Sete Chaves I - acima dos Céus escrita por apequenaanta


Capítulo 5
Jogando cactos com um pato.


Notas iniciais do capítulo

Estou sem pc e como não pode mais ter avisos, por causa das novas regras do Nyah, eu tive que escrever um capitulo mixuruca no papel e depois transcrever ele para o word, para depois posta-lo aqui. Ficou chato, idiota e escroto como todos os capitulos anteriores, mas pelo menos é algo.
Desculpem a demora, mas vai ser assim até as novas peças do meu note chegarem.
Bem, aproveitem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/89478/chapter/5

CAPÍTULO QUATRO

Jogando cactos com um pato.

 

 Meus tênis já estavam lotados da areia áspera do deserto.

  De acordo com os meus músculos doloridos, parecia que andávamos á dias, entretanto eu sabia que só tinha passado algumas horas. O sol já havia deslizado e se escondido sobre as dunas do deserto que cobria completamente todo o horizonte. Apesar de ser um deserto de terra dura, havia vários morros de areia seca e áspera, cobertos por intermináveis cactos e arbustos dispostos em todas as direções, nos dando uma impressão de solidão ao local.

 Escalamos com dificuldade mais uma duna, fazendo assim mais areia solta entrar em meus tênis e se esgueirar entre os meus dedos. Como eu odiava a sensação de areia entre meus dedos, não havia nada mais inquietante e desconfortável.

 Sem o sol para aquecer a terra, o deserto era insuportavelmente gélido. Um vento frio uivava entre os cactos, sobrando direto em nossa direção. Parecia que o deserto queria que morrêssemos congelados, para sermos mais alguns corpos entre milhares de recordação. Entretanto, graças à longa caminhada que fazíamos há horas, nossos corpos estavam aquecidos o suficiente para aguentar o frio.

 Estava desconfortavelmente quieto há algumas horas. O único som que podíamos ouvir sem serem os grilos e os uivos dos coiotes era o atrito dos nossos sapatos se arrastando nos pedregulhos de areia do deserto.

 Annabeth se rastejava a alguns metros a frente de onde eu estava. Nico e Clarisse caminhavam ao meu lado, respirando pesadamente e fazendo um esforço desumano para conseguir chegar ao topo da duna.

 Você deve estar pensando: Porque eles estão caminhando no deserto se eles podem ir pela estrada?

 Muito simples. Não queremos ser encontrados pela policia. Graças ao ataque de Nico e Clarisse a duas “inocentes” velhinhas dentro do ônibus e as ligações discretas, porém desesperadas dos passageiros a policia, ambos estão sendo procurados. O carro da policia supostamente deve estar rondando a estrada nesse exato momento, procurando quatro jovens sujos e machucados.

 Me encolhi mais a minha jaqueta para impedir do meu calor corporal sair.

– Já estou a vendo – Balbuciou Annabeth com uma voz roca. Ela já estava no topo da duna, e balançava freneticamente uma lanterna ligada para cima, tentando chamar a atenção de Thalia.

– Graças aos deuses – Murmurei agradecidamente, me jogando no chão – Vamos passar a noite aqui, amanhã Nico nos leva ao submundo. Suponho que ele deve estar mais cansado que nós. Não deve ter nem força para levantar um copo de água.

– Está corretíssimo. – Disse Nico, deixando sua mochila escorregar do seu ombro até o chão – Se eu tentar levar vocês até lá, é bem provável que eu chegue de outro jeito: Morto.

– Não iria mudar muita coisa – Zombou Clarisse – Você parece mais morto do que vivo.

– Estou tentado a te deixar apodrecer nesse deserto – Rebateu Nico – O que não seria muito legal, pois seria uma poluição visual te deixar nessa bela área.

– Claro que você acharia um deserto belo – Disse Clarisse simplesmente, sentando-se no chão e arrancando alguns gravetos de um arbusto próxima de si.

