And All I Wanted Was You escrita por JustMe


Capítulo 4
Capítulo 4 - Motivo


Notas iniciais do capítulo

Gente, só estou postando o novo capítulo por que eu ainda tenho esperança que alguém goste, e que não mandou review, então aqui está o capitulo 4



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- Tudo bem, vem aqui. – eu disse. Eu conhecia o lugar perfeito para matar aula. Ás vezes eu e Tyson matávamos a aula de ciências juntos, nunca éramos pegos.

- Onde estamos indo? – ela disse, confusa. Tinha me esquecido que ela não sabia do local.

- Eu sei o lugar perfeito para matar aula, nunca fui pego. – ela só assentiu como resposta.

Corremos enquanto os corredores iam ficando vazios, tínhamos que ser rápidos. Se alguém nos visse...

Quando finalmente chegamos – sem ninguém nos ver – ela abriu a boca, um pouco. O local “secreto” era no terraço do prédio 3, o prédio da nossa sala de matemática. Nunca ninguém ia lá, diziam que era mal assombrado, eu nunca vi algum motivo de ver assombrações lá.

O prédio não era muito alto, mas como vivíamos no subúrbio não havia muitos prédios mais altos do que esse, então dava para ver um bom pedaço da cidade. Como era o segundo tempo o sol não estava muito alto, então ele não nos incomodava. Ao longo do terraço havia alguns “cubos” onde havia terra, e algumas plantas viviam ali, no centro dos cubos havia postes de luz pretos, que um dia funcionaram. O lugar era lindo, isso eu tinha que admitir.

Eu continuei andando, com Mirna um pouco boquiaberta do meu lado. Ela ainda não tinha absorvido a beleza do local.

Eu sentei-me em um dos cubos, na parte onde não havia terra, somente cimento. Mirna entendeu que era para ela se sentar ao meu lado. Nós tínhamos muito tempo, não precisávamos ter pressa.

Quando Mirna se sentou, ela fechou a boca e voltou ao olhar duro de antes. Eu não gostava de quando ela ficava assim.

- Se você não quiser falar, você não precisa... – eu disse.

- Não, eu quero falar. – ela respondeu.

Ela olhou pra mim, com seus olhos perfeitos. Eu fiquei meio pasmo, mas ela olhava para mim com um olhar suplicante, então eu entendi o que ela queria dizer.

- Você vai jurar para mim que não vai dizer isso para ninguém, ok?

- Eu juro pela minha vida.

Ela não me mandou aquele olhar de se-você-contar-você-está-morto, ela me olhou novamente suplicante. Eu entendi que o assunto não era uma brincadeira, nem qualquer bobagem de adolescente. Era uma coisa séria, muito séria.

- Tudo bem, a história é lá de Phoenix, ela é bem grande. Eu acho que vai ocupar todo o tempo que temos, não sei se teremos tanta sorte matando dois tempos seguidos.

- Continue, por favor. – eu disse. Eu estava curioso, mas ao mesmo tempo preocupado. Eu não estava gostando da seriedade dela, eu pressentia que não era uma coisa boa. Era uma coisa nada boa.

- Quando eu estava em Phoenix, eu não era muito popular. Eu nunca fui popular. As pessoas sempre me deixavam de lado, mas eu era, e sou, muito observadora. Eu sempre gostei de ver como os populares se exibiam, eu sentia dó deles de um certo modo. Eles não têm opinião própria, sempre se importam com o que os outros vão achar.

“E foi sendo observadora assim que eu acabei me machucando. Havia um garoto da minha turma de física, Derek. Ele era lindo, e muito popular. Mas eu percebia alguma coisa de diferente nele, alguma coisa a mais que ele tinha de diferente dos populares. Ele não humilhava as pessoas, ele não era como os populares normais que humilhava os não-populares. Porém, ele não se prontificava. Ele somente assistia. Mas pela sua expressão ele não gostava do que eles faziam.”

Ela respirou fundo, e então continuou.

