Namiville escrita por Sue Dii


Capítulo 1
Capítulo I. Tarde Tempestuosa


Notas iniciais do capítulo

Numa tarde tempestuosa, introduzo vocês a alguns dos brilhantes personagens desta história...

Boa leitura!



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Capa capítulo 01 - Tsuna

 

Capítulo I. Tarde Tempestuosa

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Folhas secas caídas de árvores esquecidas naquelas terras anunciavam ao rapaz da pequena carroça que estavam chegando ao destino. Permitiu-se desviar os olhos da estrada para observar a mãe doente que se encontrava em repouso na parte coberta, sorriu ao ver que ela dormia tranquilamente ali - o que não a via fazer há semanas. Voltou seu olhar para frente enquanto os cavalos Albus e Nero (nomes latinos dados a eles pela ascendência italiana de seu falecido pai) seguiam rumo à pequena cidade do novo estado de Louisiana.

 

Cerrou os punhos ao se lembrar da fatídica tarde em que o corpo de Iemitsu chegara aos portões de seu humilde sítio sobre uma carroça deveras velha, como se ele fosse um trapo qualquer a ser entregue para os Sawada a fim de que “aprendessem a lição”, lição essa que ele, Tsuna, sequer podia dizer do que se tratava. Balançou a cabeça negativamente, não podia deixar de odiar os que haviam tirado-lhe o pai e levado embora a sanidade de sua boa mãe, mas também não podia negar: seu pai sempre fora um tanto misterioso nos quesitos trabalho e dinheiro, estava sempre ausente e não se podia saber o que ele fazia para sustentá-los, apenas dizia que o dever do filho era cuidar das posses do pai e o deixava no comando do sítio, longe da sua vida profissional.

 

Suspirou, sentia-se completamente inútil ao ver Nana naquele estado, ao ter que vender o sítio em que passou a vida toda para se mudar e evitar que a mãe ficasse mais doente ou pior: que quem quer que fosse voltasse para “apagá-los” como fizeram com seu pai.

Fechou as mãos com mais força, iria cuidar de sua mãe como se fosse o seu último desejo enquanto vivo, iria protegê-la de tudo e todos, não faria a mesma besteira que o seu pai de expô-los ao perigo.

 

Pensando naquilo, não notou que naquele exato momento, as rodas direitas de sua carroça entalavam no lamaceiro formado pela densa chuva do dia anterior e que as correntes que mantinham os cavalos presos à carroça acabaram de se soltar...

 

***

 

Olhou com aparente indiferença para o céu nublado após deixar o Varia Saloon e acendeu outro cigarro, não demoraria a vir uma tempestade ainda naquela tarde e ele não estava com vontade de voltar para o quarto sujo da pensão que alugava na cidade, tampouco para a sua loja. Tragava enquanto pensava no que faria, quando viu um homem deixando o cavalo Marchador perto da sua égua Appaloosa, ele era alto e ao vê-lo se virar e caminhar a sua direção, o de melenas prateadas notou que ele tinha traços indígenas.

Sorriu de canto, não que ligasse muito para a questão racial, mas sabia bem o que um indígena poderia procurar numa área de branco: confusão.

 

- E aí? – ouviu-o perguntar e olhou furtivamente para os lados, o cara estava falando com ele? – Sabe como é; eu sou novo por aqui... – disse, rindo abertamente em seguida, o outro tratou apenas de dar mais uma tragada. – Yamamoto. Eu vim com o meu pai para trabalharmos na mina, hahaha...

 

- Tsc... – finalizou o cigarro e tacou no chão, não estava interessado em saber quem era o sujeito à sua frente e qualquer um que o conhecesse o suficiente sabia que não se devia esperar nenhum favor. – Eu não sou de ajudar, se quer saber.

 

- Não estou procurando ajuda por enquanto. – o outro respondeu com um sorriso, o de melenas prateadas soergueu uma sobrancelha perante a resposta. “O que esse cara está fazendo aqui, então?” questionou consigo mesmo, sem, no entanto, vocalizar a dúvida para o indígena sorridente.

 

Parou então ao se lembrar do que Yamamoto dissera: “Eu vim com o meu pai para trabalharmos na mina, hahaha...”. “Ele disse mina?”. Com uma expressão completamente diferente da anterior, finalmente estendeu a mão ao indígena, que olhou surpreso e logo a apertou.

