Sete Chaves I - acima dos Céus escrita por apequenaanta


Capítulo 4
Literalmente meu pior pesadelo.


Notas iniciais do capítulo

Ainda não sei fazer cenas de ação *cry. Espero que gostem.



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CAPÍTULO TRÊS

Literalmente meu pior pesadelo.

 

 Meu sonho começou meio que assim:

 Eu estava em uma ilha, quer dizer, eu acho que aquilo era uma ilha, não era uma das mais bonitas. O mar em volta dela perdia-se em um horizonte obscuro. A penumbra da noite chuvosa abraçava aquele local deixando tudo aterrorizante. Os sons das gotas de chuvas chocando-se ferozmente nas folhas das poucas arvores em pé era o único barulho que você ouviria em quilômetros.

 Eu me encontrava perto de um lago, um lago que cheirava algo misturado como sangue e suor de Minotauro.

 Ouvi um grito estridente ecoar pela floresta e a água do lago começou a borbulhar freneticamente. Espumas carregadas de ossos de peixes e de outras substancias que eu não sabia identificar começaram a desintegrar a margem do rio aos poucos.

 Ao longe vi uma garotinha correndo como se estivesse fugindo de algo. Os pés dela chapinhavam nas pequenas possas que formaram na terra maltratada daquela ilha. Ela parecia desesperada, tropeçava em seus próprios pés.

 Usava vestes estranhas. Não era como nada que eu já tinha visto antes. Pareciam roupas primitivas, aquelas com capim cobrindo as partes intimas. A garota não parecia um ser humano normal, era encurvada para baixo, meio que como uma corcunda e a sua mandíbula era para frente. Seus olhos mal pareciam abertos, de tão caída que eram suas sobrancelhas. Seu rosto era rígido e quadrado, parecendo um tijolo. Ela de certo modo me lembrou aquelas caricaturas dos homens das cavernas.

 Como se fosse um trovão, ela passou por mim com uma velocidade absurda para um ser humano normal. Se eu tivesse piscado, teria perdido.  

 Carregava consigo um pedaço de tronco estranho. Era coberto por pontas que parecias pequenos espinhos de veneno e era enorme para uma menina do seu tamanho, entretanto a garotinha o carregava com uma facilidade incrível.

 Então algo chamou a sua atenção, a fazendo parar de correr na hora. Eu não consegui identificar o que era, parecia uma sombra, uma sombra grande e medonha que parou bem a sua frente. Ela recuou alguns passos, hesitando. Meu corpo todo tremeu com a simples silhueta do monstro e meu instinto gritou loucamente: “Corre Percy! Corre!”

 Mas eu estava em um sonho, certo? Nada poderia me pegar aqui.

 A sombra soltou uma risada diabólica. A menina se agachou ficando em posição fetal.

– Escute-me atentamente aberração, – Disse uma voz grossa repleta de maldade ecoando pelas arvores. Como eu estava entendo esse idioma estranho? – vou lhes dar uma única chance para tu e sua nojenta espécie. Deslize uma simples e única vez e sentirão todo o meu descontentamento.

 A menina não respondeu, ainda continuava em sua posição fetal, murmurando um tipo de canção. Seus olhos se encontravam fechados e seus dedos dos pés ralados, contraídos. Seu cabelo mau cuidados estava ensopado de lama e senti a vontade de protegê-la nesse momento. Como se tivesse lido minha mente, a silhueta virou-se em minha direção e seus olhos se abriram bruscamente. Uma lufada de ar passou por nós eu me vi perdido em um mar de angustia.

– Você sente, não sente meio sangue estúpido? – A voz malévola perguntou com um tom de divertimento - Mesmo sendo filho de Poseidon, não será capaz de me derrotar. Vou conseguir o que eu quero e quando isso acontecer, você será o primeiro a quem eu terei o prazer de levar para o verdadeiro inferno.

 Eu não consegui responder, simplesmente fiz que nem a garotinha: Desabei-me no chão e abracei meus joelhos tentando inutilmente me proteger.

 E não acordei.

 Não sei por quanto tempo fiquei naquela posição, pareciam ter passado anos, décadas. Eu só queria que isso acabasse. Queria que essa angustia e desespero acabasse.

