Sete Chaves I - acima dos Céus escrita por apequenaanta


Capítulo 9
Absinto, o melhor amigo dos semideuses.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo curto. Muito curto.
Mas eu disse que teria um capítulo com um pouquinho de Percabeth e bem, ele está aqui q
Espero que gostem.



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CAPÍTULO OITO

Absinto, o melhor amigo dos semideuses.

 

 Se um dia você me dissesse que eu imploraria para ficar mais algum tempo no castelo de Hades, eu riria e mandaria você ir se tratar. Mas essa não era a questão.

 Eu só me concentrava em duas coisas nesse momento: Na antiga arte heróica que todo meio sangue valente que salvará Olimpio faz, que consiste em fugir aos tropeços de dois policiais que precisavam urgentemente parar com as rosquinhas e claro, me concentrar em não ser atropelado pelos carros que cruzavam violentamente a Rua North Spring, que de acordo com os gritos ofegantes de Annabeth, era a rua mais violenta do mundo.

 Vamos fingir que eu não havia percebido isso após um opala azul calcinha quase me atropelar. Duas vezes.

 Chegamos completamente ofegantes e com os olhos esbugalhados na outra extremidade da rua. Os carros passavam como borrões na nossa frente, me fazendo dar conta que fomos extremamente sortudos em sair completamente inteiros após atravessá-la. Levantei minha cabeça e pude ver os dois policiais praguejando exatamente ao aposto de nós, em quanto decidiam ou não se valeria à pena arriscar suas vidas em busca de dois suspeitos do assassinado de duas velhinhas.

 É claro que eles decidiram que não valia a pena, pois simplesmente praguejaram novamente e viraram de costas, indo embora. Mas não sem antes falar algo pelo os walk talks que estavam presos em suas cintas de couro.

– Temos que ir – alertou Thalia endireitando o corpo – Esses desgraçados avisaram aos outros policiais. Em breve, esse local vai estar cheio deles.

– Tudo culpa sua que teve que causar o maior tumulto naquela maldita loja de CD’S, porque alguém falou mal do Green Day – alfinetou Nico, lhe lançando um olhar feio.

– Nico, é o Green Day. – respondeu Thalia como se isso já bastasse.

 E de certo modo, bastava. Mas é claro que somente para ela.

– Nico tem razão Thalia – disse Annabeth – Mas isso já passou, não há como voltar atrás.

 Ela tirou um papel do bolso de trás da sua calça e o analisou por alguns segundos. Balançou a cabeça parecendo aprovar alguma coisa e o guardou novamente no bolso.

– Vamos, estamos próximos – disse ela cruzando a esquina e sinalizando para que as seguíssemos.

– Próximos da onde? – perguntou Clarisse falando pela primeira vez dês de que chegamos ao castelo de Hades.

– Da minha fonte principal. Se estiver correta, ele nos levara até a primeira urna – respondeu sem se importar em olhar para trás.

 Sobrancelhas franziram, mas ninguém pareceu realmente se importar em perguntar qualquer coisa sobre essa fonte. Todos nós confiávamos em Annabeth.

 Andamos por mais ou menos vinte minutos, subindo uma longa subida íngreme, que finalizava diretamente em um trevo, que cortava a avenida principal. No caminho, passamos por duas padarias e um Mc’Donalds, que com o cheiro de comida industrializada e altamente calórica, me fez quase desistir de tudo para comer um bom Mc’Lache Feliz.

 Annabeth parou os passos em frente de uma portinha estreita de madeira, riquíssimas em detalhes antigos, que eu supus ser holandês por causa dos duendes entalhado nas laterais. Ela levantou a cabeça e analisou a placa em cima da porta, que depois de um bom tempo forçando a visão, eu consegui entender o que estava escrito:

 

Bar doende verde 

"Aqui você bebe e gasta todo o seu pote de ouro"

 

– Holandeses – resmungou Clarisse com desprezo – Só sabem beber e fumar.

 Annabeth girou os calcanhares e fitou eu, Clarisse e Nico.

– Vocês vão para o hotel a duas quadras daqui – disse ela apontando para nós – O cara com quem eu irei conversar não gosta muito dos pais de vocês.

 Tentamos argumentar que isso era uma blasfêmia, porém ela nos olhou com aquele ar cético e decidimos que era melhor fazermos o que ela mandava. O cérebro era ela, não nós.

