Sete Chaves I - acima dos Céus escrita por apequenaanta


Capítulo 8
A fortaleza entre a neblina.


Notas iniciais do capítulo

Miiil perdões pela a demora. É que somente hoje eu tive que fazer cinco provas e tive que estudar como uma cadela, sem contar que descobri que esto indo muito mal em biologia.
Mas mesmo assim, ta ai o capítulo. Talvez as coisas estejam mais diferente na html, pois eu troquei o word pelo BrOficce, que cá entre nós, é infinitamente melhor!
Bem, espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/89478/chapter/8

CAPÍTULO SETE

A fortaleza entre a neblina.

 

 

Nico estava estranho.

 E quando eu digo estranho, é no sentindo de muito, mais muito bonzinho mesmo. Algo que é completamente anormal para um filho de Hades.

 Depois que descobrimos que Clarisse tinha sentimentos da pior maneira possível, Nico estava tratando a todos bem, fazendo aumentar ainda mais a desconfiança da sabidinha perante a ele.

 Entretanto, apesar de tudo que vem acontecendo ultimamente, algo dentro de mim, me dizia que Nico – o meu amigo Nico, que havia nos ajudado a derrotar Cronos – estava realmente do nosso lado. Talvez isso que tanto me incomoda e cutuca seja a tão famosa ignorância, que pelo simples fato dele ter nos salvado inúmeras vezes, tentava me cegar cruelmente da realidade a fora.

 Mas eu tinha alguém para me puxar para fora dessa bolha de inocência e ignorância. E esse alguém sabia que Nico não era um cara confiável.

 Desabei-me de bruços, exausto, sobre os lençóis de sedas suaves, que encobriam a cama macia de uma das inúmeras suítes de hospedes do deus do submundo.

 Eu estava esgotado. Tanto fisicamente quanto emocionalmente.

 Em apenas quatro dias, já havia enfrentado as três fúrias e um pato cuspidor de ácido. Sem contar que fiquei quase um dia inteiro preso em uma sela fedida, de uma tribo fedorenta, sendo futuro alimento pelos seres repugnantes que lá habitavam.

 É muita coisa para um simples cara de quase 17 anos.

 Sem abrir os olhos, estiquei meus braços sobre a cama, procurando alguma coisa para apoiar a cabeça. Apalpei algo macio e gelado, reconhecendo imediatamente um enorme travesseiro de penas de ganso.

 Ironia?

 O trouxe até mim preguiçosamente e apoiei minha cabeça sobre ele. Agora, era só fechar os olhos, respirar fundo para esquecer de todos os problemas – que nessa hora insistiam em ficar me perturbando, dizendo para resolvê-los - e sem precisar contar peixinhos de tão exausto que me encontrava, iria dormir como há muito tempo não fazia.

 Eu precisava disso, e muito.

 Assim que me encolhi mais a cama, tirando desjeitosamente meus tênis para não sujar de lama o suave e delicado lençol de seda, prontamente fechei meus olhos. Uma sensação de calmaria se passou por mim assim que eu enchi meu peito de ar, logo expirando tudo, e imediatamente, me vi mergulhando em um mar de sonhos.

 Eu estava na entrada de um castelo. Na verdade, não me expressei bem com a palavra castelo. A construção a qual eu me encontrava bem a frente, parecia mais uma fortaleza.

 A fortaleza mais bonita que eu já vira em toda a minha vida meio sangue.

 Nem o palácio de Olímpio conseguia superar a grandiosidade e elegância que parecia exalar exageradamente da li. Provavelmente, esse seria a maior fortaleza que eu já irei ver em toda a minha vida.

 Era completamente enorme. Tão enorme que se eu virasse meu pescoço para procurar seu fim no horizonte, provavelmente não conseguiria ver nada além dos fortes muros formados por milhares de paralelepípedos – que estranhamente tinha uma tonalidade prateada - que o protegiam. Esse muro parecia completamente impenetrável.

 Logo atrás dos muros, dava para ser visto de longe uma imensidão de intermináveis torres altas que se espalhava sobre o solo protegido. Todas essas torres, eram tão prateadas – ou até mais, no caso das maiores – quanto os muros. Suas pontas eram achatadas, me fazendo lembrar da maioria dos prédios em New York.

 Cheguei à conclusão que essa construção parecia bem mais uma cidade moderna altamente protegida do que uma fortaleza.

