“A vingança é um prato que se come cru”.

Procurei por todos os lados e nada. Aquela foto havia desaparecido. Eu já devia ter dado um fim nela muito tempo antes, afinal que tipo de pessoa guardaria uma foto daquelas?

Nem mesmo Hikari – o meu cachorro – conseguiu farejá-la, procurou por todo quintal e nem um sinal dela. Cansado de procurar eu voltei para dentro de casa e fui tomar um banho para relaxar. Pelo menos ela só havia sumido fora minhas irmãs, não imagino outra pessoa que soubesse da existência dela. Preferir pensar assim e resolvi esquecer esse assunto de uma vez por todas.

No dia seguinte eu já estava na escola de novo, e eu sabia que era a escala de arrumar a sala era da Sakura, por eu cheguei um pouquinho, mas cedo. Me idéia era dar um susto nela. Aproximei-me silenciosamente da porta, espiando por uma pequena brecha. E lá estava uma menina magricela, com duas tranças de cada lado da cabeça, cantarolando enquanto limpava o quadro.

Rapidamente dei um empurrão na porta o suficiente para fazê-la largar o apagador e se assustar.

- Ohayou Sakura-chan!

Ela apenas me olhou com uma carranca e ajuntou o apagador do chão, colocando-o no lugar. Eu caminhei até ela com o meu sorriso zombeteiro de sempre.

- Parece que está com o mesmo mau humor.

- E você com essa mania estúpida – ela falou seca indo até a sua carteira.

- Não posso evitar, é mais forte do que eu.

- Então é melhor se acostumar com idéia de deixar de fazê-la – o que ela quis dizer com isso? Pela primeira vez eu pude notar algo diferente vindo naquela frase.

- O quis dizer com isso?

- Nada – ela respondeu com um riso estranho, e logo alguns de nossos colegas começaram a chegar.

Estranho, muito estranho. Ela olhava para mim varias vezes e seu semblante era calmo e complacente. E acredite Kinomoto Sakura jamais olharia assim para mim, o máximo que ela faria era dardejar laminas pelos olhos.

O dia era tão calmo, fazia um belo sol e as provas finais estavam bem perto – eu tiraria de letra -, e logo entraríamos no novo ano escolar. Após o sinal da última aula eu peguei as minhas coisas e fui até biblioteca devolver um livro que eu tinha emprestado.

Ao sair da biblioteca continuei andando com meu costumeiro ar despreocupado, comecei a assobiar a minha canção favorita do Orange Range*, andava até chegar perto do corredor para virar a esquerda quando me deparei com ninguém mais, ninguém menos que Sakura.

- Alguma vez alguém puxou a sua calça? – disse ela ao aparecer de surpresa.

- Que pergunta é essa? – eu falei ainda um pouco assustado.

- Nada. Sabe o que é – não, não sei – eu tava voltando da escola ontem, meu humor tava péssimo, aí... aconteceu uma coisa muito engraçada, um pedaço de papel caiu bem minha cara! – ela começou a rir de forma sardônica – Quando eu vi não era um papel comum, mas sim uma FOTO do Li-kun com a bunda de fora! – ela conclui a frase mostrando aquela maldita foto que eu não conseguir achar no quintal.

Eu fiquei estático, aquela foto de oito anos atrás. Eu tinha uns cinco anos, foi quando Shiefa puxou as minhas calças deixando o meu bumbum de fora e eu choramingava feito um bebê, para quem visse seria uma foto engraçada, mas para mim seria um podre escondido de meu passado que eu sempre tentei esconder, e justamente esse “podre” foi parar de bandeja nas mãos da garota que mais me odeia no mundo.

- Mas como você... – eu não sabia o que dizer, eu estava pálido, minhas mão suavam – Sakura, olha não conte a ninguém ...

- Não conte a ninguém POR FAVOR – ela falou grudando o dedo indicador na minha cara.

-  ... por favor – cem vezes humilhação.

- E... – ela queria que eu continuasse, menina diabólica!

- ... – droga, mil vezes, droga! – eu faço qualquer coisa... – como era difícil dizer aquilo!

- Qualquer coisa – ela se fez de pensativa, olhou para mim e sorriu – então ta, mas a foto continua comigo, a não ser que você prefira que eu...

- O QUE VOCE QUER QUE EU FAÇA?!- gritei desesperado.

- Simples – ela falou ainda sorrindo – eu quero você seja o meu brinquedinho favorito, sinta na pele o que você me fez passar durante esse ano, além de me tratar como uma princesa e me ajudar nas provas finais, do contrário, seria muito ruim o aluno mais inteligente da escola passar uma humilhação pública – ela concluiu sombria.

 Engoli em seco.

- Ah! E também quero que você ensine aquele seu cachorro a urinar em outra pessoa, quem sabe em você mesmo!

- ...

- Nem pense em dizer nada – ela me cortou fria – agora eu dito as regras, e você obedece Li-escravo.

- Como... quiser – eu disse rangendo os dentes.

- Então eu tive vejo amanhã – ela disse se afastando – e antes que eu esqueça, não se preocupe, tem muito mais de onde essa veio. Tchauzinho!

Eu fique ali, parado sem ação. Era como se um tufão me derrubasse de vez. Ela tinha me derrubado. Sakura tinha me derrubado, eu nunca deixei de ficar por cima dela, e agora, eu estava em suas mãos. E o pior, com  quem é que eu estava falando?

Que raios de garota era aquela?  

Não podem ser a mesma pessoa?!