 Retiramos-nos com relutância da porta do bar e nos arrastamos sem animo ao hotel que ela havia nos indicados. Não era o melhor hotel que eu já havia ficado, mas pelo menos era um lugar aconchegante. Parecia bem mais um pensionato do que de fato, um hotel. Era achatadinho e longo. Tinha somente três andares, que consistia 10 quartos em cada andar. Sua entrada era um portão eletrônico pequenininho e enferrujado, que dava em direção a um longo corredor que na outra extremidade se encontrava a portaria, para fazermos o Chack-in. Pegamos os únicos dois quartos que estavam disponíveis, e infelizmente eram apenas os com camas de casal. 

 Obviamente Clarisse se apressou para pegar a chave do maior quarto, alegando que estavam em maior numero, deixando Nico e eu com o quarto simples, que não possuía um sofá sequer para o outro dormir, evitando assim dividir a cama com um cara. Mas decidimos não discutir com ela. Nico parecia ainda mal por ter lhe falado aquelas coisas horríveis e eu mais ainda por recusar a ajuda-las quando ela tentou nos convencer a falar com Hades.

 Arrastamos nossas mochilas pelas escadas – já que aqui não havia elevador – para nosso quarto, que infelizmente ficava no terceiro – em quanto os das meninas ficavam no primeiro – e brigamos para ver quem ficava com a cama. Infelizmente, ele ganhou. Entremos no quarto e eu não pude de evitar meu espanto. O quarto era totalmente minúsculo, tanto que meu quarto lá em casa chegava a ser maior que esse. A cama era pequeninhia apesar de ser de casal e obviamente se Nico e eu tentássemos dormir os dois lá – não estou dizendo que vou. Isso seria repugnante – mal caberia meu tronco.

 Chegamos há conclusão de como ele dormiria na cama eu tinha o direito do banheiro primeiro que ele. Mas eu não precisava dele, por agora.

 Jogamos nossa mochilas em um canto e nos sentamos na cama, em quanto assistíamos um canal qualquer de esportes.

 Passaram-se uma, duas, três horas e nada de Thalia e Annabeth. Lá fora, uma densa chuva caia brutalmente sobre a cidade e poderosos raios dominavam o céu completamente negro de Los Angeles. Algo me dizia que Zeus não estava nada feliz e isso aumentou minha preocupação perante as meninas. Nico zapeava os canais da televisão só por zapear, sem realmente prestar alguma atenção no que estava passando na TV. Ele estava tão – ou até mais – entediado que eu.

 Então algo chamou minha atenção. Quer dizer, seria meio estranho se isso não chamasse minha atenção. Uma pedra do tamanho do meu punho voou sobre a janela do meu quarto e a atravessou, fazendo um barulho desgraçado e milhares de cacos de vidros voarem se espalharem pelo quarto. Felizmente, o barulho da chuva pareceu abafar o som, fazendo ninguém lá de baixo perceber o que havia acontecido.  

– Opa, acho que foi muito forte – uma voz terrivelmente família falou e logo depois se desabou a rir com outra pessoa – Percy, olhe para a janela que farei uma serenata para você.

 Debrucei-me pela janela, evitando não sei por que os cacos de vidro, já que eu era invulnerável e vi uma cena que eu nunca achei que viveria para ver. Annabeth estava do lado de fora, completamente encharcada, cambaleando e rindo loucamente com uma Thalia não muito melhor. Cada uma possuía na mão, uma garrafa pela metade de uma bebida verde, que eu presumi ser Absinto. 

 Abafei minha risada e olhei para Nico.

– Annabeth e Thalia estão bêbadas – ele me olhou confuso – E quando eu digo “bêbadas”, eu quero dizer totalmente fora de si.

 Ele pulou para fora da cama com uma velocidade impressionante e se espremeu ao meu lado, querendo ver esse espetáculo.

 Annabeth parou de rir e olhou para cima com uma cara emburrada.

– Percy, desce aqui – pediu ela com a voz embriagada.

– Sobe você.

– Mas aqui tem chuva e água. E você gosta de água. – insistiu ela.

– Sobe você – continuei.

– O seu desgraçado, desce aqui que minha amiga que falar com você, seu monte de esterco de minotauro – gritou Thalia, virando a garrafa de absinto na boca.

– Sobe ela.

– Não, não e não! – esperneava Annabeth batendo os pés no chão e chacoalhando a garrafa de absinto, fazendo algumas gotas verdes espirrar – Você desce e nós conversamos.

 Nico olhou para mim e eu pude perceber que ele segurava para não sorrir.

– Melhor você descer, cara.

– Tem razão.

 Debrucei-me novamente pela janela e gritei para Annabeth e Thalia que estava descendo. Ambas fizeram um “joinha” com o dedão e viraram com companheirismo a garrafa juntas.

