Namiville escrita por Sue Dii


Capítulo 2
Capítulo II. Noite Agitada


Notas iniciais do capítulo

Yo, minna-san! Neste capítulo vamos conhecer um pouco do famoso Varia Saloon de Namiville, espero que gostem!
Divirtam-se!



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Capítulo II. Noite agitada

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Ryohei parou a carroça no fim da rua principal, próximo à igreja onde Kyoko fora se apresentar ao padre do local. Tsuna olhava sorridente para a nova cidade, como já era noite, logo notou a casa com várias luzes acesas e a placa anunciando o Varia Saloon - nunca em sua vida entrara em um.

 

- Quer beber um pouco, Sawada? – ouviu o convite vindo de seu amigo e assentiu, entraria num Saloon pela primeira vez em sua vida, mesmo tendo mais de vinte anos! – É bom porque assim nós já conhecemos ao extremo o pessoal! – soltou. Sawada apenas não entendia a mania que Sasagawa tinha de colocar o termo “ao extremo” no meio das afirmações.

 

- Mama, Senhor Sasagawa e eu vamos ao Saloon. Fique aqui e descanse um pouco, ainda precisaremos ver cavalos para irmos até a fazenda da prima Aria...

 

- Você vai demorar, Tsu? – perguntou a mãe num tom inocente, seu filho lhe sorriu e balançou a cabeça negativamente.

 

- Qualquer coisa, vá até aquela igreja ali, a irmã Kyoko está lá conversando com o padre... – indicou, sentindo uma sensação estranha de o estômago borbulhar ao pensar novamente na irmã de Ryohei como freira.

 

- Ah, sim... Tudo bem então, Tsu, mama vai até lá...

 

- Ah, só vá se precisar! Por enquanto, descanse aqui, sim? – tratou de consertar, antes que sua mãe doente decidisse sair da carroça e perambular pela cidade.

 

- Ah, sim... – deitou-se sobre o lençol que improvisaram na parte coberta da carroça e fechou os olhos, no que Tsuna finalmente suspirou.

 

- Deve ser um problema você cuidar sozinho da sua mãe assim... – o amigo comentou enquanto se afastavam.

 

Tsuna balançou a cabeça negativamente, sorrindo.

 

- Sou filho único, eu tenho essa responsabilidade. – comentou – E fora isso, eu passei muito tempo com mama para deixá-la sozinha agora. Como eu não sou pai de família, é o mínimo que eu posso fazer...

 

Ryohei assentiu e deu umas palmadas no ombro de Tsuna, quase o levando no chão com a força que usou inconscientemente. Ainda bem que se encontraram na estrada, com certeza seriam bons amigos ali na cidade.

 

Chegaram finalmente ao Saloon e adentraram; o local já se encontrava cheio, com mesas sendo ocupadas por apostadores e algo que Sawada nunca vira na vida: mulheres desfilando apenas de roupas íntimas entre os homens, que sorriam e as apalpavam sem qualquer pudor. Corou como um menino ao ver aquilo, não estava acostumado a tamanha indecência e entendeu o motivo de nunca ter sido levado ao Saloon por seu pai - ele era ausente, mas amava a sua mãe mais do que qualquer coisa.

 

“Então... É isso que é um Saloon?”

 

- Algum problema, Sawada? – Ryohei perguntou, como se aquela bagunça toda fosse a coisa mais normal do mundo.

 

Piscou algumas vezes enquanto também se acostumava com a iluminação, pensando no que responder. Como diria que nunca havia entrado em um lugar daqueles na vida, quando todos ali pareciam tão acostumados àquela realidade?

 

- Não é nada, acho que é a iluminação... – mentiu por fim.

 

- Ah, se for isso tudo bem, você já se acostuma! – comentou, dando-lhe outro tabefe no ombro e o fazendo tremer.

 

Sawada sorriu amarelo e em seguida, algo o fez olhar para a mulher que passara timidamente por ele “Aquela carteira na mão dela é minha?!”.

 

- Hei, moça! – chamou, correndo atrás dela entre os marmanjos que bebiam, fumavam e jogavam, tropeçando no pé de alguns deles, mas logo se levantando. Precisava de seu dinheiro, ou não poderia comprar cavalos para ir até a fazenda de sua prima que ficava aos arredores da cidade.