Olhei em volta, prontamente procurando qualquer coisa que me ajudasse na localização dessa magnifica fortaleza, mas não consegui enxergar nada a não ser uma densa nevoa tremulante, que parecia mais um amontoado de nuvens fofas, cobrindo tudo em volta do castelo, me fazendo pensar que depois da fortaleza havia exatamente o nada.

Arqueei as sobrancelhas, extremamente confuso.

Vi-me perdido por um tempo, admirando a beleza desse palácio, até que uma coisa chamou minha atenção. Em cima da torre que parecia ser a mais alta, um objeto que eu não consegui identificar, piscou fracamente. Logo depois, piscou repetidamente e depois parou.

 Ficou assim, nesse pisca-não-pisca até um vulto absurdamente rápido, parar a alguns metros na frente de mim, encarando um enorme portão de duas portas - feito com uma madeira que deu na cara que o dono desse castelo era estupidamente rico - que parecia ser única entrada para o lugar.

 Mas como eu não tinha visto aquele portão?

 Fiquei encarando tudo aquilo com um ar confuso quando eu me dei conta que aquele portão não estava ali antes.

O vulto, que agora eu consegui enxergar bem, estava vestindo um sobretudo marrom escuro, feito de pele de animal. Era alto, bem mais alto quanto eu e meus estúpidos 1.80 de altura. Seus ombros eram largos e apesar de não ver seu rosto, eu supus que ele deveria ter aproximadamente uns 30 anos.

Quando andou para mais perto do portão, ouvia um barulho de matais balançando a cada passo que ele dava me fazendo perceber que carregava uma espada na cintura. Uma das pesadas.

Assim que ele ficou apenas alguns centímetros do portão, uma lufada de ar soprou entre nós, e as duas portas rangeram alto ao abrirem para dentro vagarosamente.

Um homem corcunda, de aproximadamente 60 anos, mancou até o homem com o sobretudo e estalou a língua para ele, começando a falar em um idioma desconhecido para mim.

Depois de ouvir e ouvir o pobre velho falando e babando ao mesmo tempo, o cara de sobretudo rugiu alto e tirou sua espada da cintura, apontando de modo ameaçador no peito do velho homem corcunda. O velho mostrou um sorriso desdentado para o homem, parecendo satisfeito por ele ter feito isso, e com uma velocidade totalmente impossível para um senhor daquela idade e ainda mais com aquela corcunda, desviou a espada do seu peito, girando com uma agilidade que deixaria até Annabeth com inveja e parou ao lado do homem, dando uma espalmada com a sua mão no punho que o cara segurava a espada. Um som de ossos se espatifando e da espada se chocando lentamente com o chão sólido ecoou pelo lugar. O homem caiu de joelhos no chão, rugindo de dor e segurando o punho que agora parecia mais uma gelatina de pele.

O velho rio de como se estivesse se divertindo e mancou até a porta da fortaleza, fechando os enormes portões de madeira, que assim que encostaram um no outro, desapareceu completamente.

E então, eu me vi vendo cenas semelhantes, com vários homens diferentes, que pareciam ser de distintas épocas. As roupas com o passar do tempo foram evoluindo, tanto que a ultima pessoa que eu vi foi um cara de aproximadamente 19 anos, que vestia uma calça jeans e uma camiseta inteiramente branca. Possuía cabelos cor de areia e uma horrenda cicatriz atravessava seu olho direito até a metade da sua bochecha. Luke.

Luke fez a mesma coisa que os outros, entretanto no momento que o velho manco estalou a língua para ele, Luke nada fez. Simplesmente assentiu e deu meia volta, voltando pelo pequeno fosso que havia saído.

Ele olhou mais uma vez para a fortaleza, parecendo extremamente perturbado por não conseguir entrar no castelo.

 E então, a próxima coisa que eu me lembro é de ter aberto os olhos e enxergar meio embaçado, dois orbes azuis que me analisando com um ar raivoso.

 Thalia estava sentada na borda da minha cama e esperava impacientemente meu despertar. Seu braço machucado estava enfaixado, de maneira que cobria totalmente a horrenda cicatriz avermelhada que ficará no lugar. Graças ao DDA, ela batucava suavemente o pé no chão, seguindo um ritmo que só ela ouvia.

 Assim que eu pisquei meus olhos novamente, tentando desembaçar minha vista, ela percebeu e se atirou em cima de mim, fervendo de raiva.

 Como você ousa encostar esses lábios imundos nos da minha amiga?  Ela rosnou raivosa, em quanto me empurrava para fora da cama com os pés descalços – E inda por cima, não fazer mais nada a respeito?

