Sete Chaves I - acima dos Céus escrita por apequenaanta


Capítulo 13
Compramos equipamentos de alpinismos.


Notas iniciais do capítulo

Primeiro de tudo, eu quero pedir desculpas pela a demora. Foi uma semana corrida gente, muuito corrida. Não tive tempo para nada, nem para entrar no computador direito.
Segundo: Eu quero dizer que fiquei feliz porque gostaram do capítulo especial da Annabeth. Foi muuito dificil escrever.
Mas enfim, o capítulo ta ai. Ta meio ruim porque eu escrevi nas presas e não tive tempo de revisar. Então qualquer erro, me avisem que eu corrijo o mais rápido que puder.
Espero que gostem. x]



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CAPÍTULO ONZE

Compramos equipamentos de alpinismos

 

 Entenda, eu não posso mais dormir. Não posso. Se eu fechar os olhos por poucos minutos se quer, os pesadelos já avançam para cima de mim como cães famintos pelo desespero.

 Eu juro que só apoiei minha cabeça no banco e fechei os olhos por alguns segundo, querendo se livrar das malditas perguntas. Mas, de algum modo, eu acabei adormecendo.

 Mas enfim, meu sonho começou (de novo) meio que assim:

 

Eu estava novamente na ilha de Calypso, só que dessa vez, não enxergava tudo através de Ted. Eu era meio que uma terceira pessoa invisível, como os criados de Calypso.

  Os dois estavam deitados na praia, fazendo mais ou menos um piquenique. Uma toalha xadrez estava estendida na praia, e várias frutas e doces dispostos sobre ela. Calypso e Ted estavam mais afastado, observando magnífico crepúsculo que domina os céus.

 Entenda você nunca apreciaria um crepúsculo verdadeiramente se não o ver na ilha de Claypso. Você só verá o superficial.

 O sol deitava preguiçosamente sobre o oceano que parecia estar especialmente tranqüilo para os dois. As ondas quebravam-se suavemente sobre a faixa de areia branca, causando aquele barulho calmante que todos apreciavam.

 O mal refletia as tonalidades alaranjadas do sol, dando um aspecto romântico no céu. Os raios solares causavam uma penumbra nos rosto de ambos, me fazendo dar conta, que só agora havia percebido que Ted era loiro. Da onde eu estava não conseguia enxergar perfeitamente seus olhos, mas pelo o que eu pude notar, ele não parecia passar da idade que eu tinha quando fui cair na ilha dela.

 Gaivotas cantarolavam alegremente enquanto voavam em bandos, indo à direção ao horizonte desconhecido por elas. Por um vislumbre, o sorriso radiante de Calypso desapareceu enquanto as olhava, me fazendo perceber que Calypso queria ser livre, livre como as gaivotas.

 Ted pareceu perceber isso também, e pressionou sua mão na dela, tentando transmitir que ela não estava sozinha. Querendo transmitir que ele estava com ela.

— O que há?

 O sorriso de Calypso voltou assim que viu a mão do herói pressionando na dela.

— Nada, meu herói. Eu simplesmente queria poder voar como as gaivotas e ser livre. Não agüento mais a solidão.

— Mas você não está sozinha, Calypso – Ted murmurou, a olhando diretamente nos olhos – Eu estou aqui com você.

 Calypso sorriu, mas não alegremente. Um sorriso frio e triste tomou seus lábios.

— Você não ira ficar por muito tempo, meu herói – ela explicou, desvinculando suas mãos das dele – Você, como todos os outros, ira embora algum dia. Sempre será assim.

 Ted sorriu e se aproximou mais dela.

— Não, eu não irei - ele segurou as mãos dela novamente, e a levou de encontro ao seu peito – Eu irei ficar aqui, Calypso. Não tenho ninguém lá fora. Não tenho nada que me prenda. Mas aqui, eu tenho Calypso, eu tenho você.