– Mate-me – Eu gritava em vão com a voz fraca – Por favor, mate-me.

 Eu sabia que a criatura não estava mais ali. Podia sentir meus instintos mais relaxados, mas eu queria morrer. A angustia me despedaçava por dentro e o desespero me enlouquecia aos poucos. Isso era pior que qualquer coisa que já havia imaginado.

 Então a garotinha se levantou como se nada tivesse acontecido e pegou seu pedaço de tronco. Virou os calcanhares em minha direção e andou até mim lentamente, arrastando seu tronco pela terra. Senti novamente o tremor na espinha e tentei me levantar para correr o máximo que podia.

 Não consegui. Meus músculos não me obedeciam. Eles pareciam paralisados.

 Um sorriso transbordando maldade era bem visto em seu rosto sujo. Não conseguia ver seus olhos, pareciam estar escondidos por trás de uma sombra.

 Ela parou bem a minha frente e segurou sua arma com as duas mãos. A sombra desapareceu dos seus olhos revelando dois orbes brancos aonde a palavra maldade deslizava no seu brilho. Levantou o pedaço de madeira para cima de sua cabeçada e o seu sorriso aumentou consideravelmente.

– Já provou um pouco do que eu sou capaz, meio sangue. Desista, você não pode nos derrotar – A voz do monstro disse através dela. E então, eu vi o tronco vindo em direção ao meu crânio.

 Acordei no beliche do meu chalé, tremendo. Minha camisa estava completamente encharcada de suor e pela primeira vez, lagrimas caiam em meu rosto, fazendo uma trilha salgada. Não me agüentei, e deixei as malditas rolarem. Ainda podia sentir a angustia e o desespero brincando do jeito que bem entendem em minha mente.

 Eu queria morrer.

 O sorriso macabro, os olhos brancos e o brilho estranho não saiam da minha cabeça. A voz grossa e diabólica ecoava dentro de mim repetidamente.

 “Desista, você não pode nos derrotar.”

 Será que dessa vez nós conseguiremos realmente salvar o mundo? Mesmo que a profecia diga que o salvaríamos? Eu tinha minhas sérias duvidas.

 

—----

 

 A idéia foi de Annabeth.

 Ela havia nos metido em um ônibus a caminho de Los Angeles, que de acordo com suas fontes, haveria uma pista sobre esse tal deus desaparecido. Eu já tinha minhas suspeita do que nos estávamos se metendo e tenho certeza que ela sabia também. Depois de muita discussão entre Annabeth e Clarisse, a Sabidinha resolver partir só com cinco meio sangues. Quase todos recusaram vir conosco e estávamos perdendo tempo, muito tempo indo atrás de algum herói suicida.

 Thalia nos encontraria na próxima parada do ônibus. Ela foi à única que aceitou aos pulos a vir quando eu a chamei, ignorando totalmente a parte que seriamos mortos e se focando somente na parte de viajar pelo mundo. Todos no ônibus se encontravam em um sono profundo. Até admito que eu estava sonolento. Ouvia uma musica qualquer no Ipod que ganhará por estudar três anos seguidos no mesmo colégio, para evitar ao máximo dormir. Sentia receio de sonhar novamente com aquele monstro. Annabeth se encontrava ao meu lado, lendo seu inseparável livro de arquitetura grega.

 Nico e Clarisse estavam a dois bancos a frente, dormindo após tanta briga e reclamações dos outros passageiros.

 Senti o corpo de a Annabeth ficar rígido ao meu lado tirei os fones do meu ouvido.

– O que foi Annabeth?

 Ela se encolheu mais no assento do ônibus e guardou seu livro em sua mochila. Se acomodou para mais perto de mim e sussurrou:

– Benevolentes.

 Bastou ela dizer isso, que o meu sono desapareceu completamente.

– Tem certeza?

– Três velhas e feias senhoras andando em direção ao banheiro juntas e que por acaso então olhando todos os assentos? É eu tenho certeza.

  Gemi de desgosto silenciosamente.

– Por que sempre em ônibus? - Lamentei para mim mesmo.

– Vou avisar o Nico e a Clarisse e depois tentar parar esse ônibus. As distraia.

