As aulas passaram lentamente, não prestei atenção em nenhuma delas. No momento que eu fechava os olhos, Mirna aparecia.

O almoço chegou, finalmente. Quando vi Mirna meus olhos brilharam e um sorriso surgiu em meu rosto.

Caminhei sem fazer barulho até chegar atrás dela, sem ela me ver, e então abracei-a por trás.

- QUE SUSTO! – ela disse.

Limitei-me a rir.

- Então, como foi o resto das aulas? – ela perguntou.

- Nada bom. – respondi.

- Posso saber por que?

- Por que você não estava comigo.

Ela sorriu e então se virou para me beijar.

O almoço passou rápido, pois eu estava com Mirna. Quando terminou, caminhamos de mãos dadas até chegar a sala de Filosofia, onde tivemos que nos separar e sentar em carteiras separadas.

Nós nos sentamos um do lado do outro e eu ficava olhando para Mirna o tempo todo, do mesmo jeito que ela olhava para mim. Como ela conseguia ser tão bonita?

A aula finalmente acabou e o sinal do término do dia letivo tocou. Fui até o armário sozinho – pois Mirna estava em outra sala – e guardei meus materiais. Logo vi Mirna caminhando em direção ao armário, e ao mesmo tempo a mim.

- Posso ajudá-la com isso? – perguntei, fazendo uma reverência, brincando..

- É claro, senhor. – ela respondeu, brincando também.

Guardei os materiais dela e fomos para casa.

Uma das coisas que eu mais gostava em Mirna era que a conversa fluía naturalmente, não precisava puxar assunto. Era como se ela fosse minha melhor amiga e ao mesmo tempo minha namorada. E bom, era isso mesmo.

- Você não quer ir na minha casa? – perguntei, quando já tínhamos chegado na casa de Mirna.

- Sério? – ela perguntou.

- Sim, por quê? – perguntei, um pouco confuso.

- Nada... Mas ok, eu vou. Minha mãe só chega mais tarde então ela nem vai perceber que eu estive fora.

- É, a minha também, então ela nem precisa saber que você foi lá em casa.

Ela somente sorriu.

Caminhamos mais alguns metros e entramos na minha casa.

Ela olhou em volta e sorriu.

- A sua casa é bonita. – ela disse.

- Não precisa mentir.  – cortei.

- Não estou mentindo.

- Ok, fingirei que acredito.

Ficamos parados por um instante.

- Onde é o seu quarto? – ela perguntou.

- Hã... no segundo andar... Mas não acho que você deveria ver ele. – disse.

- Por que? – ela perguntou, com uma cara de desapontamento.

- Por que ele é muito bagunçado. E eu morreria de vergonha se você visse.

- Ah... Por favor? Por mim. – ela fez beicinho e eu simplesmente não consegui resistir.

- Tudo bem. Mas só com uma condição.

- Qual?

- Que você me de um beijo.

- Hmmm.. Acho que terei que acertar a oferta. – ela sorriu, um pouco maliciosamente.

Então nos beijamos.

Esse beijo durou bastante, brinquei com a língua dela e eu sorri, então tentei uma coisa. Desci meus lábios para seu queixo de depois para seu pescoço. Ela suspirou, mas não como impaciência, mais como prazer. Tentei não deixar o famoso chupão no pescoço para poupá-la de ter que explicar para a mãe dela. Porém, a minha vontade era de morder o pescoço dela.

Continuamos ali por mais alguns minutos, ou eram horas?

- Você ainda quer ver meu quarto? – perguntei, com esperança que ela mudasse de idéia.

- Sim... – ela respondeu.

Droga. Por que ela não podia mudar de idéia.

- Ah... Ok, então vamos. – sai do pescoço dela e peguei sua mão, levando-a em direção a escada. Entramos no corredor e depois do meu quarto.

Meu quarto estava a mesma bagunça de sempre, coisas atiradas por tudo, meu computador em cima da escrivaninha, minha cama desarrumada.

Mirna não parecia incomodada, ela somente sorriu.

- Satisfeita? – perguntei.

- Muito. – ela respondeu.

- O que você quer fazer?

- Hmm... Podemos ver um filme?

- Claro.

Descemos as escadas e eu dirigi-me a estante de DVDs da minha mãe.

- Escolha um.

Ela pegou um DVD aleatório. Bom, pelo menos parecia aleatório. Ela me entregou e eu coloquei no DVD, logo observei que iríamos ver Ironias do Amor. Droga, odeio filmes que me fazem chorar.

Sentei-me ao lado de Mirna no sofá. Encostei-me na ponta do sofá e fiz sinal para ela vir mais perto, logo ela se aninhou em meu peito. Nossa, eu poderia ficar daquele jeito durante a minha vida toda que eu não me importaria.

Ajustamos a configuração e eu apertei play.

Durante o filme, eu cheirei seu cabelo e beijei-o em partes que o clima era mais romântico, no restante do tempo eu fazia cafuné em seu cabelo. Quando chegou a parte mais para o final do filme, Mirna começou a chorar e eu a segurei mais apertado, mas quando chegou a parte mais triste do filme, uma lágrima escorreu pelo canto dos meus olhos enquanto Mirna soluçava. Era um pouco engraçado ver ela chorando em um filme, porém eu não podia falar nada. Mais engraçado era ver eu chorando em um filme.

Quando o filme terminou, eu estava com os olhos levemente vermelhos enquanto Mirna estava um pimentão, com os olhos parecendo que ela tinha fumado maconha.

Abracei-a forte, e depois nós nos beijamos.

Foi um beijo apaixonado, resultado de ter visto um filme triste com um final feliz. O beijo durou bastante, e depois, ela disse:

- Queria tentar uma coisa... – ela disse, em um pequeno segundo que ficou livre dos meus lábios, e ela fez a mesma coisa que eu – foi descendo seus lábios pelo meu queixo até chegar no meu pescoço.

Foi uma das melhores sensações da minha vida.

Ela não estava chupando minha pele, com o objetivo de também me poupar de uma explicação sobre um chupão no pescoço. Continuamos ali por um tempo considerável.

Quando terminamos, eu olhei para a janela e vi que já estava escurecendo.

- Olha... Eu não quero te expulsar ou nada do tipo, é que já está anoitecendo e a minha mãe já deve estar chegando.

- É, a minha também.

Acompanhei-a até a porta, e nos beijamos calorosamente.

- Eu te amo. – eu disse.

- Eu também te amo. Mais que tudo.

- Até amanhã.

- Até.

Quando ela estava a alguns passos de distancia, eu gritei.

- Mirna, espere!

- O que?

- Isso.

E a beijei novamente, só que dessa vez durou um pouco de mais.

- Ok, se você continuar me beijando eu não vou chegar em casa.

- Ok, mesmo eu querendo que você não chegue em casa. – eu sorri, ela riu.

- Eu te amo, até amanhã.

- Até.