 Como se essas palavras tivessem despertado a fúria de alguém, um trovão ribombou no céu agora já negro da ilha, mas isso não foi o suficiente para assustar os dois.

 Calypso sorriu agora com um sorriso completamente cheio de alegria e amor que faria qualquer pessoa se derreter em seus pés.

— O meu herói – ela disse, acariciando o rosto de Ted – Eles nunca permitirão. Porque é o meu castigo. Se você não quer ir, eles te mandarão a força.

 Uma rajada de vento forte soprou entre eles, levando consigo o piquenique e tudo que estava ao seu redor. O mar agitou-se, causando ondas de metros que se aproximavam perigosamente da encosta.

 Uma luz amarelada brilhou fracamente na negritude do céu, mas Calypso e Ted não pareceram percebê-la.

 Eu queria gritar para correrem, mas eu nada podia fazer em um sonho que já aconteceu.

— Eu voltarei Calypso. Eu voltarei e ficarei com você por toda a eternidade. Me espere, por favor, me espere.

 Então, ele puxou o rosto dela para si, e a beijou.

 A luz já estava perto o suficiente para cegar alguém e isso me fez perguntar por que eles não a enxergavam. Aos poucos, Ted foi desaparecendo, e uma fumaça clara substitui seu lugar. Quando ele já estava completamente fora da ilha, o céu foi se abrindo aos poucos, os ventos pararam de soprar e o mar se acalmou.

 Calypso, com a mão em seu peito, sorriu olhando o horizonte.

— Eu irei lhe esperar, meu herói.

  Então algo muito, muito estranho mesmo aconteceu. A luz dourada - que estava praticamente na minha frente - me sugou de maneira violenta. Eu sentia – sim, eu sentia, em um sonho – toda a minha pele senda puxada brutalmente para aquele buraco dourado e toscamente brilhante. Quando eu dei por mim, estava em um tipo de túnel em espiral e eu flutuava nele. Sim, flutuava.

 De repente, como se alguém tivesse prendido foguetes nos meus tênis e maldosamente os acendido, dei uma arrancada com tudo para frente, desviando magicamente dos pedaços de coisas não identificadas que insistiam em me atrapalhar e acertar meu lindo rosto.

 Eu rodava e desviava em uma velocidade absurda, como se tivesse em uma das montanhas russas perigosas da Disney. Depois de já estar tonto o suficiente para esquecer de como se faz para respirar, o túnel ficou reto e eu me vi sendo cuspido para fora, chocando-se com tudo sobre uma superfície invisível, me fazendo queixar se estava realmente em um sonho.

Resumindo: Foi dolorosamente demais.

 Com dificuldade, me levantei massageando delicadamente meu rosto, que se não fosse pela minha invulnerabilidade (eu adoro falar isso) provavelmente estaria com uma fratura exposta bem no meio na testa. Após praguejar e amaldiçoar o suficiente para um deus viver a eterna vida dele fugindo das macumbas, eu respirei fundo e dei uma olhada para ver a onde eu fui trazido tão rudemente.

 E puxa vida.

 Eu estava no espaço. Chupe essa, babaca.

 Quer dizer, não era bem o espaço. Eu sabia que estava em um lugar totalmente negro salpicado por pontinhos brancos que radiavam um tipo de luz prateada bem fracamente, então deduzi que fossem estrelas. As estrelinhas bruxelantes não iluminavam nem um palmo abaixo de mim ou em qualquer direção, somente o meu corpo, me tornando um tipo de outdoor de beira de estrada só que no espaço. É, no espaço.

 Acho que fiquei um bom tempo andando pelo vazio até ter certeza absoluta que esse não era um daqueles sonhos que você fica flutuando no espaço, como as pessoas normais sonham. Esse era geralmente aquele sonho meio sangue, que quer dizer que algo muito ruim está para acontecer.

 Dito e feito.