 

A moça de madeixas índigo e que só enxergava com o olho esquerdo virou-se rapidamente para confirmar que estava sendo seguida. Suspirou, não podia esperar que alguém entregasse pacificamente a carteira, ainda mais quando ela não fizera serviço nenhum. Fechou os olhos com força enquanto corria de volta para o porão de onde escapara, precisava de dinheiro para voltar para casa, para o seu verdadeiro senhor.

 

O seu percurso só foi interrompido quando tropeçou no pé de um dos jogadores da quinta mesa e este a fuzilou com o olhar, levantando-a pelo coque mal feito.

 

- Sua vadia! O que pensa que está fazendo, hein?! – berrou, a mulher se encolheu perante o tratamento rude, o que só serviu para divertir ainda mais ao sujeito com expressão sádica no rosto. – Vadia! Peça desculpas, voooooooooi!

 

- Hei, senhor! – ouviu-se então uma voz masculina e o homem de longas madeixas alvas voltou seu olhar hostil a Sawada, que o encarava com a mão fechada. – Solte essa moça, por favor. – pediu, procurando não se alterar e nem se demonstrar hesitante, já que não era bom em brigas desde que se entendia por gente.

 

- “Solte essa moça, por favor”? Fale como homem, seu maricas! – puxou ainda mais o cabelo já solto da jovem, que se encolhia com os olhos lacrimosos.

 

- Solte essa moça, eu já disse. – não sabia como, mas sempre que estava realmente determinado a conseguir alguma coisa, tanto seu tom de voz como sua expressão mudavam, até mesmo brigar ele conseguia quando estava daquele jeito.

 

Soerguendo a sobrancelha, o homem de madeixas brancas o provocou outra vez, maltratando um pouco mais a pequena ladra, para logo largá-la e ir para cima de Sawada, sacando uma espada para usar como arma.

 

- Droga! Briga! – ouviram alguém gritar de longe, a garota com a carteira de Tsuna se escondeu sob a quarta mesa de pôquer enquanto assistia à briga que se dava entre os dois, o rapaz que ela roubou se esquivava dos golpes com a espada, usando apenas os braços e as pernas naquela luta injusta.

 

***

 

- Hahi!

 

Ela não pôde deixar de acordar com o som da gritaria na rua, e ao olhar para o lado, viu que seu marido também despertava. O olhar estava completamente diferente daquele que ele lhe dirigiu quando chegou, estava mais quente, e ao mesmo tempo, mais ameaçador.

 

- Sheriff... – chamou, ele a fitou de soslaio e se levantou, vestindo-se numa velocidade incomparável enquanto ela apenas o fitava, o lençol cobrindo o corpo nu.

 

- Fique longe do parapeito e não saia daqui. – ordenou, pegando por fim as pistolas deixadas ao lado dos bordados de sua esposa e encaixando-as no coldre, para pegar também as tonfas (suas armas favoritas), jogadas próximas à porta do quarto.

 

- Cuidado... – pediu quase num sussurro, sabia que ele não gostaria de ouvi-la falando aquilo, era orgulhoso demais até mesmo para admitir precisar de cautela.

 

Quando ele saiu, ela pôs as mãos sobre o rosto, estava inconformada. Como podia odiá-lo tanto e ainda se embriagar com aquele cheiro? Como podia querer fugir dele e ao mesmo tempo temer por sua vida? Apertou o lençol que lhe cobria, tinha que admitir para si mesma que naquele momento, não importava o quanto o odiasse, o queria de volta naquela cama.

 

***

 

O pianista apenas interrompeu a animada música e puxou a cadeira um pouco mais para o lado enquanto acendia um cigarro para assistir à briga, era comum que alguns se desentendessem no Varia, mas nunca havia visto uma confusão tão grande e também não conhecia o sujeito que lutava contra Superbia Squalo tão descuidadamente.

 

- Está tudo bem em ficarmos aqui, Gokudera? – ouviu seu novo amigo perguntar e deu de ombros, o outro fez o mesmo. – Justo quando eu fui pedir mais uma rodada...