 Nico cerrou os olhos e pude ver um vislumbre da confusão passar por eles.

– O que exatamente você quis dizer com isso?

 Clarisse olhou para ele e levantou as sobrancelhas, mostrando falsa surpresa.

– Você é filho de Hades – Começou ela, arrumando os gravetos a sua frente em forma de fogueira – Filho do Rei do submundo – Tirou um isqueiro do seu bolso e o acendeu sobre um graveto que tinha na sua outra mão – Claro que você gostaria de algo que representasse morte. Falta de esperança. Porque seu pai e você representam exatamente isso. Representam o fim – Completou com uma voz calma, em quanto depositava o graveto já com uma pequena chama acessa em baixo dos demais – Nossa fogueira está pronta!

 Eu esperaria um Nico furioso pulando em cima de Clarisse. Ou um Nico chamando um exército de esqueletos para acabar com ela. Mas não esperava um Nico atônico, quieto, sem resposta alguma.

 Ele abaixou a cabeça e consegui enxergar um vislumbre passar pelos seus olhos. Raiva? Acho que não. Parecia ser algo calmo, suave, mas de certo modo, perturbador.

 Lancei um olhar de repreensão a Clarisse que em resposta, só deu os ombros.

 Annabeth girou os calcanhares, satisfeita por ter conseguido chamar a atenção de Thalia e olhou para nós com um ar confuso, parecendo perceber a tensão que pairava sobre nossas cabeças.

– O que...

 Antes que pudesse finalizar a pergunta, um grito estridente ecoou sobre o deserto, interrompendo sua fala. O vento parou de uivar quase de imediato, juntamente com os grilos e os lobos. Um suspiro sinistro e gélido, mergulhado em maldade e desespero dançou entre nós e roçou em minha nuca, como o vento antes fazia. Os pelos dos meus braços se arrepiaram e do nada um medo irracional se apossou do meu corpo, como em meu sonho.

 Clarisse e Nico se levantaram em um pulo em quanto eu continuei imóvel.

– Ouviram isso? – Perguntou Nico, parecendo se referir ao grito.

– Thalia! – Arfou Annabeth desesperada, virando-se para olhar a amiga – Tem algo a atacando.

 Ela tirou sua adaga da cintura e escorregou sobre a duna, meio desajeitada.

– Anda Percy! – Exclamou Nico, tirando sua espada feita do material do rio Stix da mochila – Thalia corre perigo! – Ele me fitou por alguns momentos esperando uma reação minha e quando percebeu que eu nada faria, torceu a cara e pulou da duna.

 “E nós também” Eu quis falar antes dele pular, mas as palavras ficaram empacadas em minha garganta, deixando somente um som agudo e inaudível sair de minha boca.

 Eu não conseguia me mexer, nenhum músculo do meu corpo me obedecia. Parecia que tinham me anestesiado com a maior agulha que tinham. Eu não conseguia pensar em nada, exceto em uma coisa: Fugir.

 O desespero me dominava por completo.

 Me encontrava mergulhado em um mar de angustia e desespero novamente, mas só que dessa vez, eu tinha absoluta certeza que não era um sonho e que o perigo que eu pressentia agora era absurdamente real e terrivelmente mortal.

 Finalmente eu entendia Luke. Entendia o porquê ele se render a Cronos. Ele deveria ter feito a mesma coisa com Luke, o que estão fazendo comigo. O desespero, a certeza de que essa luta não seria ganha era o suficiente para desistir de todas as suas idealizações e honras. 

 Um riso rouco e tênue roçou novamente em minha nuca, parecendo triunfante e então eu me vi liberto do transe. Senti-me um completo lixo por ter pensado em desistir e em um ato descontrolado, soquei com o punho a terra árida. Um barulho de metal chocando com o metal davam para ser ouvido a alguns metros perto de onde eu estava e me perguntei por quanto tempo havia ficado assim.