 

- Gokudera. Eu vendo explosivos e materiais para garimpo, minha loja é lá na esquina. – apontou o comércio com a placa “Fechado”, o tom de voz bem mais cortês que da última vez. – Não sou de ajudar, mas se precisar de qualquer coisa... – soltou como que casualmente, o minerador sorriu e assentiu, não fazia ideia de que Gokudera estava apenas interessado no que sairia de seus garimpos.

 

Voltando então os olhos castanhos para observar o tempo e também e nova cidade, seu olhar parou numa moça que estava debruçada sobre o parapeito de uma janela do outro lado da rua, o cômodo em que se ela encontrava estava acima da delegacia. O vestido rosa combinava com o seu tom de pele e o crucifixo de ouro que usava mostrava que ela era rica, mas ainda assim... Os lindos olhos chocolate mostravam nada mais que melancolia enquanto a moça olhava para o nada, sem saber que estava sendo observada.

 

- Yamamoto? – ouviu o comerciante lhe chamar.

 

- Hã? Hahaha... Fiquei distraído com o tempo... – comentou, não entendeu a expressão de seu novo amigo.

 

- Estava olhando para aquela mulher? Não se meta com ela. – avisou num tom sombrio, o indígena franziu o cenho em resposta. – Vamos, vou mostrar uma parte da cidade e depois você me paga outra bebida. – decidiu, tirando o conhecido de frente do Varia Saloon e o levando para outra rua, sem se importar com os olhares sobre o indígena e sobre si.

 

Enquanto acendia mais um cigarro, Hayato Gokudera não notou que Takeshi Yamamoto observava lágrimas finas escorrerem sobre o rosto delicado da desconhecida.

 

***

 

“Ah, droga! Em plena tempestade a minha carroça está entalada!” o jovem reclamou consigo mesmo, olhando para o meio de transporte enquanto pensava no que fazer para livrar a si mesmo e à sua mãe das grossas gotas de chuva que já começavam a cair. Balançou a cabeça freneticamente, não sabia se perseguia os cavalos e tentava trazê-los de volta ou se saía para procurar algum abrigo, nos dois casos teria que deixar sua mãe sozinha e aquilo não o agradava.

 

O desespero – que aumentava a cada segundo – ganhou um catalisador quando Tsuna ouviu um som de cavalos se aproximando, podia ser saqueadores querendo se aproveitar da situação de pessoas idiotas que como ele mesmo, não prestavam atenção na estrada e deixavam a carroça entalar.

 

- Droga, o que eu faço?! O que eu faço?! – perguntava a si mesmo em voz alta, começando a dar passos de um lado para o outro inconscientemente. Olhou então para a espingarda ao lado da mulher adormecida e se aproximou da arma como num ato defensivo. “Não faço ideia de como se usa isso, mas pelo menos vou enganar os saqueadores!” decidiu, não tinha tempo para fazer qualquer coisa e era tudo ou nada.

 

Quando finalmente colocou as mãos na arma pesada, viu de soslaio uma carroça parar próxima a sua e então ouviu uma voz que conseguia se fazer mais alta que o som da densa chuva.

 

- PRECISA DE AJUDA?

 

Sawada piscou algumas vezes, mas ao estreitar os olhos e fitar bem o sujeito de um curto cabelo prateado e chapéu marrom-escuro, sentiu que podia confiar naquele homem.

 

- Minha carroça entalou na lama e os meus cavalos fugiram! – gritou, o desconhecido finalmente deixou a carroça e se aproximou dele, o olhar apreensivo.

 

- Vai querer ajuda para achar os cavalos? – perguntou, Tsuna balançou negativamente a cabeça.

 

- Preciso tirar a minha mãe daqui. – explicou, apontando para a mulher que dormia pesadamente mesmo sob a tempestade.

 

- Hm... – soltou, o semblante de quem pensava numa solução. – Já sei! Eu posso tirar a carroça daí e lhes dar carona até a Namiville. Lá eles devem vender cavalos. – soltou, Tsuna o fitou agradecido.

 

- Na verdade, nós estamos indo para lá, mesmo... Vou viver na fazenda de uma prima minha até conseguirmos terra por ali... – confessou – Ah... Até tinha me esquecido! Tsunayoshi Sawada. Muito prazer e desde já, muito obrigado!