 

- Vai ter que se acostumar com isso, seu idiota da mina. – soltou, Yamamoto deu uma risada descontraída mesmo em meio àquele tumulto de pessoas querendo sair e outros gritando do lado de fora. – Logo, logo aquele desgraçado vai aparecer por aqui... – o de cabelos prateados previu, Yamamoto voltou seu olhar para ele. – Xanxus, o dono do Varia. – anunciou em tom sombrio, fazendo o indígena se lembrar da conversa na capela.

 

***

 

Ele desceu as escadas que ligavam sua casa à rua e apressadamente foi de encontro ao local do tumulto, uma vontade assassina tomando conta de si. Aqueles bêbados haviam conseguido lhe estragar o humor, tirando-lhe da cama em plena noite e ainda arrumando confusão no maldito Saloon. Era por isso que odiava aquele bar fétido, e por isso também que odiava grupos. Onde havia agrupamento, sempre havia desordem.

 

Chegando ao local, já tratou de bater em treze na entrada, os herbívoros – como chamava aos mais fracos – sempre tentavam acobertar e tumultuar ainda mais a porcaria que eles mesmos faziam, como se pudessem evitar um estrago maior. Adentrou o Varia Saloon e foi o suficiente para que metade dos homens ainda restantes no local tentasse fugir, e também foi motivo suficiente para que ele deixasse toda aquela porção no mínimo inconsciente.

 

Franziu o cenho ao ver que alguns poucos ainda se distraíam vendo uma briga acontecer mais ao fundo do bar, e notou que um dos arruaceiros era novo na cidade.

 

- Hei, seu lixo! – ouviu alguém gritar da escada e ignorou, sabia bem quem era. – O que está fazendo no meu território? – indagou, tinha uma arma em mãos e os olhos transpareciam sede de sangue, tanto quanto ele mesmo mostrava sua aura assassina.

 

- A sua propriedade fica dentro da minha cidade. – respondeu calmamente, voltando o olhar apenas um por um segundo para o dono do bar, para logo prestar atenção à briga e aos móveis se quebrando enquanto alguns homens alegres demais soltavam tiros no alto.

 

- Seu lixo! Da minha espelunca cuido eu! – gritou, descarregando a arma em cima do sheriff, que apenas desviou das balas numa velocidade invisível a um humano normal, parecia até mesmo que as balas o haviam atravessado.

 

- Aquele é... – Yamamoto franziu o cenho ao notar a estrela presa ao terno de Hibari, então aquele homem de habilidade monstruosa era o marido da delicada dama do parapeito?

 

- Ah... Aquele é o Hibari, o sheriff. – confirmou, jogando o toco de cigarro no chão. – Xanxus e ele estão para se matar há tempos... – soltou, Takeshi virou o rosto para cima e encontrou o dono do bar com a expressão séria, Xanxus estava terrivelmente mal humorado.

 

- Seus lixos! – Xanxus gritou, carregando a arma e atirando também para cima com o intuito de chamar a atenção dos clientes, não era bom irritar o segundo homem mais influente de Namiville.

 

- Vou bater em todos até a morte! – anunciou o sheriff, correndo e acertando com velocidade sobre-humana os mais de dez clientes do Varia, sem se preocupar se ali era ou não o “território de Xanxus”, o dono do Saloon cada vez mais irritado com a ousadia de Kyoya Hibari.

 

- Aquele Hibari não vai vir nos bater também? – indagou, voltando o olhar para a confusão que se dava.

 

- Ele sempre vai direto para onde está a confusão, não gosta de ver gente agrupada. Se não estivermos fazendo nada demais, vai passar reto. – explicou indiferente.

 

Yamamoto voltou então o olhar para Tsuna e Squalo, perguntava-se qual era o mais impressionante, se o cara que manejava uma espada como se fosse parte do próprio braço ou se o cara que mesmo desarmado, conseguia manter-se sem feridas graves naquela briga. Viu então que Hibari se aproximava deles numa velocidade descomunal, e com uma força também fora do comum, acertou cada um com uma tonfa e os apagou, pegando-os pelos braços para lhes arrastar do Varia até uma cela em seu escritório.

 

- Hei! Pra onde você está levando o Sawada?! Não foi ele quem começou a briga! Eu vi tudo ao extremo! – a dupla de garimpeiro e comerciante viu um homem gritar energético, não se podia falar que ele era tão estourado vendo o modo como observara a briga, concluiu Gokudera.