 Parei de tentar me desviar dos seus chutes assim que ela disse isso e a olhei confuso

 O que você espera que eu faça a respeito?  perguntei antes de levar um tremendo chute na boca do estômago e cair de costas no piso áspero do quarto.

 Ela avançou para cima de mim e me deu um tapa no braço.

 Isso é por ser babaca – e depois me deu outro tapa – E isso é por ser cego.

 Antes que eu pudesse perguntar qualquer coisa, ela marchou para fora do quarto pisando dramaticamente duro, me deixando estalado no chão gélido do quarto com um enorme ponto de interrogação na cabeça.

 De fato, as pessoas com quem eu tenho algum tipo de amizade são totalmente estranhas.

 Levantei-me em um pulo, ainda pensado em o que Thalia quis disser com “fazer algo a respeito”. Fui direto ao banheiro da suíte e tomei o banho que merecia. Depois de 4 dias vivendo na imundice, e mais algumas horas vivendo literalmente no lixo, eu merecia um bom e demorado banho. Troquei minhas roupas sujas e rasgadas por algumas novas e limpas que misteriosamente haviam aparecido no quarto assim que eu sai com a toalha enrolada na cintura, e calcei meus tênis que estavam totalmente limpo, bem ao lado da nova muda de roupa.

 Não fazia ideia por quanto tempo tinha dormido, porém eu estava completamente revigorado. Meus músculos não estavam mais doloridos, minhas costas não tentava me matar e eu estava cheio de pique.

 Retirei-me do aposento em quanto andava cautelosamente sobre um dos inúmeros corredores do palácio. Mesmo sendo visita, eu estava no domínio de Hades, e eu não confiava nem um pouco nesse cara. Apesar dele ter ajudado o meu pai e a Zeus a derrotar Tifão, ele ainda não era flor que se cheirava.

 Continuei deslizando sorrateiramente pelo palácio, até chegar em uma salinha pequena, que eu presumir ser a biblioteca, pois havia vários e vários livros jogados para todos os lados. Nico estava em um canto, sentando em uma das inúmeras poltronas de couro preto dispostas pela sala, conversando silenciosamente com um dos funcionários esqueléticos que estavam espalhados por todo o palácio. Ele olhou para os lados, parecendo se certificar que ninguém estava o vendo e entregou um bilhetinho para o esqueleto, que assim que o guardou no bolso, desapareceu completamente.

 Cerrei os olhos, desconfiado. Nico estava tramando alguma coisa e escondia isso da gente.

 Decidi com relutância a dar meia volta e sair lago dali. Era o melhor a se fazer, já que se ele realmente estiver do lado negro da força, provavelmente mataria a qualquer um que descobrisse seu disfarce.

Não que eu estivesse com medo. Simplesmente sou um cara inteligente ao perceber que estaria em total falta de vantagem bem ao no submundo. E se começasse uma luta agora, acabaria morto.

Andei mais alguns minutos até encontrar Annabeth e Thalia conversando normalmente na sala a onde eu supus ser a de jantar. Elas estavam sentadas em duas das várias cadeiras que rodeava a grande mesa de entelhada de madeira antiga, que ficava bem ao centro do comodo, rodeada por quadros antigos, armaduras, armas e estatuas de várias pessoas que apesar de não saber os seus nomes, algo me diziam que foram formidáveis.

 Annabeth estava completamente mais disposta.

 Suas olheiras debaixo dos olhos já haviam se suavizado, mostrando que ela também tinha tido um bom sono assim que terminamos de conversar. Já não estava com a mesma roupa suja de graxa e impregnada com o fedor das amazonas. Agora, vestia uma calça jeans clara meio folgada, com uma regada preta longa, que ia até a metade das suas coxas, parecendo mais um mine vestido do que uma blusa e calçava a sua fiel bota. Ela não tirava aquela bota cano alto nem se ela rasgasse.

 Seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo mal feito, que fazia seus cachos loiros caírem descoordenados pela sua costa.

Assim que me aproximei delas, ambas pararam de conversar imediatamente, me lançando um olhar extremamente seco. Entendi na hora que o assunto daquela conversa ou era eu, ou era eu. Ou talvez, sobre a menstruação das duas.

 Oh meus deuses, espero não ter falado isso alto.

 Vire-me para Annabeth, ficando totalmente de costas para Thalia. Ainda estava chateado por ela agir daquela forma comigo.

 Preciso falar urgentemente com você.

 Ela se remexeu na cadeira, inquieta e olhou para Thalia.