 

- Ryohei Sasagawa! Prazer em conhecê-lo AO EXTREMO, Sawada! – balançou a mão do rapaz menor freneticamente para cumprimentá-lo. – Certo! Vamos tirar essa carroça daí ao extremo! – soltou, voltando à própria carroça e conversando com alguém que estava ali, para logo voltar com ataduras nas duas mãos.

 

A força de Ryohei era descomunal e não precisou que empurrassem muito para a carroça de Tsuna voltar à estrada – o próprio Tsuna sabia que não fizera força nenhuma, e ainda fitava assustado ao sujeito que comemorava o feito jogando o braço para cima e socando o ar.

 

- Ah... Obrigado mesmo, senhor.

 

- Que isso! Agora vamos prender a sua carroça à minha! – chamou, empurrando a carroça de Tsuna até que ficasse atrás da sua, para prendê-la com a corrente extra que trazia na própria carroça.

 

- Não sei nem como agradecer... – o mais jovem disse, vendo o quão gentil aquele recém conhecido estava sendo sem ao menos saber quem ele era.

 

Voltou então o olhar para uma moça com trajes de madre na parte coberta da carroça de Ryohei, ela tinha os olhos claros num tom de mel e sorriu-lhe ao ver que ele a fitava, fazendo-o corar imediatamente.

 

- Ah! Essa aqui é a minha irmãzinha, Kyoko! Ela recém saiu do convento, vai servir à capela de Namiville agora. – comentou orgulhoso, Tsuna arregalou os olhos com a informação. “Ela é... Freira?!” espirrou após berrar a pergunta para si mesmo, os irmãos sorriram ao notarem que ele já estava resfriado.

 

- Senhor Sawada? Entre aqui, vamos conversando durante a viagem, meu irmão me disse que ainda teremos umas quatro horas de estrada, então...

 

- Ah... – nunca uma moça havia sido tão gentil consigo, e também nunca uma moça havia lhe despertado tanto interesse com apenas um olhar. Balançou a cabeça negativamente espirrando outra vez, ela era freira e iria respeitá-la! Mas não podia negar: era tão injusto...

 

Sentou-se ao lado dela após ajudar Sasagawa amarrar a sua carroça à dele, seria bom ter alguém com quem conversar durante a viagem e ainda: ter alguém mais responsável do que ele mesmo guiando as duas carroças.

 

***

 

A porta e a janela já fechadas asseguravam a secura do pequeno quarto onde no momento trabalhava em mais um de seus bordados. Suspirou, odiava aquela vida, odiava aquela solidão, aquela monotonia que vivia todos os dias desde quando se casara há dez anos.

 

- Dez anos... - mal tinha completado quatorze primaveras quando foi forçada ao casamento, o noivo que lhe arranjaram era um pouco mais velho e pelo que ela soube, também não era do agrado dele aquela união. Ao contrário dela, porém, não pareceu revoltado, apenas a aceitou e a tomou como esposa, atitude essa que ela nunca entenderia, sabendo que ele sim poderia ter mudado o rumo da vida de ambos com um simples “não”. - Talvez eu nunca o perdoe por isso... – comentou com as paredes. Pegara o costume de falar uma vez ou outra sozinha apenas para quebrar o silêncio constante do pequeno quarto, também porque sabia que seu marido a julgaria louca se a ouvisse. Sorriu tristemente, quem sabe assim lhe desse um pouco mais de atenção, ou quem sabe a libertasse de vez da prisão em que se encontrava.

 

Levantou-se e deixou o bordado sobre a mesinha do quarto, faria um chá para se esquentar e quem sabe um bolo, um pequeno mimo ao qual se dava raramente, já que não sentia prazer algum comendo sozinha.

 

Mal colocou a água para esquentar e se assustou com o barulho de escadas, quem estava ali? Pegou a faca de cozinha e se aproximou da entrada da porta, ouvindo com atenção o som dos passos firmes no chão. Quando os passos pararam e ela viu a maçaneta se mover, tratou de posicionar a faca à frente do peito, a lâmina apontada para o possível invasor.

 

- Hahi! – soltou com a voz baixa, no que a porta finalmente se abriu e ela piscou algumas vezes, surpresa ao ver quem estava lá. –Sheriff? – indagou, era desse modo que chamava ao próprio marido.

 

Ele a encarou de soslaio e ela abaixou a arma um tanto sem jeito, saindo de sua posição e indo ver a água que esquentava.

 

- Está tudo bem? – indagou enquanto mantinha os olhos fixos no bule, não era normal dele voltar para casa antes das nove da noite.

