certo, eu não vou mais incomodar você.

Ela ainda ficou me olhando surpresa, e saiu de cima de mim, me ajudando a levantar.

- Eu nunca quis mostrar a foto, eu só queria me divertir um pouco e me vingar de você – ela me deixou surpreso – mas, como vou saber que você está dizendo a verdade?

- Acredite se quiser – eu falei cabisbaixo.

- Yuki-kun?

- Hum.

- Você ainda pode me ajudar com os estudos? Sem chantagem. Se você quiser.

Áquela altura eu já havia perdido, e ela, ganhado. Sua vingança foi tão bem feita que me deixou como uma grave sequela: eu me apaixonei por ela. Logo ela. Bem feito Syaoran.

Eu não tinha mais para onde correr... 

-

Ele olhou de volta, e colocou as mãos no bolso.

- Claro. 

     
Pelo que pareceu, eu finalmente havia conseguido o que eu mais desejava desde o dia em que ele me fez a primeira travessura. Eu não sei o por que, mas eu estava desapontada. E Li-kun parecia diferente, muito diferente...

Ou era uma estratégia dele?


Eu não sei, mas de qualquer forma, vou me policiar.


Ou era uma estratégia dele?   


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Notas finais do capítulo

Uau!

parece que o Li-kun vai sentir o gosto amargo de seu castigo...

Não percam o prox. capítulo: O castigo

Bjs e até lá!