 Antes de eu conseguir protestar, ela colocou seu boné dos Yankees e desapareceu do meu lado.

– Maldita!

– Eu estou aqui ainda – Sua voz parecia estar vindo do banco da frente e estava muito, muito irritada.

 A ignorei e tirei a contracorrente do meu bolso sem a destampar. Levantei do meu assento discretamente, sem chamar nenhuma atenção, a não ser das três velhas que andavam. Antes delas começaram a correr atrás de mim, entrei o minúsculo banheiro o mais rápido que podia sem correr e me tranquei lá dentro.

 Então ouvi três batidas na porta.

– Abra menino, eu preciso usar o banheiro – Pedia educadamente uma voz idosa atrás da porta.

 Ah, essas velhas não vão me enganar não. Sorri cínico e destampei a contra corrente.

– Sem chance velha, já reconheci vocês.

 Ouvi um rosnado que parecia mais um de cachorro sair de sua garganta.

– Perseu Jackson, você ira me pagar pelo o que fez a nossa criança!

 Nossa criança? Por acaso a aberração era filha de... Todas?

– Calma Sr. Dodds, daqui a pouco tu arruma outra aberração parecida com você.

 Então a velha estourou, literalmente. Pude ouvir sua pele se esticando até rasgar atrás da porta e sua roupa sendo despedaçada. Ela puxava com vontade a maçaneta tentando a abrir. Parecia estar sozinha nessa, então imaginei que Nico e Clarisse estavam tomando conta das outras. O que era estranho, já que não conseguia ouvir sons de batalha.

 Pela força que a velha exercia sobre a maçaneta, em pouco tempo ela arrancaria a única coisa que me separava dela e de suas grandes unhas. Respirei fundo e segurei firmemente a contra corrente com as duas mãos.

 A cena já estava formada em minha mente: A velha arrancava a porta, e eu avançava com tudo, a transformando em pó dourado. Fácil e pratico. Sem erros.

 Mas é claro que as coisas não eram tão fáceis assim para a minha pessoa.

 Assim que a velha arrancou a porta e a tacou para trás, o ônibus parou com tudo. Choquei-me contra a parede do banheiro e cambaleei até cair de bunda na privada. Má hora Annabeth, má hora.

 Tentei me levantar, porém foi em vão. Eu estava preso.

 A velha com a freada brusca, bateu de frente com o final do ônibus e caiu no chão. Agora ela se levantava com um olhar maligno dirigindo a mim, ricocheteando seu chicote no ar. Os estalos que o chicote dava fizeram os meus pelos dos braços arrepiarem. Era meu fim porra!

 Olhei para a torneira que pingava e uma idéia me ocorreu. Me concentrei o máximo que podia na água e a ordenei para jorrar na cara da minha antiga professora. Então isso aconteceu. A torneira explodiu com a pressão da água, e foi com tudo em direção a careca da velha, que além de ser jogada para trás com a força da água, havia recebido uma pancada na cabeça.

 Quanto mais eu exigia da água, mais meu corpo exigia de mim. Parecia que meu estomago estava se desfazendo aos poucos e a dor era quase que insuportável. Agüentei o máximo que pude e com a força restante que me sobrou, pedi a água da privada me lançar para cima. Só que isso aconteceu com mais força que o necessário. Acabei batendo minha cabeça com tudo no teto do ônibus e ido de cara com o chão.

– Acabou meio sangue – Disse a Fúria já recuperada, indo a minha direção.

– Só acaba quando eu digo que acabou! – Gritei ordenando a água a jorrar nela mais uma vez.

 Não foi com a força que eu queria, mas não podia esperar muito depois de todo o meu esforço. Entretanto foi o necessário para atrapalhar a velha. Me levantei com um pulo e corri contra ela segurando firma a contra corrente. Antes dela conseguir se livrar de toda a água que jorrava em seu rosto, desci minha espada em direção a sua cabeça. Pó dourado na hora.

– Agora sim acabou. Três a zero para mim, velhota.