 Assim que pensei nisso, um ar carregado de uma aura tão antiga quanto o mundo, se esgueirou pelo ambiente, rodando em minha volta, causando um tipo de um tornado. Eu me vi tendo de fazer um esforço desumano para conseguir me manter de pé, porém aquilo era empurrado para dentro das minhas narinas com tanta força e persistência, que eu não consegui evitar. Acabei desabando-me sobre o piso gélido e invisível.

Eu tinha certeza absoluta que era um tipo de gás alucinógeno, pois assim que eu toquei o chão, uma imagem nada plausível se gerou em meu cérebro: Uma sombra, mais ou menos em torno dos dois metros de altura, deslizou perigosamente em minha direção, e eu só consegui enxergá-la, pois as estrelas pareciam radiar cada vez mais assim que um passo em minha direção era dado. Ao seu lado, caminhando tranquilamente, havia um garoto que não deveria passar dos 15 anos. Apesar disso, eu não conseguia visualizar seu rosto. Um tipo de borrão o escondia muito bem.

— Eu disse mestre – a voz alterada magicamente do garoto falou – Ele é estúpido o suficiente para ser sugado pela luz.

 A sobra soltou um barulho parecido como um CD de vinil sendo mexido. Deduzi que fosse uma risada.

— Não somente ele, caro discípulo – sua voz era exatamente igual a voz da menininha do meu primeiro sonho, então era obvio que se tratava do mesmo monstro – Parece que uma cria de Atenas também foi estúpida o suficiente.

 Meu coração deu uma batida falha. Como se fosse automático, a primeira coisa que veio em minha cabeça foi o rosto de Annabeth estirado no chão como o meu. Mas pelo o meu alivio, assim que a sombra apontou em direção ao um ponto que brilhava como eu, eu consegui ver o corpo de um garoto desacordado no chão.

 O discípulo olhou para os próprios pés, parecendo procurar um jeito fácil de falar algo.

— Hã, mestre... Aquele meio sangue, hã, não é do mesmo tempo que esse meio sangue – ele avisou apontando para mim.

 A sombra virou a cabeça bruscamente, e se inclinou para mais perto de mim. Um rugido, parecendo como a barriga do Minotauro roncando ecoou pelo ambiente e estranhamente, isso me fez sentir vontade de sair correndo. Vai entender.

— Detesto esse jeito que o tempo passa como um piscar de olhos para mim – grunhiu a sombra – Ande, se livre desse filho do Deus do Mar, temos que dar um jeito naquele ali.

 E então, eu não me lembro mais de nada a não ser de um buraco negro me sugar e eu encontrar os olhos preocupados de Annabeth me encarando.

 Eu me debatia e esperneava enquanto ela pressionava meus ombros com força contra a poltrona, querendo me segurar.

 Abri meus olhos, e tudo entrou em foco. A primeira coisa que vi claramente foi sua boca, que estava centímetros de distancia da minha, mas eu estava atordoado demais com o sonho para pensar em algo malicioso, como o tipo dela estar totalmente beijável nesse momento.

– Pesadelo? – ela sussurrou, sentando-se ao meu lado no banco.

 Eu não conseguia falar, minha garganta estava seca, então simplesmente assenti. Olhei para o lado, e notei o porquê dela estar sussurrando. Todos pareciam já terem adormecido. Lá fora, o céu escuro salpicado por estrelas e por uma lua brilhosa, dominava completamente a vista, me fazendo lembrar do maldito sonho que acabara de ter. Um calafrio correu pela minha espinha e eu segurei o impulso de mostrar isso.

Annabeth estendeu sua garrafinha de água e eu a peguei sem hesitar. A sede torturava minha boca de maneira maldosa.

– Quer me contar com o que sonhou? – ela perguntou.

 A água desceu como néctar em minha garganta, me fazendo despertar completamente. Entreguei a garrafinha quase vazia para ela e lhe contei dos meus dois sonhos.

 No momento que ouviu Calypso, o rosto de Annabeth se contorceu em raiva, mas suavizou-se após eu contar sobre o meio sangue Ted. Então se contorceu em confusão após eu contar a segunda parte do meu sonho. Mas esse ela preferiu ignorar, parecia claramente mais curiosa sobre o meu sonho com Calypso.

