And All I Wanted Was You escrita por JustMe


Capítulo 5
Capítulo 5 - Certezas


Notas iniciais do capítulo

Só estou postando esse capitulo por que comentaram minha fic no twitter, mesmo não tendo mandado reviews. Gente, POR FAVOR, mandem reviews.



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Eu fiquei parado por alguns instantes, atordoado, de pé a alguns metros da escada. Algo havia acontecido, e não era algo bom. Depois de “acordar”, eu desci as escadas correndo, fui até o meu armário – ainda correndo -, peguei os materiais do próximo tempo e fui correndo até a sala.

Não havia um modo de prestar atenção na aula. O professor me perguntou pela resposta, eu errei – como sempre -, e ele começou a reclamar. Eu não tinha mente para prestar atenção na reclamação do professor, então eu fiquei olhando o vazio. Muitas coisas passavam pela minha cabeça, a história de Mirna, eu estava imaginando tudo novamente. Eu precisava entender.

Mirna me achava parecido com Derek, mas ela não sabia dizer se isso era bom ou não. Se ela não sabia, não havia como eu saber. Eu não tinha conhecido Derek, somente ela.

 

O restante dos tempos até o almoço eu continuei fitando o vazio, pensando. Minha cabeça girava, eram perguntas e mais perguntas. Meu cérebro não processava a informação rapidamente. Quando o sinal indicando o início do almoço tocou, eu sai lentamente da sala, ainda olhando o vazio. Eu estava começando a me tornar um perigo agindo daquele jeito, eu estava distraído o suficiente a ponto de tropeçar na pessoa que caminhava na frente. E eu acabei fazendo isso várias vezes.

Enquanto eu estava caminhando até o refeitório, eu vi uma pessoa familiar vindo na minha direção. Tyson, não. Eu não estava com cabeça de ter conversar com ele.

- Oi cara. – Tyson disse.

- Oi... – eu respondi.

Ficou alguns instantes sem ninguém falar nada, eu ainda absorto em pensamentos.

- O que houve? – ele perguntou, desesperado. Eu não podia culpá-lo por não saber da história.

- Nada, eu só estou com sono. – eu menti, descaradamente. Ainda bem que Tyson não era um bom detector de mentiras. Ele somente assentiu como resposta.

Continuamos a caminhar até o refeitório em silêncio, ele não parecia estar num dos seus dias que ele mais falava. Ele ficou quieto, com a mão nos bolsos, caminhando ao meu lado.

 

Eu cheguei ao refeitório e não avistei Mirna. Eu não sabia se queria vê-la novamente, não sabia se ela começaria a chorar novamente quando me visse. Eu não a culparia se ela começasse a chorar quando me visse, mas acho que as pessoas começariam a fazer perguntas que não a fariam melhorar.

Eu não peguei nada para comer, somente um refrigerante. Eu não estava com fome, e se eu comesse alguma coisa eu tinha certeza que iria vomitar. A única coisa que havia no meu estomago eram borboletas, só.

 

O almoço passou sem eu ver Mirna. Eu comecei a ficar preocupado, eu não sabia exatamente o motivo que eu estava preocupado por não ver Mirna, eu só sabia que eu estava. Eu tinha olhado em todas as mesas do refeitório, em todos os lugares do refeitório, e ela não estava lá. Quando o sinal do final do almoço bateu, eu ainda tinha a esperança de vê-la sendo esmagada pela multidão como no outro dia, mas não. Ela não estava.

O resto da aula passou devagar, na aula de filosofia – que fazíamos juntos - ela não estava. O meu último fio de esperança foi rompido quando eu estava me dirigindo a minha casa, eu ainda esperava ver Mirna caminhando um pouco na minha frente, como no outro dia, mas ela não estava.

Foi então que eu cogitei uma resposta que eu não havia pensado antes. Ela poderia estar doente, ou pelo menos ter parecido doente para a enfermeira da escola. Eu fui caminhando rapidamente até a enfermaria, e quando eu finalmente passei pela porta, eu suspirei, colocando todas as minhas chances naquela tentativa.

Eu passei pelo pequeno corredor de entrada e vi que a Mirna não estava ali, mas isso não era a única esperança.

- Sra. Davis? – eu perguntei, chamando a atenção da velha enfermeira que tomava conta da enfermaria.

- Sim, querido? – ela respondeu, com uma voz cansada.

- Por acaso uma aluna chamada Mirna Brooks passou por aqui? Ela está na oitava série.

- Só um pouquinho. – ela disse, se dirigindo até a sua tabela onde ela anotava o nome de todos os alunos que iam para a enfermaria.