 

- Hm.

 

Não estranhou quando ele caminhou à sua direção, mesmo sendo frio, ainda era um homem e procurava a sua mulher às vezes. Encolheu-se um pouco ao sentir as mãos quentes passearem por seus braços, mas não saiu de perto do fogão, a água do chá esquentava lentamente naquele tempo frio.

 

- Sheriff... – chamou-lhe a atenção, ele olhou rapidamente para a água que esquentava e desligou o fogo. Ela virou o rosto para encará-lo, indignada. – Eu estava fazendo chá! – bradou.

 

Ele lhe sorriu, sempre o fazia quando ela protestava ou tentava enfrentá-lo. Ela o fitou com o cenho franzido e logo foi encostada contra a parede adjacente à do fogão, por que ela não resistia àquela expressão no rosto dele, mesmo quando o odiava tanto?

 

Com o olhar oscilante, deixou que ele se aproximasse e a tomasse num beijo possessivo, pousando a mão sobre os ombros dele instintivamente enquanto ele passeava com as mãos pela sua cintura.

 

***

 

Não pôde conhecer muita coisa de Namiville por causa da chuva, aliás, logo quando começaram a se molhar o comerciante tratou de se abrigar com ele dentro da capela que se encontrava completamente vazia.

 

Observando o local como se nunca tivesse visto antes uma igreja em sua vida, o rapaz indígena só interrompeu a sua detalhada observação quando notou que Gokudera acendia um cigarro ali.

 

- Hei, você pode fazer isso numa igreja? – perguntou num sussurro.

 

- Hã?

 

- Isso! – tirou-lhe o cigarro da boca e Hayato o fitou carrancudo enquanto Yamamoto apagava o tabaco e escondia no próprio bolso.

 

- Tsc... Não pensei que indígenas fossem religiosos. – comentou, Yamamoto deu de ombros e sorriu.

 

- Os indígenas têm sua própria cultura e suas próprias cerimônias religiosas, mas eu sou só meio indígena. Meu pai é mestiço e se casou com uma branca, ambos foram educados como brancos. – contou, foi a vez de Gokudera dar de ombros. – Mas você realmente não tem cara de alguém religioso, haha...

 

Hayato o fitou de soslaio e voltou seu olhar para os vitrais da igreja, não se podia ser alguém religioso se não fosse alguém politicamente correto, era isso o que pensava. E ele, ele estava bem longe de se adequar ao que chamavam de politicamente correto...

 

- Naa, Gokudera... – ouviu seu novo amigo lhe chamar e voltou os olhos esverdeados para ele, como que lhe mandando prosseguir. – Sobre aquela moça do parapeito...

 

- Ela é a mulher do sheriff, você não ia querer se meter com ele. É um imbecil, mas eu tenho que admitir, nunca vi ninguém tão habilidoso quanto ele em duelos.

 

- Esposa do sheriff, é? – sorriu nervosamente, por que não conseguia tirá-la da cabeça?

 

- É... Vou dar um aviso para você, já que é novo por aqui. – anunciou, Takeshi voltou a atenção novamente para o comerciante. – Dos vários caras com quem você não pode se meter, dois deles é morte certa: o sheriff e o dono do Varia. Não dependa deles para nada, também não deva nada a eles, e não se meta com o que lhes pertence, entendeu? – soltou a última parte como se estivesse explicando adição ou subtração a uma criança.

 

O olhar sério de Yamamoto lhe tranquilizou, pelo menos havia lhe dado ouvidos.

 

Gokudera suspirou e acendeu outro cigarro, enquanto Takeshi olhava para os próprios joelhos. Ele entendera muito bem o recado e estava agradecido pelo fumante ao lado tê-lo informado antes que ele fizesse qualquer besteira, mas ainda assim... Aquele olhar triste naquele rosto delicado, as mãos pequenas juntas como numa prece, a imagem daquela moça não lhe saía da mente...

 

***

 

Passou o resto da tarde conversando com os irmãos que o levavam até Namiville, a próxima parada de todos eles. Sentia-se um pouco mais confiante quanto à mudança sabendo que já teria amigos ali, ainda que isso soasse um tanto infantil. Conversando sobre política, sobre oportunidade de trabalho e até mesmo cantando junto com Ryohei, Tsuna sentiu que nunca havia se entrosado tanto com alguém que não fosse da própria família.