“O nosso professor sempre foi muito chato, ele não deixava nós sentarmos nos lugares que quisermos, ele dizia que fazíamos muita bagunça. Como nós sentávamos em duplas, ele escolhia os lugares com uma pessoa diferente. É óbvio que ninguém gostava disso. Até que ele me colocou ao lado de Derek.”

“Nós sentávamos no fundo da sala, ele foi educado comigo. Disse ‘oi’, ele puxava assunto comigo. Eu conversei com ele, e comprovei a minha teoria de que ele não era como os outros populares. Ele era legal, divertido. Ele não me tratava mal, nem me olhava da cabeça aos pés, depois fazendo cara de nojo, como os outros faziam.”

“Nós viramos amigos, desde então. Ele caminhava comigo até a sala da próxima aula, ele me ajudava a pegar os livros. Ele era cavalheiro, diferente das outras pessoas da nossa escola. Porém, no almoço ele nunca se sentava comigo, ele se sentava com seus outros amigos. Ele dizia que ele não podia só andar comigo, ele tinha que falar com seus outros amigos populares. Eu não via isso como defeito, eu conhecia ele bem. Ele só não queria perder seus amigos, só isso. É, quem dera fosse só isso.”

“Depois de dois meses que eu comecei a falar com ele, nós começamos a ficar mais íntimos. E eu comecei a... gostar dele. Mas não simplesmente gostar dele, eu o amava. Ele era a pessoa mais perfeita que eu já havia conhecido. Até que chegou um dia que ele me convidou para sair. Eu fiquei frenética e aceitei o convite. Como não ia aceitar? Eu o amava”

“Ele não me contou aonde íamos, ele só me disse que me buscaria em casa as 19h, na sexta feira. Eu fiquei muito curiosa, eu queria saber aonde ele me levaria, eu precisava saber onde ele me levaria. Eu não estava agüentando. Como ele me convidou para sair na quarta, ficamos dois dias nos vendo normalmente na aula de física. Ele falava normalmente, como sempre. Eu tentava, mas a minha curiosidade era muito grande.”

“Quando a sexta feira chegou, eu estava extremamente ansiosa. Quando eu cheguei na escola, ele não falou comigo. Somente cochichou no meu ouvido, dizendo ‘é hoje’, mas não do jeito malicioso como deveria parecer. De um jeito apaixonado. E depois ele sorriu e não falou mais comigo durante o dia. Era para fazer parte do mistério.”

“Depois da escola, eu não parava em casa. Ficava andando de um lado para o outro. Quando chegou a hora que já era aceitável eu me arrumar, eu me arrumei. Usei minhas melhores roupas, tentei ficar o mais bonita possível. Afinal, eu ia ficar ao lado dele

“Depois de muita ansiedade, as 19h chegaram. E exatamente as 19h ele chegou. Como nós, obviamente, não tínhamos idade para dirigir – e ainda não temos -, ele chegou de taxi. Ele vestia uma roupa formal e informal ao mesmo tempo. Ele estava lindo. Ficamos vários minutos no taxi, enquanto estávamos a caminho do local. Ele me elogiou, disse que eu estava muito bonita.”

“Quando finalmente chegamos, eu não acreditei aonde estávamos. Nós estávamos no restaurante mais chique da cidade, eu não sei da onde ele conseguiu dinheiro para pagar aquilo, e as pessoas tiveram uma reação um pouco exagerada, pois pensaram que ele sairia sem pagar”

“No restaurante, nos jantamos e conversamos muito. Falamos de muita coisa, rimos muito. Mas não era mais como os risos de quando éramos amigos, eram risos diferentes. Eu percebi que eu estava um pouco envergonhada e ele também, mas não nos importávamos.”

“Quando finalmente terminamos de jantar e ele pagou a conta, ele chamou um taxi novamente. Só que ele não se dirigia a minha casa, ele se dirigia ao cinema. Nós fomos ao cinema depois de jantar. Não tinha como ser mais perfeito.”

“Óbvio que eu estava vestida bem demais para ir ao cinema, mas não me importei. Eu ia ir ao cinema com o Derek. Nada mais me importava, só ele. Quando entramos, continuamos a conversar até o filme começar. Quando as luzes se apagaram, ele tirou uma mecha de meu cabelo e colocou atrás da minha orelha, e disse, muito lentamente, no meu ouvido ‘eu te amo’. Logo depois disso, ele me beijou.”