 Depois de eu explicar pela terceira vez sobre como os deuses haviam ficados nervosos e agitados por Ted preferir ficar com Calypso a ir embora, ela se pos a falar:

– É o seu castigo – disse compreensiva - É predestinada a ficar sozinha naquela ilha. Vendo todo o meio sangue por quem... Apaixona-se, ir embora – foi meio difícil para ela admiti essa ultima parte – Então, quando um decide ficar, é claro que os deuses irão interferir. Ela não pode ser feliz.

 Eu assenti, porém meu sentindo meio sangue me cutucava que a resposta estava parada bem a minha frente, e minha ignorância me cegava.

– Mas agora, graças ao acordo, eu acredito que ela esteja livre – deduzi esperançoso.

 Ela assentiu de desagrado após ver minha felicidade.

– Mas eu não acho que os deuses tenham a contado que ela esteja livre. Porque, por eles, ela fica lá para todo o sempre.

 E isso fez uma raiva acumulada que eu tenho por eles crescer imensamente dentro do meu peito. Eu sabia, ela sabia, todos nós sabíamos que os deuses eram bem capazes disso para manter presa a filha de um titã. Porque bem, são os deuses. Fazem tudo para manter seus próprios interesses funcionando.

 Após isso, não havia mais sobre o que conversar. Bem, havia, mas preferíamos ficar nos encarando em um silencio incrivelmente confortável. Os roncos de Clarisse e Theodore ecoavam por toda a vã, mas isso não me incomodava mais. De certo modo, eu gostava. Deixava as coisas com um aspecto mais normal e tudo que eu precisava por agora, era um pouco de normalidade em minha vida. Porém eu sabia que as coisas não ficariam assim por muito tempo, por que vamos lá, estamos falando de mim!

– Só para deixar claro, você não está mais brava comigo, certo? – essa provavelmente foi a pergunta mais estúpida que eu já fiz em minha vida, mas eu precisava e muito saber disso.

 Ela sorriu e isso me fez por um momento, esquecer qual era o meu nome.

– Não, eu não estou mais brava com você Cabeça de Alga. E você, está bravo comigo? – apesar do sorriso irônico nos lábios, seus olhos ainda estavam incertos.

– Você sabe que eu não consigo ficar muito tempo bravo com você, sabidinha.

– É eu sei – e ela sorriu novamente, me fazendo esquecer em que ano nós estávamos.

 Se continuar desse jeito, prevejo uma futura amnésia em minha vida. Mas eu não me importava, contanto se ela estivesse ao meu lado.

 Argh.

 Sério, eu estou mesmo parecendo um daqueles caras melosos dos filmes que eu sempre ria e chamava de estúpidos.

  Afrodite, eu já lhe amaldiçoei hoje? Pensei com escárnio.

  Consegui ouvir ao fundo, uma risadinha graciosa e tênue perturbar minha mente como resposta, me fazendo ver que ela havia escutado e se divertia com o meu sofrimento. Deuses, vocês não podem me deixar em paz?

 Uma respiração fraca e suave, que soprava calmamente em meu rosto, me fez despertar dos meus devaneios que consistiam somente em amaldiçoar os deuses. Percebi que Annabeth havia adormecido enquanto me encarava e agora, sua cabeça escorregava em direção ao meu peito.

 Passei meu braço em torno do seu ombro e a acomodei mais perto de mim, tentando lhe deixar mais confortável. Apoiei meu queixo em sua cabeça e rezei aos deuses – uma reza sempre os faz perdoar algumas maldições - para que lhe dessem um sono mais tranqüilo que o meu.

 A vã andou por mais algumas horas até parar em um tipo de posto de estrada para abastecer. E isso me fez lembrar que eu precisava e muito ir ao banheiro. Olhei para Annabeth em meus braços, e notei que não havia a soltado por um minuto, querendo zelar os seus sonhos. E então, olhei pela janela, a portinha feia e mal cuidada, que eu identifiquei sendo o banheiro, me seduziu de maneira profissional.

