Já chega!

 Agora não dava mais para aguentar. Já tinha bancado o bonzinho compreensivo por mais tempo do que poderia suportar. Meu plano de "esperar Lizzie perceber que não gosta de Stefan" não estava dando certo, afinal todo mundo sabe que paciência não é meu ponto forte. Dois dias já eram mais do que suficientes para ficar aqui fazendo vista-grossa. Agora era a hora de agir. Após perceber que o que sinto por Elizabeth é mais do que amor fraterno, observá-la nos braços de meu irmão havia se tornado meu inferno particular.

Como eu fui burro!! Demorei mais de um século para perceber que a mulher da minha vida/existência estava bem na minha frente, morando comigo inclusive. Burro!!

Eu estava decidido; assim que ela chegasse em casa, eu iria dizer à ela tudo o que sinto. Suspiro. Quem diria, Damon Salvatore sofrendo por amor. Perguntas como "e se ela só me vir como um irmão?" ou "e se ela preferir Stefan?" se repetiam em minha mente. Era torturante. O relógio parecia se arrastar, como se me provocasse. Eu não aguentaria esperar até ela chegar..

Foi então que tive uma ideia, duplamente boa. Iria até a escola agora. Assim, não teria que me preocupar com Stefan nos interrompendo e ainda veria Lizzie mais cedo. Era perfeito.

Me arrumei e peguei minha jaqueta de couro preferida. Desci até a garagem e saí com minha Ferrari nova. Dirigi rapidamente pela estrada rodeada de árvores e arbustos e cheguei na Robert E. Lee em cerca de cinco minutos. Eu amava carros velozes. Estacionei longe, perto do bosque, para não correr o risco de ser visto.

Desci rapidamente e fui andando até a diretoria da escola. Entrei na sala e fui atendido por uma mulher baixinha, de cabelos grisalhos que era muito simpática.

- Olá, eu sou Damon Salvatore. Eu preciso falar com a aluna Elizabeth Grayes, do terceiro ano. É muito importante. - Eu disse a ela fazendo uma cara convincente. Não foi muito difícil, afinal era tudo verdade.

- Sinto muito, mas o senhor não poderia esperar até o final da aula..? Sabe como é, ela está no último ano, as aulas são muito importantes e.. - Dizia a mulher. Eu não tinha tempo para isso. Tinha que usar meus "poderes de persuasão" com ela.

Me aproximei e olhei dentro de seus olhos.

- Você vai chamar a aluna Elizabeth Grayes e vai dizer para ela que é um assunto muito importante. - Eu disse. Ela concordou com a cabeça.

- E também vai entregar um bilhete a ela. - Completei. Fui até sua mesa e peguei uma folha do bloquinho de anotações e um caneta que estava ao lado. Depois de escrever rapidamente, entreguei-o a mulher que ainda estava sob meu comando.

- Aqui está. Assim que fizer tudo o que eu disse, vai se esquecer que eu estive aqui, ok?

- Tudo bem. - Disse a mulher com a voz meio distante. A voz de quem é forçado a obedecer.

- Agora vá, a senhora é muito gentil.

Saí da pequena sala e voltei ao local onde tinha estacionado o carro. Logo logo ela estaria aqui, e eu diria tudo o que sinto por ela.

*PDV Lizzie*

A primeira aula depois do almoço tinha acabado de começar, quando ouvi passos apressados pelo corredor. Alguém bateu na porta e o sr.Anderson foi ver quem era. Reconheci a senhora gentil da secretaria. Ela pediu desculpas pela interrupção e disse que precissava falar com uma aluna. Ele perguntou qual aluna, e para minha surpresa ouvi meu nome. Como não era para eu conseguir ouvir a conversa dos dois, fingi ler alguma coisa em meu caderno. O sr.Anderson virou- se para mim e disse:

- Srta. Grayes, a sra.Lionel gostaria de falar com você. Pode pegar suas coisas e ir.

- Tudo bem. - Eu disse. Coloquei meu caderno na bolsa e saí. O professor fechou a porta e continuou sua aula tranquilamente. Não fazia questão de um aluno a mais ou um aluno a menos. A sra.Lionel estava me esperando, com seu sorrisinho bondoso de sempre. Mas assim que começou a falar/sussurrar eu estranhei seu comportamento. Parecia..robótico, quase impulsivo.

- Um homem procurou por você Elizabeth. Disse que queria falar com você e que o assunto era urgente. - Percebi porque seu estranho comportamento era tão familiar; ela estava sob influência. 

- Me pediu para entregar esse bilhete para você. Aqui está. - Disse ela colocando um pedaço de papel dobrado em minhas mãos.

- A senhora sabe o nome dele? - Perguntei distraída, olhando para o bilhete antes de abrí-lo.

- O nome de quem? - Perguntou a sra.Lionel. Olhei para ela e percebi o que havia acontecido, era um daqueles truques no qual você influencia uma pessoa a fazer algo e manda ela esquecer tudo depois de feito. Típico. - Ninguém.. E-eu preciso ir embora então.. Obrigada por tudo sra.Lionel. Até mais.

- Tudo bem. Até mais Elizabeth. - Disse a sra. Lionel desaparecendo ao virar na esquina do corredor. Aproveitei que estava sozinha e abri o bilhete. Imediatamente reconheci a letra.

Lizzie,

Tenho um assunto particular e muito importante para falar com você.