 Não pode ser na frente dela.

 Poder, pode. Mas é sobre aquilo, sabe?  levantei minhas sobrancelhas, tentando a fazer entender.

 Annabeth arregalou os olhos e prensou os lábios.

 Ocin?  perguntou meio hesitante.  

 Saúde!

 Você provavelmente já deve ter entendido o pequeno código que eu e Annabeth fizemos para conseguirmos nos comunicar com segurança no palácio de Hades. Se quisermos conversar sobre Nico tranquilamente, simplesmente invertemos o seu nome e usamos frases indiretas para nos comunicar. Simples e prático.

 Thalia passava seus olhos em mim e depois para Annabeth freneticamente. Ela sabia que escondíamos algo e não queríamos contar.

 Annabeth se levantou da cadeira apressadamente, pedindo desculpas para Thalia e me arrastou até a mesma salinha que havíamos conversado antes. Assim que entramos no escritório, ela fechou a porta atrás de si, e olhou ao redor, para se certificar que estávamos realmente sozinhos. E depois que pareceu ter certeza, relaxou um pouco.

 Acho que devíamos mostrar a Thalia o Ocin  falei casualmente, me sentando meio preguiçoso no mesmo sofá que sentara da outra vez.

 Quanto menos pessoas virem, melhor – concluiu Annabeth sem me olhar. Parecia muito entretida com um dos inúmeros papeis dessa sala – O que é isso?

 Inclinei minha cabeça para cima, evitando me levantar do lugar, para conseguir enxergar o que tanto ela olhava intrigada. Era uma especie de mapa de uma ilha cercada por um mar de fogo e a cor amarelada me dizia que era antigo. Tão antigo que começara a desfarelar na mão de Annabeth, que segurava ele como se fosse de porcelana.

 Provavelmente uma das inúmeras inutilidades que Hades possui nesse castelo.

 Ela olhou o mapa por mais algum tempo e deu os ombros, concordando com o que eu disse. Colocou o papel a onde tinha achado e se virou para mim.

 O que você sabe?

 Bilhetes. Esqueletos. Bum!  falei em quanto gesticulava com as mãos – As coisas de sempre, entende?

 Annabeth balançou a cabeça, assentido que tinha entendido tudo perfeitamente.

 E o que você acha sobre isso?

 Tem coisa errada. Mas não é legal ficar julgando precipitadamente.

 Ela assentiu novamente.

 E você, descobriu algo?

 Nada. Na verdade nem tive tempo para isso, acabei de acordar – respondeu girando desinteressada o enorme globo terrestre que cobria metade da mesa do escritório.

— Annabeth... - ponderei hesitante – Você disse algo sobre aquilo da biblioteca a Thalia?

 Ela ficou rígida de repente, como se essa pergunta a tivesse pegado totalmente desprevenida. Endireitou o corpo, fingindo estar estabilizada e se virou para mim, sorrindo nervosamente.

 Não que eu me lembre, porque?  era obvio que estava mentindo.

 Nada, nada – me fingi desinteressado em quanto batucava meu dedão no braço do sofá – Só para saber.

 Annabeth cerrou os olhos, meio desconfiada. Se aproximou do sofá, só que dessa vez não se sentou sobre ele. Ficou parada, bem a minha frente me analisando como se eu fosse um livro esquisito e totalmente mal escrito.

 Me remexi no sofá, desconfortável, e depois de uma longa e vitoriosa batalha interna, minha razão venceu os meus sentimentos egoístas, decidindo contar a Annabeth sobre o meu sonho com o Luke. Era para o bem de todos.

 Lembra que você disse que sempre que eu sonhasse, era para te contar?  desencostei do sofá, e cruzei minhas mãos sobre os joelhos, a olhando fixamente.

 Lembro... E?

 Então, eu sonhei novamente – balbuciei. Não queria contar sobre Luke para ela. – E dessa vez, Luke apareceu.

 Eu expliquei meu sonho para Annabeth. Três vezes. E ela estava tão confusa quanto eu, ou até mais, se duvidar.

 Ela caçava em sua mente, algo relacionado a isso, entretanto nada achava. Chegava a ser doloroso ver o esforço que ela exercia sobre si para tentar se lembrar de algo. Em quanto ela não lembrava, caminhava de um lado para o outro puxando os cabelos, murmurando as características do velho e do castelo.

 Essa inquietude estava começando a me deixar irritando.