 Travei uma luta interna contra a minha bexiga, porém, infelizmente ela havia saído triunfante. Com cuidado, empurrei Annabeth em direção à janela, fazendo movimentos suaves para não acorda-la. Assim que me certifiquei que estava tudo bem com ela, saltei para fora da vã.

 Era exatamente o tipo de posto que você tinha certeza que a garçonete  cuspiria em seu prato assim que fosse grosso com ela. Ou talvez não, ela simplesmente poderia achar divertido dividir seus germes com o prato de outra pessoa.

 Não era um posto grande. Quer dizer, era grande, mas não tão grande como os da cidade. Havia uma lanchonete simplória atrás das maquinas de gasolinas, e um letreiro do qual a letra “L” e os “E’s” de lanchonete não brilhavam e piscavam como as outras.

 Ao lado, um pouco mais afastado, havia um borracharia e um cara de regata branca suja de óleos cuidava de uma caminhonete dos tempos de juventude da minha mãe. E isso faz tipo, um milhão de anos. O cara possuía aquele jeitão que iria tirar o motor do seu carro e o substituir por pedras. Eu não confiaria meu carro novo, que infelizmente havia deixado no acampamento aos reparos dos filhos de Hefesto, para ele concertar.

 Assim que meus pés tocaram ao chão, e minhas pernas tiveram que sustentar todo o peso do meu corpo, aliviando um pouco da barra das minhas nádegas, que provavelmente estariam quadras essa hora, meus músculos imploraram para mim os usarem. Atendendo aos seus pedidos, me espreguicei de maneira preguiçosa, e isso foi muito bom.

 Avistei ao motorista que iria ao banheiro, me certificando de que caso ele terminasse de encher o tanque mais cedo, soubesse que eu estava ali. Assim que entrei ao banheiro, notei que estava sendo muito gentil em minha imaginação. O banheiro era aquilo que você chamaria de porqueira completa. Fedia a merda vencida, pedaços de algo marrom, que eu havia certeza absoluta de que eram fezes de outras pessoas, estavam secos e grudados nas paredes de maneira como se tivessem feito uma guerra de merda.

Mas de certo modo, eu não me importei. Eu só precisava usar a patente para mijar. Escolhei a dedo, umas das quatros cabines nojentas para usar. Preferi a ultima, pois ninguém escolhia a ultima.

 Assim que fechei a porta, e desabotoei meu cinto, pronto para mijar, ouvi o barulho de alguém empurrar com violência a porta da primeira cabine.

 Eu, com certeza não tinha um minuto de sossego. Nem para mijar!

– Meio sangue, sinto o seu cheiro – uma foz rouca e sombria cantarolou, empurrando com tudo outra porta.

 Soltei um muxoxo infeliz. Os monstros não me davam paz nem para fazer minhas necessidades.

 Coloquei o sinto novamente e saquei a contracorrente do meu bolso. A destampei como se fosse automático – e de certo modo, era mesmo – e uma espada de bronze de noventa centímetros apareceu em minha mão.

 A segurei com as duas mãos, e esperei. Eu iria fazer exatamente a mesma coisa que queria fazer com a fúria no ônibus. Assim que a criatura abrisse a porta, eu voaria para cima dele, sem dó ou piedade, brandindo com agilidade minha espada.

 Era só um ataque e ele se transformaria em pó instantaneamente.

 E tudo no final, acabou exatamente dando certo. O monstro abriu, revelando ser um ciclope e isso me fez lembrar de Tyson. Por um momento eu hesitei, mas assim que eu vi aquele sorriso amarelado, repleto de maldade e sadismo, eu sabia que não era meu irmão. Avancei sem dó para cima dele, zunindo minha espada em seu tronco. Assim que ele se transformou em pó dourado e caiu sobre minha cabeça como uma chuva de purpurina, eu me voltei à cabine e finalmente consegui mijar em paz.