 

- Fique quieto ou eu baterei em você até a morte. – o sheriff avisou, direcionando ao Sasagawa um olhar que expressava bem a sua aura assassina.

 

Com o cenho franzido, Ryohei decidiu que ainda assim seguiria o homem que levava Tsuna para a cadeia, não fosse uma mão segurar seu ombro.

 

- Você é idiota, seu cabeça de grama?! Quer ser preso também? – Gokudera indagou, fazendo-o se virar para ele com a expressão transbordando raiva.

 

- Sawada  não é um arruaceiro! Ele foi defender aquela guria que inclusive roubou dele! – apontou para a mesa onde antes estava a pequena ladra.

 

- Calma, calma... – o indígena pediu, abanando as mãos para os dois – Se você for preso, quem vai pagar a fiança dele? – indagou, no que Ryohei arregalou os olhos.

 

- Fiança?

 

O chamado “cabeça de grama” coçou a cabeça sem jeito, não sabia se tinha dinheiro suficiente para uma fiança, enquanto que Yamamoto apenas sorria sem jeito e Gokudera o encarava, a expressão carrancuda e uma sobrancelha soerguida.

 

***

 

Acordou e se sentiu um pouco tonto, tinha dores pelo corpo todo e pelo visto, também estava com torcicolo. Virou para o lado e além da dor, sentiu-se arrepiar quando notou o homem com quem havia brigado no dia anterior ainda desmaiado.

 

- Hahi! Ele não parece ser tão mal assim... – ouviu uma voz feminina e com esforço se virou, vendo uma moça de vestido branco e chapéu combinando, o cabelo preto estava preso e ela deixava mechas de uma franja comprida lhe moldar o rosto.

 

Viu então que o sheriff se virava para a cela para encará-lo, ele definitivamente não era alguém com quem devia se meter.

 

- É um arruaceiro. – explicou para a mulher inconformada.

 

A mulher suspirou então, deixando um embrulho sobre a mesa do sheriff.

 

- Aqui o seu almoço. Agora a Haru vai à igreja. – avisou, ele assentiu e ela se retirou.

 

Sawada sentiu seu estômago roncar, quanto tempo ficara desacordado? Que horas eram? Só se lembrava de ter levado um golpe e apagado, nada fazia sentido depois daquilo, inclusive o fato de acordar no mesmo recinto que o homem barulhento com quem havia se desentendido.

 

- Ah... Bem... – o olhar que o sheriff lhe direcionou o impediu de prosseguir – Nada, nada... Bom almoço para o senhor... – desejou com um sorriso amarelo, o homem simplesmente voltou seu olhar para o embrulho, tirando de lá os talheres e o prato com comida, colocando-o sobre o prato usado como tampa, para começar a almoçar silenciosamente.

 

O cheiro certamente atordoava ao Sawada, há quanto tempo não comia algo decente? Desde quando sua mãe ficara doente, era ele quem se virava com sopas de legumes, nada tão bom... Inconscientemente inspirou, sentindo o cheiro de bife e arroz, como queria poder comer tão bem!

 

Uma batida na porta interrompeu o almoço de Hibari e Tsuna arregalou os olhos à direção da entrada do escritório. Quem teria tamanha ousadia?

 

- Eu vim pagar a fiança daquele inútil. – ouviu uma voz desconhecida e o homem de terno e chapéu pretos apontou para si, entregando um saquinho que Tsuna julgou cheio de moedas para o sujeito que abriu e começou a contar.

 

“Quem é esse cara? Por que ele está pagando a minha fiança?” perguntou-se, não se lembrava de ter visto aquele homem de postura ereta e voz firme em nenhum lugar, não imaginava que tipo de interesse o desconhecido podia ter sobre alguém que ele mesmo denominou “inútil”.

 

- Está tudo certo. – o sheriff afirmou, pegando a chave e abrindo a cela para puxar Sawada bruscamente, o detento se desequilibrou e caiu aos pés do homem de terno preto, que sorriu e balançou a cabeça negativamente.

 

- É um inútil mesmo... Vamos, Tsuna! Vou ser o seu tutor a partir de agora.

 

- Hã?!