  Tampei a contracorrente a guardei de volta em meu bolso. Olhei em volta e notei que o ônibus estava vazio. Havia mais dois montinhos de pó dourado como o dá fúria que eu havia derrotado espalhados pelo chão e fiquei aliviado em saber que eles conseguiram cuidar das outras duas. Peguei minha mochila que estava em cima do meu assento e desci do ônibus. Os outros passageiros estavam rodeados em volta do pneu traseiro e algo me dizia que Annabeth tinha o furado. Como ela tinha conseguido já era outra história.

 Falando nela, a menina tinha sumido junto com os outros. Olhei em volta e nada vi a não ser um deserto sem fim. Cadê os traidores?

– Percy – Ouvi uma voz feminina sussurrar para mim.

 Olhei em volta e não vi nada a não ser o sol se pondo preguiçosamente sobre o horizonte, formando um belíssimo crepúsculo.

– Percy, aqui do seu lado caramba! – Falou mais alto a voz.

– Annabeth?

– Não, Hades. Quem você acha que seria? – Sua voz sarcástica parecia estar vindo do meu lado.

– Não sei. Depois dos Deuses gregos, acredito em tudo! – Disse tateando o ar ao meu redor. Parei assim que senti seus cachos loiros entre meus dedos – Você deveria usar o cabelo preso.

 Ela grunhiu irritada e segurou meu braço.

– Vamos, temos que sair daqui. Os passageiros viram Nico e Clarisse atacando as pobres velhas inocentes e ligaram disfarçadamente para a policia – Disse me puxando em direção ao deserto.

– Eles precisam aprender a ter classe, como eu.

– Classe de tacar água de privadas em benevolentes?

– Oh, então você estava me vigiando? – Perguntei não conseguindo segurar o sorriso.

 Ela deu uma bufada alta e apresou o passo, em quanto me segurava o mais forte que o necessário. Me puxou até uma distancia segurar, da onde não poderia ser mais vista pelos passageiros e retirou seu boné.

 Annabeth não estava limpinha como antes. Seu rosto e suas roupas estavam sujos de graxa. Um pequeno feixe de sangue escorria pela sua bochecha.   

– O que aconteceu?

– Uma das benevolentes sentiu meu cheiro e me arranhou. Consegui me desviar antes que as coisas ficassem perigosas – Ela parou assim que avistou uma fogueira escondida entre os arbustos – Temos coisas mais sérias para se preocupar.

– Que seria?

– Dois meios sangues sendo perseguidos pelo “assassinato” de duas velhinhas – Disse fazendo aspas com as mãos.

 Dei os ombros, despreocupado.

– Já passei por isso. É só não chamar a atenção para nós.

 Annabeth franziu as sobrancelhas, confusa.

– E como supostamente deveríamos fazer isso? – Perguntou ela cética.

– Primeiro: precisamos de roupas novas. Segundo: precisamos ficar limpos. Terceiro: Nós precisamos agir como pessoas normais – Eu dizia enumerando com os dedos – O que quer dizer que: Teremos que arranjar um lugar decente para ficarmos.

– E a onde seria esse lugar?

– Eu não pensei nisso ainda.

 Ficamos encarando um ao outro esperando uma resposta surgir do nada.

– Eu acho que conheço um lugar – Disse Nico realizando nosso desejo.

– A onde é? – Perguntei interessado.

– Calma – Começou Annabeth levantando as palmas das mãos  para cima – Antes precisamos nos encontrar com Thalia.  Ela está nos esperando, lembra?

 Bati a palma da mão em minha testa.

– Cara, tinha esquecido dela.

 Nico tirou um dracma do bolso e deu para mim.

– A avise para vir nos encontrar na metade do caminho. Pelos meus cálculos – Annabeth olhou para ele com os olhos cerrados – Pelos cálculos dela, levará a noite inteira só para chegarmos a onde ela está.

– Ta bom, mas aonde é esse lugar? – Perguntei novamente.

 Ele sorriu com escárnio e pareceu mais um fantasma do que antes.

– Vamos fazer uma visitinha ao seu querido titio.

 Porra Nico, não fode!


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Notas finais do capítulo

Aee, que leegal, eu postei QN Desculpem o minusculo capítulo, mas foi um final de semana ocupado para mim. Espero que tenham gostado :*