Sabe qual o principal motivo para eu gostar de ir ao lago? Paz. Lá era calmo, pacífico, e eu adorava poder ficar fora da realidade por alguns instantes. Infelizmente, a turma nova estragou tudo.

Tá, exagerei. A verdade é que Rebecca não parou de reclamar que ali era chato, entediante, e Justin ficava dizendo que ela devia ficar quieta. No fim, os dois começaram a discutir, e uma amiga de Rebecca puxou briga com uma amiga de Stacy. Zona total.

Isso até escurecer, e Alex chegar com Mia. Isso fez todos os garotos olharem para ele com raiva – porque Mia, apesar de não ser nenhuma Stacy, ainda chamava atenção deles. Também fez as garotas olharem para os dois, pasmas com minha amiga, morrendo de vontade de ficar mais perto de Alex. Eles foram até onde Stacy e eu estávamos, e um silêncio estranho recaiu sobre o local.

- Nunca pensei que veria vocês três juntas. – Ele comentou, olhando para mim, Mia e Stacy. Nós rimos.

- As coisas mudam. – Stacy deu de ombros. – E você é a prova viva disso. Olhe só como ficou. Está ótimo!

Ele pareceu ficar sem graça. Não era como se ele estivesse acostumado a receber elogios de Stacy.

- Ei, gente! – Mia chamou. – Olhem, vaga-lumes.

Realmente, vários vaga-lumes começaram a sobrevoar o lago, dando um efeito de luzes lindo de se observar. Vi, pelo canto do olho, Rebecca fazendo cara de nojo e reclamando com Justin, o que me fez rir.

- Acho melhor voltarmos. – Alguém falou. – Ou acabaremos nos perdendo.

- Ah, não se preocupe. Alex e Mia já devem ter explorado bastante a floresta. – Outra pessoa brincou, fazendo todos rirem.

- Só que não acho que eles prestaram atenção na floresta. – Isso veio de Stacy, gerando outra onda de risadas. Até Mia e Alex riam.

- Bom... – Mia ficou de pé. – Amo vocês, mas não pretendo servir de guia mais tarde. Vocês vem ou não?

Fomos todos, ainda rindo e fazendo comentários engraçados sobre o casal. Acabei ficando para trás com Stacy, pois ela estava querendo ouvir o que Justin e Rebecca falavam.

Só que eles não falaram muito, porque ele saiu de perto da namorada e foi até nós.

- Stacy. – Cumprimentou-a, e o queixo dela caiu. – Anna, posso falar com você?

- Já está falando. – Dei de ombros.

- É sério.

Revirei os olhos e olhei para Stacy. Ela assentiu.

- Ele deve mesmo gostar de você. – Falou, mais alto do que eu julgava necessário, porque a fala dela o fez me olhar com um interesse diferente. – Porque não falaria comigo...

- Tá bom, já entendi. – Eu a cortei, e ela saiu rindo. Ele fez sinal para pegarmos uma trilha diferente. – Epa, você sabe para onde estamos indo? – Perguntei.

- Não. – Ele riu. – Mas não custa descobrir.

- De noite? E se a gente se perder.

- Vem logo. – Ele me puxou pelo pulso. – É só seguir a trilha.

Suspirei e fui com ele. Não era um caminho muito agradável, e eu quase tropecei em vários galhos e raízes. Ele ria cada vez que isso acontecia.

- O que quer falar? – Perguntei, a certa altura do caminho. – E seja rápido.

- Quero que diga que não vai continuar me ignorando. – Ele se virou.

- Frase digna de uma garota. – Arqueei uma sobrancelha. Ele soltou o ar, parecendo perder a paciência. Ótimo, assim seriamos dois estressados.

- Anna.

- Você me fez andar isso tudo só por isso? – Estressei. – Não podia me falar amanhã de manhã?! Até mais. – Eu me virei, fazendo o caminho de volta. Ele, no entanto, me puxou pela cintura, e eu arrepiei quando senti sua respiração bater em meu pescoço.

- Não, é urgente. – Murmurou. – Você arrepiou toda, Brown. Admita que sente alguma coisa. Além de raiva.

- Não sinto nada. – Menti. Pelo menos eu tinha futuro na carreira de atriz.

- Hmm. – Ele jogou meu cabelo para um lado, encostando a boca na pele exposta do meu pescoço. Fechei os olhos. – Então não vai reagir se eu fizer isso?

Eu estremeci só com a respiração e com o toque dele. Droga.

Ele riu baixinho contra minha pele. Criando forças, e juntando todo o meu estresse, eu me afastei e o empurrei.

- Primeiro, você tem namorada. Segundo, você já me enganou mais de uma vez. Terceiro, eu já disse que não sou seu brinquedo. – Falei, séria. – Até mais, Bieber.

Segui a trilha de volta e fui para o chalé. Tomei um banho quente, querendo relaxar e esquecer daquilo tudo. Queria me esquecer da respiração dele, tão perto de mim... Da voz dele, tão baixa e encantadora... Dos lábios dele em meu pescoço... Sim, eu tinha que me esquecer daquilo rapidamente. Mais ainda, tinha que me esquecer do quanto eu gostei daquilo.

Definitivamente, eu sentia alguma coisa.

Droga.