 

***

 

Quando Haru adentrou a pequena capela, surpreendeu-se em ver alguém ali, ainda mais por esse alguém ser um homem comum e não um padre. O homem ajoelhado e de mãos juntas de certa forma lhe passou uma calma que há muito ela não sentia, fazendo-a sorrir inconscientemente.

 

Ele fez o sinal da cruz e então se levantou, voltando o seu olhar para ela, que virou o rosto para o lado - não era apropriado para uma mulher casada ficar olhando outros homens que não fossem os próprios maridos, afinal. Suspirou, logo quando estava lá para se confessar, cometia outro pecado?...

 

- Tudo bem com a senhora? – ouviu-o perguntar e voltou o rosto para ele, o olhar um pouco arregalado o fazendo sorrir. – Não sei por que, mas todos se espantam quando eu puxo conversa, hahaha... – comentou abertamente, ele era muito diferente dos homens que ela conhecia e se perguntou se seria uma diferença cultural.

 

- Haru... – interrompeu-se, seu costume de referir-se a si mesma pelo próprio nome às vezes não pegava bem, soava como se estivesse soltando informação para um estranho.

 

- Haru? Que nome bonito! – exclamou, sorrindo abertamente – Meu nome é Takeshi Yamamoto. – apresentou-se, Haru assentiu um tanto atônita.

 

- Mr. Yamamoto... – soltou o nome do recém conhecido formalmente, como um modo de manter distância. – Haru Hibari, o senhor deve conhecer o meu marido...

 

- Ah, sim! O cara das tonfas, ne? – comentou sorrindo, Haru não pôde deixar de rir pelo modo um tanto simplista e diferente de Yamamoto tachar o sheriff.

 

- É... O cara das tonfas! – começou a rir, Takeshi sorriu ao ver que conseguira fazer a mulher tão triste do dia anterior se mostrar tão animada.

 

Vendo que o homem não era um atirado, mas apenas um homem aberto a novas amizades, Haru finalmente se sentiu à vontade para conversar com alguém, o que não sentia fazia anos.

 

- Então, o que o senhor faz aqui? – indagou.

 

- Eu sou novo na cidade, vim trabalhar na mina com o meu pai. – começou a explicar – Daí eu vim rezar um pouco, pedindo bênção, hahaha...

 

A Hibari piscou algumas vezes, surpresa com a humildade do homem à sua frente. Estava acostumada a lidar com um homem orgulhoso demais para admitir precisar de bênçãos ou proteção e desde que se entendera por casada, seu marido nunca a acompanhara em uma missa sequer.

 

- Então, que o senhor seja abençoado no seu garimpo, Mr. Yamamoto! – desejou, Takeshi abriu um sorriso enorme, satisfeito com o ato de sua musa.

 

Haru piscou algumas vezes novamente, a tranquilidade, a humildade e a receptividade daquele homem certamente mexiam com ela, há anos sentia falta de algo assim e era como se de repente, suas preces fossem atendias – de um jeito torto, bem torto. “Hahi! O que é isso que eu estou pensando! Haru já tem o sheriff, não pode ficar sonhando com outros homens!” repreendeu-se, mesmo que uma parte quisesse conhecer melhor Takeshi Yamamoto.

 

***

 

- CADÊ AQUELE PEDAÇO DE LIXO?! – podia-se ouvir Xanxus gritando dentro do Saloon, algumas mulheres corriam se afastando, enquanto Lussuria, o barman, tentava acalmá-lo.

 

- Eu já disse que aquela garota só nos traria problemas, não sei por que fez tanta questão dela! – comentou com seu tom afeminado, gesticulando para dar mais ênfase ao que falava.

 

- NÃO ME INTERESSA! CADÊ ELA? – indagou, Lussuria suspirou pesadamente antes de chamar uma das rameiras com o dedo.

 

- Procure a tal da Chrome, ache-a e traga até aqui de qualquer jeito, entendeu? – ordenou, a mulher assentiu e saiu em direção ao porão. – E boss, você não vai pagar a fiança do Squ?

 

O olhar direcionado ao barman o fez colocar os braços à frente com intuito de autoproteção, não queria irritá-lo, só estava preocupado com Squalo, não era a primeira vez que parava na cadeia.