 Lavei minhas mãos sem encostar-se àquele nojento sabonete sólido. Hei, eu sabia coisas sobre não usar sabonetes sólidos de postos e voltei para a vã, me sentindo estupidamente mais leve, se é que vocês me entendem.

Sentei-me novamente no banco ao lado de Annabeth, só que dessa vez, não a trouxe de volta aos meus braços, simplesmente fiquei a olhando, zelando mais uma vez o seu sono.

 

—----

 

– Nós estamos em São Francisco – alguém afirmou desgostoso.

Eu sabia que estávamos aqui. Aquele cheiro de menta fresca inundou minhas narinas de maneira tão devastadora assim que eu desci do táxi, que eu nem tive tempo para ver o que havia me atingido. Só após de ouvir um praguejar em grego antigo, que eu identifiquei algo como “merda”, consegui assimilar tudo.

 Merda! Estávamos realmente em São Francisco.

 Uma curiosidade sobre essa cidade: Meios sangues não podem morar nela. O por quê? Por acaso, a fortaleza dos Titãs reside aqui. A quem diga também que é por causa dos dragões, que adoram comer as copas das arvores, tentando assim, disfarçar um pouco o bafo de peixe morto.

 Mas é só uma curiosidade. Há coisas boas aqui também, como o fato de Annabeth morar aqui.

 Theodore desceu da vã e aspirou com um sorriso bobo o ar úmido e estupidamente enjoativo da cidade.

– Eu adoro São Francisco.

– Fale por si só – Thalia resmungou, e sua tiara das caçadoras brilhou por um momento.

 De repente, tudo veio átona. A quatro anos atrás, quando nós viemos aqui para resgatar Annabeth, que havia sido seqüestrada e obrigada por Luke a segurar os céus no lugar de Atlas. O resultado disso foi uma mancha acinzentada em seus cachos, que combinava perfeitamente com os seus cachos loiros. Também, quando a Zoe Doce e Amarga dera sua vida para tentar nos salvar do seu pai titã, fazendo assim Thalia assumir seu lugar como tenente das caçadoras.

 Tantas histórias por ficar apenas algumas horas aqui.

 Annabeth pendurou sua mochila nos ombros e fitou sem emoção Theodore. Ela, entre todos nós, era provavelmente a que menos gostava daqui. Eu meio que a entendia.

– O que estamos fazendo nessa cidade?

– Resgatando a princesa – o velho respondeu casualmente, pagando o taxista.

 De certo modo, eu não havia ficado surpreso que a fortaleza prateada ficasse aqui. Porque vamos lá, tudo de ruim fica em São Francisco. Menos a Annabeth, claro.

 O taxista assim que recebeu o seu dinheiro, partiu como um louco em direção a Los Angeles, provavelmente evitando quaisquer chances de precisarmos dele novamente. Como se fossemos vândalos. Ta legal que assim que todos já estavam despertos Nico e Clarisse finalmente voltaram a agir como antes, quase matando um ao outro. Por acaso, quando o taxista foi ver o porque de toda a gritaria, ele por um vislumbre, consegui enxergar a faca que Clarisse usaria no homicídio de Nico. Mas, tirando isso, fomos perfeitamente civilizados.

– E a onde se encontra essa fortaleza? – foi a vez de Nico dar sinal de vida.

– Em São Francisco – Theodore respondeu rindo da própria piada.

 Sério, as piadas desse cara ainda vão ser as causas de sua morte um dia. Anote isso.

 Ele provavelmente percebeu as nossas caras de “cara, você não é engraçado” e parou de rir, meio constrangido por fazer isso sozinho. Ah, vamos lá, as pessoas deveriam ter o bom senso de quando são inconvenientes.

 Theodore ajeitou a postura, ficando quase em posição de sentindo e tossiu.

– Bem, ela fica escondida. Mas antes de irmos para lá, precisamos comprar algumas coisas.