 Calcei meus tênis desajeitosamente e assim que eu abri a porta para descer, uma Annabeth respigando água e com um sorriso de orelha a orelha estava bem à frente da minha porta. Ela havia feito uma trilha de água pelo corredor coberto por um carpete velho e eu imaginei o quanto os donos iriam ficar bravos.

– Você demorou – disse ela parecendo sorriu ainda mais. 

– Annabeth, você está bêbada.

 Ele parou de sorrir e me olhou com aqueles olhos acinzentados, que brilhavam como nunca brilharam antes.

– Não. Não fico bêbada. Sou uma pessoa muito mais desenvolvida – explicou ela.

 Mas é claro que ela não falou perfeitamente assim, imagine os s’s sendo trocados por ch’s e você vai ver como ela disse exatamente.

 Girei os olhos e a puxei para dentro do meu quarto, tirando com força a garrafa de absinto de suas mãos, que ela insistia em não largar sob hipótese alguma. Acabou cedendo assim que eu disse que se ela não a largasse, iria colocar aranhas em seu travesseiro.

 A acomodei na cama – que essa hora já estava completamente encharcada por causa dela – e procurei Nico no quarto. Franzi o cenho ao perceber que o moleque tinha desaparecido completamente, sem deixar rastros. Inclinei minha cabeça pela janela, e pude ver Clarisse carregando para dentro do hotel, uma Thalia desacordada, pelos ombros.

 Peguei uma toalha no banheiro e a taquei para Annabeth se enxugar.

– Entre todas as pessoas – disse deixando o liquido verde contido dentro de a garrafa escorregar pela pia – Você era a ultima que eu esperava ver bêbada.

 Ela não me respondeu o que me fez pensar que ela já estava dormindo. Assim que voltei para o quarto, esperando ver uma Annabeth aninhada na cama, já no décimo sono, achei uma Annabeth que estava sentada completamente ereta, me olhando fixamente.

– Eu já disse que não estou bêbada – rebateu ficando brava – Só estou feliz. É pecado ficar feliz? Por que se for, nós dois vamos ser preso. Eu por ser feliz e você por ser o causador dessa felicidade.

 Eu queria responder algo inteligente, mas a única coisa que saiu da minha garganta foi um barulho que parecia ser um latido de cachorro. Annabeth ficou me encarando com aqueles cinzentos embriagados, esperando uma resposta. Porém eu não conseguia dizer nada. Quer dizer, isso foi quase uma declaração. Certo? Mas ela estava bêbada e isso não contava muitos pontos.

– Annabeth, você está bêbada – ela ia começar a discutir que não, mas levantei a mão a impedindo. Era minha vez de falar – Não sabe o que diz e provavelmente não se lembrará de nada disso amanhã.

 Ela me estudou por um momento com os olhos cerrados e desabou de costas na cama.

– Você é um idiota – resmungou esfregando os olhos que já começavam a ficar levemente avermelhados de sono – É um idiota lento e babaca.

 E então ela ficou murmurando xingamentos e reclamações dirigidos a mim, até o sono finalmente a conseguir dominar por completo. O que não demorou muito, pois no estado em que ela se encontrava, me surpreendi de não ter desmaiada na rua.

  Aproximei-me dela e toquei levemente em suas roupas, sugando água gelada que provavelmente poderia deixa-la terrivelmente resfriada no dia seguinte. De relance, olhei para seu pescoço. O roxeado que o espírito havia feito nela pulsava meio esverdeado e isso fez meu coração falhar. Ela estava machucada e eu não podia fazer nada.

 Então uma idéia ascendeu em minha mente. Olhei para a bola de água vindo das suas roupas que flutuava em minha mão e para o seu pescoço. Se a água podia me curar sem eu querer, imagina o que ela faria se eu quisesse?

 Levantei minha mão em direção ao seu pescoço e ordenei que a curasse. De começo nada aconteceu então eu senti aquela pressão na boca do estomago começar a crescer, sempre que eu exigia demais dos meus poderes. A bola de água se contorceu, virando um colar grosso de água e enrolou em seu pescoço machucado. A dor estava insuportável, mas eu iria conseguir!

 O colar de água foi penetrando suavemente o roxeado de Annabeth, fazendo à marca dos dedos do espírito desaparecer lentamente a cada passo que a água adentrava mais a fundo a pele delicada de Annabeth.

 Cai de joelhos no chão e minha visão já começava a ficar turva. Parecia que vários abutres gigantes bicavam sem dó meus órgãos internos, se deliciando com cada pedacinho do meu ser.

 Com um ultimo esforço, dissipei a água e não me lembro de mais nada a não de estar indo de encontro com a cara no chão.


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Notas finais do capítulo

Desculpe pelo capítulo pequeno
Espero que tenham gostado do capítulo.
bgsbgs:*