- Sim, querido. Ela veio aqui no meio do terceiro tempo, dizendo que estava se sentindo enjoada. Ela foi para casa. – a Sra. Davis me respondeu – Por que isso te interessa?

- É que a Mirna é da minha turma de Filosofia, e eu tinha visto ela na escola, e eu só queria saber onde ela estava. – eu respondi, mentindo. A enfermeira somente assentiu como resposta, e voltou ao que ela estava fazendo antes de eu chegar, o que eu interpretei como um “vá embora”.

Eu sai da enfermaria um pouco satisfeito, pelo menos eu consegui a informação que eu queria. Eu comecei a caminhar o trajeto de casa, e coloquei meus headphones.

Mirna tinha ido à enfermaria, e foi para casa. Eu duvidava muito que ela realmente estava doente. Ela deveria ter ido para casa por causa da nossa conversa, ela deveria estar sentindo dor, realmente, mas não o tipo de dor que um remédio pode curar.

 

Eu caminhei até a minha casa, com um pouco de pressa. Cheguei e tentei fazer alguma coisa contra o tédio, mas a TV estava sem nenhum programa que prestasse e a minha internet não estava querendo conectar, então eu desisti. Somente quando eu desabei no sofá que eu percebi o quanto eu estava cansado. Era muito cedo para ir dormir, não havia nem escurecido, mas eu não ligava. Eu fui ao meu quarto, fechei a cortina e me vesti para dormir – moletons velhos e rasgados.

Eu não demorei muito para dormir, mas uma coisa não me deixou descansado aquela noite, o meu sonho. Na verdade, o meu pesadelo.

No meu pesadelo, não havia coisas como assassinos e fantasmas gritando “bu!”, era uma memória, não uma memória, uma história. Eu estava a uma rua de uma escola, estava quase escurecendo. A uns dez metros de distância de mim havia um grupo de cinco ou seis adolescentes da mesma idade que eu, em um circulo. Eu caminhei para ver o que eles estavam fazendo. No centro do circulo estava Mirna, agachada, com hematomas por todo o rosto. A visão era tão horrível que eu tive que tirar meus olhos dela, eu não podia vê-la machucada. Então eu prestei atenção nos adolescentes. Eles usavam roupas de marca, e tinham cara de populares. Rapidamente, eu entendi aonde eu estava, na história de Mirna. Havia um dos adolescentes na roda que eu não conhecia, mas conhecia ao mesmo tempo. Havia alguma coisa de comum no rosto dele, foi então que eu entendi.

Eu estava olhando para Derek. Eu tinha um cabelo castanho claro, mais ou menos liso, e olhos azuis brilhantes, ele era um pouco mais alto do que eu. Ele era o tipo de cara que toda as garotas babavam. Ele era aquele popular que se exibia. Mesmo eu não conhecendo ele, alguma coisa no meu subconsciente me dizia que eu estava olhando para o Derek.

Havia um olhar maligno no rosto de cada pessoa em volta da roda, todos estavam rindo muito alto. Então, um deles entrou no meio do circulo e deu um tapa extremamente forte no rosto de Mirna, então ela gritou muito alto. Ela estava cansada, não tinha mais forças para lutar. No momento que o adolescente deu o tapa no rosto de Mirna, eu gritei “NÃO!”, e parti para cima do garoto. Ele não era muito mais alto que ele, mas no momento que eu soquei o rosto dele, e o meu punho deveria ter se chocado com a face dele, o meu punho simplesmente atravessou ele. Era um sonho, era uma memória que não era minha, eu não podia alterar o que havia acontecido.

Então, todos as pessoas da roda – que eram todos homens – começaram a bater em Mirna, todos menos Derek, mas ele começou a rir.  Eles começaram a chutá-la, socá-la, por todas as partes possíveis do corpo dela, e enquanto eles batiam nela, eles falavam coisas horríveis, xingando-a. Eu não podia fazer nada, eu continuava a gritar “PAREM! NÃO FAÇAM ISSO” e coisas do gênero, mas não adiantava, eles me ignoravam, não me olhavam nos olhos. Eu tentei bater em outra pessoa da roda, mas a minha mão atravessou seu rosto.

Foi quando Mirna deu um grito extremamente alto, que foi quando eu abri os olhos.

Eu estava coberto de suor, e eu respirava muito rapidamente. Eu olhei para o relógio na mesa de cabeceira e eram 4 horas da manhã. Eu me levantei e comecei a pensar “Foi só um sonho, foi só um sonho.”, mas era real de mais.