– Como o que? – perguntei.

– Roupas e equipamentos... Apropriados.

 Ele levantou o dedo para frente, nos fazendo perceber que só agora estávamos exatamente parados bem a frente de uma loja esportiva. Não foi surpresa que sobrancelhas franziram assim que ele marchou todo sorridente para dentro da loja, perguntando a atendente a onde estava os equipamentos e as roupas de alpinismo.

 Sentamos-nos em alguns pufes dispostos na entrada da loja e observamos cuidadosamente, com um enorme ponto de interrogação na cabeça, Theodore escolher entusiasmo juntamente com a atendente, roupas próprias de escaladas de todos os tamanhos e tecidos para nós.

 De certo modo, ele parecia nossa mãe.  

 Depois de um tempo que pareceu mais uma eternidade, ele chegou com os braços cheio de roupas e a atendente veio atrás dele, juntamente carregando a mesma – ou até mais – quantidade de coisas.

 Acabou que tivemos que experimentar dezenas de peças até finalmente encontrar uma o.k. No fim, acabei ficando com uma calça totalmente preta e larga, muito flexível aos movimentos. Um coturno igualmente escuro de escalada, que era totalmente ao contrario de alguma coisa própria para escalada, já que pesava algo que parecia uma tonelada. E uma camisa regada branca, que vinha acompanhada com um moletom da Nike. De certo modo, eu estava confortável. Tirando o calçado, é claro.

 Annabeth e os outros vestiram algo semelhante ao meu, tirando que Nico preferiu usar sua jaqueta de aviador em vez de algo próprio para escaladas e Annabeth que não abandonou sua fiel bota.

 Theodore comprou sem parecer incomodado, todas as roupas e os equipamentos propriamente feitos para o alpinismo. Não discutimos e nem falamos nada, porque afinal, nosso dinheiro foi detalhadamente contado por Annabeth, que previu mais ou menos o quanto gastaríamos nessa viajem pelo mundo.

 Eu sei, ela tem alguns episódios de transtorno obsessivo compulsivo.

 Carregando mochilas pesadíssimas nas costas, saímos da loja em quanto Theodore ligava para uma companhia de aluguel de automóveis, pedindo uma mini-vã.

 Em quanto esperávamos, Theodore conversa por alguém pelo telefone, e parecia ser importante de acordo com as linhas de preocupação expostas em sua testa. Então, de repente, me veio a cabeça que Theodore parecia ser um homem muito importante. Isso fez uma pergunta um tanto quanto obvia aparecer em minha mente.

 Esperei ele desligar o telefone e me aproximei – cauteloso.

 – Theodore – começou chamando a sua atenção. Ele virou para mim e sorriu.

– Sim?

 Olhei para o meio fio em qual eu brincava de me equilibrar (por favor, não pergunte), tentando tirar alguma coragem da pintura branca já encardida.

– Porque você vai aquele bar? – suas sobrancelhas franziram – Quer dizer, você é rico, parece ser importante e é estupidamente feliz. Sem contar que eu não vi um copo se quer em sua mesa quando te conheci. Não há motivos para você ir lá.

 Uma sombra passou pelos seus olhos e isso de certo modo me fez me amaldiçoar por ser tão curioso.

 Com uma voz sem emoção ele me respondeu algo que eu definitivamente não esperava:

– Gosto de ir lá porque posso ver que há pessoas sofrendo mais que eu, e de certo modo, isso me alegra.

 E sem esperar eu responder alguma coisa, ele pegou seu celular e se afastou de mim, me deixando com uma expressão nada amigável no rosto. 


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Notas finais do capítulo

Ta ai, ta ai. Espero que tenham gostado. Foi muito dificil escrever ele pois simplesmente uma hora, minha inspiração desapareceu. Só foi retornar quando eu terminei de ler uma questão de uma prova do colégio. Tipo, foi como uma explosão de ideias. -q
Espero que tenham gostado e até mais. x]
bgsbgs:*