Te espero no bosque nos fundos da escola, você sabe onde é.

Não deixe que ninguém te veja saindo, ok? Ninguém.

Pegue todas suas coisas, acho que você não vai voltar antes do final da aula.

                                                                                                    Damon

 Dobrei o bilhete e enfiei em meu bolso. Estava curiosa. Damon vindo até a escola no meio da aula só para falar comigo? O que seria tão importante que mais ninguém poderia ouvir?

Apertei minha bolsa mais junto ao corpo e pensei no caminho que iria usar. Stefan estava na sala 7, à três corredores de distância. Não dava para me ouvir dessa distância. mas ele perceberia se eu passasse correndo pela sua sala. Decidi ir por um método que me desse garantia de que ele não me veria; pelo banheiro feminino. Não que eu quisesse esconder algo de Stefan, mas se Damon queria uma conversa particular eu respeitaria sua vontade. E não era difícil, afinal, nós vampiros erámos muito bons nessa história de "andar sem ser visto".

Caminhei tranquilamente pelo corredor até chegar ao banheiro. Olhei em volta e vi que estava vazio. Perfeito. Dei uma ajeitada no cabelo quando passei pelo espelho e depois de dois segundos, estava passando pela janela e chegando à entrada do bosque. Corri com a velocidade sobre-humana até que vi a Ferrari de Damon. Caminhei até o carro, mas ele não estava ali.

- Bu! - Sussurrou ele em meus ouvidos enquanto segurava meus braços para ter certeza de que eu não o mataria por reflexo. Dei um pulo com o susto, e agradeci por ele estar me segurando, se não tenho certeza de que realmente o teria matado.

- Você me assustou. - Eu disse me virando para ele.

- Me desculpe, estava só testando seu reflexo. Sabe como é, caso isso fosse uma emboscada, você devia estar preparada para se defender.

- E como eu me saí? - Perguntei rindo.

- Eu diria que muito bem. Você teria arrancado minha cabeça fora se eu não te segurasse. - Respodeu ele em um tom divertido, mas seus olhos estavam sérios.

- Bom, você queria conversar comigo..

- É, eu quero sim. Mas eu prefiro falar quando chegarmos em casa.

- Tudo bem. - Eu disse entrando no carro.

(...)

Pela primeira vez na vida, Damon dirigiu devagar. Demoramos uns vinte minutos para chegarmos na mansão, o que normalmente não demorava nem dez minutos. mas eu não disse nada, ele parecia precisar de tempo para organizar o que tinha em mente, então foram vinte minutos muito silenciosos.

Ele parou o carro na garagem, e nós descemos. Eu estava começando a ficar meio tensa com todo esse silêncio. Devia ser algo muito sério.

Entramos em casa e Damon fez sinal para que eu me sentasse no sofá. Eu sentei e fiquei encarando ele até que finalmente olhou para mim. Parecia estar sofrendo com algo.

- O que foi? O que está acontecendo Damon? - Eu perguntei.

-Lizzie, eu nem sei por onde começar. Não sei qual vai ser sua reação, mas não importa. Eu tenho que te dizer. 

- Então diga damon, está me assustando. Eu prometo que vou ouvir até o fim. pode acreditar em mim.

- Tudo bem..- Disse ele respirando fundo - A verdade é que eu tenho pensado muito nesse últimos dias.., tentando achar o motivo de eu me incomodar tanto com o fato de você estar com Stefan, e.. eu percebi, que o motivo disso tudo, é porquê eu amo você. Mas não como antes, não do modo quando eu te via como minha irmã caçula. Eu te amo como mulher, você é o amor da minha existência, sem você nada faz sentido, e viver eternamente não vale à pena! Eu amo você Elizabeth.

Eu estava sem palavras. Não sabia o que dizer, não sabia o que pensar. Tentei organizar meus sentimentos naquele momento mas não conseguia. Só..sentia. Surpresa, choque, alegria, espanto, encantamento e felicidade..todos juntos, e que em um segundo foram misturados e transformados em um único e mais forte: Amor.

Me forcei a levantar e tentei enchergar através das lágrimas que escorriam por meu rosto. Meu corpo se moveu para frente por vontade própria e quando dei por mim estava á centímetros de Damon sorrindo como uma idiota. Questionei à mim mesma peguntando qual seria o motivo de tanta felicidade naquele momento. Percebi que era graças à grande surpresa de descobrir que o homem que eu considerei a vida toda como meu irmão, era na verdade o meu grande amor. E que a confusão que eu sentia quando estava entre ele e Stefan era na verdade meu coração tentando me dizer que eu estava com a pessoa errada. Que não era Damon quem nunca passaria de um amigo ou um irmão, era Stefan. Que naqueles momentos eu deveria estar nos braços de Damon; onde era meu lugar.

Me aproximei nos últimos centímetros que faltavam e senti seus braços ao meu redor.

- Como eu não pude perceber, se você estava ao meu lado durante todo esse tempo? - Sussurrei em seu ouvido.

- Do mesmo modo como eu não percebi. - Disse ele de volta. Senti toda a sua alegria ao perceber que era correspondido. Percebi que era o momento certo para desabafar o que sentia sem saber, depois de todos esses anos.

- Eu te amo Damon, para sempre.

E assim, ele me beijou, marcando o início de nossas novas vidas.