 Um som alto e agudo, seguido por um barulho parecido com um tijolo jogado na terra me despertou dos meus devaneios, me lembrando que meus amigos estavam em perigo. Se eu havia se esquecido dos meus amigos, do que mais havia esquecido?

 Me levantei em um pulo e me joguei em direção a depressão da Duna, escorregando aos tropeços, já tirando a contracorrente do meu bolso, e deixando uma espada de noventa centímetros de puro bronze celestial substituir minha caneta esferográfica.

Thalia estava jogada no chão de barriga para cima, a poucos metros da aonde a luta acontecia. Um corte profundo e longo deslizava por toda a extensão do seu ombro direito até a ponta do seu dedo mindinho. Sangue cobria toda a areia em sua volta, deixando um cheiro ferroso no ar.

 Corri em sua direção aos tropeços e me agachei ao seu lado. Ergui a contracorrente - que por causa do bronze emitia um brilho bruxelante - em sua direção e examinei seu machucado.

 Estava uma coisa feia.

 O sangue não parava de jorrar como louco e uma gosta verde brilhosa salpicava por toda a borda do machucado, parecendo comer sua pele. Acido.

 Tirei minha jaqueta de modo meio desajeitado e cobri seu machucado, esperando que ela absorve-se um pouco do acido. Não tinha muita coisa que eu poderia fazer nesse momento para ajudá-la.

— Percy, uma ajuda aqui seria bem vinda! – Gritou Nico ofegando, desviando de um golpe que o monstro desferiu sobre ele.

Lancei mais um olhar de encorajamento a Thalia, mesmo sabendo que ela não o vira e corri em direção ao monstro, segurando firmemente a contracorrente, dominado por um ódio inexplicável.

 O monstro era uma coisa complicada de engolir. Não era como nada que eu já tivesse visto antes. Chegava até ser mais estranho que a cria das fúrias. Vestia uma longa túnica negra, que mal dava para ser vista de noite. Possuía um longo bico – como um pato, só que ele não era alaranjado – que estava completamente camuflado sobre seu capuz. Só o conseguir ver, pois por um momento, Clarisse disparou os raios da sua lança em sua direção e ele teve que saltar para trás, fazendo assim seu capuz cair. O monstro-pato tinha um corpo parecido com um de uma pessoa normal, tirando o fato que ele era estupidamente alto, chegando ao torno de dois metros.

 Duas mãos, magras e pálidas como a lua, se esticavam em direção a Clarisse. Suas unhas eram exageradamente e porcamente (devo acrescentar) compridas, medindo aproximadamente meio metro. Gotas da mesma gosma que devorava com ferocidade a pele de Thalia pingavam da ponta de suas unhas, e eu conclui que foi exatamente assim que Thalia se machucou.

 E o mais estranho de tudo: Ele não tinha olhos. Somente duas minúsculas bolinhas pretas que mal davam para ser vistas.

– Ei, pato Donald, aqui! – Gritei brandindo minha espada para cima, tentando chamar sua atenção.

 E funcionou.

 O pato parou bruscamente de tentar arranhar Clarisse e disparou seus minúsculos olhinhos em minha direção. O que antes eram pretos transformou lentamente em um vermelho vivo, como sangue. Veias saltadas e totalmente expostas começaram a crescer sobre seu rosto albino, chegando até a altura dos seus olhos.

 Um rosnado estranho conseguiu sair da sua garganta sendo seguido por um engasgo.

– Corre Percy! Ele vai cuspir! – Alertou Annabeth, tirando seu boné dos Yankees, se mostrando exatamente ao aposto de mim.

 Antes que eu pudesse mostrar toda a minha confusão, a criatura abriu o bico bruscamente e um rugido estilo pato, carregado de raiva e desprezo saiu da sua boca. Uma gosma verde e brilhante – que eu deduzi ser o acido que comia sem dó a pele de Thalia - começou a subir timidamente pela sua garganta e parou bem no meio da sua fina língua. Ela começou a tremular e a rodar, fazendo um carnaval de gosma em sua boca e para minha supressa ele fechou seu bico e cuspiu como um raio diretamente em Annabeth, que estava com um semblante desesperado dominando completamente seu rosto.