 Depois de vários minutos de pura caminhada para lá e para cá inutil, Annabeth resolveu finalmente entregar os pontos, desistindo de tentar achar alguma resposta. Sentou-se frustada ao meu lado, apoiando o cotovelo nos joelhos e cobrindo o rosto com as mãos.

 Sem resposta – bufou frustrada sem se importar em me olhar – Um castelo no meio de uma neblina densa? Nunca ouvir falar de nada semelhante.

 Relaxe. Talvez não seja nada – ela tirou a mão do rosto e me olhou cética – Ok, talvez não seja tão importante assim. – falei dando enfase no tão.

 Porque eu sabia – e provavelmente ela também – que esse sonho não era um qualquer.

 Ficamos mais um tempo conversando na biblioteca, até cada um pegar um caminho diferente e marchar rumo ao os respectivos quartos, indo preparar as coisas para partir.

 

—----

 

Anda logo Annabeth – apressou Thalia, batendo freneticamente na porta do quarto da menina – Não temos o dia inteiro.

 Estávamos atrasados. Muito atrasados. Graças a Annabeth, que estava demorando horrores para terminar de arrumar suas coisas. Algo que é completamente esquisito, já que para ela era somente socar as coisas na mochila e pronto.

 Troquei meu peso para a outra perna, visivelmente impaciente.

 Um barulho abafado pela porta, como se algo tivesse sido arremessado contra a parede, pudemos ouvir vindo de dentro do quarto de Annabeth. Com uma velocidade absurda e com o desespero tomando o corpo, Thalia chutou a porta com uma força impossível para uma pessoa no estado em que ela se encontrava. A fechadura se despedaçou na hora, e a porta voou para dentro do quarto, deixando uma chuva de farpas cair suavemente em nossas cabeças, em quanto nos atirávamos para dentro do quarto.

 E nossos queixos caíram até o chão.

 Annabeth estava estirada na parede, com uma cara contorcida de dor e algo que mais parecia uma sombra – uma sobra que possuía dois olhos tão brancos que de fato, causaria invejava aos olhos da menina do meu sonho -, pressionava seu pescoço brutalmente contra a parede. Mas pressionava tão forte, que os pés da sabidinha não relavam no chão. Simplesmente debatiam-se no ar, tentando inutilmente acertar o seu agressor. A sua frente, sua faca de bronze celestial estava atirada a alguns metros de onde ela estava, mostrando que ela fora jogava violentamente.

 Thalia gesticulou com as mãos, e meio segundo depois um arco enorme, digno de Ártemis, pareceu em suas mãos, sendo acompanhado pelas flechas dentro em um tipo de bolsa de couro que possuía uma faixa que ia de uma extremidade da bolsa até a outra, cruzando seu peito em diagonal. Ela esticou o braço para trás, pegando uma flecha, e com uma habilidade incrível, preparou o arco e atirou contra a sombra que atacava Annabeth.

 A flecha foi em direção certeira no meio da cabeça do monstro, que encarava Annabeth com um olhar carregado de tanta raiva e repulsa, que até o Deus da Guerra temeria, e quando a flecha iria o acertar, ela passou por ele, como se nada estivesse ali a não ser o ar.

 Thalia olhou perplexa para aquilo e tentou atirar mais uma flecha, entretanto a mesma coisa aconteceu.

 Mas que raios...  disse ela com a voz chorosa, não conseguindo completar a frase.

 Antes que eu sacasse a contracorrente e avançasse sobre ele, Nico passou correndo do nosso lado, brandindo sua espada no braço do monstro que enforcava Annabeth. Ele urrou de dor assim que a espada de aço cortou seu braço fora e um liquido negro começou a espirrar estilo Kill Bill pelo quarto, fazendo uma chuva de sangue negro respingar sobre nossas cabeças.

 Annabeth caiu no chão, com as mãos no pescoço, em quanto tossia sem parar. O braço da sombra estava ao seu lado, estilado no chão, parecendo sem vida.

 Como se nada tivesse acontecido, o monstro parou de segurar o seu braço e avançou novamente contra Annabeth, que ainda estava ajoelhada no chão sem proteção alguma. Os olhos da sombra brilhavam com um ódio sem igual e eu imaginei o que a sabidinha tinha feito para tal coisa odiá-la tanto. Sem tempo para pensar, saltei com impulso entre os dois, e levei o chute que estava sendo direcionado a Annabeth. Ele acertou diretamente minha costela e eu me vi rolando em direção com tudo sobre o corpo ajoelhado de Annabeth. Nós nos chocamos e com um esforço desgraçado, consegui segurar o corpo fraco dela contra o meu e a girar, para evitar que ela se esborrache com tudo sobre a parede atrás de nós, me fazendo levar todo o impacto.