“Acho que não preciso dizer o que aconteceu no cinema, quando o filme acabou ele me levou para casa. Era 23h, minha mãe reclamou um pouco, mas como eu estava extremamente feliz eu não liguei para ela. Eu subi para meu quarto e fui dormir.”

Enquanto Mirna falava, ela não falava com um tom de se orgulhar disso. Ela dizia com uma voz um pouco mole, olhando o vazio. Ela não me olhava no olhos e parecia estar sofrendo... Muito. Eu tive vontade de interferir, mas não queria. Eu ainda estava esperando pelo final triste da história. Isso que foi o que marcou.

“Fiquei o fim de semana inteiro pensando na sexta feira, obviamente. Eu estava muito obcecada por Derek. Quando a segunda feira chegou, eu não agüentava mais. Eu precisava ver ele, passou a ser uma necessidade para mim.”

“Quando eu cheguei na escola, eu vi Derek. Corri ao encontro dele, eu disse ‘oi’ e fui dar um selinho nele, afinal de contas, nós estávamos namorando, ou pelo menos alguma coisa perto disso. Quando eu me aproximei para dar o selinho, ele me afastou e disse ‘aqui não’. Eu estranhei a atitude dele, e me magoei um pouco, mas assenti. Eu tentei pegar a mão dele, mas ele não deixou.”

“Quando a aula terminou, eu desisti de falar com ele. Ele estava se esquivando muito de mim, ele estava estranho. Não parecia o Derek de sexta, ele havia mudado. Enquanto eu estava saindo da escola, eu ia caminhando para casa em Phoenix também. Um grupo de garotos populares – inclusive Derek – se aproximaram de mim, eu não falei nada. Mas quando eles começaram a chegar perto demais eu comece a achar estranho, caminhei mais rápido. E então... eles começaram a correr atrás de mim. Eu não sou rápida, e eu tropecei enquanto eu corria.”

“Eles não estavam bêbados ou qualquer coisa do tipo, eles começaram a falar coisas horríveis para mim, e a me... bater. Eu olhava para Derek, ele só me fitava, e ele ria do que eles estavam fazendo. Eu nunca fiquei com tanto nojo na minha vida. Quando eles finalmente me deixaram, eu estava completamente cheia de hematomas por todo o meu corpo.”

“A partir desse dia, Derek nunca mais falou comigo. Ele não me olhava, fazia como se eu não existisse, como se eu fosse nada. Eu chorava todos os dias, eu sofria, eu sofro com isso. Ele era tão duas caras, ele preferiu ficar ao lado dos amigos populares deles ao invés de me ajudar. Eu tinha nojo dele.”

“Mas eu tinha nojo daquele Derek que fez tudo aquilo, mas eu continuava a amar aquele Derek de sexta feira, que me amava. O sensível, o perfeito, e não aquele monstro.”

Quando eu vi, ela estava chorando. Eu não a culpava, e, novamente, eu a abracei. Desta vez ela retribuiu meu abraço muito mais rápido que antes. Ela não pensou, não cogitou não aceita-lo. Ela precisava de conforto, eu entedia o que ela havia passado.

Ela enterrou muito mais forte o seu rosto em meu peito, eu conseguia sentir a umidade em minha camiseta. Eu não me importava, não ligava. Ela precisava disso.

Somente depois de um tempo eu percebi que eu estava chorando. As lágrimas escorria pelo meu rosto. Eu tentava não soluçar, para não assustar Mirna, mas as vezes eu não conseguia. Ela soluçava muito, mas não fazia barulho. Eu também, eu enterrei meu rosto em seu ombro.

- Me desculpe, eu não sabia... Eu não fazia idéia. – eu disse, no ouvido dela.

Ela continuou a chorar, eu já havia parado um pouco. Só algumas lágrimas escorriam pelo meu rosto agora. Eu não gostava de chorar, eu não gostava de demonstrar fraqueza.