Eu me levantei da cama e tomei um banho, com a esperança que a água quente me acalmasse, teve um pouco de efeito, mas não o suficiente para me acalmar totalmente. Quando eu me troquei, já coloquei a roupa que eu iria para o colégio, pois eu não conseguiria dormir depois daquilo. Eu desmoronei na cadeira da minha escrivaninha, e comecei a pensar na história.

Foi quando eu percebi que me lembrar do sonho me causava muita dor, era como se meu peito queimasse. Eu me curvei diante a dor, e bloqueei os meus pensamentos, e a dor diminuiu. Eu comecei a me perguntar, da onde vinha aquela dor. Foi então que eu percebi, eu não podia ver a Mirna sofrendo.

Por que eu a amava.

 

Quando eu cheguei a essa conclusão, tudo começou a fazer sentido. Óbvio que eu a amava, desde o momento que eu a vi no seu primeiro dia de aula na minha escola. Eu a amava, por isso a necessidade de reconfortá-la. Por que eu não podia vê-la sofrer, por que isso também me machucava. Por isso eu queria saber sobre a história que a magoava, por isso eu a abracei.

Por que eu a amava.

Mas não era aquele amor de adolescente, aquele gostar que era o que as pessoas mais falavam na escola. Eu já havia gostado de outras garotas antes, mas nada era comparado ao que eu sentia pela Mirna.

Agora era uma necessidade ter a Mirna por perto, já que eu tinha entendido que eu a amava. Mas, no momento que eu percebi que eu a amava, eu vi que eu também sentia um certo ciúmes, ciúmes do Derek. E raiva dele também. Como ele conseguia fazer o que ele fez, e ainda sobreviver depois disso? Eu acho que nem a tortura mais dolorosa desse mundo podia ser o suficiente para dar-lhe o troco, do que o que ele fez com Mirna.

Agora tudo fazia sentido, o motivo dela ter vindo para Nova York não foi por que a mãe dela foi transferida, foi por que ela queria se afastar de Derek, por que ela não queria mais sofrer. E agora ela me encontrou.

Todas as minhas “histórias de amor” foram frustradas, eu sempre queria me declarar para a garota que eu gostava. E isso não era bom, pois elas nunca gostavam de mim.

Mas com a Mirna era diferente, eu queria contar. Se ela me achava parecido com o Derek (pelo menos com o Derek que ela amava) ela supostamente deveria me amar, pelo menos um pouquinho. Eu precisava contar, eu não conseguiria sobreviver com toda a incerteza.

Porém, junto com a minha vontade de contar as tudo pra ela, eu tinha medo. Medo de que ela não gostasse de mim, medo que ela me magoasse. Medo de eu poder magoar ela. Eu era o único amigo dela aqui em Nova York, eu não podia deixá-la sozinha, ela precisava de mim, e eu precisava dela.

Uma dos meus defeitos – na verdade, não é bem um defeito – é que eu sempre coloco as pessoas que eu amo na frente, e depois eu. E, como consequência, eu ficava na pior enquanto os outros não. E era assim com Mirna, eu faria o melhor para ela, não para mim. Se ela precisasse de um amigo, eu seria o amigo. Se ela me amasse, eu seria o que ela quisesse de mim. Se ela não queria mais me ver, eu ignoraria ela. Eu faria tudo por ela, tudo para deixá-la feliz. Mas, como consequência dessas escolhas eu poderia tanto ser a pessoa mais feliz do mundo como também ter meu coração destruído, e ter meu peito rasgado, cheio de feridas.

Mas a decisão não estava comigo, estava com ela. Ela definiria, não eu. O que eu sentiria seria a consequência da escolha dela, não minha. Mas ela sairia perfeitamente bem disso tudo, já eu, não necessariamente.

Na escola eu falaria com ela, isso eu decidi. Eu não almoçaria e iria para o nosso esconderijo – o terraço onde nós havíamos matado aula – e eu diria tudo para ela. Eu precisava disso. A incerteza era pior que a dor que eu poderia receber por ela não me amar. Eu precisava tentar. Se eu não tentasse, não resultaria em nada, eu continuaria assim.

Nesse tempo que eu refletia, eu não tinha tomado noção do tempo. Já estava quase no horário de sair de casa. Eu me espantei com o tempo. Ele passou muito rápido.

Bom, era agora. Eu precisava dizer tudo para Mirna. Não era mais uma possibilidade, era uma necessidade.

 


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Notas finais do capítulo

O que será que ele vai fazer agora? D:

Gente, já tenho os próximos capitulos prontos, é só vocês mandarem reviews que eu vou postar, ok?



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