 Vou estar mentindo se dizer que o impacto não doeu, porque doeu e muito. Ainda mais pelo fato de Annabeth me dar sem querer uma joelhada na virilha assim que se chocou comigo, me causando mais dor do que o impacto com a parede e a queda no chão.

 Sem olhar para cima, ainda com a cabeça de Annabeth encostada em meu peito, e meus braços a segurando fortemente pela cintura, pude ouvir Clarisse puxar sua lança e eletrizar a perna da sombra, que em resposta grunhiu tão alto de dor quanto se fosse possível. Então, um barulho como de um monte de pedaço de carne preso em várias bombinhas explodir, pode ser ouvido por todo o quarto.

 Levantei minha cabeça, hesitante e olhei em volta. O monstro estava  com a perna completamente fudida. O sangue do monstro parou de jorrar e o ar em volta dele começou a tremular, enquanto ele ia desaparecendo aos poucos levando consigo os urros de dor que ecoavam pelas paredes. Novamente, eu pude conseguir ouvir ao fundo, a mesma risada infantil tênue que havia sido acompanhada por um empurrão, no fosso que Nico havia feito para nos levar até o submundo.

 Thalia correu até nós e eu pude perceber que o arco e flechas havia desaparecidos.

 Você está bem?  perguntou Thalia com uma voz preocupada ajudando Annabeth a levantar.

 Annabeth passou esfregou o braço nos olhos, limpando o sangue negro que estava em volta deles e assentindo. Ela de fato havia sido a mais atingida pelo sangue, tanto que o tom loiro de seus cachos mal davam para ser percebidos.

 Eu também estou bem, Thalia – resmunguei me levantando com dificuldade.

 Aquilo era um espirito vingativo – disse Nico limpando sua espada com sua jaqueta – Eles frequentemente entram aqui no castelo, querendo dar o troco em meu pai. Geralmente, os serviçais esqueléticos acabam com eles, só que esse, parecia ter certeza absoluta a onde estava seu alvo e se materializou a onde ele estava.

 Annabeth sentou-se sobre sua cama coberta pelo lodo negro e balbuciou com uma voz muito rouca:

 Eu já havia notado que ele estava me perseguindo – ela respirou fundo e olhou para mim, que tentava inutilmente tirar a meleca preta do cabelo – Eu o senti na biblioteca, por isso fiquei rígida de repente.

 E eu achando que era por causa de mim. Mas isso não me chateou, havia coisas mais importantes como o fato do porque algum espirito querer se vingar de Annabeth. Desviei meus olhos para Nico, e lancei um olhar desconfiado para a sua espada.

 Como as flechas de Thalia não passaram por eles mas a lança de Clarisse e sua espada sim?

 Os espíritos vingativos podem alteras as moléculas dos seus corpos, se tornando solido ou não a onde bem entender. Obviamente ele se tornou solido no braço, para conseguir segurar Annabeth – ele explicou dando os ombros – E quando ele lhe chutou, também teve que materializar sua perna.

 Assenti, mesmo estando ainda desconfiado. Vire-me para olhar Annabeth, que massageava suavemente o pescoço já roxeado por duas e grandes mãos.

 Porque ele queria se vingar de você?  perguntou Thalia,

 Eu não sei – parecia ser sincero – Eu simplesmente estava aqui no meu quarto e ele pareceu, se atirando para cima de mim.

 Temos que sair daqui – conclui – Esse lugar não é mais seguro.

 O que lhe fez perceber isso? O fato de quase me matarem? - ironizou Annabeth.

 Decidi ignorar isso e me virei para encarar Nico.

Você nos devia ter falado sobre esses espíritos – repreendi lhe apontando o dedo.

Como eu ia saber que tem gente que morreu querendo se vigar de Annabeth? Sabe quais são as chances disso acontecer?

 Poucas?  chutei.

Não, muitas. Mas como eu ia saber?

 Precaução é algo bom Nico. Algo muito bom.

 Ele deu o ombro e se retirou do aposento, mas não antes de dizer:

 Se arrumem. Vamos embora daqui 1 horas.

 E eu mal espero por isso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

pronto! desculpa novamente pela demora e espero que tenham gostado. não postarei de novo essa semana, apesar de já ter o capítulo oito pronto, pois estarei em Curitiba, no casamento de uma prinha minha o/
Reviews, por favor.
bgsbgs :*