 

- Eu vejo que estavam procurando essa aqui, shshsh... – chegou o rapaz de madeixas douradas com seu sorriso de escárnio, empurrando a garota de madeixas índigo para o chefe com olhar assassino.

 

- Bel! Você pode me emprestar dinheiro? – Lussuria foi direto ao assunto, não gostava da ideia de manter Squalo preso.

 

- Eu posso soltá-lo de lá, se me pagar o preço justo. – ouviram outro sujeito se aproximar, era Marmon, o misterioso mercenário que dizia ter jogado o seu passado fora.

 

- O QUE TODOS VOCÊS ESTÃO FAZENDO AQUI, SEUS LIXOS?! – Xanxus berrou, fazendo com que Belphegor, Marmon e Lussuria deixassem o local imediatamente.

 

Chrome tremia perante a ideia de ficar sozinha com aquele homem enquanto subia forçada a escadaria, por incrível que fosse ainda era donzela e a aterrorizava a ideia de se entregar a qualquer um.

 

- Perdoe-me, senhor... – pediu, a voz saindo ainda mais baixa que o natural.

 

Xanxus a olhou de esguelha e estendeu a mão, se ela tinha causado aquela confusão toda, queria pelo menos o dinheiro para consertar os móveis quebrados naquele pedaço de inferno que era o Varia.

 

- Eu não tenho nada...

 

- ENTÃO VAI TRABALHAR, ESCRAVA! – gritou, levantando-se de sua poltrona para abrir a porta e tacá-la de mau jeito, a mulher caiu no chão com o golpe, era muito frágil. – LUSSURIA! – chamou, o barman correu até ele antes que o seu patrão tivesse um ataque – Faça esse pedaço de lixo conseguir o dinheiro pra fiança do Squalo e também o dinheiro para consertar toda essa merda!

 

- OK, OK! – respondeu, puxando a escravinha com um pouco mais de jeito pela escada, até por sua natureza afeminada.

 

Encolhida enquanto era levada para baixo, Chrome Dokuro deixou escapar um fio de lágrima, sentia falta de sua verdadeira casa e não poderia demorar a escapar daquele bar e voltar para seu verdadeiro dono, ou acabaria corrompida como as outras que a fitavam com inveja ou desdém. “Lord Mukuro...”.

 

***

 

Era um tanto quanto incômodo ter que apressar os passos para acompanhar o misterioso homem de preto, e era certamente incômodo não saber nada sobre um homem que já chegara a lhe chamar por um apelido de família, pagando a sua fiança e falando que seria seu tutor. “Quem é esse cara?”.

 

- Sabe montar, pelo menos? – indagou, chegando num local onde haviam dois Marchadores presos.

 

- Sei, claro que eu sei! – “Ele por acaso anda me subestimando?” indagou, o cenho franzido.

 

- Ótimo, sua mama já está com Aria, vamos logo para lá.

 

“Ele conhece a prima Aria, então?”, um pouco mais conformado, montou em um dos cavalos e passou a seguir o sujeito.

 

Uma hora de viagem os levou até a tranquila fazenda de Ária, que em nada lembrava o tumulto em Namiville. Tsuna, observando cada detalhe, sorria abertamente, sua prima sempre dera sorte com terras pelo que seu pai comentava. Olhou para a casa branca mais ao fundo e o seu sorriso se alargou, fazia anos que não via as suas primas, como devia estar Aria? Teria Uni, sua filha, crescido bastante?

 

- Parece que já podemos começar. – o outro finalmente falou, um sorriso brotou em seu rosto.

 

- Hã?

 

- Tsuna, eu tenho algumas coisas para contar a você.

 

Sawada sentiu seu estômago querendo lhe sair pela boca com a ansiedade que tomou conta de si. Quem era aquele homem que conhecia suas primas? Quem era aquele homem que o tratava pelo primeiro nome? Por que ele havia pagado a sua fiança e o que ele queria dizer com ser seu tutor?

 

- Estou atento. – respondeu, o homem assentiu e desceu do cavalo, Tsuna o acompanhou até a sala de visitas de Aria.


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Notas finais do capítulo

Continua!

Desde já, agradeço a quem está acompanhando, até porque eu sei que não há muitas pessoas que conheçam KHR... Dômo arigatou, minna-sama!

Reviews? .-.



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