 Com um movimento rápido, Annabeth saltou para o lado conseguindo desviar por pouco do acido, que agora devorava com ferocidade o cacto que tinha atingido.

– Que bosta é essa? – Arfei apavorado vendo a velocidade que o cacto se desfez.

– Não sei – Sibilou Annabeth parando ao meu lado – Eu nunca tinha visto nada parecido com essa coisa. Ela não consta em nenhum livro.

 Olhei novamente para a criatura que agora estava com os olhos completamente pretos e as veias de sua cara iam decrescendo lentamente. Ele se virou para Nico e estendeu as duas mãos em sua direção, tentando arranhá-lo.

– Parece que a um limite para cuspir – Analisou Annabeth – Ele demorou exatamente 30 segundos para lançar outra cuspida. Parece que ele tenta arranhar o inimigo, ou atrapalhá-lo até algo dentro de si terminar de produzir novamente o acido. Não é exatamente certeza – Continuou – Mas vamos tentar ver mais uma vez. O distraia e esteja preparado para outra cuspida. – Então colocou seu boné dos Yankees novamente na cabeça e desapareceu de vista.

 Apertei meu punho na contracorrente e comecei uma contagem silenciosa. Meio minuto, certo?

 Corri em direção a besta, segurando fortemente a contracorrente com as duas mãos.

30, 29, 28...

 Serpentei com agilidade entre os cactos que insistiam em aparecer bem a minha frente e pulei dois arbustos.

26, 25, 24...

 Brandi novamente minha espada para cima, a fim de tirar a atenção do monstro de Clarisse e Nico.

21, 20, 19...

– Deixem que eu a distraio! Precisamos ver algo! – Gritei em quanto me posicionava para correr em círculos entre o pato. Eles se afastaram discretamente e se esconderam atrás de dois longos arbustos.

11, 10, 9...

 Em quanto eu corria, a criatura me seguia com os olhos e tentava inutilmente virar o corpo em minha direção.

3, 2, 1...

 Exatamente no fim da minha contagem, como o previsto, a coisa começou a acontecer novamente. Os olhos do monstro se tornaram lentamente dois orbes vermelhos como sangue e as veias salpicaram em seu rosto albino. Ele rugiu novamente abrindo o seu bico e lá estava o acido, escorregando pela sua língua. Ela tremulou, agitou, rodou e esperou até conseguir um ponto fixo para atirar em mim.

 Diminui minha velocidade lentamente até estar apenas caminhando e esperei cautelosamente o bico da criatura fechar. Como da outra vez, ele fechou a bico como o raio, e só quando o acido estava quase acertando minha cara, eu notei o que ele tinha feito.

 Mergulhei com tudo para o lado, mas não foi o suficiente para desviar na gosma. Ela acertou meu braço de raspão eu senti uma queimação insuportável começar o consumir.

 Graças a minha invulnerabilidade, meu braço não ia começar a se desfazer, mas ele estava queimando, e muito. Era como se tivessem o colocado em um micro-ondas ligado e o tivessem deixado lá.

 Rolei pela terra árida grunhido de dor até conseguir me esconder atrás de um arbusto.

– Isso arde caralho! – Sibilei segurando meu braço.

 Alguma coisa se aproximou de mim e o tocou com delicadeza. Annabeth tirou o boné e analisou o vermelhão que meu braço se encontrava.

– Em que parte do “Esteja preparado para outra cuspida” você não entendeu? – Ela tentava esconder a preocupação em sua voz, mas não foi muito eficiente nessa tarefa.

– Não reclame! Pelo menos provei que a sua teoria estava certa. Qual é o plano? – Perguntei me levantando com dificuldade.