 

- Então, o senhor Sasagawa é da Georgia? Por que está vindo tão longe? – indagou, Ryohei sorriu perante a pergunta.

 

- Kyoko e eu preferimos ao extremo um lugar mais tranquilo. Namiville tem uns quinze anos no máximo, a cidade é pequena. – explicou, Tsuna assentiu em resposta. – E você, Sawada? Seu sotaque me lembra ao extremo alguém do Mississipi.

 

- Bem, eu sou de lá mesmo... – comentou, foi a vez de Sasagawa assentir.

 

- Então o senhor não veio de muito longe. – Kyoko comentou com um sorriso, Tsuna só não entendia o motivo de corar a cada vez que ela lhe dava alguma atenção, ainda mais sabendo que ela era freira. “Pare com isso, seu idiota!” dizia a si mesmo, Kyoko sorriu de sua expressão, deixando-o ainda mais sem jeito.

 

Ouviram então um gemido e Tsuna logo se levantou para observar a sua carroça que se encontrava atrás da de Ryohei, sua mãe despertava de seu bom sono, depois de mais de dez horas. Com o semblante mais tranquilo ao ver que ela estava bem, Sawada conseguiu sorrir, sem notar que era observado pela jovem madre.

 

- Mama, nós já estamos chegando. – anunciou, a mulher que antes coçava os olhos no momento o fitava confusa.

 

- Por que você está em outra carroça, Tsu? – perguntou; uma expressão de desespero em sua face.

 

- Nós perdemos nossos cavalos e esses senhores estão nos dando uma carona, mama. – explicou-lhe num tom assaz cuidadoso, esperando que assim ela se acalmasse. – Eu a deixei aí porque a senhora estava dormindo.

 

- E onde estão Albus e Nero? Onde estão?

 

Sawada disfarçou a dor ao vê-la se portar daquela forma, como uma senhora de idade que já não tinha as ideias todas no lugar. Quando a via daquele jeito, não sabia se sentia mais raiva de seu falecido pai, dos assassinos ou dele mesmo por não ter a capacidade de ajudá-la.

 

- Eles saíram para dar uma volta e já vão nos encontrar, mama. – mentiu gentilmente, os Sasagawa não deixaram de sentir a pontada de dor que cutucava Tsuna no momento.

 

- A senhora aceita um pouco de água? – Kyoko, que também se levantou, estendeu o cantil de couro para a mais velha, que por sua vez estendeu o braço para pegá-lo sem cerimônia. A freirinha sorriu visto a reação da Sawada, e o próprio Tsuna também sorriu, mais tranquilo.

 

Fitou então o céu e notou que agora a terrível tempestade se transformara num fino chuvisco, e notou também que já anoitecia. Ouviu alguém espirrar e se virou para Ryohei, que no momento pegava um lencinho de Kyoko para assuar o nariz.

 

- Eu disse para não se esforçar tanto, meu irmão! – a mais nova repreendia o irmão que ria gostosamente.

 

- Eu estou bem ao extremo, Kyoko! E nós já estamos chegando, vejam a cidade ali! – apontou.

 

Os mais novos se posicionaram na abertura da carroça para fitarem a rua principal de Namiville (a maior rua de lá) e também a torre do sino da capela, o crucifixo dourado sobre o telhado da torre fez com que a freirinha pusesse a mão sobre o próprio crucifixo que carregava no pescoço e fechasse os olhos numa oração silenciosa.

 

Assistindo à cena, Sawada não deixou de se sentir mal por se sentir um tanto atraído por Kyoko.

 

- Finalmente, hein, Sawada! – o energético Sasagawa comentou, recebendo um “Uh!” em resposta.

 

Suspirou aliviado, finalmente chegava ao seu destino, e ali faria questão de dar à sua mãe e a si mesmo uma nova vida...


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Notas finais do capítulo

Albus: em italiano, alvo.
Nero: em italiano, negro.
marchador e appaloosa são duas raças de cavalos.
Saloon: naquela época, eram as tabernas.
Sheriff: xerife. Deixei em inglês porque prefiro usar o maior número de termos no idioma original.
Mama:em italiano, mãe.
Mississipi, Lousiana e Georgia são nomes de três estados do sul dos EUA.

***

Minna-sama, espero que tenham gostado. Enrolei muito nas notas, e por isso mesmo agradeço a quem não tenha se assustado e tenha lido pelo menos a história!

Até o próximo capítulo e... Reviews? .-.



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