Mas na situação era necessário, não havia outro meio de lidar com o que ela falou – e com o que ela estava sentindo. Eu precisava reconfortá-la, eu precisava me reconfortar. Eu não acreditava no que ela passou, em como ela foi forte.

Quando nós nos acalmamos, ela estava muito vermelha, seus olhos estavam um pouco vermelhos por causa das lágrimas. Eu esperei um pouco até começar a falar normalmente.

- Mas o que isso tem a ver com a nossa vinda para a escola? Quando nos abraçamos... – eu disse, um pouco temeroso que ela começasse outra crise de choro. Eu não gostava de ver ela sofrer.

Ela me olhou, demorou um pouco para absorver a pergunta.

- É que, eu não sei. Tem alguma coisa em comum entre vocês dois. O olhar, alguma coisa, a personalidade, talvez. Mas, obviamente, você não é parecido pelo Derek que fez aquilo. Com o Derek da sexta feira, o Derek que eu amava. Esse é o motivo de eu gostar de você, como amigo, desde quando você me ajudou a pegar meus livros, no meu primeiro dia. Alguma coisa tem de parecido entre vocês dois. Mas quando você me abraçou, eu pensei que eu estava abraçando o Derek, eu podia jurar que eu estava abraçando o Derek. E foi isso que me deixou mal durante o primeiro tempo. Eu não gosto de me lembrar dele, tanto o cruel como o que eu amava, dói... muito. – ela disse, falando devagar, atordoada.

Eu processei a informação, atordoado também. Então o motivo disso tudo era que eu e Derek éramos... Parecidos. Não era um motivo bobo, mas com certeza não era nada do que eu tinha imaginado, mesmo Mirna terminando de contar a história.

- Ok, mas o fato de nós sermos parecidos é uma coisa ruim? – eu perguntei. Eu realmente não sabia.

- Eu não sei, Will. Eu não sei. – ela respondeu. O tom de confusão nas palavras dela era reconhecível de longe.

Então esse era o motivo de tudo. De ela ter começado a falar comigo, de ela ter me abraçado, de ela caminhar comigo até a sua casa, de me contar tudo isso.

Por que eu era parecido com Derek.

Eu tinha certeza que se fosse qualquer outra pessoa ela não teria contado. Óbvio, ela nunca contaria uma coisa de tal tamanho para uma pessoa que ela conhece a dois meros dias. Não faria sentido.

Ela me contou por que eu lembrava o Derek, por que ela sabia que eu não iria contar, nem julgá-la. É óbvio que eu não faria isso, eu sempre fui muito confiável. As pessoas não me falavam muitos segredos, pois normalmente elas não tinham amizade suficiente comigo, ou por que não tinham segredos para me contar.

Ficamos em silêncio por um bom tempo. Eu tinha constantes perguntas na minha cabeça, mas perguntas que não podiam ser resolvidas. Enquanto somente uma dúvida foi respondida, surgiram outras mil no seu lugar.

Foi quando o sinal do terceiro tempo tocou, nós não podíamos matar outro tempo, seria arriscado. Não que eu quisesse ir para a aula, nunca. Eu queria ficar sozinho com Mirna, eu precisava conversar com ela. Mas ao mesmo tempo em que eu queria conversar com ela, eu não queria. Eu não queria tocar no assunto que machucava ela, eu não gostava de ver ela magoada, era a mesma coisa que se torturar.

- Acho que eu tenho que ir para a aula... – ela disse, quebrando o silêncio.

- É, eu também. – eu disse.

Eu olhava para ela e ela sempre estava com o olhar vazio. Eu não gostava disso.

- Vem aqui. – eu disse, e então abracei ela. Novamente ela começou a chorar baixinho, e eu fiquei me segurando para não seguir o exemplo. Ficamos ali por poucos minutos, até que ela se acalmou.

- Obrigada. – ela disse, muito baixinho, e então desceu as escadas, sem esperar por mim.

 


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Notas finais do capítulo

lol, o que acharam?
Mandem reviews, não era para eu postar esse capitulo, mas eu postei, e ainda tenho outros prontos, que é só vocês mandarem reviews que eu postarei o próximo :D



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