 Ele se abaixou e pegou a contracorrente que havia escapado da minha mão.

– O distraia de novo. Quando ele cuspir, Nico, Clarisse e eu o atacaremos – Explicou me entregando minha espada.

– Certo.

 Ela ia colocar seu boné de novo mais se lembrou de algo:

– Não o distraia da mesma maneira. Ele não é um monstro tão burro – E então desapareceu da minha vista.

“Certo Percy” pensei comigo mesmo “O distraia por 30 segundos, mas tem que ser algo diferente. Como você fará isso? Não se esqueça que os minutos já estão contando”.

 Olhei em minha volta procurando algo, em quanto o monstro se aproximava de mim. Só havia cactos aqui! Como eu irei distrair esse pato?

 Então como uma luz no escuro, como um copo de água no deserto, uma idéia se acendeu em minha mente.

 Cactos. É isso!

 Corri até o monte de cacto mais próximo e brandi minha espada, os cortando em pedaços médios. O monstro se aproximava de mim com mais agilidade do que antes e eu só tinha mais alguns poucos segundos para o manter afastado.

 Ajeitei um pedaço de cacto em meu pé e fiz algo que sempre quis fazer: Chutei algo em um monstro.

 Eu nunca fui um garoto muito bom em futebol. Sempre preferi mais o basquete, por ser um esporte mais fácil, mas por incrível sorte – sim, eu com sorte! – o pedaço de vegetal repleto de espinhos dispostos em todas as direções acertou em cheiro o ombro do pato e ficou preso lá.

 Ele rugiu de enterrou suas longas unhas no cacto, o arrancado do seu ombro. Um liquido preto e seboso escorria do vegetal e eu imaginei que seria o sangue da criatura. Ajeitei outro pedaço e chutei um pedaço atrás do outro. A maioria passou longe do monstro, entretanto alguns acertaram toda a extensão do tronco e pernas. Ele mancava, rugia, e sangrava.

 Então ele se preparou para cuspir novamente. Era só esperar e desviar.

 Quando a criatura já estava pronta para cuspir, uma idéia sacana se passou em minha mente. Ajeitei novamente o ultimo pedaço de cacto no meu pé e rezei para que os deuses me ajudassem dessa vez. Então chutei.

 A coisa foi meio que em câmera lenta, sabe? O pedaço de cacto rodou pelo ar de forma graciosa, até se enfincar diretamente entre o bico da criatura, o impedindo de abrir para cuspir. Com a gosma presa na sua boca, foi à deixa certa para todos atacarem.

 Clarisse e Nico pularam como leões de trás dos arbustos e o atacaram de forma violenta. Não demorou muito para uma coisa invisível atingir o pato por trás e o derrubar com tudo sobre a terra árida.

 O monstro nem viu o que lhe atingiu. Nico brandiu sua espada de aço, na mesma hora que Clarisse lançava um raio sobre o pato, o transformando em pó dourado na hora.

 Com o monstro já morto, e não estarmos mais em perigo, Annabeth tirou o seu boné e correu como louca em direção a Thalia.

– Como ela está? – Perguntei cautelosamente, em quanto me aproximava dela.

– Nada bem – Balbuciou Annabeth, jogando um pouco de água limpa sobre a pele corroída da sua amiga – O braço ficou muito feio, mas acho que com um pouco de ambrosia, ela ira conseguir move-lo novamente em breve.

 Engoli seco e olhei novamente para a caçadora jogada em minha frente. Como eu queria não ter sido um covarde por causa de uma sensação estúpida e tivesse ido ajudá-los mais cedo. Talvez isso não tivesse acontecido.

– Ele ira ficar assim?

– Temo que sim. Por sorte, o monstro não cuspiu nela, somente arranhou, mas havia um pouco de ácido por baixo das suas longas unhas – Ela tirou uma faixa de sua mochila, que Nico e Clarisse haviam ido buscar e começou a enfaixar o braço de Thalia – Ira ficar uma cicatriz terrível.

 Annabeth olhou para Clarisse e Nico no topo da Duna e gritou:

– Vamos ficar aqui mesmo. Tragam as coisas para baixo e acenderemos uma fogueira!

– Vou ajudá-los – Avisei me levantando.

 Senti uma mão segurar delicadamente meu pulso, me impedindo de levantar.

– Não vá. Fique aqui, por favor – Pediu Annabeth meio hesitante. Ela parecia meio perdubada com tudo isso que estava acontecendo e temia ficar sozinha com Thalia no estado em que se encontrava.

 Balancei a cabeça assentindo e me sentei novamente ao seu lado. A observei terminar de enfaixar lentamente o braço de Thalia até que uma coisa ficou cutucando minha mente.

– Você não sabia que monstro era aquele? – Não consegui segurar a pergunta em minha garganta.

– Não – Respondeu Annabeth sem me olhar, conseguia ver o quão difícil era para ela admitir que não soubesse de nada – Nunca, em nenhum livro se quer havia visto qualquer coisa semelhante. É como se novos monstros estivessem sendo criados! Primeiro o bebe fúria, depois isso! É desconfortável não saber o que está acontecendo.

– Sei como você se sente, mas com o tempo você se acostuma – Disse com amargura, me lembrando da época e que eu era o garoto da profecia e ninguém havia me dito.

 Ela soltou um riso frio e estendeu minha jaqueta para mim.

– Pegue, foi inteligente da sua parte a cobrir. Impediu que mais sujeira entrasse no machucado.

– Oh, isso foi um elogio? – Zombei apertando meus dedos no couro da jaqueta e a vestindo. Estava me sentindo imensamente feliz por ter conseguido pelo menos ajudar Thalia um pouquinho que fosse, mesmo que não tenha sido da maneira que eu havia pensado.

– Não.

– Imaginei.

 Ficamos em um longo período em silencio, em quanto Clarisse e Nico transportavam as coisas do topo da duna até aqui. Estava sendo meio desconfortável e constrangedor ficar perto dela depois do incidente da biblioteca. Sempre que eu tentava puxar o assunto, ela percebia e já logo ia falando na minha frente sobre qualquer assunto idiota ou simplesmente afastava.

 Annabeth se inquietou ao meu lado e eu a fitei confuso.

– Percy... – Balbuciou com a voz falha – Você já imagina do que nós estamos indo atrás, não é?

 Franzi a sobrancelha.

– Não, não imagino – Respondi com sinceridade.

 Ela bufou parecendo irritada.

– Sério mesmo que você não se lembra? – Perguntou em um tom meio incrédulo. Balancei a cabeça negando – Não se lembra nada do que eu lhe disse na biblioteca?

– Beeeeem... – Comecei vagando minha mente naquela adorável tarde em que eu finalmente descobrira que estar apaixonado por ela e no dia que nossos lábios haviam se tocado pela segunda vez – Não me lembro de muita coisa. Talvez você queira me lembrar? Sempre da certo.

Ela cerrou os olhos e eu pude ver a palavra “ódio” deslizar pelo brilho dos seus olhos tempestuosos.

– Caos Percy! – Esbravejou cerrando os punhos. Seu rosto estava de um vermelho que eu já mais vira. Me perguntei mentalmente se era de vergonha ou ira. – Nós estamos indo procurar as partes de Caos!

 Não era exatamente isso que eu queria que ela me lembrasse, mas já era um começo. Um mau começo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Esse não era o capítulo quatro original, mas esse ficou melhor do que o outro. q
Desculpem a demora novamente e espero que tenham gostado. E mudei de ideia sobre as reviews. Não é justo que eu me esforçe que nem uma cadela por nada. Então, por favor, reviews *-*
bgsbgs :*